Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Tortura de jornalistas gera crítica a governo e empresa

Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 3 de junho de 2008


VIOLÊNCIA
Folha de S. Paulo


Milícias da tortura


‘OS CARTÉIS da droga dominam o morro, oferecem algum serviço à população intimidada e impõem, pela força das armas, obediência cega. A fim de combatê-los, milícias privadas expulsam os traficantes, dominam o morro, exigem dinheiro dos moradores e impõem, pela força das armas, obediência cega.


Nesse ambiente em que todos perdem, exceto tiranetes, ocorreu nova ofensa brutal contra o direito dos cidadãos de conhecer a verdade. Três profissionais do jornal ‘O Dia’ que faziam reportagem na favela do Batan (zona oeste do Rio) foram seqüestrados e torturados durante sete horas e meia por ‘milicianos’ que dão as cartas no local.


Os jornalistas empreendiam apuração sobre como é o cotidiano de uma favela dominada por essas milícias mercenárias, em geral formadas por soldados, policiais e bombeiros, da ativa ou afastados. A equipe do jornal foi submetida pelos ‘milicianos’ a uma longa sessão de choques elétricos, espancamento e asfixia com sacos plásticos.


O secretário da Segurança confirmou que há policiais envolvidos no episódio. É, de resto, altíssima a probabilidade de encontrar agentes públicos atuando ilegalmente em cada uma das cem localidades dominadas pelas chamadas milícias no Rio. Essas forças, que já nascem infiltradas no Estado, estão financiando e elegendo políticos para defender seus interesses criminosos.


O episódio com os jornalistas de ‘O Dia’ comprova que o domínio territorial dos ‘paramilitares’ é tão brutal e criminoso quanto o exercido pelo narcotráfico. Ambos não hesitam em aplicar os instrumentos da barbárie para manter seu mando.


O poder público não pode tolerar nem cartéis nem milícias. Identificar e punir com celeridade os responsáveis por esse atentado contra a liberdade de informação é o mínimo que se espera do governo e da Justiça do Rio.’


 


Carlos Heitor Cony


O poder e o crime


‘RIO DE JANEIRO – Não sei não. Acho que deve ser o espírito de porco que toma conta de mim e que me obriga a ser sempre do contra, duvidando de tudo, das verdades estabelecidas e, sobretudo das meias verdades, chegando ao ponto de duvidar até mesmo das mentiras.


Procuro ler atentamente a transcrição de conversas telefônicas que são divulgadas pela imprensa, provando o suposto comprometimento de autoridades com ações criminosas. Sinceramente, leio e releio os trechos assinalados como indicativos de tramóia, mas, fora do contexto, não consigo formar uma opinião a respeito.


Outro dia, o Janio de Freitas disse em seu artigo mais ou menos o que estou dizendo. Os diálogos grampeados podem ser interpretados de muitas maneiras. Mesmo dando o desconto dos códigos usados nessas conversas, a coisa fica meio nebulosa. Raramente são dados os nomes dos bois e dos movimentos gerais da boiada. No máximo, apanham-se dois ou três novilhos desgarrados.


Lembro um caso ocorrido no governo de FHC que provocou a demissão espalhafatosa de duas altas autoridades do sistema financeiro. Em algumas gravações, era ouvida a própria voz do presidente da República, num diálogo com um de seus auxiliares mais próximos, que acabou saindo do governo coberto de graves suspeitas.


Também no caso da violação do painel do Senado, ainda no governo de FHC, apareceram gravações em que o presidente seria o beneficiário das informações obtidas de modo ilegal. Apareceram bodes expiatórios e tudo ficou por isso mesmo.


Evidente que entre o céu e a terra existem muitas coisas além dos aviões de carreira (Shakespeare & Barão de Itararé). Há uma certeza absoluta sobre a corrupção do poder e a impunidade do crime. Simplificando: o crime acaba sendo o próprio poder.’


 


Janio de Freitas


O crime sem resposta


‘AS REAÇÕES verbais à violência sofrida por uma equipe do jornal ‘O Dia’, em favela no Rio, correspondem a um sentimento justo, mas sua cobrança de providências contra a criminalidade abrigada nas favelas impõe uma indagação tão simples quanto evitada: quais providências? A cobrança se repete há mais de 20 anos, com o mesmo tipo de seguimento fantasiado de resposta: para instalar a presença do Estado nas favelas, para livrar da opressão de criminosos os favelados decentes, para impedir as guerras que agridem a cidade, e por aí. A pergunta permanece intocada: quais são as providências para fazê-lo?


A ausência do Estado, originária da sua longa omissão, hoje é a contrapartida da presença de bandos criminosos. Nos casos em que alguma representação do Estado tenha a retardatária intenção de mostrar a sua face, a expectativa da recepção letal na favela só deixa de cumprir-se em um caso: a representação do Estado usa sua própria letalidade e sai o mais depressa possível.


E então vêm as acusações de abuso de violência armada, configurando execuções de criminosos e de inocentes vitimados por ‘balas perdidas’ -essa denominação desrespeitosa e desumana dada pelos jornais e TV a inocentes que, pelo visto, não valem nem uma bala. Tiro errado, tiro a esmo, isso sim.


Como, então, levar o Estado, suas diferentes representações civis e razoável pacificação às favelas? Com o PAC das Favelas é que não será. Os conjuntos habitacionais, de que a Cidade de Deus é o melhor exemplo, tiveram o mesmo destino das favelas. São, hoje, o PAC concluído (se o for) de amanhã. As pequenas obras do PAC se fazem por acordo de consentimento dos bandos criminosos. Consentimento relativo, porque, quando mandam parar tudo, pára tudo mesmo. Nada sequer sugere que os grupos armados vão abandonar os convenientes domínios da Rocinha e do Complexo do Alemão porque ali se construiu certo ar de urbanização, como nos conjuntos cedo transformados também em domínios.


Os protestos contra a ação, digamos, bélica da polícia têm razão de ser, tão óbvia que nem precisaria mostrar-se para ser conhecida. Mas os choques fatais de polícia e criminosos são necessários? São mais do que isso: em certas situações, são indispensáveis, se o Estado não abdicar de toda a resposta ao crime. O que não justifica a freqüência dos excessos de violência, apesar de explicável em parte. Na parte em que o medo compreensível leva a descargas descontroladas da força, para intimidar e afugentar. O mesmo que a recepção dos criminosos faz.


Esses choques e incursões efêmeras representam o Estado no território de que foi banido, ou mais confirmam sua ausência e o domínio alheio. Da mesma maneira, o estatal PAC das Favelas é útil por outros motivos que não o fim, nessas áreas, do domínio criminoso. É grotesca a moda de tomar as obras em favelas de Bogotá como exemplo de eficácia para eliminar a criminalidade. Ignora o dado, básico para a reflexão, que é a densidade populacional e estrutural tão menor das favelas de Bogotá, em relação às nossas. Ignora as diferenças do tráfico de drogas lá e cá. E, para não estender exemplos, ignora até que a inspiração é inversa: Bogotá mirou-se em projetos de Jaime Lerner, mirou-se no plano inclinado construído pelo governo Brizola em uma favela de Ipanema, mirou-se nos conjuntos habitacionais do Complexo da Maré e adjacências, visíveis por quem transita do Galeão para o centro e zona sul do Rio. Obras excelentes, hoje ‘áreas de risco’, como diz o jargão.


Protestos, cobranças, manifestações (na orla de Ipanema e Copacabana, de preferência), muito bem para não passar por conformista. Mas o único que importa é sabermos se há, ou quando haverá, a combinação de inteligência e coragem para criar as providências que tornem dispensáveis os protestos, cobranças e manifestações.’


 


Ato contra tortura é marcado por críticas ao governo Cabral


‘Críticas à política de segurança do governo Sérgio Cabral Filho (PMDB) marcaram o ato público realizado ontem na Cinelândia (centro) em protesto contra o seqüestro e a tortura de três profissionais do jornal carioca ‘O Dia’, ocorridos no último dia 14 na favela do Batan (Realengo, zona oeste).


Organizado pelo Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio, que estimou em 300 o número de presentes, a manifestação reuniu representantes de entidades como OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e ABI (Associação Brasileira de Imprensa) e políticos, entre eles cinco pré-candidatos à Prefeitura do Rio: Alessandro Molon (PT), Chico Alencar (PSOL), Fernando Gabeira (PV), Jandira Feghali (PC do B) e Paulo Ramos (PDT).


Em documento intitulado ‘Carta aos Jornalistas’, o sindicato e a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) ‘protestam contra a decisão da empresa de expor seus trabalhadores a tamanho risco’. A empresa que edita o jornal anunciou que se manifestaria por meio de nota, o que não ocorrera até a conclusão desta edição.


Formada por uma repórter, um fotógrafo e um motorista, a equipe foi infiltrada pelo jornal na favela, que é dominada por uma milícia. Identificados pelos milicianos, os funcionários foram capturados e torturados por quase oito horas, antes de serem expulsos da favela.


Em nota, o ministro da Secretaria dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, diz que o caso ‘constitui flagrante desrespeito aos direitos humanos e à liberdade de imprensa no país’.


Para a Sociedade Interamericana de Imprensa, o ocorrido demonstra a intenção dos milicianos de impedir que jornalistas continuem investigando o crime organizado.


O presidente da República em exercício, José Alencar, classificou o episódio como um ‘horror’. Ele disse que o Brasil é um país de primeiro mundo, que se prepara para ser uma potência, e que, portanto, os brasileiros precisam ‘se habituar a serem filhos de um país rico, um país que não pode mais transigir com coisas desta natureza, que são coisas de país de terceiro mundo’.


Ontem, completaram-se seis anos da morte do jornalista Tim Lopes, assassinado por traficantes do complexo de favelas do Alemão quando fazia reportagem para a TV Globo, onde trabalhava. Uma missa em homenagem à vítima foi rezada no largo da Carioca.’


 


Procuradores pedem controle externo sobre a polícia


‘Diante do episódio de tortura de jornalistas com a participação de policiais no Rio, a Associação Nacional dos Procuradores da República cobrou que o Ministério Público crie mecanismos de controle externo das polícias. Em nota, a entidade lembrou que o controle está previsto na Constituição.’


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


De ponta-cabeça


‘‘Por um tempo o mundo foi plano’, escreveu o colunista Roger Cohen no ‘New York Times’, em referência à imagem de globalização usada pelo colega Thomas L. Friedman. ‘Agora ele está de ponta-cabeça.’


O texto, escrito no Rio e um dos ‘mais populares’ ontem no site, usa argumentos como o crescimento global de 2007, em que os emergentes já responderam por dois terços. Ele ouve José Sérgio Gabrielli, da Petrobras, e Roger Agnelli, da Vale, e no geral apresenta o Brasil como símbolo do mundo ‘invertido’.


Ontem mesmo a coluna, que sai também no ‘International Herald Tribune’, ecoava no ‘Los Angeles Times’, na coluna de investimentos, perguntando se já seria tarde demais para entrar no mercado brasileiro.


ARMAS AOS EUA


Na coluna do ‘NYT’, das empresas em geral mencionadas no exterior, faltou a Embraer. Mas ela ocupou ontem o site do ‘Wall Street Journal’ e outros com a notícia de ‘O Estado de S. Paulo’, de que está negociando com os EUA a venda de aviões Super Tucano para uso no Iraque. São os mesmos aviões usados pela Colômbia, aliada americana, no combate às Farc, inclusive a ação recente, no Equador.


E MAIS ‘BOOM’


Lula prosseguia ontem em escalada retórica, em Roma, na defesa do etanol de cana. E dos EUA vinha algum apoio, em longa reportagem do ‘Miami Herald’ desde Orindiúva, perto de São José do Rio Preto, sob o título ‘No Brasil, o etanol de cana vive ‘boom’. O jornal fala em ‘décadas de pesquisa’, ‘desperdício zero’, mas também ‘trabalho de quebrar as costas’ e ‘problemas na Amazônia’.


‘THE FUTURE OF BRAZIL’


Saiu o relatório do Inpe e, nos sites e telejornais, a devastação ‘equivale ao Rio’ ou ‘aumenta oito vezes’, com Mato Grosso ‘responsável por 70%’.


Enquanto isso, o pivô da saída de Marina Silva do Meio Ambiente, não Blairo Maggi, mas Mangabeira Unger, é destaque da nova edição do pres-tigioso semanário ‘The Chro-nicle of Higher Education’.


Descrito como ‘John Stuart Mill com forte inclinação nietzschiana’, ele ‘testa o poder transformador das idéias como ministro’ ou, ainda, ‘enfrenta o futuro do Brasil’. No pouco que trata de tal futuro, o perfil fala de seus projetos com o embaixador dos EUA e da crítica à ‘ausência de ambição estrutural’, no primeiro mandato de Lula.


CONTRA OS EUA


Como já se esperava, o Brasil venceu definitivamente, na Organização Mundial do Comércio, a ação contra a proteção americana ao algodão. Mas o que ecoou, nos próprios jornais dos EUA, foi a reação ‘muito desapontada’ da representante comercial, também negociadora da Rodada Doha -em que, diz a Reuters, o algodão era foco do conflito.


CONTRA A MICROSOFT


Começou pela África do Sul, que entrou dias atrás com um recurso contra a ‘polêmica’ decisão de dois órgãos multilaterais, baseados em Genebra, de tornar ‘padrão internacional’ um software da Microsoft para documentos eletrônicos, o Ooxml. Não demorou e o Brasil se somou à África do Sul, depois a Índia, a Venezuela, agora a Dinamarca.


JORNAIS EMERGENTES


Por agências como AP e AFP e jornais em geral, a começar da Folha, mas também o indiano ‘Economic Times’, além de sites de mídia como o britânico Press Gazette, referência no setor, saiu ontem a notícia de que a circulação de jornais impressos cresceu 2,57% no mundo, em 2007.


Continuou caindo nos EUA e na Europa, mas cresceu 4,7% na Ásia e 6,7% na América Latina, segundo a Associação Mundial de Jornais. No Brasil, o salto foi de 11,8%.


LIVROS TAMBÉM


Segundo o ‘Guardian’, via blog de Tiago Dória, também a venda de livros cresce, aliás apoiada na web -e, por aqui, na emergente classe média


‘NYT’ LIBERA GERAL


E o ‘New York Times’, no que blogs de mídia saúdam como ‘fim de uma era’, decidiu liberar o acesso a seu código, quer dizer, às ‘receitas e instruções do site’, sua API. Na avaliação de Dória, ‘deixa de ser jornal para se tornar plataforma programável de conteúdo’. Para o americano RWW, é um ‘passo lógico’. A Reuters já deu, pouco antes.’


 


TELES
Pedro Soares


Entrave a negócio entre BrT e Oi acaba nesta semana, diz ministro


‘O ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse ontem que a Anatel deve aprovar ainda nesta semana mudanças no PGO (Plano Geral de Outorgas) que abre caminho para a conclusão da compra da Brasil Telecom pela Oi -anunciada em abril por R$ 5,9 bilhões.


Ele diz que restam ‘problemas técnicos importantes’ a solucionar. ‘Uma solução será apresentada nesta semana ou, no mais tardar, na semana que vem.’


O principal ponto a ser removido do PGO é a proibição de uma concessionária de telefonia fixa adquirir o controle de outra, o que inviabiliza o negócio entre a Brasil Telecom e a Oi.


Indagado se a transação interessa ao governo, Costa respondeu: ‘Não sei se é do interesse do governo, mas é de interesse público. O que não for de interesse público e o que não for bom não é de interesse do governo’.


Após aprovação da Anatel, a mudança deve levar mais dois meses para entrar em vigor. As alterações, depois de serem apreciadas pelo Conselho Consultivo da agência, vão ao Ministério das Comunicações e à Presidência da República. Somente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode, por meio de decreto, validar a mudança nas regras.’


 



CINEMA
José Geraldo Couto


Retratados temem represálias


‘No final do ano passado, 117 palestinos residentes no Iraque se asilaram no Brasil, depois de passar quase cinco anos no campo de refugiados de Ruweished, no deserto da Jordânia, onde estavam desde a invasão do Iraque pelos norte-americanos, em 2003.


‘A Chave da Casa’, documentário dirigido por Stela Grisotti e Paschoal Samora, em processo de finalização, registra a trajetória de cinco desses refugiados.


A primeira fase do filme, rodada em outubro, acompanha as últimas 48 horas dos personagens em Ruweished, antes do fechamento do campo.


Seis meses depois, Grisotti e Samora reencontraram os cinco personagens para documentar o seu processo de adaptação nas várias cidades brasileiras onde se instalaram.


O projeto original de Stela Grisotti, ganhador do prêmio Janela Brasil da TV Cultura, de apoio a documentários, era um filme sobre refugiados em geral. Ao saber dos palestinos iraquianos que viriam para o Brasil, os dois diretores resolveram fechar o seu foco em um punhado deles.


‘Poderíamos, por meio da história desse grupo, abordar a situação dos 14 milhões de refugiados em todo o mundo e, em especial, dos palestinos, que constituem o maior contingente, com 4,3 milhões de pessoas’, diz a jornalista e pesquisadora Grisotti, 44, ex-editora de telejornalismo da Rede Globo e da TV Cultura.


De acordo com o co-diretor Paschoal Samora, 40, que embarcou na aventura durante sua discussão no laboratório de projetos da produtora Mixer, os cinco escolhidos espelham o universo heterogêneo da diáspora palestina.


Do jovem estudioso de línguas Mohammed, que dá aulas de árabe em Florianópolis, à octogenária analfabeta Rashida, que vive em Venâncio Aires (RS), o grupo contempla as mais diversas trajetórias de vida.


‘Todos hoje são meus grandes amigos, eles me ensinaram muito e foram muito generosos, independentemente do quanto era delicado para eles falar de suas próprias histórias’, afirma Samora.


Temor


O medo de represálias contra parentes que permanecem no Iraque fez com que vários dos personagens relutassem em participar do documentário. Eles aparecem com nomes fictícios nesta reportagem e apenas dois concordaram em ter seus retratos divulgados.


O motivo do temor são as perseguições e hostilidades sofridas pelos palestinos em território iraquiano desde a invasão norte-americana.


Segundo Samora, o contrato que ele e sua co-diretora assinaram com a TV Cultura impede a exibição de ‘A Chave da Casa’ em países árabes, por exigência dos retratados.


O compromisso dos realizadores com a TV Cultura é entregar um documentário de 52 minutos para exibição na emissora. Mas o filme deve crescer e se desdobrar.


‘Avaliando o material bruto, penso que o ‘Chave’ merece uma versão maior para tentar uma vida em festivais ou, quem sabe, nas salas do circuito digital’, diz Samora.


De acordo com os diretores, na primeira fase das filmagens, ainda em Ruweished, os personagens demonstraram muita curiosidade sobre o Brasil, país que seria o seu destino por determinação do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).


Hoje, espalhados por três Estados brasileiros, eles enfrentam as dificuldades de adaptação a um país tão diferente, com o apoio do Acnur e das comunidades árabes locais.


Em dois meses, deve nascer o primeiro rebento brasileiro dessa leva de refugiados, filho de Hussan e Fatma, que vivem em Mogi das Cruzes (SP).


Os diretores acompanharam a ultra-sonografia, mas não puderam filmá-la, por conta das convicções religiosas dos pais. No documentário, só o que aparece é a reação emocionada do casal ao saber que se trata de um menino.’


 


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‘Meus filhos precisam ter um país para amar’, afirma médico refugiado


‘‘Doutor Isan’, 51, veterinário geneticista com doutorado na Romênia, mora em Pelotas (RS) com os dois filhos, um adolescente de 14 anos e uma menina de 11. Sobrevive trabalhando com amigos no comércio de roupas e miudezas, enquanto tenta regularizar sua documentação para exercer seu ofício no Brasil.


É o único dos cinco retratados em ‘A Chave da Casa’ que concordou em conversar com a Folha. Isan tem dois irmãos morando no Iraque, ‘correndo perigo com suas famílias enquanto a Acnur não os traz para o Brasil, como prometeu’.


A mulher de Isan, que não é palestina, viajou em fevereiro ao Iraque para concluir o tempo que falta para sua aposentadoria e vender os bens da família. Mas ele não pretende voltar ao país e nem tem esperança de viver num Estado Palestino.


‘Nasci no Iraque, de pais palestinos, por isso sou palestino. Meus pais eram de Haifa, que hoje faz parte de Israel. Eu não posso nem sequer entrar lá’, queixa-se Isan.


‘A guerra no Iraque não vai acabar tão cedo’, diz. ‘Não tem a ver com religião ou com etnia, mas sim com o petróleo, que interessa aos americanos.’


Enquanto espera pelos irmãos e pela mulher, Isan aprende e ensina português aos filhos. ‘Eles precisam ter uma pátria, um país para amar’, afirma, em inglês.


E conclui, num português bastante passável: ‘Quero ser brasileiro. E eles também’.’


 


Sérgio Rizzo


Com ficção e documentário, mostra apresenta produção atual de Israel


‘De acordo com dados de 2005 coletados pelo Filme B, os israelenses vão ao cinema três vezes mais do que os brasileiros (1,4 ingresso per capita por ano lá; 0,5 aqui) e têm um circuito quase cinco vezes maior, proporcionalmente: uma sala para cada 18,4 mil habitantes (contra uma por 90,3 mil no Brasil).


Graças a um ingresso médio de US$ 7,76 (US$ 3,08 no Brasil), a renda anual atinge o expressivo patamar de US$ 74,5 milhões (contra US$ 288,3 milhões aqui). Por outro lado, a produção local ocupa apenas 6,2% do mercado doméstico, enquanto a brasileira oscila em torno de 11%.


Alguns dos filmes por trás desses números serão exibidos na 1ª Mostra Audiovisual Israelense, promovida de hoje até o próximo domingo pelo Centro da Cultura Judaica, com apoio da Embaixada de Israel. É uma rara oportunidade de acompanhar a produção contemporânea do país, em geral restrita a alguns títulos do Festival de Cinema Judaico e da Mostra Internacional de São Paulo.


Organizada em comemoração do 60º aniversário do Estado de Israel, a mostra (veja destaques ao lado) reúne dez longas-metragens de ficção, quatro documentários e seis curtas-metragens realizados por alunos da Escola de Cinema e TV Sam Spiegel, que funciona desde 1990 na área industrial de Jerusalém e seleciona apenas 30 novos alunos por ano.


Serão exibidos também seis episódios da série de TV ‘Em Terapia’ (2006), produzida pela Hot Television de Israel. A boa audiência levou o canal pago HBO a fazer uma versão norte-americana, atualmente em exibição no Brasil, com Gabriel Byrne no papel de um terapeuta que atende a um paciente por episódio (e é atendido por sua terapeuta em outro).


A programação inclui a projeção especial de ‘A Vida dos Judeus na Palestina’ (1913), de Noah Sokolovsky, com acompanhamento musical ao vivo de Livio Tragtenberg. Apresentado pela primeira vez no 11º Congresso Sionista de Viena, em 1913, o filme teve seus negativos originais encontrados em 1997, na Cinemateca Francesa.’


 


Folha de S. Paulo


‘Sex and the City’ desbanca ‘Indiana Jones’ em sua estréia


‘‘Sex and the City – O Filme’ superou ‘Indiana Jones’ em seu fim de semana de estréia nos EUA. Acima das expectativas da Warner, que previa arrecadar cerca de US$ 30 milhões no período, o longa da série homônima chegou aos US$ 55,7 mi e ficou em primeiro lugar no país. O orçamento estimado do filme é de US$ 65 mi.


‘Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal’, que em seu primeiro fim de semana, dias 24 e 25, arrecadou US$ 101 mi (com orçamento de US$ 185 mi), caiu para o segundo lugar, com US$ 46 mi. Em terceiro lugar ficou outra estréia, ‘The Strangers’, com US$ 20,7 mi, à frente de ‘Homem de Ferro’ e ‘As Crônicas de Nárnia – Príncipe Caspian’.


Com o sucesso, ‘Sex and the City’ se torna a comédia romântica mais vista em seu primeiro fim de semana nos EUA, ultrapassando ‘Hitch -Conselheiro Amoroso’ (05), com US$ 43 mi.’


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Dividida, Globo adia reality show policial


‘A Globo adiou por tempo indeterminado a estréia de ‘Força-Tarefa’, reality show policial que estrearia nesta quinta.


Oficialmente, o programa foi adiado porque está ‘em fase de ajuste’. De fato, a atração não ficou pronta a tempo. Mas há também um racha na cúpula da Globo por trás do adiamento.


Produção independente da paulistana Medialand, ‘Força-Tarefa’ enfrenta resistência de várias áreas da Globo. Esses setores não vêem com bons olhos produtos que chegam praticamente prontos, pois isso ameaça seus empregos.


Altos executivos da Globo condenaram ‘Força-Tarefa’ por ser ‘ruim’ e ‘policialesco’. A rigor, o programa é tão ruim (ou bom) quanto qualquer outro reality show e tão policialesco quanto o extinto ‘Linha Direta’. A atração só não foi totalmente desprezada porque foi comprada pelo diretor-geral, Octávio Florisbal.


Inspirado em originais americanos, o programa acompanha operações das diversas polícias do ponto de vista dos agentes. Os policiais-personagens têm microfones de lapela presos em suas fardas e narram as operações. Cinegrafistas acompanham suas ações.


Até a semana passada, a Globo não havia definido se haveria ou não apresentador, que não poderia ser um jornalista. A emissora também não iria apresentá-lo, antes da estréia, à imprensa, como faz com os demais programas.


NOVO LÍDER Criado em janeiro para atrair ‘órfãos’ do ‘Globo Repórter’, em férias, ‘Câmera Record’ foi líder em maio em seu horário. Bateu a Globo por 14,8 a 13,9 pontos na Grande SP. Foi a primeira vez que um programa da Record ganhou da Globo no horário nobre na média mensal.


MAIS DO MESMO A volta do ‘Programa Silvio Santos’ fez bem ao SBT. Com 14 pontos de média, venceu a Record (13,4). A audiência foi quase o dobro do que o SBT registrava no horário (15h/18h).


SAÚDE Agora oficialmente contratada da Record, a ex-Globo Fabiana Scaranzi começa hoje a gravar um quadro de saúde para o ‘Domingo Espetacular’, da qual também será apresentadora, a partir de domingo.


SINAL DOS TEMPOS 1 A Globo agora faz campanha publicitária até de filme da ‘Tela Quente’, caso de ‘Sr. e Sra. Smith’. Foi parte da estratégia de levantar ‘A Favorita’.


SINAL DOS TEMPOS 2 A Globo divulgou ontem a jornais e sites de TV que ‘Zorra Total’ (30 pontos) e ‘A Turma do Didi’ (15) deram no final de semana (chuvoso) suas maiores audiências no ano. Mas esses programas já viram números melhores. Ao vivo e com final do ‘Soletrando’, o ‘Caldeirão’ marcou 20 de média e picos de 29 (os maiores do ano).


SINAL DOS TEMPOS 3 A Globo, em seu jornalzinho dirigido ao mercado publicitário, agora só publica as 20 maiores audiências da TV brasileira (todas dela). Antes, relacionava as 30.’


 


Bruna Bittencourt


Warner exibe final de ‘Gossip Girl’


‘De Josh Schwartz, o mesmo produtor da série ‘The O.C.’, ‘Gossip Girl’ (2007) substituiu o extinto e moribundo programa entre os preferidos do público adolescente. Adaptação da série de livros homônima, ‘Gossip Girl’ retrata a vida de um grupo de amigos da alta roda de Manhattan e chega ao fim de sua primeira temporada amanhã no Brasil, no canal Warner.


Pontuada pela narração sarcástica em ‘off’ de uma misteriosa fofoqueira, a série é protagonizada por Serena, que volta a Nova York depois de um período ausente. A garota retorna para se redimir da vida pouco regrada que levava e se apaixona por Dan, o garoto inteligente da escola que sempre foi apaixonado por ela -o casal de atores Blake Lively e Penn Badgley também namora na vida real.


Mas o lado mais divertido e politicamente incorreto da série fica por conta do playboy Chuck e da cínica Blair -uma versão mais comportada da protagonista de ‘Hell Paris 75016’, ficção de Lolita Pille sobre o estilo de vida de jovens parisienses ricos.


Na reta final de ‘Gossip’, uma nova personagem, Georgina Sparks, companheira de Serena de sua fase pouco comportada, entra em cena para chantagear a protagonista e roubar seu namorado. Essa questão Serena resolveu no penúltimo episódio. Já o namorado, veremos neste capítulo.


GOSSIP GIRL


Quando: amanhã, às 21h


Onde: Warner’


 


Folha de S. Paulo


Nova novela da Globo tem pior estréia da década


‘‘A Favorita’ estreou ontem com média de 34 pontos no Ibope da Grande São Paulo, segundo dados preliminares. Foi o pior início de novela das oito nesta década e, provavelmente, em todos os tempos. ‘Duas Caras’, que tinha o pior desempenho até então, estreou com 40. A novela do estreante João Emanuel Carneiro foi prejudicada pela concorrência com a Record, que antecipou o último capítulo de ‘Caminhos do Coração’, antes às 22h30, para as 20h40. ‘Caminhos’ registrou 23 pontos.’


 


 


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 3 de junho de 2008


VIOLÊNCIA
Marcelo Auler e Pedro Dantas


Milícia some de favela depois da chegada de PMs


‘A milícia formada por policiais militares e civis que dominava, desde julho de 2007, a Favela do Batan, no bairro de Realengo, na zona oeste da cidade, saiu de cena ontem. No lugar da vigilância ostensiva que ela fazia apavorando os 50 mil moradores, surgiram policiais militares fardados. Uma caminhonete com três soldados permaneceu na entrada da comunidade e um carro policiava as ruas. Também circularam pela região uma camionete Blazer com oficial e soldados do serviço secreto do 14º Batalhão.


Mas a comunidade permanece assustada e evita comentários. Todos arranjam desculpas para demonstrar desconhecimento sobre as bárbaras torturas que uma repórter, um fotógrafo e um motorista do jornal O Dia, além de um morador que tomava cerveja com parte da equipe, sofreram em 14 de maio, quando os jornalistas foram descobertos pela milícia morando na favela.


Os profissionais do jornal estão em lugares seguros, fora da cidade. Receberam tratamento médico e acompanhamento psicológico. A família do motorista, residente na favela, foi retirada da comunidade pelo jornal e hoje reside em outro local. Mas não há informação sobre o morador para o qual, segundo o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, não houve pedido de proteção. Suspeita-se que ele possa estar morto.


No Largo do Chuveirão, onde o fotógrafo, o motorista e o morador foram presos pelos milicianos durante um churrasco na noite do dia 14, continua montado o palco usado para as festas no bairro. Nem quem mora ali fala sobre o que aconteceu. A casa de número 291 da Rua São Dagoberto, onde no sábado PMs recolheram armas, botijões de gás e material de clonagem dos sinais de TV a cabo, está vazia. Ali, segundo a polícia, era uma das sedes dos milicianos. Mas a casa mais usada por eles fica na Rua Pedro Nava: tem muros altos, piscina e ar-condicionado. Pertenceu a um comerciante já falecido. Foi ocupada por traficantes e tomada pela milícia.


Beltrame pediu prazo à opinião pública para uma investigação com qualidade. ‘A polícia tem a obrigação de trazer um resultado objetivo sobre essa barbaridade e para garantir o sucesso da investigação. Em breve, vamos apresentar resultados. Falar seria contraproducente, já que estamos em processo adiantado para elucidar o caso.’


MEMÓRIA


Ontem, na Cinelândia, no centro da cidade, o Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) realizaram ato lembrando o 6º aniversário da morte do jornalista Tim Lopes. Eles cobram providências para o caso da violência contra repórteres de O Dia. Na carta aos jornalistas, as duas entidades ‘protestam contra a decisão da empresa de expor seus trabalhadores a tamanho risco. É inaceitável que a tragédia de Tim Lopes, da TV Globo, não tenha conscientizado as empresas de que nenhuma denúncia ou prêmio vale uma vida’.


Em carta dirigida ao presidente Lula, ao ministro da Justiça, Tarso Genro, e ao governador do Rio, Sérgio Cabral, a ONG Repórteres Sem Fronteiras, com sede em Paris, cobrou enérgica punição aos responsáveis a partir da apuração do caso por ‘uma comissão de investigação federal, em conexão com as autoridades estaduais’.’


 


ELEIÇÕES
O Estado de S. Paulo


TRE pune campanha antecipada no Orkut


‘Os usuários que usam o Orkut para fazer campanha antes do prazo legal entraram na mira do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Minas. O juiz Adriano de Mesquita Carneiro, da Comissão de Fiscalização da Propaganda Eleitoral, condenou na sexta-feira Antônio Helvécio Mateus a pagar multa de R$ 21.282: em mensagens no site Mateus diz que é pré-candidato a vereador em Belo Horizonte. Ele pode recorrer ao TRE. O Estado não conseguiu contatá-lo ontem.’


 



VENEZUELA
Simon Romero, The New York Times


Lei chavista ameaça criar ‘país de delatores’


‘O presidente Hugo Chávez usou seu poder de baixar decretos para fazer uma ampla reforma nas agências de inteligência da Venezuela, provocando uma dura reação de grupos de defesa dos direitos humanos e de juristas, segundo os quais as medidas forçarão os cidadãos a delatar uns aos outros para evitar ser presos.


Sob a nova lei de inteligência, que entrou em vigor na semana passada, os dois principais serviços de espionagem do país, a Disip (polícia secreta) e a DIM (agência de inteligência militar) dão lugar a duas novas agências, o Escritório-Geral de Inteligência e o Escritório-Geral de Contra-Inteligência, sob o controle de Chávez. A nova lei exige que todos os venezuelanos e estrangeiros no país cumpram requisições de informação feitas pelas agências. A pena para quem se recusar a cooperar é de 2 a 4 anos de prisão para a maioria das pessoas e de 4 a 6 anos para os funcionários públicos.


‘Estamos diante de medidas que são uma ameaça a todos nós’, afirmou a juíza Blanca Rosa Mármol de León, do Supremo Tribunal de Justiça, num raro exemplo de crítica pública ao governo por parte de um integrante da máxima instância judicial do país. ‘Tenho a obrigação de dizer isto, como cidadã e juíza. Este é um passo para a criação de uma sociedade de informantes.’


A nova lei reflete o esforço de Chávez para assegurar um controle ainda maior sobre as instituições públicas, após uma série de reveses políticos sofridos pelo presidente no ano passado – incluindo a derrota, em referendo, de um projeto de reforma constitucional que teria ampliado seus poderes. Chávez diz que a nova lei visa a garantir a ‘segurança nacional’.


Um ponto da lei exige explicitamente que juízes e procuradores cooperem com os serviços de inteligência – em vez de ajudar a fiscalizá-los. ‘Este governo simplesmente não acredita na separação de poderes’, disse o diretor do Human Rights Watch para as Américas, José Miguel Vivanco. ‘Aqui você tem o presidente legislando por decreto e determinando que os juízes precisam agir como espiões para o governo.’’


 




RÚSSIA
O Estado de S. Paulo


Medvedev ataca lei que limitaria imprensa


‘O presidente russo, Dmitri Medvedev, pediu em carta enviada ontem ao Parlamento que não aprove uma mudança na lei que daria aos tribunais o poder de fechar meios de comunicação suspeitos de difamação. Medvedev disse que a medida – aprovada em primeira leitura em abril – criaria obstáculos ao livre funcionamento da mídia.’


 



COMPETIÇÃO
Gerusa Marques


Conselheiro do Cade aprova entrada de teles na TV paga


‘A entrada das operadoras de telecomunicações – como as empresas de telefonia – no mercado de pacotes de serviços de TV por assinatura, banda larga e telefonia não deve ser considerada, a princípio, prejudicial à competição. A avaliação está em relatório elaborado pelo conselheiro Luiz Carlos Prado, integrante do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).


O relatório, que servirá como subsídio para futuras decisões do Cade em processos relacionados ao tema, é resultado de uma série de audiências públicas promovidas no ano passado pelo Cade para discutir os impactos na concorrência da convergência tecnológica. O conselheiro relata que em países europeus, como França e Espanha, a entrada de operadora de telefonia na TV por assinatura ‘não gerou efeitos anticoncorrenciais’.’


 



CIRCULAÇÃO
O Estado de S. Paulo


Brasil lidera aumento nas vendas de jornais na AL


‘As vendas de jornais aumentaram 11,8% no Brasil em 2007. Em cinco anos, o crescimento foi de 24,93%, segundo dados divulgados ontem, na abertura do congresso da Associação Mundial de Jornais (WAN, em inglês), realizado na Suécia.


Em toda a América do Sul, as vendas de jornais aumentaram 6,72% em 2007. A América do Sul foi a região que apresentou o maior crescimento de vendas, em termos relativos. Seu resultado foi o dobro da média mundial.


O salto de vendas da imprensa paga na América do Sul no ano passado, frente ao 2,57% em todo o mundo, contrasta em particular com a queda de 1,87% registrada na Europa e um retrocesso ainda maior (-2,14%) na América do Norte, afirmou a WAN em seu relatório de tendências divulgado ontem.


As vendas em 2007 aumentaram também na Argentina (7,45%), Chile (3,99%) e em Suriname (3,77%), mantiveram-se estáveis na Bolívia, Equador, Guiana, Uruguai e Venezuela, e caíram na Colômbia (-1,25%) e Paraguai (-3,85%).


De 2003 a 2007 foram registrados grandes aumentos na Argentina (22,7%), Suriname (22,22%), Equador (15,22%), Chile (13,82%) Colômbia (8,97%), Guiana (6,67%) e Bolívia (3,7%).


As vendas caíram no Paraguai (-16,67%) e Uruguai (-11,18%).


A receita publicitária na região avançou 10,77% no ano passado, comparado ao 0,86% de aumento em todo o mundo.’


 




JORNAL
O Estado de S. Paulo


Grupo Estado amplia Conselho Consultivo


‘O Grupo Estado ampliou o número de membros de seu Conselho Consultivo, com a eleição do economista José Roberto Mendonça de Barros e do jornalista Guilherme Velloso. Os outros dois membros do Conselho Consultivo são os empresários Walter Fontana Filho, presidente do Conselho de Administração da Sadia S/A, e Roberto Caiuby Vidigal, presidente da Confab Industrial S/A.


‘A consolidação do Conselho Consultivo contribui para o aprimoramento e a profissionalização do modelo de governança do Grupo Estado’, disse o administrador de empresas Aurélio de Almeida Prado Cidade, presidente do Conselho de Administração, do qual fazem parte cinco membros da família Mesquita, representando os acionistas do Grupo Estado. Cidade é, desde abril do ano passado, o primeiro profissional de mercado a exercer a Presidência do Conselho.


Os conselheiros consultivos assessoram e orientam, tanto o Conselho de Administração como a Diretoria Executiva, na elaboração e atualização do planejamento estratégico e nas definições das políticas da empresa. Eleitos pela Assembléia Geral Ordinária, eles são escolhidos por sua reconhecida experiência em matéria de gestão econômica e empresarial. Não podem ser acionistas e estão desvinculados da Diretoria e do Conselho de Administração.


José Roberto Mendonça de Barros graduou-se em Ciências Econômicas pela Faculdade de Economia e Administração da USP, da qual também foi professor. Doutor em Economia pela USP, fez pós-doutorado na Yale University, nos EUA. É membro do Conselho Superior de Economia da Fiesp e faz parte do Conselho de Administração da Tecnisa, da GP Investments, do Frigorífico Minerva, da Bovespa e do Conselho Consultivo do Pão de Açúcar. Em 1993, foi membro da Comissão Diretora do Programa Nacional de Desestatização. Foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda de 1995 a 1998 e secretário executivo da Câmara de Comércio Exterior da Presidência da República, em 1998.


Graduado em Sociologia e Política pela PUC do Rio de Janeiro, Guilherme Velloso iniciou sua carreira no Grupo Abril, em 1968, como repórter da revista Veja, tendo sido diretor de Redação da revista Exame e diretor de Assuntos Corporativos do Grupo Abril. Posteriormente foi, por 17 anos, diretor da Panelli Motta Cabrera & Associados (The AMROP Hever Group), empresa de consultoria em seleção e recrutamento de executivos. Atualmente, é editor-associado da revista ‘Wine Style’ e comentarista em Carreiras da Rádio Eldorado AM.’


 




TV POR ASSINATURA
O Estado de S. Paulo


Anatel adia decisão sobre ponto extra de TV


‘A reunião do Conselho Diretor da Anatel convocada para discutir se será permitida a cobrança pelo ponto adicional da TV por assinatura não foi conclusiva e continuará hoje. A cobrança integra o regulamento de direitos dos usuários que entrou ontem em vigor, mas o tratamento dado à questão pela Anatel causou polêmica. Por isso, o assunto voltou a ser analisado pela agência.’


 



TELEVISÃO
Keila Jimenez


Silvio recupera ibope


‘O SBT voltou a recuperar o segundo lugar em audiência no domingo e, por alguns minutos, chegou a disputar a liderança com a Globo. O operador do ‘milagre’ é ninguém menos que o eterno dono do domingo, Silvio Santos, que voltou a dominar a tarde em sua emissora com um programa à moda antiga.


O Programa Silvio Santos, que foi ao ar das 15 às 18 horas, registrou média de 14 pontos, ante 13 pontos da Record e 20 pontos da Globo no horário. Silvio chegou a ficar alguns minutos em primeiro lugar, registrando picos de 19 pontos. Vale ressaltar que a média do SBT em domingos anteriores não passou dos 9 pontos de audiência.


Em sua volta ao comando do domingo, SS copiou a concorrência, ressuscitou sucessos seus, recorreu às boas e fiéis colegas de auditório.


O programa exibiu quadros idênticos à extinta Olimpíada do Faustão, fez um concurso de sósias, como o que está no ar na Globo, e contou com convidados musicais. Ele ainda abusou dos quadros com câmera escondida, fez uma versão do Qual É a Música? só com a platéia e jogou os famosos aviõezinhos de dinheiro. O bom e velho Silvio está de volta.’



 


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