Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Vaticano reprime fanatismo de rádio católica

A rádio católica polonesa Maryja recebeu uma ‘séria advertência’ do Vaticano, por ser abertamente contra judeus e por ter envolvimento político – a emissora apóia os irmãos gêmeos Kaczynski: Lech é o presidente da Polônia e Jaroslaw, líder do partido Lei e Justiça. O papa alemão Bento XVI expressou que gostaria de diminuir o conteúdo político da rádio, mas Tadeusz Rydzyk, padre fundador da estação ultracatólica, não se mostra disposto a ceder facilmente. Rydzyk não vê problemas em usar o veículo para divulgar suas opiniões políticas e anti-semitas.

O público não tem acesso aos estúdios da emissora, localizada nos subúrbios de Torun. O padre, de 60 anos, pertence a um movimento missionário ultracatólico na Polônia e vive no edifício da rádio. A transmissão diária começa com orações, hinos e dicas de culinária. Os temas polêmicos – como política e combate à pornografia – só são transmitidos mais tarde. O padre raramente fala ao microfone, mas certa vez chegou a chamar a União Européia de ‘conspiração de maçons’ que queria ‘forçar a Polônia católica a aceitar o casamento entre gays’. Em março, a rádio sugeriu que judeus estariam sabotando a luta pela democracia na Europa Oriental.

TV, jornal, escola

Os alvos favoritos do padre, no entanto, são os alemães, que, segundo ele, ainda têm o desejo nazista de conquistar a Polônia. Ironicamente, o padre começou na Alemanha sua vida na Igreja. Somente em 1991 ele retornou à Polônia, onde fundou uma emissora para divulgar seus sermões. Atualmente, ele supervisiona uma emissora de TV, um jornal, uma escola católica e várias fundações. A maior parte de seus três milhões de ouvintes é composta de mulheres acima de 55 anos, com pouca educação, que moram no campo ou em cidades pequenas.

Sob o mandato do papa João Paulo II, o Vaticano emitiu diversos avisos para a auto-regulação da rádio Maryja. Mas o papa Bento XVI quer tomar atitudes mais rígidas. Ele avisou que padres são proibidos de ter envolvimento político. Críticos da rádio esperam que representantes da igreja na Polônia pressionem pela saída de Rydzyk. Informações de Jan Puhl [Der Spiegel, 2/5/06].