Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Pentágono corta relações com analistas

O Pentágono anunciou na sexta-feira (25/4) que não irá mais passar informações privilegiadas para oficiais aposentados das Forças Armadas americanas que aparecem em programas de rádio e TV como analistas militares. Um porta-voz do Pentágono afirmou que as interações com estes analistas estão suspensas indefinidamente. A decisão foi tomada após uma série de críticas e questões levantadas por membros do Congresso.

Na semana passada, o New York Times publicou reportagem afirmando que, desde 2002, dezenas de analistas militares participavam de uma campanha de propaganda orquestrada pelo Pentágono para promover uma cobertura favorável às políticas de guerra do governo Bush. Pelo plano, os militares aposentados apareciam em programas jornalísticos para discutir questões sobre o Iraque, o Afeganistão e terrorismo em geral. O jornalão teve acesso a gravações e documentos que revelam que a administração tentava transformar estes analistas em uma ferramenta para moldar o tom da cobertura de grandes emissoras americanas.

Privilégios

Os analistas, muitos com ligações – não reveladas ao público – com empresas envolvidas na guerra, recebiam informações em primeira mão de autoridades do governo, tinham acesso a dados confidenciais e chegaram a ser levados, em viagens patrocinadas pelo Pentágono, ao Iraque e à Baía de Guantánamo, em Cuba.

O deputado democrata Ike Skelton, presidente do Comitê das Forças Armadas do Congresso, afirmou em discurso na quinta-feira (24/4) que ele e muitos outros membros do Congresso estavam ‘muito zangados’ sobre as questões levantadas pelo artigo do Times. ‘A reportagem não cai bem para o Pentágono, para os analistas militares em questão, ou para as organizações de mídia que os empregam’, declarou. ‘Não há nada fundamentalmente errado em fornecer informações ao público e à imprensa, mas existe um problema se o Pentágono promove acesso especial a militares aposentados e basicamente os usa como peões em um jogo de xadrez para disseminar os pontos de vista do governo’. Informações de David Barstow [The New York Times, 26/4/08].