Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Pirataria política não dá pauta

O tema foi trazido a público pela Folha de S.Paulo na semana passada e movimentou autoridades, conduzindo ao anúncio de que a Polícia Federal vai investigar a suposta ação de hackers que teriam copiado mensagens da presidente Dilma Rousseff na internet.

A Folha chegou a publicar fotografia de uma suposta reunião com o invasor, que teria tentado vender arquivos de conversas online a representantes de partidos da oposição e até ao próprio jornal.

Ainda antes disso, ao longo do mês de junho, haviam sido noticiadas invasões a sites de instituições públicas, e durante semanas os contribuintes ficaram impedidos de completar operações eletrônicas junto à Receita Federal, como, por exemplo, agendar consulta com auditores da malha fiscal.

No meio desses distúrbios, o ex-ministro José Dirceu enviou comunicado à direção do UOL, empresa do Grupo Folha, informando que também teria havido problemas com seus emails.

Durante o período, registraram-se as manifestações de praxe de autoridades e especialistas procurados pelos jornais e o assunto foi esquecido, até o domingo (3/7), quando apareceu num editorial da Folha no qual se fazia um alerta sobre o atraso na conclusão do Centro de Defesa Cibernética e a demora do Congresso Nacional em atualizar a legislação sobre crimes eletrônicos.

Assunto quente

Mesmo quando a polícia consegue identificar e prender os criminosos, que a imprensa chama de infratores, fica difícil puni-los.

Mas na edição desta semana, que foi distribuída entre sexta-feira e sábado, a revista Época coloca um pouco de pimenta na mistura.

A revista tinha dedicado sua principal reportagem, na semana anterior, à praga da pirataria eletrônica, que vinha atacando o Brasil. Nesta semana, o colunista Paulo Moreira Leite lembrou, por exemplo, que a senha de José Dirceu fora modificada por um funcionário do UOL e que o ex-ministro estaria convencido de que 25 mil emails teriam sido interceptados.

Além disso, a revista informava que assessores do Planalto, numa investigação preliminar sobre a quebra de sigilo eletrônico da então candidata Dilma Rousseff, haviam concluído que a invasão não teria sido resultado de ação de hackers adolescentes, mas de espionagem política de gente grande.

A afirmação não encontrou repercussão nos jornais do fim de semana nem nas edições de segunda-feira (4/7).

Teoricamente, a ocorrência de um esquema de espionagem eletrônica entre políticos seria um assunto muito mais instigante do que a rotineira quebra de segurança de sites por piratas da internet.

Estranhamente, os jornais não demonstram a menor curiosidade a respeito.