Monday, 18 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Passagem de volta Espanha-Brasil

Os jornais brasileiros reagiram com cautela à deportação indiscriminada de brasileiros por autoridades espanholas. Apesar de o embaixador espanhol no Brasil, Ricardo Peidró, ter se queixado que o problema diplomático estaria sendo superdimensionado pela imprensa, o fato é que as reações da mídia nacional têm sido até comedidas.


Dos principais jornais brasileiros, apenas O Globo afirma, em manchete, que ‘Expulsão de brasileiros abre crise com Espanha’. Não consta, por exemplo, qualquer cogitação de medidas recíprocas que venham a incomodar o fluxo de capitais entre a Espanha e o Brasil.


O tom da crise foi dado pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ao considerar que os espanhóis não podem ‘comer o bolo todo, o tempo inteiro’. Ele estava se referindo ao fato de que a Espanha é o segundo maior investidor no Brasil, com cerca de 1 bilhão e 600 milhões de dólares aplicados até agosto de 2007, observando que o tratamento dado aos brasileiros é incompatível com as relações de negócios entre os dois países.


O ministro adiantou que qualquer mudança de atitude do Brasil com relação ao tratamento de viajantes internacionais vai se aplicar a toda a União Européia, e não apenas à Espanha.


Turismo sexual


Os espanhóis são os novos-ricos da Europa, têm eleições gerais neste domingo, e a questão da imigração tem freqüentado os debates eleitorais. Ainda nesta semana, a imprensa internacional refletiu preocupações de autoridades européias com o aumento do racismo e da xenofobia na Espanha.


Empresas espanholas têm sido acusadas de comportamento arrogante na América Latina, o que já motivou preocupações na embaixada espanhola em Brasília. O recente episódio do ‘por que no te callas?’, entre o rei da Espanha e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, não ajudou a mudar essa imagem de arrogância.


A chancelaria espanhola afirma que a decisão de deportar brasileiros foi da polícia aeroportuária, e não o resultado de uma política oficial. Os jornais informam que as mulheres são mais visadas, por causa do grande número de prostitutas brasileiras na Europa.


A imprensa não faz relação entre um fato e outro, mas a ação da Polícia Federal do Brasil contra o tráfico de mulheres é chamada de ‘Operação Madri’, porque os aliciadores são quase todos espanhóis. Na quinta-feira (6/3), segundo o Globo, a Polícia Federal mandou de volta oito espanhóis que tentavam desembarcar em Salvador.


A imprensa brasileira poderia aproveitar o tema e cobrar do governo uma ação mais efetiva contra o turismo sexual de europeus, que campeia nas praias do Nordeste.