Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

BBC terá sua própria investigação

Mark Byford diretor-geral interino na BBC, anunciou que haverá um inquérito interno na corporação sobre o que deu errado no caso de seu repórter Andrew Gilligan. Richard Sambrook, chefe de reportagem, disse à equipe da BBC por e-mail, no dia 30/1/04, que Byford está planejando um inquérito ‘para reconstruir a confiança nas notícias’ da corporação. ‘A BBC cometeu erros e estamos encarando isso. Lamento erros de julgamento nos últimos oito meses e aceito a responsabilidade de minha participação nos erros’, disse.

Sambrook disse ainda que está na hora da BBC restabelecer seu compromisso com ‘jornalismo forte e independente’ e concordou com comentários de que precisa haver uma mudança na relação entre políticos e a mídia.

O inquérito interno, segundo Ciar Byrne [The Guardian, 30/1], foi resultado de uma pesquisa feita pelo Guardian que mostra que quase metade do público não confia nem na BBC, nem nos políticos na revelação da verdade.

Olhos para o futuro

Como bem colocou uma reportagem da revista britânica The Economist [30/1], muitos dos mais prestigiosos órgãos jornalísticos sofreram escândalos similares – e sobreviveram. No ano passado, o New York Times foi humilhado com as revelações de que o repórter Jayson Blair havia fabricado uma série de reportagens; o diário francês Le Monde teve de enfrentar acusações de corrupção política e financeira – a que negou veementemente.

Geralmente, espera-se que um novo manual editorial seja estabelecido, ou que se contrate um novo diretor editorial ou um ombudsman para garantir que tal constrangimento não volte a ocorrer. Porém, o jornalismo em geral é feito com tanta pressa – e não dá para ser diferente – que os chefes precisam confiar em seus repórteres no trato das matérias. A pressão sobre os jornalistas para que cheguem com furos de reportagem é tão grande que muitas vezes acabam fazendo besteira – caso de Gilligan.



Sun vaza notícia e enfurece governo

O tablóide Sun deixou Tony Blair irritado ao vazar as conclusões do inquérito Hutton antes do resto da imprensa. O premiê pediu um inquérito completo e quer punir o jornal e a fonte que deu as informações. Lorde Hutton, novamente, decidirá como proceder na investigação.

‘O primeiro-ministro está muito bravo com o vazamento do relatório de lorde Hutton. O governo e Alastair Campbell negaram categoricamente qualquer envolvimento com o vazamento. O Sun disse que o vazamento vem de alguém sem nada a ganhar política ou financeiramente. Achamos que deveria haver um inquérito envolvendo todas as partes’, disse um porta-voz de Blair.

A BBC, de acordo com Lisa O’Carroll e Claire Cozens [The Guardian, 28/1], também negou envolvimento. A edição de 28/1 do Sun dizia que Blair for a inocentado de qualquer conduta ‘desonrosa ou enrustida’ no que levou ao suicídio de David Kelly, e que a BBC fora criticada pela forma como conduziu sua reportagem.

Todos os outros jornais só saíram com a notícia em 29/1, uma vez que o relatório foi divulgado para a imprensa na tarde de 28/1.

Trevor Kavanagh, editor político do Sun, disse que uma fonte antiga forneceu as informações. Ele afirmou que a fonte é confiável e, a seu ver, completamente imparcial.

Apesar de ser reconhecidamente anti-BBC, Kavanagh afirmou acreditar que a cobertura do jornal ao caso estava sendo ‘justa e apurada’. O tablóide lançou um ataque pessoal ao repórter Andrew Gilligan e sempre afirmou que a BBC cometera um erro e deveria se desculpar.