Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Com novo satélite, país amplia acesso à web

O governo aguarda o lançamento do primeiro satélite brasileiro preparado para a conexão à internet de alta velocidade, o Amazônia-3, para confirmar a expectativa de ampliação das ofertas do serviço de banda larga no país. O presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Rezende, aposta neste novo satélite da Hispamar Satélites como uma saída importante para ampliar a oferta de serviços. A ideia é focar regiões remotas do país com baixo potencial para redes terrestres e áreas de “sombra” nos grandes centros, onde os serviços de telecomunicações ainda dispõem de baixa oferta. O equipamento tem o lançamento em órbita programado para fevereiro.

Em entrevista ao Valor, Rezende disse que o principal impacto no mercado nacional da nova operação de satélite será nas ofertas de capacidades de dados no atacado, inclusive às atuais empresas do setor. O presidente da Anatel disse que o Amazonas-3, com operação na banda Ka, contará com viabilidade comercial superior à dos satélites em operação comercial no Brasil. A banda Ka exige a instalação de um número inferior de equipamentos de recepção e retransmissão de sinal (transponder), o que reduz significativamente o volume de investimento no projeto. “Os custos dos novos satélites que o país receberá serão tão competitivos quanto o custo das atuais redes terrestres”, disse Rezende ao se referir às novas ofertas no atacado.

A oferta de dados para outros provedores de acesso à internet, que vão oferecer o serviço ao usuário final, é a principal aposta do presidente da Anatel com o lançamento desses satélites. “Contamos com as operações que vão surgir para impulsionar o mercado de banda larga. Se chegar a preços atrativos, essa disponibilidade de rede de satélite pode ajudar as operadoras de celular a cumprirem as metas de 3G e 4G em regiões onde a fibra óptica não chegou”, afirmou João Rezende. Segundo ele, as companhias poderão receber o fluxo de dados das redes de satélite e radiar o sinal de celular pelas radiofrequências adquiridas nos leilões.

200 milhões de euros

O regulamento de uso da banda Ka por satélites foi aprovado pela Anatel somente no fim do ano passado. “As empresas cobravam a definição da norma por saberem do potencial dessa banda para os serviços de internet, TV por assinatura e inclusive com a possibilidade de entrega de pacotes de multisserviços”, disse o presidente da agência.

Rezende informou que as limitações técnicas impostas à operação de serviços de satélites nas bandas C e Ku reduzem a abrangência de oferta de serviço à TV por assinatura por satélite e aos planos de internet de baixa qualidade.

Atualmente, a Hispamar Satélites é controlada pelo grupo espanhol Hispasat e conta ainda com uma fatia minoritária da Oi em seu capital social. Executivos do grupo espanhol estiveram ontem com representantes da Anatel e do Ministério das Comunicações para falar da expectativa com o lançamento comercial dos serviços em março. O foguete com o Amazonas-3 partirá da base de Kourou, na Guiana Francesa, no dia 7 de fevereiro. O novo satélite substituirá o Amazonas-1. Segundo informações da companhia, o novo equipamento contou com investimento em torno de € 200 milhões.

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[Rafael Bitencourt, do Valor Econômico]