Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

A guerra santa chega ao Desterro

Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Não, não é um encarte turístico. Falando diretamente da província da magia ‘Nossa Senhora do Desterro’, vulgo Florianópolis, como correspondente direto do mais recente capítulo da guerra santa de que se tem notícias na atualidade.

Judeus, católicos e protestantes… SBT, Globo e Record… Essa guerra chegou a Florianópolis. Após o episódio ocorrido no início do ano, quando o SBT perdeu sua repetidora Rede SC, hoje RIC Record, para seu antes tímido rival no estado – ao menos na programação local. O mercado de emissoras teve uma grande reviravolta que há décadas não ocorria na pacata capital catarinense.

Dali em diante, a cabeça de telespectador leigo se viu em polvorosa. O canal 4, antes SBT, a partir da zero hora do dia primeiro de fevereiro de 2008 passou a ser RIC Record. Uma jogada da rede paranaense RIC apoiada pela Record, a incorporação da Rede SC pela RIC pegou o SBT de calças curtas! O Canal 6, antes Record, viraria Record News; a grande Florianópolis e outras regiões, que antes recebiam a Record, seriam a primeira região do país a ter dentre as sintonias VHF a Record News. Essa que hoje figura como terceira colocada no estado.

Esquentando o inverno

Além de para muitos o SBT, que em alguns dias em acordo com a TV Planalto de Lages voltaria à cena nas demais regiões, exceto a grande Florianópolis. A RBS, maior retransmissora afiliada à Rede Globo do país, pensou se beneficiar com a saída do SBT da cena, o que de fato ocorreria, pois a Record News tem um conteúdo específico e não misto, como as demais grades. A Record, hoje, passa a ter quase o ibope antes somado de SBT e Record; a Record News tem um volume assustador se comparado a demais estados e a RBS tem apenas um forte rival e por mais incrível que pareça se vê com um forte rival ao invés de dois rivais medianos.

Duas coisas essa semana me chocaram e fizeram essa tríade inicial minha dar um princípio de nexo e factualidade ao que acabo de escrever. Além das chatíssimas e incessantes propagandas do Jornal do Almoço – RBSTV/Globo, onde populares afirmam, entre outras frases: ‘É minha fonte de informação segura’; ‘É o único jornal a que eu assisto’. O desespero do inabalável Jornal do Almoço, que é feito nos moldes do sinônimo jornal da RBS gaúcha, líder há décadas em ambos estados, é óbvio.

Outro susto foi ver ícones impolutos do SBT, como Hebe, Augusto Liberato e outros, em uma propaganda inusitada nas ruas e focos raros, diga-se de passagem, de grande fluxo da capital. Era um tipo de banner super-luminoso puxado por carros ou caminhonetes, com esses ícones e a chamada: ‘O SBT agora é 45!’

A guerra santa midiática esboça esquentar o inverno gélido catarinense, pelo menos no ibope. Esperemos que os ‘ventos sul’, tão tradicionais na região, impulsionem o mercado da comunicação catarinense que sempre se resumira a um anexo do Rio Grande do Sul. Saudações à mídia de ‘Nossa Senhora do Desterro’ e seus telespectadores.

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Ator não-global, diretor teatral, cantor, escritor e jornalista; Florianópolis, SC