Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Internet para todos

Na semana passada, Mark Zuckerberg, presidente do Facebook, anunciou uma iniciativa para levar acesso à internet para os dois terços da população que ainda não têm. Com parceiros como Ericsson, Samsung, Nokia e Qualcomm, lançou a Internet.org. O objetivo é ambicioso.

A internet é hoje uma ferramenta essencial de informação, comunicação e entretenimento. E existem cerca de 5 bilhões de pessoas no mundo sem acesso. Há dois anos, a Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou que a conexão à internet é um direito fundamental da humanidade. Para se ter uma ideia do tamanho do desafio, é só verificar como estão sendo atendidas outras necessidades essenciais do ser humano.

Um estudo recente mostrou que 4,1 bilhões de pessoas vivem sem saneamento básico. É claro que é possível ter internet sem saneamento. Nas periferias das grandes cidades brasileiras, não é incomum casas terem computadores ligados à rede mundial e esgoto a céu aberto em suas portas. Mas, assim como saneamento, telecomunicações são infraestrutura.

As iniciativas da Internet.org incluem a criação de smartphones mais baratos, parceria para a ampliação das redes de telecomunicações, desenvolvimento de aplicativos que consumam menor capacidade de dados e incentivo a novas empresas que facilitem o acesso à internet. De todas as estratégias, provavelmente a mais desafiadora seria levar as redes às comunidades que ainda não têm acesso e oferecer um serviço acessível a essa população.

Projeto em teste

Dos 7 bilhões de habitantes do planeta, 1,1 bilhão vive em extrema pobreza, com renda diária menor que US$ 1,25. 775 milhões são analfabetos. Barreiras como essas ajudam a explicar o motivo de existirem somente 2,7 bilhões de pessoas com acesso à rede mundial atualmente, e de a taxa de crescimento dessa base estar em 9% anuais, considerada baixa pelas empresas que participam da parceria.

Além disso, quase metade da população ainda vive na zona rural. A barreira de 50% de população urbana foi quebrada há três anos e a expectativa é de que somente em 2030 esse total alcance 60%. Mais uma vez, o maior desafio está na infraestrutura de telecomunicações. Atualmente, parte das pessoas que acessam a rede mundial está no campo, enquanto existem aqueles que não têm acesso e vivem em cidades. Mas, quanto menos concentrada é a população, mais difícil é conectá-la à rede. Soluções como internet via satélite costumam ser caras.

Foi por causa disso que outro gigante da internet, o Google, lançou o Projeto Loon, em que planeja oferecer acesso a partir de balões na estratosfera, a cerca de 20 quilômetros da superfície terrestre. O teste da tecnologia começou em junho, na Nova Zelândia. É uma ideia que ainda precisa se provar viável.

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Renato Cruz é colunista do Estado de S.Paulo