Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Senador tucano propõe
controle da internet


Leia abaixo os textos de quarta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 23 de maio de 2007


INTERNET
Elvira Lobato


Senado retoma projeto de controle da web


‘Depois de causar grande polêmica no final do ano passado, o projeto de lei substitutivo do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) sobre o controle da internet será colocado novamente em votação, hoje, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, ainda com polêmicas, ao obrigar provedores a informar eventuais crimes e a criar o conceito de defesa digital, que permitirá o ataque a eventuais hackers (invasores de sites).


O projeto permite que técnicos e profissionais de informática invadam comunicações de terceiros, em caso de suspeita de ataques de hackers, para prevenir ou barrar ataques a seus sistemas, ao criar o conceito de ‘defesa digital’.


O projeto tem por objetivo incluir no Código Penal a tipificação dos chamados crimes cibernéticos. Os profissionais que agirem em ‘defesa digital’ estariam imunes à pena de dois a quatro anos de reclusão prevista para os demais que acessarem dados de terceiros sem autorização, prática incluída entre os crimes contra a rede de computadores, dispositivos de comunicação e sistemas informatizados.


Grampo


O presidente da ONG Safernet (Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos), Thiago Tavares, compara a figura do direito digital à escuta telefônica.


‘A legislação prevê o grampo telefônico, para investigação de crimes, mas desde que autorizado previamente pela Justiça e se não houver outro meio de obtenção da prova e que tenha sido requisitado pela polícia ou pelo Ministério Público’, diz.


Segundo ele, o projeto do senador prevê o grampo digital sem ordem judicial, por um técnico de informática, ‘o que cria uma insegurança muito grande para o usuário da internet e até empresas, que podem vir a ter suas redes invadidas por espiões, agindo na suposta legítima defesa digital.’


De acordo com Tavares, é muito subjetivo o conceito de legítima defesa no meio cibernético: ‘Onde termina a defesa e onde começa o ataque?’, pergunta. Ele considera que o artigo é inconstitucional -fere o inciso 12 do artigo 5º da Constituição federal, que trata do direito à privacidade.


Comunicação de crimes


Outro ponto polêmico do projeto é o que obriga os provedores de acesso à internet a informarem de forma sigilosa à autoridade policial denúncias de que tenham tomado conhecimento e que contenham indícios de conduta delituosa na rede de computadores sob sua responsabilidade.


O artigo foi inspirado no acordo firmado entre os provedores de internet e o Ministério Público Federal, em São Paulo, para que comuniquem todas as suspeitas de casos de divulgação de pedofilia e de apologia à discriminação de raça, etnia, sexo, cor, idade, crença religiosa e outras formas de discriminação.


Segundo o presidente da Safernet, o projeto de lei, no entanto, extrapolou o acordo existente em São Paulo, ao exigir que os provedores comuniquem à polícia qualquer suspeita de ocorrências de conduta delituosa -no Brasil, há mais de 600 tipos de condutas tipificadas como crimes- , inclusive algumas sobre as quais não há consenso, como as relativas ao patrimônio.


No entendimento de provedores, a medida, se aprovada, poderia atingir, exemplo, usuários que baixam músicas na internet, já que há milhares de reclamações relativas a desrespeito de direito autoral nesse campo.


Audiência


A inclusão do projeto na pauta de votação da CCJ surpreendeu os provedores.


O presidente da Abranet (Associação Brasileira dos Provedores de Internet), Eduardo Parajo, defende que o projeto seja discutido em audiência pública, antes de ser votado pelo Senado.


‘É um assunto que diz respeito a milhões de pessoas e que trará desdobramentos futuros’, afirmou. De acordo com Parajo, a Abranet não teve acesso à versão final do projeto que será votado pela CCJ.


A Abranet defende a auto-regulação e afirma que enviará proposta nesse sentido ao Comitê Gestor da Internet.’


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Senador afirma que projeto está ‘redondo’


‘Para o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), o texto do projeto de lei substitutivo está ‘redondo’, o que significa que os pontos de atrito que afloraram na discussão do ano passado teriam teriam sido suprimidos.


Segundo o senador, o conceito de defesa digital, criado na nova versão do projeto, baseia-se no princípio da legítima defesa. Indagado a respeito da preocupação de provedores com a indefinição sobre o conceito de ataque e de defesa na internet, o senador disse que caberá ao juiz decidir se o técnico de informática extrapolou ou não no procedimento.


Azeredo explicou com um exemplo o que seria a defesa digital: ‘O envio de e-mails para captura de dados de usuários da internet [conhecido como ‘fishing’] é crime, tipificado como difusão de código malicioso. O profissional de informática habilitado poderá usar a mesma técnica usada pelo hacker em legítima defesa do sistema para o qual ele trabalha’, afirmou, admitindo que esse deve ser o ponto mais polêmico do projeto.


De acordo com Azeredo, as críticas levantadas pelos provedores no ano passado -quando o projeto foi tirado da pauta na Comissão de Constituição e Justiça às vésperas da votação- foram corrigidas na versão que será apresentada para votação hoje. Se o texto for aprovado na comissão, seguirá para o plenário.


A principal crítica, no ano passado, era a obrigatoriedade de identificação dos usuários de internet. O acesso sem identificação prévia dos internautas seria punido com reclusão de dois a quatro anos, e os provedores ficariam responsáveis pela veracidade dos dados cadastrais dos usuários e seriam sujeitos à mesma pena.


Segundo o senador, esse item foi retirado e será tratado em outro projeto. Para Azeredo, a proliferação da clonagem de celulares, de cartões de créditos e de fraudes na internet torna necessária a aprovação de uma lei.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Balança, balança e cai


‘Os espasmos do dia anterior prosseguiam ontem, nos enunciados dos sites e portais e nas chamadas dos telejornais, ao longo do dia todo. Na Folha Online, no Globo Online, no Terra, o encontro do ministro com o presidente recebia enunciados como ‘deve entregar o cargo em reunião’, para horas depois virar ‘Lula interrompe a reunião e deixa o ministro esperando’. No gerúndio de Fátima Bernardes na Globo, início da noite, o ministro ‘está decidindo o futuro dele com Lula’. Já no ‘Jornal da Band’, ‘Balança, mas não cai’.


A queda só veio no meio do ‘Jornal da Record’, com link do palácio, e depois no ‘Jornal Nacional’, com o enunciado de que Silas Rondeau ‘pediu demissão’. Em seguida, na Reuters Brasil, Lula aceitou o pedido.


‘OPERATION RAZOR’


A novela foi parar na home do argentino ‘La Nación’, ‘Lula analisa a renúncia do ministro’. Com despachos de agências, a Operação Navalha avança até por sites como ‘Washington Post’, atento ao ‘ministro de energia sob pressão’, ele que comanda a ‘política de biocombustíveis’.


LEGENDA ASSANHADA


De volta à blogosfera, Jorge Bastos Moreno avisou ontem que a ‘legenda assanhada’, o PMDB, optou por um ‘luto festivo’ e, ‘antes mesmo de o doente virar defunto, marcou uma reunião para a próxima semana, a fim de escolher quem deve ir para o lugar de Silas e quantos cargos terá’.


CHOQUE DE GESTÃO


Em submanchete na Folha Online, ‘Denúncias de corrupção esvaziam reunião de governadores’ e ‘Nem os organizadores, José Serra e Aécio Neves, compareceram’.


A Operação Navalha não era o único problema, no caso. Segundo o blog de Fernando Rodrigues, a reunião foi para ‘pressionar pelo aumento no limite de endividamento dos Estados’. Ou seja, ‘incrível, essa turma quer gastar mais’. A Standard & Poor’s já pressiona. No destaque da Reuters Brasil, ‘S&P alerta para risco de alterar contrato fiscal de Estados’. Ameaçou adiar a sonhada nota máxima de risco.


MAIORES SUCESSOS


A agência Reuters fez uma entrevista com George W. Bush e perguntou sobre seus ‘maiores sucessos’ no poder. O presidente dos EUA listou programas de educação e de saúde pública, mais acordos comerciais, as relações com Japão, Coréia do Sul e China -e as ‘novas relações com o Brasil na nossa vizinhança’.


O PODER MUDOU


No ‘Wall Street Journal’, o texto ‘Mudando a arquitetura global’, de um democrata e um republicano, avaliou que ‘o poder econômico mudou em direção a Ásia e América Latina’. Citando China, Índia, Brasil e Rússia, o artigo avalia que ‘os emergentes devem ter maior poder de voto’ no FMI, Banco Mundial, OMC, G8 etc.


MOVIMENTO ESTUDANTIL


‘A polícia dá ultimato aos invasores’, ameaçou o ‘JN’ na escalada. ‘Para reitora, negociação chegou ao limite; desocupação pode ser hoje’, ecoou a manchete do Terra. De sua parte, os estudantes falam por blogs, dois deles ‘oficiais’, um de texto, outro com fotos e vídeos postados via YouTube. Reportam as deliberações, os acréscimos ao abaixo-assinado, artigos com mensagens como ‘deixem as universidades em paz!’, de uma professora titular da São Francisco. Madrugada adentro, a mídia juvenil não pára.


DO CAMPUS


As cenas só foram aparecer na Globo e na Record no início da noite, mas estavam desde as 13h30 no fotoblog da ocupação, sob o título ‘professor da Física USP em ataque de fúria’, tentando ‘furar o piquete organizado pelos estudantes’ (esq.). Outro vídeo nem chegou a sair ontem nas redes. Mostrou uma ‘rasante do helicóptero da PM’ sobre a praça do relógio, na Cidade Universitária.’


VENEZUELA
Folha de S. Paulo


TV da ALBA operará a partir de 2 de junho


‘O governo venezuelano divulgou ontem o início das operações de mais um veículo de comunicação estatal, em meio à expectativa gerada no país em torno do fim da emissora oposicionista RCTV, que deixará de transmitir a partir do próximo domingo. A Televisora Comunitária Internacional Alba (Alternativa Bolivariana para os Povos da Nossa América) iniciará suas primeiras transmissões em 2 de junho e envolverá os países que participam do bloco -Venezuela, Bolívia e Nicarágua. No domingo, entrará em vigor a estatal Tves, no lugar da RCTV.’


CASO ROBERTO CARLOS
Eloisa Lopez


‘Não foi censura’, afirma Roberto Carlos, de Miami, sobre proibição de livro


‘No lançamento de seu primeiro DVD em espanhol, ontem, em Miami (EUA), Roberto Carlos disse que a retirada de circulação da biografia não-autorizada ‘Roberto Carlos em Detalhes’ (ed. Planeta), de Paulo Cesar de Araújo, não foi censura, e sim ‘proteção de privacidade’.


‘Há um limite entre o que é de interesse público e o que é invasão de privacidade. Não fiz nada sem consultar meus direitos’, disse, em entrevista coletiva no Hotel Intercontinental. Foi a primeira vez que o cantor se pronunciou sobre o caso desde o acordo, fechado no mês passado entre os seus advogados e os da editora, que definiu a interrupção definitiva da produção e da comercialização.


‘Para mim, está tudo resolvido, e tudo seguindo a lei que me ampara’. O cantor negou a intenção de queimar os 11 mil exemplares recolhidos do estoque da editora. As opções, disse, se resumem a reciclar os exemplares ou guardá-los ‘para todo o sempre’.


Questionado sobre o que o incomodou na obra, disse apenas: ‘Me senti invadido’, e concluiu que censura seria ter aceitado editar o livro, retirando as partes de seu desagrado. Curiosidade: o texto sobre o cantor que a Sony-BMG distribuiu em Miami, retirada da internet, listava como uma das fontes o livro de Paulo Cesar de Araújo.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Novela convida governador a debater droga


‘Marcílio Moraes, autor de ‘Vidas Opostas’, maior audiência da Record, convidou o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), e o prefeito Cesar Maia (DEM) para participarem de um debate sobre a descriminalização das drogas na novela, que se passa em um morro carioca dominado por traficantes.


Cabral defendeu em fevereiro que não seja mais crime o consumo de drogas hoje ilícitas, porque ‘essa equação [a ilegalidade] está matando muita gente no Terceiro Mundo’. Maia é contrário à legalização.


Moraes, que é a favor da venda de drogas em farmácias, afirma que convidou as duas autoridades, por e-mail, na semana passada. Cesar Maia negou ter recebido o convite, mas afirma que aceitaria desde que sua opinião fosse exibida como um ‘depoimento separado’. A assessoria de Cabral não informou a resposta do governador até a conclusão desta edição.


Além dos dois, Marcílio Moraes vai chamar uma juíza, uma professora, um sociólogo, o antropólogo Luiz Eduardo Soares (especialista em segurança pública) e o secretário do Meio Ambiente do Rio, Carlos Minc.


O debate ainda não tem data, pois depende da agenda dos convidados. Na novela, será realizado por uma emissora de TV fictícia. Seu formato já está desenhado: só atores que interpretam moradores do fictício morro do Torto, vítimas da violência, farão as perguntas.


HISTÓRIA HUMANA 1


Idealizadora de ‘Nassau’, minissérie que a Globo adiou porque custaria R 1,3 milhão por capítulo, Maria Adelaide Amaral sugeriu à emissora uma nova história, inspirada em seu livro ‘Aos Meus Amigos’, de 1992. Com 16 capítulos, a trama tem boas chances de emplacar no primeiro trimestre de 2008.


HISTÓRIA HUMANA 2


‘Aos Meus Amigos’ é uma história de amizade, com tudo o que isso implica: desavenças, reconciliações, inveja e solidariedade. É uma história de ilusões perdidas e de esperanças inquebrantáveis. E de amores passados, casos encerrados e reatados, casamentos desfeitos, derrotas afetivas e de voltas por cima inesperadas. Enfim, uma história recente de conteúdo humano’, define Maria Adelaide Amaral. VAI MAL


A primeira semana de ‘Eterna Magia’ deu 27 pontos no Ibope da Grande SP, cinco a menos do que sua antecessora, ‘O Profeta’, no mesmo período. O desempenho já preocupa a cúpula da Globo. Mas, ironicamente, uma ‘normalidade’ foi restabelecida: a novela das sete (32 pontos anteontem) finalmente está tendo mais ibope do que a das seis.


MELHORANDO


Já ‘Paraíso Tropical’ dá sinais de que deslanchou. Anteontem marcou 47 pontos, recorde da novela.


ELENCO


Edwin Luisi também vai entrar em ‘Paraíso Tropical’. Será Lutero, acionista do grupo Cavalcante e pai de Alice (Guilhermina Guinle), ex-noiva de Olavo (Wagner Moura).


GLOBO


A Globo desenvolve projeto para vender downloads de suas séries. Quem não quiser comprar o DVD da obra poderá pagar para baixá-la pela internet. A informação foi dada ontem por José Luiz Bartolo, diretor da divisão de licenciamento da Globo, durante lançamento da loja virtual da Globo Marcas (www.lojaglobomarcas.com). A rede também planeja a inauguração de uma loja ‘física’.’


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 23 de maio de 2007


EUA / MERCADO EDITORIAL
David Carr


Jornal de Murdoch noticia a si mesmo, dolorosamente


‘The New York Times – Se você pertencesse à família Bancroft, que está em dúvida se vende ou não a Dow Jones & Co. para Rupert Murdoch, ler o New York Post de sexta-feira pode ter feito com que se engasgasse com seu pão matinal.


A Page Six (uma seção de mexericos do The New York Post) publicou uma nota extraordinariamente longa – com cerca de 680 palavras – descrevendo um depoimento escrito e juramentado de Ian Spiegelman, ex-redator da Page Six que foi demitido há três anos.


Entre outras coisas, Spiegelman afirmou que seu antigo chefe na Page Six, Richard Johnson, aceitou dinheiro de um dono de restaurante para fazer uma cobertura simpática ao estabelecimento e desfrutou de uma festa de despedida de solteiro no México oferecida a ele por Joe Francis, aquele que trouxe ao mundo os vídeos Girls Gone Wild.


Spiegelman alegou que Col Allan, o editor-chefe pit bull do The Post, aceitou hospedagem de cortesia no clube de strip local, o Scores. (No The New York Times, nossa idéia de viver perigosamente é uma segunda visita ao carrinho de café da tarde.)


O depoimento renovou acusações de que a cobertura do Post vinha sendo manipulada para proteger os interesses comerciais de seu proprietário. Uma nota sobre um diplomata chinês foi cortada, segundo o depoimento. A coluna também teria sido indulgente com os Clintons depois que eles firmaram uma trégua com Murdoch.


Ninguém gosta de acordar e ver seu nome espalhado por toda a Page Six, mas, para Murdoch, a muito comentada nota acontece num momento altamente inoportuno. Ele está em meio a uma metamorfose pública querendo passar de magnata implacável a respeitável administrador das notícias porque quer comprar o The Wall Street Journal. Embora possamos nos divertir com as acusações de pagamento de propinas e dança erótica com strippers, deve-se ressaltar que o alegado comportamento do jornal traz sérias implicações para os planos de Murdoch.


As alegações de Spiegelman vieram à tona porque Jared Stern, outro ex-repórter da Page Six, está querendo um acordo com o The Post, que o suspendeu porque teria tentado chantagear o magnata dos artigos de mercearia, Ronald W. Burkle. Como parte das negociações do acordo, Stern enviou junto a declaração de Spiegelman.


Em alguns círculos jurídicos isso seria conhecido como pôr o revólver em cima da mesa. Mas então o The Post estendeu a mão sobre a mesa, agarrou a arma e prontamente atirou em si mesmo, bem entre os olhos.


Sob o título de Mentiras e Difamações Contra o Post, o jornal fez algumas admissões espantosas. Reconheceu que Johnson aceitou dinheiro de um restaurante em 1997, US$ 1.000 dos US$ 3.000 que foram enviados ao jornal (Allan disse que os US$ 2.000 restantes foram gastos para pagar um dia de bebedeira da equipe do Page Six). A grande festa para Johnson promovida por um empresário de entretenimento sexual foi defendida fracamente por um porta-voz, que disse que Johnson tinha pago seu próprio vôo. O item também citou Allan dizendo que, embora ele tenha ido ao Scores, seu comportamento foi ‘irrepreensível’.


E o mais importante, as alegações de que a cobertura do The Post foi articulada para benefício do proprietário do jornal não foram negadas.


Houve apenas uma caracterização geral da declaração juramentada como ‘uma coleção de mentiras’ de um ex-empregado ressentido.


O The Post tem mantido negociações com o advogado de Stern, Larry Klayman, sobre a possibilidade de um acordo, mas se tornou evidente que eles não vão atender as condições de Stern.


‘O The Post quis ele mesmo contar sua história de forma que sua negativa não fosse relegada ao último parágrafo de uma reportagem em algum outro jornal onde tudo que eles conseguiriam dizer seria ‘Não fizemos isso’, explicou Howard Rubenstein, porta-voz do The Post. ‘Eles quiseram retratar o que alegam serem acusações falsas – bem, a maioria delas são falsas- e controlar o contexto na qual elas apareceriam.’


Da mesma forma, Allan, um jornalista ferozmente competitivo, não poderia suportar ver um furo tão grande aparecer em outro lugar, principalmente no The Daily News, que até agora tem coberto levianamente cada etapa do imbróglio.


Numa tentativa de neutralizar as acusações de que a cobertura do jornal é tendenciosa na defesa dos interesses comerciais de Murdoch, o The Post usou sua coluna assinada para fazer exatamente isso. A nota foi um estranho ato de jiu-jitsu jornalístico, mesmo no ambiente da bisbilhotice da mídia em Nova York, rico em subornos e propinas.


‘Eles dizem que não existe cultura de justificativa nem de usar o jornal para fins comerciais’, disse Spiegelman. ‘Mas foi exatamente o que fizeram na sexta-feira.’


Aqui é a parte onde a história volta para Murdoch. No contexto do mundo da bisbilhotice tudo é um deslize leve, mas, num certo ponto, a conduta da Page Six começa a se refletir no dono do jornal. Tem sido dito aqui e em outros lugares que Murdoch acabará tirando o controle da família Bancroft sobre o Dow Jones. E, se um proprietário tiver a mentalidade de usar o controle da mídia para promover seus interesses, essa empresa seria um belo item insignificante para se usar no cinto de carregar ferramentas.


É muito provável que a maioria das pessoas que leram a nota na sexta-feira simplesmente deram de ombros e disseram: ‘É o The New York Post. O que você esperava?’ O que diriam eles se isso tivesse aparecido no The Wall Street Journal?’


LIBERDADE DE IMPRENSA
Anúncio incompleto


Ipojuca Pontes


‘Na quinta-feira 3 de maio, Dia da Mundial da Liberdade de Imprensa, alguns jornais de maior circulação do País publicaram anúncio de meia página com os retratos de Hitler, Stalin, Pinochet, Mao, Mussolini e Franco, ditadores que, nos tempos modernos, tornaram o mundo mais doloroso do que já é. Abaixo das fotos se lia a legenda em destaque: ‘Dia de se revirar no túmulo.’ E em seguida, em letras de corpo minúsculo: ‘3 de maio. Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Dia de alerta para que isso não volte a acontecer.’


O anúncio, mais que necessário, foi uma iniciativa da Associação Nacional de Jornais (ANJ), entidade sem fins lucrativos, sediada em Brasília, que conta com 138 empresas jornalísticas afiliadas (basicamente publicações pagas e veiculadas, no mínimo, uma vez por semana). A ANJ foi fundada no Rio de Janeiro em 1979, no apagar do chamado ciclo da ditadura militar de 64. Em agosto de 1996, no México, se fez signatária da Declaração de Chapultepec, que se compromete a acompanhar, investigar, denunciar, pedir providências e se manifestar em defesa da liberdade de expressão.


A ANJ é uma entidade identificada mundialmente por sua atuação, há 28 anos, na defesa da liberdade de imprensa no Brasil. Em reuniões, encontros, congressos e momentos em que a liberdade de imprensa se vê ameaçada, a ANJ automaticamente se pronuncia em sua defesa.


Melhor: a ANJ tem o seu código de ética, aprovado em 1991, em que preceitua, na condução dos jornais, dez artigos básicos para a manutenção de uma imprensa livre. A título de ilustração, ressalto três deles: 1) Sustentar a liberdade de expressão, o funcionamento sem restrições da imprensa e o livre exercício da profissão; 2) apurar e publicar a verdade dos fatos de interesse público, não admitindo que sobre eles prevaleçam quaisquer interesses; 3) defender os valores do ser humano, os valores da democracia representativa e a livre iniciativa.


Como signatária da Declaração de Chapultepec, por sua vez, a ANJ encampa o princípio ali exposto de que ‘toda pessoa tem o direito de buscar e receber informação, expressar opiniões e divulgá-las livremente. Ninguém pode restringir ou negar esses direitos’. Ademais, a associação concorda plenamente com o artigo 5 do valioso documento, que diz: ‘A censura prévia, as restrições à circulação dos meios ou à divulgação de suas mensagens, a imposição arbitrária da informação, a criação de obstáculos ao livre fluxo informativo e as limitações ao livre exercício e a movimentação dos jornalistas se opõem diretamente à liberdade de imprensa’.


Muito bem, voltemos ao anúncio do dia 3 de maio. Ele nos parece, além de necessário, incompleto. De fato, Hitler, Stalin, Pinochet, Mao, Mussolini e o generalíssimo Franco, embora em proporções distintas, eram ditadores que, em nome de um ‘mundo melhor’, tornaram a vida da humanidade um inferno. Uma coisa, no entanto, nivela por baixo a importância do alerta da ANJ: os ditadores mostrados no anúncio estão todos mortos e definitivamente sepultados (óbvio, não me refiro às idéias comunistas, nazistas ou fascistas que tais figuras representam, mas, sim, à sua ameaçadora onipresença física).


Assim, diante da louvável publicação do anúncio, uma pergunta se impõe: por que não estão ali, por exemplo, as figuras de Lenin, Tito, Ceausescu, Pol Pot, todos mortos e ditadores comunistas igualmente sanguinários? E por que, entre os vivos, deixar de fora Fidel Castro e o arrogante Hugo Chávez, duas permanentes ameaças à liberdade de imprensa e de expressão? (Já não falo de Kim Jong-il, o tirano da Coréia do Norte que anulou, por força do extermínio em massa, qualquer tipo de manifestação do pensamento individual.)


Fidel Castro, como se sabe, há quase meio século vem impondo as mais truculentas penas a quem pretenda questionar, pela palavra escrita ou falada, a repressão feroz que se abate sobre a ilha-cárcere. Jornal, lá, só o Granma, porta-voz do governo especialista em sonegar qualquer informação adversa aos interesses do ‘comandante’ e acólitos.


Para manter a ilha sob completo controle o ditador fuzilou, torturou ou fez desaparecer 50 mil dissidentes, segundo dados catalogados no Livro Negro do Comunismo (Bertrand Brasil, 1999). Já em 1981, no relato Retrato de Família com Fidel(Record, 1981), Carlos Franqui, ex-amigo do tirano e ex-editor-chefe do jornal Revolución (ora no exílio, em Roma), denunciou os métodos criminosos de Castro para estrangular qualquer vestígio de liberdade de informação em Cuba. Mais recentemente, em 2003, Fidel mandou trancafiar nas masmorras de Havana 61 jornalistas do Grupo 75 (entre os 300 presos políticos que lá estão), que ousaram questionar o seu regime despótico. Logo depois, à moda da casa, mandou fuzilar três dissidentes que tentaram – como milhares de outros, de resto – se evadir da ilha-cárcere.


O coronel Hugo Chávez, por sua vez, ao anunciar a implantação do socialismo na Venezuela, reafirma que vai fechar a RCTV, emissora de TV mais antiga e de maior audiência do país. Chávez despreza os protestos da maioria da sociedade e acusa a RCTV, de linha crítica ao governo, de fomentar o ‘golpismo’. (Com o dinheiro fácil do petróleo, o coronel está montando um aparato estatal de comunicação sem precedentes, com três redes de televisão e dezenas de emissoras de rádio, jornais e revistas a serviço da perpetuação do poder – a representar hoje, pelo seu caráter totalitário, uma ameaça a toda América Latina.)


O filósofo positivista Augusto Comte dizia que os mortos comandam os vivos. No caso do pensamento radical dos ditadores mencionados, não há por que duvidar. Mas penso que o justo alerta da ANJ fica incompleto por não apontar os tiranos que estão sobre a face da Terra, cada vez mais perigosos, pulverizando com toda a virulência os que, na defesa da democracia representativa e da livre iniciativa, se manifestam em favor da liberdade de expressão.


Ipojuca Pontes, cineasta e jornalista, é autor do livro Politicamente Corretíssimos’


INDONÉSIA
O Estado de S. Paulo


‘Vila Sésamo’ é arma de aproximação dos EUA


‘Uma versão do programa de TV ‘Vila Sésamo’ será lançada no fim do ano na Indonésia como parte dos esforços dos EUA para aproximarem-se do país muçulmano. A Agência para Desenvolvimento Internacional já destinou US$ 8,5 milhões para 156 episódios – parte dos US$ 157 milhões prometidos pelos EUA em 2003 para a educação no país.’


TELEVISÃO
Shaonny Takaiama


‘Não posso ir contra o dono’


‘Em nome dos 20 anos à frente da Praça É Nossa, no SBT, Carlos Alberto de Nóbrega, de 71 anos, teve o aval da direção da casa para falar a um grupo de jornalistas, ontem, na sede da Anhangüera. A data merecerá também um especial, gravado em Buenos Aires, no ar dia 31, às 22h40. Nóbrega falou aos jornalistas acompanhado do filho, Marcelo, atual diretor do programa. Mas o quórum presente não foi nada retumbante.


A escolha da locação argentina é justificada. Em 1954, Manoel de Nóbrega, o pai, se hospedou no Hotel Régis e ficou observando os tipos caricatos que paravam para conversar com um senhor sentado em uma praça em frente ao hotel. Assim nasceu o mote do programa, cujo ‘ovo de Colombo’, segundo Carlos Alberto, é seu cenário. ‘A praça é eterna’, disse. Ele pensa em largar o banco da praça só daqui a 20 anos. Eis alguns trechos da conversa de ontem:


A Praça é velha?


‘A Praça é um programa antigo, não velho. O Zorra Total é um programa velho feito com muito luxo. Ele usa quadros da Rádio Nacional e da Mayrink Veiga. Os quadros da Praça foram totalmente renovados, não tem mais a Velha Surda.’


Globo:


‘Fiquei 12 anos na Globo e vim para o SBT cheio de idéias, mas elas não cabiam aqui. Não posso ir contra o dono da emissora. Manda quem pode, obedece quem tem juízo.’


Queda de ibope do SBT:


‘É a vida, nada é eterno. Há um mês o São Paulo era um time imbatível. Um mês depois perdeu a Libertadores. Não quer dizer que seja um time fracassado. O que acontece com o SBT é uma fase.’


O que pensa do Sem Controle, outro humorístico do SBT:


‘Por favor não me faça essa pergunta.’


O futuro da Praça


‘O sonho do Marcelo não é sentar no banco. Não o vejo assumindo essa obrigação.’


entre-linhas


‘Queremos encontrar a Shania Twain brasileira’: assim diz Elisabetta Zenatti, diretora-geral de programação e artístico da Band, ao anunciar o concurso que elegerá, por meio do programa Terra Nativa a melhor cantora country do País.


O canal Vh1 estréia hoje, às 23 horas, o programa Zoando Pamela Anderson.


As três séries Law&Order foram renovadas nos EUA, após certo suspense. Law&Order inicia seu 18.º ano e a NBC segura Criminal Intent e Special Victims Unit por 22 episódios. O primeiro terá mudanças no elenco.’


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