Parece que a política é feita mesmo de detalhes – e para que se cumpra o prometido em campanha, lembrou o candidato tucano à presidência, conforme relato de Cristina Tardáguila (Folha de S.Paulo, 3/8, pág. A11), é preciso o mais importante deles, ou seja, ‘ganhar a eleição’. Talvez seja por uma questão de detalhe também a aposta em que ‘os discursos vão ficar todos iguaizinhos’ quando do início efetivo da campanha, no dia 15, com o horário eleitoral no rádio e na TV – embora nem seja preciso esperar para se constatar isso.
Tempos de contradição discursiva – o campo de batalha é o midiático, o do marketing político, que será decisivo uma vez mais para a conquista da ‘empatia’ do eleitor. Admite-se o uso de estratégias para a sedução do eleitorado. Forja-se, dessa maneira, uma imagem convincente o bastante para que o consumidor/eleitor a compre com o voto.
Um mero detalhe, portanto, que os discursos se esvaziem em generalidades – e que se prometam eficiência, trabalho, ética, seriedade. Diante de temas importantes, as palavras somente lhes arranham a superfície, embora se prometa que ‘vai morrer gente’ no caso, por exemplo, da segurança pública.
O Estado detém o monopólio sobre a violência, em princípio – e acenar com austeridade no combate ao crime é sempre oportuno (em tempos de PCC), ainda que não se demonstre com quais estratégias. O apregoado Estado enxuto, mínimo, bem ao gosto neoliberal, acaba por alienar-se nesse contexto, não sendo capaz de se impor, gerindo as forças conflituosas internas, nem contemplando, efetivamente, os cidadãos com políticas públicas eficazes.
Que se aplaudam a austeridade, a eficiência, a força do trabalho – é um detalhe conveniente aos aplaudentes; cabe à mídia detectar os vazios discursivos, os desvios semânticos e apontá-los, discuti-los para que não corra o risco de também tornar-se um mero detalhe discursivo a serviço não da sociedade, e sim de interesses privados.
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Funcionário Público, Jaú, SP