Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Tecnologia gratuita da UFRJ facilita o trabalho de jornalistas com deficiência visual

O DOSVOX é um leitor de tela desenvolvido pelo núcleo de comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), idealizado por José Antônio Borges, professor doutor da Universidade. Ele esteve em Salvador para celebrar os 20 anos da criação deste software que facilita o acesso das pessoas com deficiência visual ao mercado de trabalho e a inclusão na era digital. O equipamento permite a compreensão da escrita pelos cegos e pessoas com baixa visão, pois ele lê em voz clara e compreensível tudo que é digitado. Pode ser utilizado em sala de aula ou no ambiente de trabalho.

“O micro é ligado normalmente. Os sons característicos da entrada do Windows são importantes para que o deficiente visual saiba quando é possível começar a executar o DOSVOX. O acionamento é feito pressionando as teclas ‘ctrl + alt + d’, sendo então sintetizada a frase ‘DOSVOX – O que você deseja?’, que será ouvida sempre que o sistema necessitar de uma nova informação. Pressionando [a tecla] F1 o ‘menu principal’ é apresentado e, ao mesmo tempo, falado. Na tela inicial aparecem também informações sobre como adquirir ou obter ajuda sobre o DOSVOX.” (Crédito: DOSVOX/Reprodução)

De acordo com o relatório mundial sobre deficiência, produzido em parceria  entre a OMS (Organização Mundial da Saúde) e Banco Mundial, 20% das pessoas mais pobres do mundo possuem alguma deficiência. Cerca de 80% ainda estão desempregadas na faixa etária ativa para o trabalho. No Brasil, 6.5 milhões da população possuem, de acordo com o censo do IBGE de 2010, alguma deficiência visual, má formação em alguma região do olho ou grau de dificuldade para visualizar imagens, encarar os obstáculos e barreiras no ambiente virtual.

“Existem diversas tecnologias, programas de computação e recursos ópticos no mercado, mas de maneira fácil e totalmente gratuita como o DOSVOX não existe. Serve para iniciantes, sendo a caneta digital para que o professor possa trabalhar os assuntos e avaliar o aluno dentro da sala de aula de forma inclusiva e acessível. No início tínhamos na universidade um aluno e ,diante da dificuldade do professor em entender o que ele escrevia em braile e a angústia daquele aluno para que o professor pudesse ler as suas respostas, nos fez criar o EDIVOX. Nunca imaginei que aquele programinha iria ganhar atenção e servir para pessoas com deficiência visual, o que estimulou toda essa história. Estamos lançando a versão 6.0 que dará acesso à matemática, facilitando ao aluno ingressar em cursos de exatas de nível superior, cursos de graduação e o mercado de trabalho. Tudo isso de forma gratuita e para servir a uma maioria que ainda não dispõe de recursos financeiros para aquisição de tecnologias caras”, contextualiza Borges.

A  jornalista Aline Moraes, servidora do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro, ressaltou sua experiência com o equipamento. “Iniciei com os estudos do DOSVOX, tive meu primeiro emprego na telecomunicação com os pages, em empresa parceira do DOSVOX, me graduei em jornalismo e hoje estou no mercado de trabalho sendo servidora pública. Por meio deste programa, eu reencontrei amigos e colegas no meio virtual, pelo papo VOX  já participei de vários encontros em minha cidade e fora dela.

Entre as novidades da versão 6.0 estão o acesso às nuvens de armazenamento, designer inovador e sintetizadores de voz cada vez mais modernos. O software brasileiro está presente em Portugal, México e outros países. A nova versão estará disponibilizada em dezembro através do site da UFRJ e Instituto Benjamim Constant.

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Renato D’Ávila Moura é jornalista, pós-graduado em comunicação, marketing e web jornalismo. Atuou na TV Sergipe, SEJESP, entre outros.