Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Por que se deixou a Suíça na mão?

O correspondente do Estado em Genebra, Jamil Chade, e o repórter local Fausto Macedo têm feito as melhores matérias e dado freqüentes furos sobre as três centenas de milhões de dólares que Paulo Maluf diz que não tem, não teve e nunca terá na Suíça – nem em qualquer outro lugar do planeta, fora do Brasil, como a Ilha de Jersey, por exemplo, para onde ele não transferiu nem um mísero cent sequer em 1996.

Jamil Chade foi o primeiro a revelar que a Justiça suíça arquivou o processo contra o ex-prefeito por alegadamente ter usado bancos daquele país para lavar dinheiro de que teria se apropriado quando prefeito de São Paulo. O arquivamento, do qual a Prefeitura recorreu, se deveu ao fato de não terem as autoridades brasileiras mandado a documentação que comprometeria o ex-correntista do Union Bank of Switzerland de Zurique.

Fausto Macedo, de seu lado, apurou junto a um promotor paulista que há quase dois anos o Brasil não envia um único documento sobre Maluf à Suíça.

Tudo muito bom, tudo muito bem – falando de jornalismo, é claro. Mas os paulistanos que pagam uma nota preta em impostos e taxas para viver naquela que deve ser a mais maltratada metrópole do Ocidente ficariam agradecidos se um daqueles ou outros repórteres dissecassem cuidadosamente a história desse imobilidade.

Quanto mais não seja para tirar a limpo a feia suspeita de que, sob o comando do PT de Marta Suplicy – e a fim de manter Maluf de pé na disputa eleitoral deste ano, em prejuízo do tucano José Serra – a Prefeitura paulistana passou a fazer corpo mole na caça aos malfeito$ de seu outrora inimigo mortal.

P.S. Pérola, no Estado, do dono do Hospital Voluntários da Pátria, Francisco Tortorelli (cujo registro médico, só O Globo deu, foi cassado em 1985). Falando da morte do paciente da UTI visitado por Maluf, diagnosticou: ‘Não foi o fato de ele ter dado a mão para o Maluf que o matou, era um paciente em estado grave’.