Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Programa holandês que prometia rim era farsa

De Grote Donorshow (O Show do Grande Doador, tradução livre) foi anunciado como o programa que romperia com todas as barreiras do formato de TV realidade. O programa holandês, com exibição única marcada para a noite de sexta-feira (1/6), havia conseguido causar polêmica de peso durante a semana. Até o governo da Holanda e a Comissão Européia entraram na discussão, criticando a transformação de um assunto sério em entretenimento.


Veio o programa e… a surpresa: o reality show que prometia mostrar uma doente terminal escolhendo, ao vivo, para quem doaria seus rins quando morresse não passou de farsa. A mulher doente, identificada apenas como Lisa, de 37 anos, era na verdade uma atriz. O objetivo do ‘circo’ montado pela produtora Endemol – dona do Big Brother – em parceria com a emissora pública BNN era chamar atenção para a questão da doação de órgãos na Holanda.


‘Se O Show do Grande Doador fosse real, teria realmente sido chocante, mas os fatos revelam que a realidade é ainda mais chocante’, afirmou o diretor da Endemol Paul Romer. ‘Ao representar este programa, nossa meta era promover o debate sobre esta crise na Holanda’.


Mensagem


A mentira foi anunciada no fim do programa, que antes mostrou Lisa, a doente terminal, selecionando uma pessoa entre três candidatos a receber seus rins. A escolha seria com base em seus perfis, histórias pessoais e conversas de Lisa com os familiares e amigos. Os três pacientes envolvidos eram casos reais que estavam cientes do que se tratava o programa e participaram da farsa justamente para ajudar a causa.


Segundo Romer, o impacto do projeto foi maior do que a equipe da Endemol imaginou. ‘Este é um tema que ultrapassa as fronteiras da Holanda e da Europa. A mensagem que queremos passar é que as pessoas precisam agir agora e se tornar doadores’, afirmou.


De acordo com a instituição UK Transplant, mais de 400 pessoas morrem todos os dias por falta de doadores de rins. ‘Há uma falta absurda de órgãos doados. Qualquer debate informativo sobre este assunto é bem-vindo. Mas doação e transplantes são questões sérias e nós encorajamos pessoas que fazem campanhas a apresentarem o debate de uma maneira responsável e delicada’, ressaltou Noel Davis, porta-voz da organização. Informações de Alexandra Topping [The Guardian, 2/6/07].