Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Um modelo a ser observado

Desde a última reforma gráfica, a Folha de S.Paulo tem tentado surpreender seus leitores com pautas próprias em destaque, ou pelo menos com versões diferenciadas dos temas comuns aos outros jornais de influência nacional.


Eventualmente, o diário paulista tem conseguido se diferenciar de seus principais concorrentes nos últimos dias, mas apenas quem lê todos os jornais ou pelo menos três ou quatro deles, regularmente, consegue identificar essas diferenças.


Uma delas se localiza na profusão de articulistas e comentaristas que foram agregados à edição. Ainda que esteja publicando um menor volume de textos, por injunção da diagramação mais arejada e dos tipos maiores, a nova Folha dá a seus leitores a impressão de que eles não perderam conteúdo.


O motivo dessa impressão parece estar em certa mudança de estilo: os textos da Folha ficaram mais diretos e enxutos, e progressivamente o jornal parece estar abandonando certos vícios de linguagem, como a mania de estabelecer rankings para tudo.


Leitorado jovem


Até muito recentemente, os editores da Folha costumavam exagerar em expressões superlativas, como ‘mega’, para dar idéia de grandes quantidades ou volumes, e se valiam muito frequentemente de expressões da moda para simplificar o entendimento de temas complexos.


Com o aumento do número de colunistas especializados, o texto da reportagem pode ser mais seco e objetivo, enquanto o reforço para maior aprofundamento do tema fica por conta dos especialistas.


Talvez seja cedo demais para avaliar se o modelo vai trazer de volta os leitores que sumiram nos últimos anos, mas, pelo menos nestes primeiros dias, percebe-se mais agilidade na relação entre os temas que desfilam pela edição online e as escolhas para a edição de papel.


Muito frequentemente, os jornais elegem para a edição de papel versões menos maduras de certos temas que tramitam até muito tarde, possivelmente em função dos horários mais apertados de fechamento. Como se sabe, o desenvolvimento tecnológico apenas piorou a vida dos jornalistas.


Resta saber se a sacada da Folha será capaz de tornar o jornal mais atrativo para os leitores jovens ou se é apenas mais uma pintura na fachada.