Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Após atentado, polícia garante distribuição de jornal

Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 30 de setembro de 2008


 


ATENTADO
Folha de S. Paulo


PM protege a distribuição do ‘Extra’ no Rio


‘A Polícia Militar realizou ontem uma operação para garantir a distribuição do jornal ‘Extra’ na Baixada Fluminense, por determinação do Tribunal Regional Eleitoral.


No domingo, um grupo armado comprou cerca de 30 mil exemplares do diário das Organizações Globo em Belford Roxo antes que ele chegasse às bancas. A operação também foi feita em Niterói e no Rio.


A manchete do jornal era ‘Deputados em campanha mentem para garantir salário de R$ 13 mil’. O texto diz que deputados estaduais que são candidatos faltaram a sessões da Assembléia e inventaram compromissos para ter faltas abonadas.


A Associação Nacional dos Jornais classificou a ação como um ‘atentado ao direito dos cidadãos de serem livremente informados e um lamentável golpe à liberdade de imprensa’. O presidente da OAB no Rio, Wadih Damous, pediu uma ‘investigação rigorosa, com pronta resposta das autoridades à audácia criminosa’.


‘Esses episódios significam um elemento de perturbação do processo eleitoral. E sempre reagiremos porque é o nosso dever’, disse o presidente do TSE, Carlos Ayres Britto.’


 


 


EDUCAÇÃO
Jorge Werthein


Leitura e cidadania


‘O BRASIL vem reduzindo sua taxa de analfabetismo com velocidade constante nas últimas décadas. Hoje, ela é de 9% da população -16 milhões de analfabetos absolutos com 15 anos ou mais.


A pessoa que não sabe ler nem escrever se sente profundamente limitada e discriminada. Não consegue entender o jornal, não sabe pegar ônibus nem possui condições para obter um emprego. Sua auto-estima é baixa.


O Indicador de Analfabetismo Funcional informa que 67% dos brasileiros têm interesse na leitura. Mas não existem bibliotecas em cerca de 1.000 municípios dos 5.564. Em 89% deles não existem livrarias. Lê-se pouco.


O governo federal, os governos estaduais e municipais e diversas instituições da sociedade civil promovem ações para fornecer livros, informações e alcançar o brasileiro que está na ponta da linha, em alguma região menos desenvolvida. É um tremendo esforço que envolve pesada logística.


Não é fácil. Os resultados estão chegando. Poderiam ter mais velocidade. Porém, é inegável que a situação de hoje é melhor que a de ontem.


O que faz a diferença agora é a tecnologia. Os professores dispõem de recursos impensáveis anos atrás. Eles têm à disposição projetores, computadores com acesso à internet e a possibilidade de interagir com outros centros de excelência.


Em vários países, é normal ter salas de aula com até 300 alunos, que são convidados a ler antecipadamente sobre o tema que o professor vai expor.


E, posteriormente, voltam aos livros para conferir o que foi apresentado. É um ensino de massa que visa qualificar muita gente em pouco tempo.


Mas há outro caminho ainda não totalmente percebido no Brasil. A nova tecnologia dos telefones celulares -a chamada 3G. Telefone não é mais utilizado apenas para comunicação oral. Ele se presta para transmissão de dados, para ver televisão, para receber e mandar e-mails, para ouvir rádio, para ler jornais, para ver filmes.


É para essa nova tecnologia que os gestores da educação precisam olhar com atenção. Os professores devem se capacitar para usar a nova linguagem. Hoje, existem mais de 3 bilhões de telefones celulares no mundo. No Brasil, já foram comercializados 130 milhões de aparelhos. Eles cobrem mais de 80% do território nacional.


O plantador de soja no interior de Mato Grosso sabe o preço exato de seu produto nas Bolsas por intermédio do aparelho. É ele que transmite as notícias mais importantes e faz a conexão daquele remoto produtor no setentrião brasileiro com o mundo.


Esse é o novo caminho. Na internet, há de tudo. É preciso dispor das ferramentas certas e saber utilizá-las para obter o melhor resultado.


Infelizmente, os dados disponíveis nos censos elaborados pelo Ministério da Educação indicam que 50% dos professores da rede pública não têm computador. Se eles não dispõem do equipamento, não saberão ensinar o aluno a chegar à rede mundial.


O Brasil é um país de dimensões continentais, que se desenvolve apesar dos desníveis de renda entre pessoas e regiões. Algumas delas, como é comum na Amazônia, são de acesso difícil ou quase impossível via terrestre. O ideal seria ter boas escolas, inclusive profissionalizantes, em cada um dos 5.564 municípios brasileiros.


Mas, na prática, a realidade é difícil, onerosa e demorada. A cidadania decorre do processo de educação. O homem e a mulher alfabetizados conhecem seus direitos e seus deveres. Vão transmiti-los aos filhos e descendentes. Vão ajudar a escolher melhor os governantes e a julgá-los nos momentos adequados.


Isso é cidadania. Não há como falar em cidadão se não houver educação que molde o espírito e prepare o jovem para a aventura da vida adulta, com todos os seus desafios, problemas e incertezas. O Brasil cresceu aos saltos, aos ciclos, mas o seu resultado tem sido extremamente positivo.


Há um país a ser feito. E uma sociedade a ser construída por cidadãos. Seus habitantes só vão merecer a cidadania plena se cuidarem da educação com o carinho que o assunto requer e a prioridade de que necessita. Inclusão digital é um capítulo importante do processo brasileiro de levar educação de qualidade para todos.


Aqueles 9% de analfabetos deverão desaparecer em pouco tempo. O Plano de Desenvolvimento de Educação estabelece que dentro de 15 anos todas as crianças com até oito anos estarão alfabetizadas no Brasil. É possível, é viável. Restarão os analfabetos funcionais, os que sabem ler e escrever, mas não conseguem entender o texto que está diante deles. E sempre haverá espaço e caminho para evoluir na construção da cidadania.


JORGE WERTHEIN , 67, sociólogo argentino, mestre em comunicação e doutor em educação pela Universidade Stanford (EUA), é diretor-executivo da Ritla (Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana). Foi representante da Unesco no Brasil (1997 a 2005) e assessor especial do secretário-geral da OEI (Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura).’


 


 


CAMPANHA
Felipe Bächtold


Eleitores divulgam gravações para constranger candidatos


‘Embora a Justiça Eleitoral vete o uso de sites não-oficiais na campanha, eleitores vêm explorando intensamente o YouTube, com a divulgação de vídeos constrangedores de candidatos.


Links com gafes também se proliferam por blogs e pelo Orkut. O ‘relaxa e goza’ de Marta na crise aérea já foi visto mais de 112 mil vezes no YouTube e aparece em comunidades contra a petista. O mesmo acontece com o episódio em que Kassab expulsou um manifestante de um centro de saúde aos gritos de ‘vagabundo’. Segundo o TSE, a propaganda só pode ser feita nas páginas oficiais de candidatos e partidos. O tribunal diz que analisa ‘caso a caso’ as polêmicas que chegam sobre o assunto.


No Orkut, há gafes de Maluf, incluindo a ‘se [Celso] Pitta não for um grande prefeito, nunca mais vote em mim’. Em Salvador, eleitores fizeram circular gafe de Walter Pinheiro (PT) e a declaração, em 2005, de ACM Neto (DEM) sobre ‘dar uma surra’ no presidente Lula. No Rio, é hit entrevista de Jô Soares com Marcelo Crivella (PRB).’


 


 


Flávio Ferreira


Candidatos voltam a inflar números em debate na TV


‘No debate de anteontem da TV Record o prefeito Gilberto Kassab (DEM) não revelou o número real de déficit de vagas nas creches do município e Marta Suplicy (PT) apresentou mais uma vez um número inflado sobre os quilômetros de corredores de ônibus construídos em sua gestão, de 2001 a 2004. O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) voltou a fugir do debate sobre os ataques da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) ocorridos no Estado em 2006.


Anteontem, Kassab afirmou que faltam 80 mil vagas em creches na capital, ao contestar Alckmin, que disse que o número do déficit é de 110 mil.


Os registros da Secretaria Municipal de Educação mostram que até junho havia 110.091 pedidos de vagas cadastrados para creches na cidade.


O secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider, disse que Kassab usou um número estimado de déficit. Segundo Schneider, é provável que cerca de 30 mil mães tenham procurado vagas para crianças que ainda não atingiram a idade para ingressar nas creches, que é de cinco meses.


O prefeito da capital voltou a dizer que as escolas de ensino fundamental atualmente contam com dois professores em sala de aula na 1ª série. Porém, na verdade são estudantes universitários de cursos ligados à educação que estão trabalhando nas salas de aula municipais.


Marta voltou anteontem a afirmar que durante a administração dela foram construídos 100 quilômetros de vias exclusivas para coletivos na capital.


Porém, foram efetivamente construídos 67 quilômetros durante a gestão petista. Para Marta, 35 quilômetros de corredores que passaram por reformas significativas também devem ser incluídos na conta das construções.


Já Alckmin, a exemplo do que ocorreu na sabatina da Folha e em debate da TV Bandeirantes, não enfrentou anteontem o tema dos ataques do PCC de 2006. Ao ser indagado sobre o assunto, o tucano limitou-se a apresentar estatísticas e não debateu sobre o fortalecimento da facção nos presídios paulistas durante o período em que foi governador, de 2001 a 2006.’


 


 


GRAMPOS
Janio de Freitas


Ameaças vazias


‘PASSADO O LONGO período de umas 48 horas sem aparecer em nenhum meio de comunicação, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, aponta ameaças à nossa democracia na ocasião mesma em que seu parceiro, o ministro da Defesa, é abatido por suas próprias forças com um desmentido definitivo. Nem o promissor carimbo de ‘confidencial’, pespegado no documento que Nelson Jobim entregou à CPI das Escutas Telefônicas, poupou-o da divulgação de que foi inverdadeiro nos depoimentos à CPI. Mais: também nas contestações ácidas ao ministro da Segurança Institucional, general Jorge Felix. E ainda: na indução ao presidente da República para afastar, por suspeitas extremas, o delegado Paulo Lacerda e outros diretores da Abin. O laudo final do Exército assegura que os equipamentos da Abin não poderiam ter gravado Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres.


A partir da indução precipitada por Jobim, tudo a respeito daquela escuta concentrou-se na hipotética maleta da Abin, em detrimento da investigação de ‘grampeadores’ particulares, a soldo de interessados, e mesmo como um dos desmandos decorrentes da Operação Satiagraha. Pouco depois de uma visita de José Dirceu à sua casa às 8 da manhã, Nelson Jobim chegou a exibir na CPI um comprovante documental de suas afirmações. Voltava lá porque um laudo do Instituto de Criminalística da PF refutara-lhe as contestações ao general Felix e ao delegado Paulo Lacerda.


Jobim mostrou e entregou o prospecto do que seria a maleta, por ele apontada, capaz da gravação feita. Era, de fato, apenas a reprodução de um prospecto encontrável na internet. Impressionou muito, com a junção do papel à ênfase. E com o prestígio pessoal, ao explicar a visita matinal de Dirceu para lhe ‘levar charutos’. Não foi só o que lhe levou José Dirceu, hoje tão dedicado à internet quanto à idéia de que o verdadeiro objetivo da Satiagraha e do delegado Paulo Lacerda era prendê-lo.


Ao enredo sintetizado na falsa associação de determinada maleta a determinada escuta, o ministro Gilmar Mendes junta um ingrediente inesperado: ‘o projeto institucional que estava por trás disso’ [a gravação de sua conversa com o senador], ‘acho que era extremamente perigoso para a democracia. Uma mente perversa pensou isso’.


Da escuta e difusão de uma conversa sem riscos pessoais, deduzir a existência de um projeto ameaçador para a democracia é mais do que um passo excessivo. É o mergulho em uma responsabilidade que o país e a democracia merecem ver justificada, tanto mais que é também a responsabilidade de um ministro do Supremo Tribunal Federal. Ameaça e democracia não podem ser aproximadas em vão, sem a companhia de fundamentações ainda que polêmicas.


O conceito de democracia, aliás, não fica bastante claro na preocupação exposta pelo ministro. Eis outro trecho seu: ‘quando a questão [de escutas e vazamentos] se alçou a esse plano de ouvir senadores, ministros do Supremo, e isso se comprovou, então isso chamou a atenção da sociedade e atingiu aquele ponto limite no qual é preciso dizer basta’.


Não consta, nos termos da Constituição democrática, que entre os cidadãos em geral e, de outra parte, os senadores e ministros do Supremo haja ‘pontos de limite’ diferentes para os atos que atinjam os seus respectivos direitos. Os quais, nos termos da Constituição democrática, nem são respectivos, mas iguais na cidadania. Senador e ministro do Supremo são funções com direitos de cidadania iguais ao do servidor que recolhe o lixo de ministros e senadores. A idéia de ‘pontos de limite’ de tolerância para uns é essencialmente incompatível com a democracia -para não dizer que também a ameaça.


A defesa de uma reforma política urgente, de dar-se caráter impositivo a parte do Orçamento do governo e a recusa à proposta de miniconstituinte, feitas por Gilmar Mendes, são necessidades reais e coerentes. A de apontar com clareza ao país o que o ameaça, também é.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Drama histórico


‘‘What’s going on?’, O que está acontecendo?, dizia a âncora da CNN, diante dos números da votação. O pacote havia caído, mas o processo legislativo é uma confusão. E em instantes já começava no canal e na Fox News o esforço republicano de jogar a culpa na presidente democrata da Câmara. E ouviram os dois lados, outros republicanos, John McCain inclusive, e o fato político virou um grande nada.


Nos sites e nos mesmos canais, por outro lado, os números a seguir passaram a ser outros. Wall Street caía 600 pontos, diminuiu para 500, voltou a desabar e fechou em 777. A derrota do plano foi ‘um momento de drama histórico’, destacou o ‘New York Times’, e levou à ‘pior queda num só dia, em duas décadas’. Também para o ‘Wall Street Journal’ foi uma derrota ‘histórica’. Mas, de Rupert Murdoch como a Fox News, também o site sublinhou que ‘culpam Nancy Pelosi’, na fantasia americana do dia.


‘DROP DEAD’


O Market Watch postou duas análises. Na primeira, do chefe do site em Washington, ‘os republicanos da Câmara disseram aos mercados que eles terão que resolver seus problemas sozinhos’. Ou seja, ‘Da Câmara para Wall Street: morra’ (drop dead).


No outro, do editor-chefe do site que é referência global, o título era ‘Congresso paga para ver o blefe de Wall Street, e nós perdemos’. Ou ainda, ‘como a rejeição de um plano de US$ 700 milhões vai nos custar US$ 1 trilhão’.


‘BANANA REPUBLIC’


No ‘NYT’, o colunista Paul Krugman blogou o post ‘OK, somos uma República de Bananas’. Ou seja, ‘temos um governo não-funcional’.


PARA O MUNDO


No ‘Financial Times’, uma primeira análise destacou o efeito sobre o mundo inteiro, com o índice MSCI World ‘registrando sua maior queda desde a criação em 1970’. E agora?, perguntou-se, para responder que o governo tem que bancar o setor financeiro ‘e rapidamente’.


INSTITUIÇÕES EM COLAPSO


Sob o título ‘Um choque’, o site da ‘Economist’ reagiu com espanto e enumerou os bancos Washington Mutual, Fortis, Bradford & Bingley e Wachovia para afirmar o quanto o pacote era urgente, ‘dada a freqüência com que as instituições estão entrando em colapso’


CRISE, QUE CRISE?


Até as 22h de ontem, o site do estatal ‘China Daily’ não havia ainda noticiado a queda do pacote. Desde a manhã, anunciava a votação por ocorrer.


Já o site do ‘WSJ’ deu que a comissão de regulação bancária da China soltou comunicado ‘endossando’ as operações chinesas de bancos ocidentais por mostrarem ‘fundamentos saudáveis, liqüidez adequada’ etc.


DE VERMELHO A ROXO


O ‘NYT’ noticiou a compra do Wachovia pelo Citigroup sublinhando que ela ‘concentra os depósitos bancários americanos nas mãos de apenas três bancos: Bank of American, JP Morgan Chase e Citigroup’.


Quanto ao Brasil, o Market Watch deu que a derrubada do pacote ‘bateu nas ações’ da Bovespa e dos outros mercados latino-americanos, que tinham a aprovação por certa. Por aqui, ‘ações bancárias escorregaram, lideradas por uma queda de 11% do Unibanco’.


Em meio a manchetes na linha ‘Bolsa desaba’, do UOL, até Armínio Fraga apareceu, na Veja.com, para dizer que o sinal ‘agora passou de vermelho a roxo’.


ENQUANTO ISSO


Logo abaixo do noticiário da crise, com a derrubada do pacote e a queda nas Bolsas, outros números surgiam em portais como o UOL, ontem: ‘Avaliação pessoal de Lula atinge 80% em setembro, diz CNI/Ibope’. No Nordeste, ‘chegou a 92%’.


AS VÍTIMAS


Manchete do Terra, início da noite: ‘Lula classifica a economia dos Estados Unidos de cassino’. Reclama que eles ‘precisam ser responsáveis, porque os países pobres, que fizeram de tudo para ter uma boa política fiscal, não podem ser as vítimas’.’


 


 


ELEIÇÕES NOS EUA
Andrea Murta


Biden treina para evitar sexismo em debate


‘Para evitar seus habituais deslizes verbais, o candidato democrata a vice-presidente dos EUA, Joe Biden, está sendo orientado por uma tropa de elite de seu partido. As senadoras Hillary Clinton, Barbara Boxer e Dianne Feinstein estão treinando o companheiro de chapa de Barack Obama para que enfrente uma mulher em um debate sem parecer machista ou excessivamente agressivo.


Biden duelará nesta quinta com a governadora do Alasca, Sarah Palin, candidata a vice do republicano John McCain.


O debate -que abordará temas variados e será o único entre Biden, 65, e Palin, 44, antes da eleição de 4 de novembro- ocorrerá na Universidade Washington, em St. Louis (Missouri). Depois de um debate morno entre os cabeças-de-chapa na última sexta, o evento dos vices assumiu importância especial para as campanhas, sobretudo a republicana, que vem ficando para trás em pesquisas conforme avança a crise econômica.


Biden preside a Comissão de Relações Internacionais do Senado; já Palin tirou seu primeiro passaporte no ano passado e acaba de enfrentar entrevistas catastróficas, em que foi criticada por suposta incoerência e falta de profundidade em economia e relações exteriores.


Preparação


Ainda assim, o terreno apresenta dificuldades para o democrata, pois ele é conhecido por suas gafes, e a candidata republicana é considerada ‘simpática e verdadeira’ por boa parte do eleitorado. A linha entre o ataque político e o que críticos verão como machismo será tênue -ainda mais após os republicanos terem adotado o argumento do sexismo para refutar críticas a sua candidata.


Palin -temida inclusive no partido por sua inabilidade em política externa- está em uma maratona de preparações para o debate. O diretor da campanha de McCain, Rick Davis, e Steve Schmidt, conselheiro republicano, planejaram sessões de treinamento intensivas.


‘Estou esperando ansiosamente a noite de quinta (…) para conhecer Biden’, afirmou ela ontem em comício em Ohio. ‘Nunca o encontrei, mas ouço falar de seus discursos no Senado desde a segunda série’, afirmou, frisando a diferença geracional. ‘Devo admitir que ele é um grande debatedor e parece ter uma confiança danada.’


A preparação incluiu encontros com chefes de Estado durante a 63ª Assembléia Geral da ONU, em Nova York, na semana passada -como o presidente afegão, Hamid Karzai, e o colombiano, Álvaro Uribe- e conversa com o ex-secretário de Estado Henry Kissinger.


Estrategistas democratas aconselharam Biden a ignorá-la no palco. Seu objetivo seria se concentrar em conseguir uma conexão com eleitores sentados em suas salas de estar e deixar claro que é um deles.


Mas, para frustração dos que aguardavam uma troca de argumentos mais fluida entre os vices, o debate desta semana adotará moldes mais rígidos do que o de McCain e Obama.


A pedido dos republicanos, que temiam que sua candidata passasse a maior parte do tempo na defensiva, a Comissão de Debates Presidenciais adotou o formato tradicional, com uma pergunta do mediador seguida por dois minutos de resposta. Não haverá, assim, os cinco minutos de livre embate vistos no evento dos cabeças-de-chapa.’


 


 


LÍNGUA
Sérgio Torres


Lula sanciona o novo acordo ortográfico


‘O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou ontem, na ABL (Academia Brasileira de Letras), no Rio, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que mudará a grafia de cerca de 0,5% das nossas palavras. O fim do trema, do acento agudo em ditongos abertos (‘idéia’ será ‘ideia’) e do acento circunflexo com duplos ‘e’ e ‘o’ (‘vôo’ será ‘voo’), entre outras mudanças, ocorrerá gradativamente de 1º de janeiro do próximo ano até 2012. Previsto desde 1990, mas não-ratificado pelos Congressos de todos os países, o acordo ganhou um protocolo modificativo nessa década. Ele foi aprovado por Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e, em 2002, pelo Brasil. Em maio de 2008, Portugal concordou com as bases do acordo. Lula classificou o acordo como um ‘reencontro do Brasil consigo mesmo’ e disse que a importância da medida ‘é maior do que pode parecer à primeira vista’, pois tem ‘pertinência e, sobretudo, significado estratégico no que diz respeito à cooperação entre os países lusófonos’. Para o presidente, o acordo propicia ‘um novo impulso’ ao ‘intercâmbio Brasil-Portugal’ e ‘o imprescindível resgate’ dos ‘laços substantivos com a África, em particular a África de língua portuguesa’. ‘Para nós, representa mais, muito mais que uma prioridade geopolítica. Diz respeito à nossa alma, diz respeito à nossa identidade como nação multi-étnica e multicultural, ao próprio destino da civilização brasileira’, discursou Lula, sem dar espaço aos improvisos que costumam caracterizar seus pronunciamentos públicos. Colunista da Folha e escritor, o acadêmico Carlos Heitor Cony, presente à solenidade, é um dos poucos integrantes da Academia a discordar de Lula quanto à importância do novo acordo. ‘Para mim, realmente, acho absolutamente inútil e improdutivo. (…) Portugal jamais vai se submeter, a Portugal metrópole, a certas coisas.’


Machado


No encerramento de seu discurso, Lula citou trecho de texto em que o escritor Machado de Assis (1839-1908), cujo centenário de morte ocorreu ontem, afirma que ‘um governo’ e ‘uma revolução’ se fazem com palavras e idéias. ‘Disse Machado de Assis: ‘Palavra puxa palavra, uma idéia traz outra. E assim se faz um livro, um governo ou uma revolução’. Façamos juntos a revolução do livro e da leitura em nosso país’, disse Lula na cerimônia, em que também foram homenageados os cem anos da morte do escritor, fundador e primeiro presidente da ABL e, para Lula, ‘insuperável’ na literatura brasileira. Para uma platéia de acadêmicos e intelectuais, Lula prometeu inaugurar até o fim de 2009 ao menos uma biblioteca pública em todos as cidades do país. Ao falar sobre Machado, a quem se referiu como o ‘genial bruxo do Cosme Velho [bairro na zona sul do Rio, onde o escritor morou]’, Lula destacou a origem do escritor, ‘mulato’, ‘filho de lavadeira’, ‘neto de escravos alforriados’ e que ‘começou muito cedo a trabalhar’. ‘Machado venceu pelo seu próprio talento individual. Mas quantos outros gênios da raça foram impedidos de surgir e de se desenvolver?’, perguntou o presidente. Na chegada de Lula, cerca de cem servidores da Justiça do Estado do Rio protestaram contra o governador Sérgio Cabral (PMDB), cobrando reajuste salarial de 7,3%. A categoria está em greve há sete dias.


Colaborou CAIO JOBIM’


 


 


Ricardo Westin


Consulta pública sobre nova ortografia recebeu só 12 e-mails


‘Antes de elaborar o decreto que foi assinado ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o MEC (Ministério da Educação) realizou uma consulta pública para que os brasileiros fizessem sugestões de como a nova ortografia deveria ser posta em prática. Ao longo das três semanas da consulta, chegaram ao governo apenas 12 mensagens. Nenhuma delas foi aproveitada.


O MEC recebeu as contribuições no mês passado, pelo e-mail acordoortografico@ mec.gov.br. A consulta pública havia sido noticiada em todo o país por sites e jornais.


A não ser por F.G. (o MEC forneceu à Folha apenas as iniciais dos nomes), que sugeriu que o ‘senhor ministro da Educação’ fizesse um ‘pronunciamento à nação sobre as mudanças’, as mensagens simplesmente não trataram da implementação das novas regras.


V.R. questionou sobre a existência do hífen em ‘afrodescendente’ e ‘afro-brasileiro’. E.B. solicitou uma cópia das novas regras ‘em PowerPoint’.


A maioria dos participantes pediu mudanças no acordo. L.K. se queixou do ‘abuso na eliminação dos acentos’. Para ele, ‘dar um ar inglês ao português não ajuda a difundir’ o idioma. R.M. não gostou de saber que ainda haverá grafias diferentes em Portugal e no Brasil -isso, na opinião dele, ‘gera transtornos’.


D.T. foi ainda mais longe e sugeriu que o português seja escrito tal como é pronunciado. Ele deu exemplos: ‘caza’ em vez de ‘casa’, ‘xave’ no lugar de ‘chave’ e ‘teliado’ em vez de ‘telhado’. ‘As regras da língua portuguesa são exageradas. Se escrevêssemos como falamos, facilitaria a vida de todo mundo’, argumentou.


As sugestões não foram acatadas. ‘O conteúdo vem de um acordo internacional, que já havia sido aprovado na Câmara dos Deputados e no Senado [o decreto legislativo é de 1995]. Não dá para mudar’, explica Godofredo de Oliveira Neto, presidente, no MEC, da Comissão de Língua Portuguesa.


O envolvimento dos brasileiros contrasta com as reações que pipocaram em Portugal, onde calorosos debates nos meios de comunicação e abaixo-assinados contra as mudanças mantiveram o tema sempre em evidência.


‘Os portugueses reagiram tão fortemente por entender que o acordo seria uma concessão ao Brasil, uma perda política e cultural. Aqui, não houve esse sentimento. Além disso, convenhamos, o acordo altera tão pouca coisa para nós…’, diz o professor de língua portuguesa Carlos Alberto Faraco, da UFPR (Universidade Federal do Paraná).’


 


 


Folha de S. Paulo


Ministério trocará dicionários da rede pública em 2009


‘Os livros didáticos adaptados à reforma ortográfica só começarão a chegar às escolas públicas em 2010, mas, até o fim do próximo ano, os alunos deverão ter acesso a dicionários com as novas regras.


O Ministério da Educação vai renovar em 2009 todo o acervo de dicionários para os estudantes do ensino fundamental e médio -cerca de 8 milhões a 10 milhões de novos exemplares, segundo o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). O acervo atenderá cerca de 37 milhões de alunos.


O FNDE estima gastar de R$ 70 milhões a R$ 90 milhões na compra dos dicionários.


A alteração dos livros didáticos será feita de forma gradual até 2012. Em 2010, os estudantes da primeira a quinta série do ensino fundamental receberão os livros adaptados.’


 


 


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Adoção total da regra terá 4 anos de transição


‘O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa entrará em vigor em 1º de janeiro, mas não de forma obrigatória, ao menos nos primeiros quatro anos.


De acordo com o decreto assinado pelo presidente Lula, até 31 de dezembro de 2012 o modo com que se escreve hoje será considerado correto e admitido em vestibulares, concursos públicos, provas escolares, livros e órgãos de imprensa, por exemplo.


Há, porém, uma exceção. Para as editoras de livros usados em escolas públicas, o prazo será menor. Em 2010, todos os livros adquiridos pelo governo terão de ser escritos com a nova grafia.


As novas regras -que foram firmadas em 1990- serão aceitas em todos os países da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa): Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.


O Brasil será o primeiro a implementá-las oficialmente. Com o acordo, o alfabeto passa a ter 26 letras, com a inclusão de ‘k’, ‘y’ e ‘w’, cujo uso fica restrito a palavras de origem estrangeira e seus derivados, como ‘kafkiano’.’


 


 


Ricardo Westin


Medidas são boas e vão facilitar a escrita, afirma co-autor do dicionário ‘Houaiss’


‘Co-autor do renomado ‘Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa’, o lexicógrafo (autor de dicionário) Mauro Villar diz que as mudanças previstas no acordo ortográfico são ‘boas para a língua’ portuguesa. ‘É preciso que [Brasil e Portugal] nos aproximemos na escrita e funcionemos como um bloco. A língua só é forte quando é unitária’, diz ele. A seguir, trechos da entrevista concedida ontem à Folha.


FOLHA – As mudanças trazidas pelo acordo são boas para os brasileiros?


MAURO VILLAR – São boas para a língua. Somos a única língua ocidental com duas formas oficiais de escrita. E não há a menor razão para uma coisa como essa acontecer, porque as variantes do português [de Portugal e do Brasil] são muito próximas. É preciso que nos aproximemos na escrita e funcionemos como um bloco. A língua só é forte quando é unitária.


FOLHA – No acordo, que mudança positiva o sr. destacaria?


VILLAR – Haverá um corte considerável de hifens para facilitar a escrita. Vão ser retirados o trema, o acento circunflexo de palavras com ‘oo’


FOLHA – A assimilação na nova ortografia será fácil para o brasileiro?


VILLAR – Claro. A ortografia é uma convenção. As pessoas vão assimilar as mudanças. Poderá haver problema no momento da passagem de uma forma de grafar para a outra, principalmente para quem está acostumado [com a grafia atual]. As crianças não terão dificuldade, porque vão começar a aprender imediatamente dessa forma.


FOLHA – Críticos afirmam que o acordo não foi previamente discutido com a sociedade brasileira…


VILLAR – Foi discutido, sim. Esse tema tem sido desenvolvido desde a década de 80. Naquela época, a proposta era mais revolucionária do que a que se conseguiu fazer agora. Em Portugal houve uma forte objeção.


FOLHA – Os brasileiros estão apáticos em relação às mudanças?


VILLAR – Parece que não estão dando muita importância. Ou não fazem nenhuma grande objeção ou não conhecem bem como será escrita a língua. Isso diz respeito ao DNA de cada povo. Na França, isso [uma nova ortografia] seria um escândalo ilimitado. Nunca no Brasil se discutiu o tema com paixão.’


 


 


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Novas regras vão confundir; seria melhor ficar como está, diz consultor de português


‘Crítico da reforma ortográfica, Sérgio Nogueira, professor de português e consultor de língua portuguesa no Rio, afirma que as novas regras só servirão para confundir os brasileiros. ‘Veja o hífen. Umas regras serão abolidas e outras não’, diz. ‘As pessoas vão ter forçosamente que ler a respeito e se inteirar do que mudou e do que não mudou. Vai levar um bom tempo para a adaptação. Seria melhor ficar como está.’ Além disso, segundo o professor, apenas a ortografia não tornará o português do Brasil igual ao de Portugal. ‘Continuará havendo diferenças sintáticas, semânticas, de construção de frases, de vocabulário…’ A seguir, trechos da entrevista à Folha.


FOLHA – As mudanças trazidas pelo acordo são boas para os brasileiros?


SÉRGIO NOGUEIRA – Na minha opinião, o Brasil precisa de outras reformas, no Judiciário, na economia e na política, não de uma reforma ortográfica.


FOLHA – O acordo não dará força internacional ao idioma?


NOGUEIRA – A reforma é muito tímida. Aqui se propõe unificar o português do Brasil e o de Portugal, mas eu não vejo como isso venha a acontecer. Padronizar a ortografia não significa que o português dos dois países venha a se tornar próximo, já que continuará havendo diferenças sintáticas, semânticas, de construção de frases, de vocabulário… Lá, o gerúndio é com o verbo no infinitivo [‘está a fazer’ em vez de ‘está fazendo’], usam ‘consigo’ [em vez de ‘com você’]… Esse tipo de coisa não se padroniza.


FOLHA – As regras também simplificarão a escrita…


NOGUEIRA – Não vejo como simplificação. Veja o hífen. Umas regras serão abolidas e outras não. Deveriam fazer como no espanhol [que não tem hífen]. No fundo, é um sinal desnecessário. Na minha opinião, vai haver uma grande confusão, porque ortografia não se aprende por regra. As pessoas vão ter forçosamente que ler a respeito e se inteirar do que mudou e do que não mudou. Vai levar um bom tempo para a adaptação. Seria melhor ficar como está. Sendo honesto, ninguém me perguntou a opinião [antes de decidirem mudar]. Ninguém foi ouvido. Foi uma decisão sabe-se lá Deus de quem.’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Globo pode cancelar debate em SP e no Rio


‘A grade de programação da Globo para esta semana, no ar no site da emissora, prevê a exibição de ‘A Grande Família’ nesta quinta, após ‘A Favorita’.


Trata-se de um equívoco. Quinta será dia de debate em quase todas as 121 emissoras da Globo. Mas, pelo menos em São Paulo e Rio, são boas as chances de o espectador ver o seriado.


Até o início da tarde de ontem, os debates nessas duas cidades não estavam confirmados. A Globo tenta limitar a cinco os candidatos nos debates. Para tanto, fez acordos com nanicos em que eles ganharam maior exposição em telejornais locais. Em São Paulo e Rio, admite no máximo seis.


Em São Paulo, há oito candidatos querendo debater. O ‘problema’ para a Globo são Renato Reichmann (PMN), Ivan Valente (PSOL) e PTC, que não abrem mão do debate. Mas, até o início da tarde de ontem, o jornalismo da Globo acreditava em um acordo.


No Rio, o impasse é maior. O empecilho é o candidato do PDT, Paulo Ramos. Para atendê-lo, a Globo teria que abrir para sete debatedores, o que ela não aceitava até ontem.


Ramos também é apontado pela Record e pela Band como o responsável pela não realização de debates no Rio. Nos bastidores da Globo, falava-se ontem que a Record cancelou seu debate de domingo na cidade para não prejudicar o candidato Marcelo Crivella, da Igreja Universal. A emissora nega.


BOLA MURCHA 1


O futebol foi o ponto baixo das audiências da Globo no final de semana. No sábado, São Caetano x Corinthians registrou 15,4 pontos na Grande SP. ‘Caldeirão do Huck’, exibido antes, deu mais: 16.


BOLA MURCHA 2


No domingo, Náutico x Palmeiras não passou de 17,5 de média. Horas antes, a reprise do filme ‘Vida de Inseto’ teve mais público: 19,1 pontos. Até a Fórmula 1, com 19 de média, ganhou do futebol.


BOLA MURCHA 3


No começo da década, o futebol alavancava o ‘Domingão do Faustão’. Agora é o contrário. Anteontem, Fausto Silva bateu nos 24. A Globo está vendendo as cotas de patrocínio do futebol para 2009 por R$ 121 milhões cada uma.


DESESPERO 1


A Record ‘revolucionou’ a grade de sua afiliada de Porto Alegre, que sofreu intervenção da cúpula há duas semanas. Lá, ‘Chamas da Vida’ passa antes de ‘Os Mutantes’, ao contrário do restante do país. O desenho ‘Picapau’ faz o papel de ‘Chaves’ e entra quatro vezes ao dia.


DESESPERO 2


Os telejornais locais da Record-RS agora estão dominados pelo noticiário policial. Desde ontem, o ‘Balanço Geral’ tem duas edições. A Record tem em Porto Alegre seu pior desempenho em todo o país.


BALANÇO


O SBT exibirá domingo um programa, depois da 0h, com um balanço das eleições. Terá meia hora, com apresentação de Carlos Nascimento e participação de comentaristas.’


 


 


Thiago Ney


15 minutos de fama


‘Principal evento da MTV, o Video Music Brasil (VMB), premiação que acontece depois de amanhã, terá como destaque a participação do comediante Marcelo Adnet, que comanda o ‘15 Minutos’, um dos mais bem-sucedidos programas da emissora (dois pontos de pico de audiência em 24 de abril). O próprio Adnet admite que o sucesso na TV não seria obtido sem o apoio da internet.


O curioso é que Adnet conheceu os dois lados da rede. Ao mesmo tempo em que é beneficiado pela repercussão viral da exibição de seu programa em sites como YouTube, sofreu quando um fã circulou um vídeo de um de seus espetáculos de ‘stand-up comedy’, esvaziando a graça de suas piadas.


Aos 27 anos, Adnet é comediante há cinco. Mesmo depois de atuar em peças teatrais (‘Corações Encaixotados’, de Bosco Brasil) e em programas da Rede Globo (‘Sob Nova Direção’, ‘A Diarista’, ‘A Grande Família’), foi com o ‘15 Minutos’, na MTV, que ele ganhou projeção.


‘15 Minutos’ não foi pensado para a internet, mas seu formato combina com a velocidade da rede. Em… 15 minutos, com um parceiro mascarado, o Kiabbo, e cenário que simula o quarto do comediante, Adnet conta piadas e faz imitações impressionantemente absurdas e divertidas, como Silvio Santos cantando ‘Sweet Child O’Mine’, do Gun ‘N Roses, ou a ‘Dança do Créu’ em ‘versão José Wilker’.


Na MTV, o ‘15 Minutos’ vai ao ar de segunda a quinta, às 21h45 -com reprise de terça a sexta, às 17h45. No YouTube, basta digitar ‘Marcelo Adnet’ para ter acesso à maioria dos programas -contra a vontade da MTV, que coloca o conteúdo no Overdrive (http://mtv.uol.com.br/mtvoverdrive).


‘São os fãs que colocam o programa no YouTube. É um trabalho voluntário. Eu assisto por ali, porque não tenho tempo de ver pela TV’, diz Adnet.


‘Passamos um bom tempo planejando o programa. Tenho um computador na minha frente, sempre conectado. Isso é uma associação grande [com a internet]. E usamos e-mail o tempo inteiro. Na hora de montar um roteiro, usamos mensagens enviadas pelos espectadores’, explica. ‘Mandam várias idéias. Por exemplo, pedindo esquetes sobre a Bósnia ou as ilhas Maurício. Aí olho na internet alguns dados sobre esses locais e faço um funk sobre as ilhas Maurício. O programa é rápido, mas com grande fluxo de informações. Sem a internet, ele não aconteceria.’


Os programas são gravados em estúdio da MTV. Adnet prepara o roteiro, mas ele muda de acordo com os e-mails enviados pelos fãs do programa. ‘Nós costumamos separar algumas mensagens para usar durante a gravação do programa. Mas quando não gosto desses selecionados, durante o programa entro na caixa de entrada e pesco outros e-mails.’


Para Adnet, o pouco tempo de programa facilita a conexão com os usuários de internet. ‘Uma coisa seria assistir ao ‘Domingão do Faustão’ no YouTube, que demora três horas. O fato de [seu programa na MTV] de ter apenas 15 minutos, com dois blocos, um com oito minutos e outro com quatro minutos, mais ou menos, facilita essa transposição [para a internet].’


‘Uma pessoa vê, gosta e quer mostrar para os amigos. Aí entra no YouTube e faz o upload do ‘15 Minutos’. Meu tio sempre faz isso porque ele adora mostrar o programa para outras pessoas.’


É alta a velocidade com que Adnet e o ‘15 Minutos’ trafegam pela rede. Um exemplo é ‘Furfles Feelings’ canção-piada composta por Adnet. ‘No dia seguinte, havia um monte de gente fazendo vídeos caseiros, deles mesmos, cantando a música. No outro dia, já tinha gente fazendo coreografia. E num outro, teve alguém que fez um remix e colocou no YouTube.’ A música cresceu tanto que será usada para encerrar o VMB, em versão com participação de artistas como Fresno, CPM 22, Pitty, NX Zero, Mallu Magalhães, Nasi, entre outros. O comediante registrou a canção no Ecad e pretende lançá-la oficialmente.


Adnet só não ficou contente quando o conteúdo (ou seja, as piadas) de um espetáculo seu foi parar inteiro no YouTube.


‘É complicado colocar ‘stand-up comedy’ na internet. Teve alguém que botou no YouTube uma de minhas atuações. Aí tive que pedir para ele retirar dali, para que as piadas não ficassem conhecidas. Mas ele foi educado e concordou.’’


 


 


CINEMA
Mônica Bergamo


Os predadores


‘O sindicato dos produtores de cinema quer combater a proliferação de festivais de cinema no país. ‘O Brasil gastou neste ano mais de R$ 70 milhões nesses eventos, dinheiro captado por lei de incentivo que poderia ter sido investido em dezenas de filmes’, diz o produtor Luiz Carlos Barreto. ‘É uma verdadeira indústria e uma concorrência predatória com os cineastas.’ Levantamento da entidade mostra que são mais de 40 festivais, ‘alguns até em cidades ribeirinhas do Amazonas.’


BIBOCAS


O sindicato pretende criar uma lista de festivais que teriam o ‘selo de qualidade’ da entidade, para onde os cineastas poderiam enviar seus filmes. São eventos como os de Brasília, Gramado, Rio, Paulínia, Recife e Fortaleza. ‘Temos que acabar com essa farra. Não podemos apoiar qualquer biboca por aí’, diz Barreto.


MECENAS


E o hoje tão festejado filme ‘Última Parada – 174’, de Bruno Barreto, só chegou às telas graças a um mecenas: Pedro Conde Filho, um dos herdeiros do extinto BCN, o Banco de Crédito Nacional. Conde colocou dinheiro no filme depois que ele foi reprovado três vezes em editais de financiamento do BNDES e da Petrobras.’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 30 de setembro de 2008


 


ATENTADO
Fabiana Cimieri


Justiça vai investigar manobra contra jornal


‘O Ministério Público Eleitoral do Rio vai investigar se candidatos a prefeito denunciados numa reportagem do jornal Extra por faltarem a sessões da Assembléia Legislativa cometeram crime eleitoral. Na madrugada de domingo, um grupo de homens, alguns deles armados, tentou tirar o jornal de circulação, comprando mais de 30 mil exemplares no pólo de distribuição de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, e na sede do jornal, no centro do Rio.


A reportagem sobre os deputados faltosos cita os deputados estaduais Marcelo Simão (PHS), Alessandro Calazans (PMN)e Rodrigo Neves (PT), candidatos às prefeituras de São João de Meriti, Nilópolis (ambos na Baixada Fluminense) e Niterói (na Região Metropolitana), respectivamente. Segundo o Extra, eles teriam pedido o abono das faltas que tiveram enquanto estavam em campanha eleitoral.


O procurador regional eleitoral, Rogério Nascimento, disse que vai investigar todos os citados na reportagem e classificou o episódio como uma ‘grave ameaça à democracia’.


A Associação Nacional de Jornais (ANJ) protestou, em nota, contra a violência cometida contra o jornal. ‘Mais do que uma violência contra os distribuidores e jornaleiros e também contra o Extra, a ação dos grupos armados foi um atentado ao direito dos cidadãos de serem livremente informados e um lamentável golpe à liberdade de imprensa’, diz a nota.’


 


 


CAMPANHA
Ana Paula Scinocca


Para deputado, Kassab aplicou ‘golpe sujo’ em debate na TV


‘O coordenador-geral da campanha de Geraldo Alckmin à Prefeitura de São Paulo, deputado Edson Aparecido, disse ontem que o prefeito Gilberto Kassab (DEM) praticou um ‘golpe sujo e desleal’ ao afirmar que o tucano propôs a ele que fosse candidato ao governo do Estado, deixando livre o caminho para que o candidato do PSDB disputasse a prefeitura paulistana. ‘Aquilo nunca aconteceu. Foi uma mentira. Um golpe sujo e desleal’, reagiu.


A afirmação de Kassab foi feita na véspera, durante debate da TV Record. Segundo o prefeito, as reuniões foram presenciadas pelo presidente municipal do PSDB, José Henrique Reis Lobo, e pelo ex-secretário de Educação Gabriel Chalita.


Ontem, Lobo negou que Alckmin tenha convidado Kassab para disputar o governo. ‘A proposta minha era de que, para que pudéssemos sair com candidatura única em São Paulo, PSDB e DEM selassem entendimento de que o partido que não desse o candidato a prefeito oferecesse o candidato a governador em 2010’, explicou.’


 


 


TELEVISÃO
Patrícia Villalba


Para reviver o mito Maysa


‘O autor Manoel Carlos confessa que engoliu seco quando o diretor Jayme Monjardim lhe pediu que escrevesse uma minissérie sobre a vida de sua mãe, a cantora Maysa (1936-1977). É comum que biografias emperrem nas discordâncias entre autor e herdeiros, sobre o que deve ou não ser mostrado. Não foi o caso. Monjardim, único filho da diva, não fez grandes restrições e, ao contrário, criou toda a facilidade para que Maneco explorasse a grande personagem que foi sua mãe, em todos seus esplendores, amores rasgados, escândalos e fossas.


Maysa – Uma Mulher à Frente de Seu Tempo tem nove capítulos, agora em fase de produção, e estréia em janeiro na Globo. Novata na TV, a atriz Larissa Maciel surge no set incrivelmente parecida com a mãe do diretor, somando sua aparência física a um minucioso estudo de seis meses dos trejeitos da personagem. ‘Quando a vi pela primeira vez, confesso que não a achei parecida com a Maysa’, revela Maneco. ‘Mas com a caracterização e a expressão corporal, ela ficou idêntica! Ela segura o cigarro e o copo de uísque igualzinho à Maysa.’


Logo depois de concluir o roteiro de Maysa, Manoel Carlos recebeu o Estado na mesa marroquina que mantém cativa na adega do restaurante Garcia & Rodrigues, no Leblon. ‘Eu quis comprar a mesa, e o dono me deu de presente sob a condição de que eu não a tirasse do restaurante. Desde então, marco minhas reuniões aqui’, comentou o autor, pouco antes de analisar o mito que agora é seu personagem.


Qual a estrutura que escolheu para conseguir contar a história de Maysa em nove capítulos?


A estrutura não é linear. É uma minissérie com idas e vindas, mais ou menos na linha do filme Piaf (de Olivier Dahan, 2007). Aquele filme tem muito significado para a minissérie porque a própria Maysa tem pontos em comum com Edith Piaf. E não é uma biografia exata da Maysa, é um ensaio sobre ela. Com dados biográficos, claro, mas também com muitos dados ficcionais. Escrevi com liberdade.


E qual foi o ponto de partida?


Uma biografia tradicional da Maysa não poderia ter 9 capítulos, teria de ter muito mais. O trabalho inicial foi pegar uma quantidade imensa de pesquisa – fotos, diários, anotações, recortes de jornais e revistas. Ela era uma pessoa singular: guardava rigorosamente tudo o que saía sobre ela. O Jayme mandou para a minha casa quase cem pastas de recortes. Foi preciso fazer triagem. Opções difíceis, que tinham de ser radicais. Ela teve, por exemplo, sete romances palpitantes – eu tive de escolher três ou quatro. Ela viajou o mundo inteiro, mas tive de fazer opções – Paris, Buenos Aires, Lisboa e a Espanha, onde ela morou. Não é uma biografia rigorosa, mas um pinçamento de fatos da vida da Maysa.


Chegou a conversar com as pessoas que conviveram com ela?


Não. Eu não fiz nenhuma entrevista porque ia nos fazer mergulhar numa confusão. Sabe como é: uma diz uma coisa; outra diz outra coisa. Então, nos prendemos ao que existia impresso, documentado. E há muitos vídeos dela. Não é algo muito distante, ela morreu há 30 anos. É pouco tempo para uma pessoa como eu, que tenho 75 anos.


Quando recebeu o projeto, já sabia que teria nove capítulos?


Não. Quando o Jayme me propôs escrever a história, chegamos a pensar em 20 capítulos ou 16, que eu considero um tamanho ótimo – são 4 semanas no ar. Acontece que quando a coisa foi para a direção da Globo, resolveram que seriam nove. Quando eu estava no meio da minissérie, reivindiquei que fossem 13, mas não foi aceito. Poderia ter 50 capítulos, mas de uma certa maneira, tudo poderia ter 50 capítulos. E tudo o que pode ser contado em 50 capítulos pode ser contado em 9.’


 


 


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‘Escrevi a minissérie para o Jayme’


‘O autor Manoel Carlos conta que recebeu apenas dois pedidos do diretor Jayme Monjardim durante o processo de roteirização de Maysa. Que a minissérie não terminasse com o enterro de sua mãe. E que ele, como personagem, tivesse a chance de dizer a ela o quanto ficou magoado, quando ela foi visitá-lo no internato e se negou a beijá-lo, porque ele tinha febre. O autor atendeu prontamente o segundo pedido, e criou uma cena em que Jayme tem a oportunidade de dizer à mãe que carregava certa mágoa desde criança. Das cenas do enterro, entretanto, o autor não quer abrir mão. ‘Pretendo convencer o Jayme até o fim das gravações’, diz Maneco, que neste trecho da entrevista segue dando detalhes sobre o processo de recriação da vida de Maysa.


Como foi a relação com Jayme Monjardim na hora de escrever?


Quando ele me convidou, fiquei muito honrado e muito hesitante. Pensei seriamente em não aceitar, achei complicado escrever sobre a mãe do diretor. Mas ele me deixou claro que não faria objeção a nada, e cumpriu. E eu disse que ia fazer de conta que escrevia sobre a vida da Ângela Maria. Mas depois de um tempo, pensei o seguinte: ‘Vou fazer essa minissérie para o Jayme, para ele ver e ficar feliz.’ Mesmo assim, você verá, há coisas muito pesadas. E ele só fez duas pequenas objeções. Pediu para não pôr o enterro dela. Não por qualquer razão sentimental, mas porque achou que a minissérie pode acabar para baixo. Deixamos para resolver mais tarde. E há uma cena em que a Maysa vai visitar o filho no internato na Espanha e ele está com muita febre. Ela é particularmente dura, porque ele quer dar um beijo nela, mas ela se recusa. Todo mundo que leu fica escandalizado. Então o Jayme me pediu para mencionar essa coisa da garganta na cena em que os dois se vêem pela última vez, no aeroporto, antes de ele viajar em lua-de-mel. Na cena, ele diz que ficou triste quando ela fez aquilo. E ela explica que era por que tinha de cuidar da voz.


Você chegou a conhecer a Maysa pessoalmente?


Sim, mas não fomos amigos. Conheci-a nos bastidores da Record, quando ela tinha o programa dela. Depois, quando eu dirigia O Fino da Bossa, ela participou de um dos programas. Mais tarde, eu cheguei a ir à casa dela, com colegas da TV Record. Ela cantou com violão, como era hábito. Foi uma época em que as pessoas se reuniam muito, era o começo do banquinho e violão.


Como o senhor lidou no texto com os escândalos e a relação dela com as drogas?


Não existe um artista brasileiro cercado de tantas lendas como a Maysa, talvez por causa de sua vida conturbada e tão pública. Ela estava muitas vezes no jornal como artista e cantora, e outras vezes por tentativas de suicídio, bebedeiras, brigas. Mas ela não se drogava como as pessoas pensam – cocaína, ópio, nada disso. O máximo que se tem registro era uns ‘tapas’ de maconha. A droga da Maysa era remédio – para emagrecer, para dormir, para acordar – tomado com uísque e vodca.


Era uma coisa pela vaidade, como a Maria Callas?


Muito, boa lembrança. Ela tinha uma tendência para engordar muito grande. Ela poderia ser gorda como a Lenny Anderson, mas ela era vaidosa. E privilegiava muito os romances, estava sempre envolvida com alguém. Ela era cantora de boate, onde todo mundo bebia e fumava desbragadamente. A foto mais comum da Maysa é com um copo na mão e um cigarro entre os dedos.


A época da saúde acabou com esse tipo de voz, regada a uísque e cigarro. Só temos a Amy Winehouse.


Você lembrou bem, talvez ela seja correspondente nos dias de hoje às cantoras como a Maysa. Não sei como é que o público de hoje vai receber essa história e essa voz. Quando eu fiz (a minissérie) Presença de Anita, pus Ne Me Quitte Pas cantada por ela na trilha. As pessoas ficaram deslumbradas com a interpretação. Entre as lendas existentes , há a de que quando ela cantou em Paris, no Olympia, o Jacques Brel estava na platéia e disse que foi a melhor interpretação que ele já tinha visto da música dele.


Fico surpresa com o que o senhor falou, sobre a Maysa ter reinado nas revistas de celebridades. Por que será que ela não passou à posteridade como uma Elis Regina, a ponto de quase não tocar mais no rádio?


Ela foi a mais popular artista brasileira de um determinado tempo, assim como foi a artista que mais ganhou dinheiro num determinado período. É estranho mesmo como ela ficou obscurecida. Talvez isso tenha acontecido porque ela entrou nessa mudança do samba-canção para a bossa nova. Ela tinha uma voz inconfundível, não se parece com Nara, Gal, Bethânia, com ninguém. Isso dá uma distinção grande a ela. É uma voz única, mas com um repertório que ficou muito datado.’


 


 


Alline Dauroiz e Thaís Pinheiro


Falabella diz não ligar para ibope


‘Autor de Negócio da China, próxima novela das 6 da Globo, Miguel Falabella roubou as atenções na festa de lançamento do folhetim, anteontem, no Budah Bar, em São Paulo. Sem disposição para responder a determinadas perguntas de jornalistas, Falabella se esquivou das saias justas.


Inicialmente pensada para o horário das 7, Negócio da China foi antecipada para as 6, quebrando o ciclo de folhetins de época, de forma a conquistar o público jovem, que tem abandonado a Globo no horário pós-Malhação. Por causa da mudança no horário, o ritmo de produção teve de ser acelerado. Na festa, o elenco principal afirmou ter gravado 20 capítulos, adiantamento insatisfatório para os padrões da casa. Franciso Cuoco conta que gravou ‘mais ou menos 12 capítulos’. ‘E gravo nove cenas na segunda e oito na terça’, contou. O pedido do autor para que cenas fossem regravadas também influenciou nas gravações.


Na festa, Falabella posou para fotos, teceu elogios ao diretor-geral, Roberto Talma, mas a simpatia pediu licença na hora de conversar com alguns jornalistas. ‘Cag… para o ibope’, disse, em resposta a uma pergunta sobre audiência. Outra repórter mal teve chance de formular uma questão sobre meio ambiente quando ele a interrompeu: ‘Por isso você está encalhada, que menina chata.’ E mostrou-se irritado sobretudo com nossa reportagem:


Fazer ação às 18h visa a buscar público de Malhação?


Não, não penso nisso, quero é me divertir.


A novela está com frente de 20 capítulos, considerada pequena…


….Estou escrevendo o capítulo 32. Mas tu é ruim hein! Só quer coisa ruim. Tu é lacraia. Na escola de jornalismo que tu fez, eu sou diretor.’


 


 


 


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