Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Repórter estaria viva, afirma ministro

Em entrevista à rede de televisão americana ABC na segunda-feira (27/2) – um dia após o ultimato estabelecido pelos captores da jornalista americana Jill Carroll para que fossem cumpridas suas reivindicações –, o ministro do Interior iraquiano, Bayan Jabr Solagh, acusou um grupo insurgente chamado Exército Islâmico pelo seqüestro. ‘Foi o Exército Islâmico que seqüestrou Jill Carroll. Este mesmo grupo seqüestrou minha irmã’, afirmou Solagh. O rapto de Jill, ocorrido no dia 7/1 quando ela ia ao encontro do político sunita Adnan al-Dulaimi, foi anteriormente reivindicado por um grupo menor chamado Brigadas da Vingança.


Segundo o ministro, as informações foram obtidas depois de uma reunião com um negociador de nome Abu Abdullah, conhecido por lidar com seqüestros no Iraque. ‘Antes de discutir com ele o caso da minha irmã, eu falei do caso da [Jill] Carroll’, contou, informando que Abdullah revelou duas condições necessárias para assegurar a libertação de Jill. ‘Sobre a primeira, eu disse que estava sob minha influência, mas a segunda reivindicação era impossível de satisfazer’, disse Solagh, sem especificar quais seriam elas.


Ele afirmou ainda saber onde Jill estava sendo mantida em cativeiro e disse que repassou a informação às autoridades americanas. O ministro deu a entender também que membros do principal partido político do país – o Partido Islâmico – estariam envolvidos no rapto da repórter. ‘Alguns membros do escritório do chefe de um partido político estavam envolvidos neste caso. Não estou dizendo o chefe, mas membros de seu escritório’, acusou, observando que Jill, sua irmã e Rim Zeid, jornalista iraquiano da emissora de TV Sumariya, foram presos ‘na mesma região perto do escritório de um partido político’.


Embora não se tenha mais notícias de Jill depois do prazo estabelecido pelos seqüestradores, Solagh afirmou acreditar que a repórter ainda esteja viva – sem, no entanto, especificar as razões para sua crença. ‘Sabemos o nome e o endereço dos seqüestradores, e vamos acompanhá-los, assim como estão fazendo os americanos. Eu acho que ela ainda está viva’, disse o ministro. O embaixador americano no Iraque, Zalmay Khalilzad, confirmou que Solagh entrou em contato com ele.


O grupo que seqüestrou Jill havia ordenado que todas as prisioneiras iraquianas de prisões americanas e iraquianas fossem soltas em troca da libertação da repórter. No fim de janeiro, cinco mulheres foram soltas no Iraque, mas autoridades americanas negaram qualquer ligação com o pedido dos seqüestradores. No último contato feito por eles, divulgado em vídeo no dia 9/2, a repórter afirmou que estava bem, mas que seu tempo estava acabando.


Em entrevista ao Christian Science Monitor – jornal onde Jill trabalha como freelancer –, autoridades iraquianas observaram que a violência aumentou no país desde a destruição de uma mesquita xiita na semana passada, o que teria complicado os esforços para a libertação da jornalista. Mais de 200 estrangeiros e milhares de iraquianos foram seqüestrados desde a invasão americana ao Iraque, em 2003. Informações da Reuters [27/2/06], Joe Strupp [Editor & Publisher, 27/2/06], AFP [28/2/06] e Julia Day [The Guardian, 28/2/06].