Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

A busca pela unificação dos movimentos

A comunicação brasileira vive um momento positivo com a implementação de projetos estratégicos para o setor, como o Programa Nacional de Banda Larga e o debate sobre o novo marco regulatório. Tal conjuntura impõe aos movimentos sociais uma maior capacidade de interlocução. Nesse contexto, entidades ligadas à luta por uma comunicação democrática precisam unificar as ações. Para reorganizar e qualificar politicamente esse campo é preciso superar diferenças.

Essa é a avaliação do radialista Orlando Guilhon, presidente da Associação das Rádios Públicas do Brasil (Arpub), sobre os resultados da ampla e expressiva plenária com movimentos sociais realizada no Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, na semana passada. A entidade, juntamente com o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o Instituto Telecom, a TV Comunitária Rio, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, a Escola de Comunicação da UFRJ e as Rádios EBC – MEC e Nacional, foi responsável pela organização do encontro.

A atividade teve como objetivo rearticular o movimento Pró-Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) do Rio de Janeiro. A representatividade das mais 50 entidades nacionais e estaduais presentes, no entanto, conferiu ao evento dimensão nacional e teve como aspecto principal a ‘construção da unidade’. Confira aqui o relato da plenária, entidades participantes e os principais encaminhamentos. O próximo encontro será no dia 21 de março.

Um seminário será realizado nos próximos meses

De acordo com Guilhon, o país está vivendo uma conjuntura nova, com um governo muito propício às questões relativas à comunicação. Esse período começa, segundo ele, com a realização da Confecom e se desdobra com a posse da presidenta Dilma Rousseff e com a indicação de Paulo Bernardo para o Ministério das Comunicações. Para intervir nessa conjuntura, Guilhon aposta na integração dos movimentos sociais. União que precisa ser programática, política e estratégica para dar certo, enfatiza.

Evidenciou-se a necessidade de fortalecer o FNDC para que ele se credencie como a principal ferramenta de política e interlocução com os poderes públicos e com os empresários. ‘Estamos acabando com essa história de ter dois ou três fóruns para termos um fórum único que agregue a todos. Para isso é preciso respeitar as diferenças e trabalhar sempre a partir de consensos progressivos’, acentua Guilhon, salientando que este debate ainda está em andamento.

Com o objetivo de fortalecer a organização e garantir a unidade do movimento de comunicação, organizações como o Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, a Federação Interestadual dos Trabalhadores em Telecomunicações (Fittel), a Ciranda Internacional da Comunicação Compartilhada, o Projeto Revista Viração, a Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi) e o Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) já em janeiro manifestaram o interesse de integrar o Fórum. O processo de articulação com essas entidades deve se consolidar em um seminário a ser realizado nos próximos meses.

‘Somar para fortalecer o movimento’

A cineasta Berenice Mendes, integrante Coordenação Executiva do FNDC, vê como positiva e natural a tendência de unificação dos movimentos pela democratização da comunicação. A intensa mobilização nos estados para a realização da Confecom motivou a criação de comitês e organizações que agora precisam se reconectar e se qualificar, destaca. ‘O debate saiu do plano meramente reivindicatório e de formação de diagnóstico, para uma etapa de trabalho junto ao Executivo, visando a concretizar as prioridades aprovadas na Confecom’, expõe.

Berenice considera natural também que o Fórum abarque essa discussão em virtude da sua história como uma entidade de movimento e pelo tempo em que vem refletindo e formulando propostas de políticas públicas para o setor. Além de ter um incessante diálogo com os sucessivos governos, mostrando o que pode e deve ser feito nesse campo. ‘É por essa história de luta que estamos abertos e receptivos à aproximação desses companheiros que, com suas visões particulares, vêm somar para que possamos fortalecer o movimento’, finaliza.

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Da Redação FNDC