Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Comunique-se

ISTOÉ EM CRISE
Marcelo Tavela

Redação da IstoÉ faz paralisação de protesto, 12/02/07

‘Desde as 16h de segunda-feira (12/02), os profissionais de IstoÉ e de outras publicações da Editora Três promovem uma paralisação de protesto. A mobilização é causada pelo atraso dos salários de janeiro e pela incerteza sobre os rumos da dívida trabalhista com a negociação da empresa.

Os funcionários voltarão ao trabalho às 14h de terça-feira (13/02), horário em que está agendada uma assembléia com participação da diretoria da Editora Três e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo. Serão discutidos um calendário para pagamento dos salários atrasados e uma cláusula no contrato de venda da empresa, destinando parte da verba para saneamento de dívidas trabalhistas.

Venda ainda esta semana

A paralisação e a assembléia foram decididas em reunião na tarde de segunda, com participação de representantes do Sindicato, alguns editores e da diretoria, incluindo Domingo Alzugaray, presidente da Editora Três. Alzugaray confirmou que está capitalizando a empresa, mas que não pretende perder o controle sobre a empresa. Disse ainda que a venda será concluída esta semana. Não confirmou com quem a negociação está sendo feita, mesmo após o nome dos empresários Daniel Dantas e Nelson Tanure terem sido citados.

O Sindicado dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo informou que atrasos de salário são recorrentes na Editora Três, mesmo com parte dos funcionários trabalhando como Pessoa Jurídica ou como freelancers. O Comunique-se tentou um parecer da diretoria da empresa, mas até o fechamento desta matéria, nenhum representante pôde ser localizado.’



MARTA vs. VEJA/OESP
Comunique-se

Marta Suplicy ganha processo contra Editora Abril e perde contra O Estado de S. Paulo, 12/02/07

‘A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy ganhou em segunda instância o direito de receber uma indenização de R$ 35 mil da Editora Abril, por se referir a ela como ‘perua’ na matéria ‘O mensalão da perua’, em julho de 2005, na revista Veja. Segundo noticiou o Consultor Jurídico, dias antes O Estado de S. Paulo teve uma vitória contra a petista, que pedia que o veículo retirasse de seu site a matéria ‘Auditoria acusa Marta de desvio’.

Contra a Editora Abril, a 27ª Vara Cível de São Paulo acatou o pedido de Marta, entendendo que o uso da palavra ‘perua’ foi abusivo: ‘não havia qualquer necessidade da ré se referir à ex-prefeita utilizando a expressão ‘perua’. O uso foi de mau gosto e inadequado’, considerou o juiz Swarai Cervone de Oliveira .

A ex-prefeita também alegou que o conteúdo da matéria havia violado sua honra, mas o juiz acatou apenas a associação entre Marta e a fêmea do peru como argumento para condenar a Abril. Marta já havia sido derrotada em julgamento anterior sobre o mesmo tratamento, o que deu mais munição para a semanal da Abril utilizar o termo ‘perua’.

Derrota

No dia 15/09, O Estado de S. Paulo publicou a matéria ‘Auditoria acusa Marta de desvio’, que a petista contestou alegando que o texto completo da auditoria não conclui nada contra alguém nominalmente. Marta pediu a retirada do texto na internet, argumentando que agredia sua honra e, tendo este negado, entrou com recurso no Tribunal de Justiça de São Paulo pedindo a imediata remoção da reportagem ou ao menos de seu nome do título.

Ambos os pedidos foram negados pela justiça paulista, que entendeu que uma notícia deve ser falsa ou caracterizar abuso no exercício da liberdade de manifestação para constituir delito. O relator do caso, Laerte Nordi, escreveu que ‘Se ninguém, hoje, se atreve a negar o prejuízo que causa na vida de uma pessoa uma notícia falsa veiculada no jornal, por outro lado, ninguém se atreve a negar a importância da imprensa num regime democrático, única possibilidade de os cidadãos terem acesso aos fatos, positivos e negativos, que lhes dizem respeito porque, como digo sempre, o povo é quem paga todas as contas’.’



LIBERDADE DE IMPRENSA
Comunique-se

RSF: ‘ano começa mal para imprensa brasileira’, 12/02/07

‘A Repórteres sem Fronteiras (RSF) divulgou comunicado na quarta-feira (07/02) manifestando preocupação com ameaças ao jornalismo brasileiro. A organização cita a multiplicação de processos judiciais, censura preventiva e ameaças de prisão por falta de diploma como alguns dos impecilhos para a liberdade de imprensa no País.

Entre as agressões sofridas, a RSF cita a que ocorreu contra o apresentador Domingues Júnior, da TV Rondônia, que foi vítima de agressão em sua casa na cidade de Porto Velho. ‘Essa verdadeira [perseguição] judicial contra a mídia, tanto no nível federal quanto estadual, e a agressão, no próprio domicílio, de um jornalista conhecido por realizar inquéritos sobre assuntos delicados, são sinais de uma liberdade de imprensa ainda frágil’, afirma o comunicado. A organização pede que as autoridades brasileiras busquem caminhos para respeitar as normas da Constituição Brasileira e da Declaração de Chapultepec.

Domingues Junior foi espancado e ameaçado em sua residência. O apresentador foi internado e fazia denúncias de compras de votos e corrupção na Polícia Federal em seu programa ‘Fala Rondônia’. Ele já avisara que recebia denúncias desde dezembro.

Justiça

A RSF lembra também diversas decisões da justiça que ‘abalaram a liberdade de imprensa neste início de ano’. A condenação da revista Época a pagar indenização aos fundadores e bispos da Igreja Renascer, Estevam e Sônia Hernandes, e a ordem de censura preventiva da Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Mato Grosso do Sul contra o Correio do Estado, proibindo-o de mencionar o nome de André Puccinelli Jr, filho do governador do Estado, acusado num caso de fraude eleitoral, são exemplos dos erros da justiça brasileira, segundo a entidade. A censura ocorreu em janeiro e o TRE também proibiu a publicação de uma entrevista com o próprio Puccinelli Jr que se defendia de suas acusações.

Outra decisão polêmica é a prisão de Silvério Netto, repórter da rádio comunitária Total FM, pelo juiz Richard Fernando Silva. Netto recebeu voz de prisão por não ter diploma ou registro de jornalista após fazer uma pergunta para o magistrado. O julgamento foi presidido pelo mesmo juiz que mandou lhe prender.

Gushiken

O pedido do ex-Secretário de Comunicação do Presidente Lula, Luiz Gushiken, para que se investigassem uma lista de jornalistas e colunistas ‘que poderiam atentar contra a sua honra’ também é lembrado no comunicado. O ex-ministro colocou na lista profissionais como Diogo Mainardi e Lauro Jardim, da Veja, e Leonardo Attuch, da IstoÉ. A RSF escreve que o pedido de investigação também incluiria jornalistas da Carta Capital, no entanto a revista somente é citada completando informação sobre Attuch.’



BLOGS & JORNALISMO
Marcelo Tavela

Ancelmo.com a turma da coluna estréia sábado (10/02) no site de O Globo, 9/02/07

‘A partir das 12h01 de sábado (10/02), entra no ar, dentro do Globo Online, a versão virtual da coluna de Ancelmo Gois, no endereço www.oglobo.globo.com/rio/ancelmo/. Mas a ‘Ancelmo.com a turma da coluna’ vai além do que é publicado no papel, com sessões especiais para os repórteres que trabalham com Ancelmo na coluna e agregando blogs e participações de outros profissionais do jornal.

‘O Globo Online já é bem servido nas áreas de política e economia. Estava faltando algo específico para falar de cidade, do Rio de Janeiro. E é isso que o site vem fazer: celebrar o Rio, na beleza e no caos’, suspira Ancelmo.

O jornalista faz questão de frisar que não está fazendo um blog, mas um site. A encarnação online da coluna terá as notas rápidas, com os jargões típicos de Ancelmo. ‘Eu acho que notas curtas combinam com internet. E teremos mais furos. No jornal, você tem que convencer a notícia a ‘ficar escondida’ até o dia seguinte’, diz.

‘Poderemos dar furos que têm, por exemplo, 3 horas de validade’, completa Aydano André Motta, um dos integrantes da turma da coluna, que atuará como editor do site. Ele também estará à frente da ‘Chope do Aydano’, sessão do site sobre botequins, boemia e afins. ‘Será nosso correspondente no Bracarense’, brinca Ancelmo, se referindo a um celebrado bar do Leblon.

Mulatas, com todo o respeito

Marceu Vieira comandará a ‘Marceu na Lapa’, com notícias e curiosidades do bairro. Márcia Vieira será responsável pela ‘Circuladô’, sessão sobre a noite carioca. E Ana Cláudia Guimarães organizará a ‘Rio, beleza e caos’ com fotos da cidade enviadas pelos leitores e outros colaboradores. ‘Publicamos menos de 10% das fotos que recebemos. Chega coisa pra caramba’, exclama Ancelmo.

Blogs com temas relativos já existentes no Globo Online também estarão atrelados ao site. ‘O olho da rua’, de Nelson Vasconcelos, e ‘No front do Rio’, de César Tartaglia e Mauro Ventura, são dois que migram. Alem deles, ‘Repórter de Crime’, blog independente do subeditor da editoria Rio, Jorge Antônio Barros, passa a fazer parte do site. E editor de esportes, Antônio Nascimento, criará em breve o ‘Toninho do Grajaú’, com notícias do bairro da zona norte, acompanhado do blog de Orivaldo Perin, que abordará Niterói.

Além dos colaboradores fixos, outros jornalistas farão participações eventuais. Para o lançamento do site, foi preparado uma extensão do concurso Mulata do Góis, promovido nos dois últimos carnavais, em que leitores escolherão uma mulata, dentre as pré-selecionadas pela turma da coluna, para sair na coluna de domingo de carnaval. As mulatas poderão ser vistas com imagens em movimento no site.

‘Fora as notícias, teremos piadas sobre temas sérios, como advogados e paulistas. Tudo em um bairrismo saudável, para exaltar o Rio’, completa Ancelmo.’



NYT SÓ NA WEB
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Executivo do NYT afirma que jornal pode migrar totalmente para web, 9/02/07

‘Em entrevista ao jornal israelense Haaretz, Arthur Sulzberger, presidente do grupo que controla o New York Times, afirmou que a tradicional publicação deixar de oferecer sua publicação impressa até 2012. ‘Não sei realmente se daqui a cinco anos ainda vamos imprimir o Times e, na verdade, não importa muito’, disse Sulzberger.

Para o empresário, o mais importante é que o NYT se concentre na melhor transição do conteúdo impresso para o online. Há quatro anos o grupo tem prejuízo em suas contas (em 2006 um de seus jornais, o Boston Globe, fechou o ano com um balanço negativo de US$ 570 milhões). O número de leitores da publicação é 1,1 milhão, enquanto seu site possui 1,5 milhão de acessos por dia.

De acordo com Sulzberger, em algum momento o jornal deverá decidir se mantém ou não sua versão impressa. Ele acredita que nesse processo as relações profissionais devem ser revistas com problemas como a manutenção das cotas publicitárias, pressões de anunciantes e a necessidade de se adequarem às novas plataformas tecnológicas.

(*) Com informações da Agência Ansa.’



ESPANHA
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Formado o maior grupo de mídia impressa da Espanha, 9/02/07

‘O conglomerado italiano RCS Mediagroup, que edita o Corriere della Sera e a Gazzetta dello Sport, entre outros, comprou 100% das ações do grupo editorial espanhol Recoletos na quarta-feira (07/02). Com a transação, no valor de € 1,1 bilhão, foi formado o maior grupo de mídia impressa da Espanha.

A RCS já era dona do jornal espanhol El Mundo e, com a compra, passa a controlar a publicação econômica Expansión, a revista feminina Telva e o principal jornal esportivo da Espanha, o Marca. O Recoletos também tem negócios em Portugal, com os jornais Diário Económico e Semanário Económico.

(*) Com informações da Associated Press.’



DIPLOMA EM DEBATE
Comunique-se

MPT determina que rádio contrate jornalista, 9/02/07

‘Sob pena de pagar uma multa de até R$ 180 mil, a Rádio Aliança, de Concórdia (SC), assinou um Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público do Trabalho da 12ª Região (MPT/SC) para a contratação de profissionais de jornalismo para trabalharem em sua programação de notícias. Ao receber a concessão de radiodifusão, todas as emissoras se comprometem a reservar pelo menos 5% de sua grade para o jornalismo, o que obriga todas as rádios a terem, pelo menos, um jornalista contratado para produzir este conteúdo.

Em Santa Catarina, assim como em muitos outros estados do país, a maioria das rádios funciona apenas com radialistas ou com jornalistas contratados como radialistas. Como os profissionais de jornalismo têm uma jornada de trabalho menor e um piso salarial maior, é financeiramente interessante para os patrões contratarem todos os funcionários sob as regras de contrato dos profissionais de radialismo.

‘Em todos os estados há uma dificuldade dos empresários compreenderem a necessidade de ter jornalistas registrados em suas redações’, afirmou Rubens Lunge, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Santa Catarina, afastado do cargo por motivo de acidente. Lunge, que mora em Concórdia, acompanhou o caso da Aliança e apontou que a rádio retificou o contrato da repórter Daniela Costenaro dentro do prazo estabelecido pelo MPT.

Benefícios

Marise Westphal, presidente da Associação Catarinense de Rádio e Televisão (ACRT), reconheceu que a maioria das rádios de SC, inclusive a Diplomata, de sua propriedade, atuam basicamente com mão-de-obra de profissionais contratados como radialistas. Apesar disso, ela se disse favorável à integração de jornalistas aos quadros das rádios, o que considerou uma ‘evolução natural’. Ela considerou que a responsabilidade, o enfoque e o preparo conseguidos pelo jornalistas nas universidades são benéficos para qualquer rádio.

A presidente da ACRT também apontou várias dificuldades para essa transição, argumentando que tal mudança não pode ser feita de forma abrupta. ‘Sou a favor, mas desde que de uma maneira pautada pela realidade de cada mercado e hoje, em Santa Catarina, não dá para fazer isso de uma hora para outra. Cidades pequenas não comportam um jornalista em cada emissora. Temos que sentar juntos e tratarmos de uma meta, tratar disso cronologicamente, ter um plano de atuação’, argumentou.

Em comunicado oficial, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro afirmou que a decisão pode servir para que todas as outras emissoras de rádio do país sejam obrigadas a fazer o mesmo. A decisão é mais um capítulo da relação entre as duas categorias de comunicação.

‘Esta é mais uma conquista do movimento sindical dos jornalistas e que sirva de exemplo para outros estados. O que a justiça está fazendo na verdade é cumprir a lei, mas no Brasil cumprir a lei é algo raro’, declarou Sérgio Murillo, presidente da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), que ainda não tinha sido informado da decisão.

Reconhecimento

A opinião foi acompanhada por Antonio Carlos de Jesus Santos, presidente da Federação Interestadual dos Trabalhadores em Radiodifusão e Televisão (Fitert). ‘Assim como eu quero que reconheçam minha categoria, também acho que as outras categorias devem ser reconhecidas. Agora cada um no seu espaço’, opinou.

Apesar da convergência, as duas entidades protagonizaram uma discussão através de notas oficiais nas últimas semanas. Enquanto a Fenaj afirmou que as duas entidades haviam feito um acordo com a entidade para o novo projeto de lei para atualizar a profissão jornalística, a Fitert divulgou uma nota respondendo ao que chamou de ‘mais um equívoco’ da entidade lembrando que etapas da discussão ainda não haviam sido superadas e que poderia paralisar as negociações caso a Fenaj insistisse em divulgar um fato que ainda não havia ocorrido.

Tensões

As divergências ainda não terminaram. Enquanto Murillo afirma que o projeto estaria ‘próximo da conclusão’ e poderia ser encaminhado nas próximos semanas, Antônio Carlos afirma que ainda falta muito para sua aprovação. ‘O projeto anterior criou uma situação desconfortável e a gente precisa ter cuidado nesse. Essa tensão não foi criada pelos radialistas, mas o diálogo não está fechado’, opinou Antônio Carlos que acredita que desde a tentativa de aprovar o projeto de lei nº 79 (vetado pelo presidente Lula), há uma crise entre as duas categorias. Em contrapartida, o presidente da Fenaj afirma que as duas entidades ‘nunca estiveram tão próximas’ e que suas ‘divergências pontuais’ estão sendo superadas.

‘Aqui onde eu trabalho não há nenhuma tensão entre jornalista e radialista. Os setores são bem divididos e não há nenhuma interferência de trabalho’ opina Tadeu Breda, jornalista da Jovem Pan, de São Paulo. Para ele, o limite entre as duas profissões começa em outra discussão polêmica. ‘Acho que aí a gente teria que discutir a questão do diploma. Eu particularmente acho que ele não é necessário, o jornalista deve ter uma formação intelectual e não deveria ser necessário medir dessa forma’, opina.

Jurisprudência

Como a decisão envolvendo a Rádio Aliança não se trata de uma decisão judicial e sim de uma determinação do MPT, não foi criado o precedente jurisprudencial, que orientaria juízes a tomar decisões semelhantes. Mesmo assim, para Claudismar Zupirolli, advogado da Fenaj, a decisão é benéfica para ambas as categorias, uma vez que demonstra que existe um órgão do porte do Ministério Público do Trabalho preocupado em fazer cumprir a legislação.

‘Essa velha disputa entre radialista e jornalista, na maioria dos casos, tem a finalidade de fraudar a legislação, porque às vezes os jornalistas oneram mais as empresas. No entanto, as corporações não determinam a função de cada profissional, elas contratam alguém para aquela função de acordo com sua necessidade’, concluiu. Daniela Canestro e representantes do Sindicato das Empresas de Radio e Televisão e da rádio Aliança foram procurados e não foram encontrados até o fechamento desta reportagem.’



RECORD NEWS
Tiago Cordeiro

Record confirma planos para canal exclusivo de notícias, 9/02/07

‘A assessoria de imprensa da TV Record confirmou ao Comunique-se nesta sexta-feira (09/02) que a emissora estuda lançar um canal exclusivo de notícias. Porém, a empresa não confirma se o lançamento será ainda em 2007, conforme alguns veículos divulgaram durante a semana.

‘O que temos é que alguns executivos viajaram nessa semana. Eles estiveram na CNN e em outras emissoras dos Estados Unidos, checando como é o trabalho, analisando equipamentos e outras coisas’, comunicou a assessoria. Na ocasião, o grupo brasileiro foi recebido por Matthew Holconbe, vice-presidente de suporte de engenharia e rede da CNN. O grupo da Record foi formado pelo vice-presidente Marcos Pereira, o diretor de operações e engenharia, Reinaldo Gilli, o gerente de informática Anderson Moura, o diretor de jornalismo, Douglas Tavolaro, o chefe de redação, Clóvis Rabelo, e o diretor técnico e projetos, Luiz Seixas.

Embrião

A Record descreve o projeto como em ‘fase embrionária’ e afirmou que a tendência é que o novo canal amplie o departamento de jornalismo da emissora, que conta com nomes como Paulo Henrique Amorim e Lorena Calábria.

Durante a semana, a imprensa informou que o novo canal deve ser veiculado em sinal aberto, atravé das Rede Mulher ou pela Rede Família, para escapar das operadoras de TV por assinatura ligadas à TV Globo. Contudo, o maior problema do novo projeto seria convencer a Igreja Universal a ceder o seu espaço de programas religiosos em UHF para o novo canal.’



JUCÁ vs. IMPRENSA
Comunique-se

Jornalista condenado a indenizar Romero Jucá, 9/02/07

‘O senador e ex-ministro da previdência Romero Jucá (PMDB-RR) ganhou ação de danos morais contra o jornalista Marcio Accioly e a Empresa Roraimense de Comunicação. Em sentença do juiz César Henrique Alves, da 5ª Vara Cível de Roraima, lida na segunda-feira (29/01), Accioly foi condenado a indenizar o senador em R$ 35 mil. A empresa terá que pagar R$ 15 mil de indenização. Cabe recurso à decisão.

Em matéria publicada no jornal Brasil Norte, editado pela empresa, o jornalista se refere a Jucá pelos termos de ‘picareta’, ‘salafrário’, ‘assaltante’, ‘facínora’, ‘meliante’ e ‘dilapidador’. O texto, assinado por Accioly, ainda chama o senador de proxeneta e prevaricador. O juiz Alves chegou a incluir na sentença a definição no dicionário dos dois termos.

‘Não vislumbro caráter informativo, e nem simplesmente crítico, mesmo tendo em conta a liberdade de imprensa (…). Os adjetivos utilizados ultrapassam o senso de informação e crítica’, apontou o juiz.’



DEMOCRACIA & MÍDIA
Milton Coelho da Graça

Perguntas sobre democracia direta, 9/02/07

‘Ainda não temos o ministério do segundo mandato, mas já começou o debate sobre o terceiro mandato. Elio Gaspari tocou o trombone sobre o assunto insinuado durante os últimos três meses, mas só explicitado agora por seis deputados do PT que propõem a discussão sobre o uso mais amplo do plebiscito e do referendo como instrumentos de aferição da vontade do povo.

Ninguém põe em dúvida que essas duas formas de consulta direta ao eleitorado sejam muito até mais legítimas do que a representação parlamentar. E a tecnologia vai tornando a sua utilização cada vez mais fácil e menos custosa. A possibilidade da democracia direta – com o povo votando sem intermediação todas as leis importantes – vai se tornando cada dia mais concreta.

Em vários estados americanos o eleitor não apenas escolhe representantes, mas também DECIDE diretamente sobre várias questões, inclusive até para confirmar ou cancelar mandatos. O governador da Califórnia anterior a Arnold Schwartznegger foi escorraçado por esse método, muito mais rápido e simples do que qualquer CPI.

Não parece distante a possibilidade de que os eleitores não precisem mais eleger representantes e expressem sua vontade diretamente por computador ou celular, mais ou menos como faziam, em suas praças públicas, os cidadãos da Confederação Helvética.

O problema da discussão agora é que não há menor dúvida sobre a intenção do sexteto petista: garantir que o povo conceda ao presidente Lula mais quatro anos de governo – até 2014.

Provavelmente o projeto incluiria uma emenda constitucional para isentá-lo de qualquer suspeita de chavismo. Mas a ação teria de ser mais ou menos rápida porque agora a base governista tem – e talvez depois não tenha – os 342 votos necessários na Câmara e os 54 do Senado.

Fico me perguntando se o método poderia também ser aplicado para mudar a legislação sobre imprensa, concessões de radio e televisão etc. O que é que vocês acham?

(*) Milton Coelho da Graça, 76, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’



WEBJORNALISMO
Bruno Rodrigues

Não estamos sós, 8/02/07

‘Era o final dos anos 80 e Gelson Rodrigues era feliz – mas durou pouco. Mais tarde, ele se lembraria com saudade da época em que produzia seus textos em casa, na tranqüilidade do lar, envolto em silêncio e inspiração. Seus vizinhos de porta eram apenas repositórios de ‘bom dia’ e ‘boa noite’, nada mais.

Sabia, por acaso, que no 102 morava um gringo – não era, mas se chamava Mickel Slovinski. No 103, mal ele sabia, morava Marta K., que pouco saía de casa.

Mickel era designer de uma conhecida revista, e era o paraíso dar vazão à criatividade em seu santo canto, em paz. Para Marta K., o que importava era ter para onde voltar e desabar na cama, após horas e horas programando computadores para a empresa onde trabalhava.

Gelson encarava designers como artistas temperamentais, e tecnologia, para ele, lembrava microcomputadores – que, diziam, substituiria sua adorada máquina Praxis. Jamais ficaria sem o ‘tlec-tlec’, nunca!

Quando, finalmente, em 1997, Gelson foi apresentado a Marta e Mickel, não foi em uma reunião de condomínio. Agora, os três trabalhavam em uma mesma empresa, e a primeira tarefa da equipe – isso mesmo, equipe – era produzir o site da empresa. Os três se entreolharam em pânico, mas encontraram no entendimento pacífico a melhor opção ao pedido de demissão coletivo.

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Não há final feliz para esta história, que recomeça todos os dias para milhares de profissionais de redação, webdesign e tecnologia espalhados pelo mundo. Para todos, alguns conselhos:

– Somos todos profissionais de Informação. Não importa se você lida com textos, imagens ou programação. Nossa tarefa, na web, é a Comunicação, e um site, seja ele da internet ou de uma intranet, é um alto-falante com três baterias. Se uma delas não funciona, ou gasta, a Mensagem não chega do outro lado.

– A primeira impressão é a que fica. E também a segunda, a terceira, a quarta. Para o usuário se tornar ‘cliente’ de um site, é preciso criar empatia, e dela depende encontrar o ponto de equilíbrio entre palavra, cor, forma, movimento e relacionamento. Multimídia é isso, e não pense que é um conceito distante, que não depende do ‘Trio Ternura’. Responsabilize-se, portanto.

– Todos ao mesmo tempo, agora. O redator web que funciona é aquele que entende de design e de tecnologia, e esse raciocínio vale para todos os envolvidos. Mas – por favor! – quando falo em entender do assunto do ‘vizinho’, não digo que é obrigatório saber mexer com ferramentas de programação ou de design. No caso do redator web, o que se espera é que ele saiba o que pode ser feito com esses softwares, e como suas funções podem ajudar o trabalho de distribuição de informação em um site.

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Ah, sim, antes que me esqueça: Gelson, o redator, vive hoje do publisher que criou, o Gelsix; Marta K. desenvolve, como frila, animações de ponta em Flash; e Mikel, bem, largou tudo e vende queijo em Visconde de Mauá – isso, você leu certo: note como nada em Comunicação é fixo e garantido, que tudo se move, sempre…

(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’, e de sua continuação, ‘Webwriting – Redação e Informação para a web’. Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’, há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’



JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu

Começe o ano, 8/02/07

‘agora é com vocês, jovens

meus cabelos já caíram

e as palavras estão feridas

no último grão da semente que não germinou

(Linaldo Guedes, jornalista e poeta paraibano)

Começe o ano

O hipermercado atacadista Spani, cujo prédio eleva-se na paisagem de Guaratinguetá, nos enviou boletim promocional com este título: COMEÇE O ANO ECONOMIZANDO. Achei deveras esquisito, porém Janistraquis, que anda numa fase de preocupante criatividade, a confundir iraquiano com aracnídeo, analisou a peça e disparou:

‘Considerado, como diz a camiseta da empregada da Regina Duarte em Páginas da Vida, o diferente é normal. Ora, ao utilizar esse, digamos, neologismo Começe, em lugar do batidíssimo comece, o Spani evita que muitos de seus clientes pronunciem comeque, o que transmitiria o caos a textinho tão simples. Você há de concordar que Comeque o ano… é absurdo; então, para facilitar a leitura e o entendimento até dos analfabetos funcionais, por que não escrever Começe o ano?’

Ponderei que a palavra também poderia ter sido escrita assim: Comesse…, mas meu secretário ponderou mais ainda:

‘Ora, considerado, nosso Mestre Marcos de Castro recomenda que todas as palavras de origem indígena devem ser escritas com Ç! Teu sobrenome mesmo deveria ser Japiaçu…’

— Mas quem lhe disse que começe, ou comesse tem origem indígena?

— Não desdenhe da capacidade de nossos índios, considerado; afinal, há uma corrente de pensamento que garante terem sido os ancestrais de Peri mais Ceci que descobriram o Brasil!

Avallone X Datena

Janistraquis leu na Ilustrada da Folha de S. Paulo a matéria intitulada Roberto Avallone reclama de ir para o banco na Band, balançou a cabeça em sinal de desaprovação e comentou:

‘Considerado, você acredita que vão botar Zé Luiz da Trena no lugar do Avallone? Isso não é o mesmo que o técnico do Palmeiras escalar o zagueiro Dininho no lugar de Edmundo?’

Bom… anos antes de Zé Luiz aparecer na Bandeirantes, trena nas mãos para medir a distância entre a bola e o gol nas transmissões de Luciano do Valle, Roberto Avallone, que guarda na memória a história do futebol, escrevia no Jornal da Tarde a melhor coluna esportiva de São Paulo, na qual a informação precisa fazia tabelinha com o texto de primeira qualidade. Mais tarde, transferiu seu talento para a mesa-redonda da TV Gazeta e ali construiu a imagem de apresentador vibrante e polêmico.

José Luiz Datena preferiu trocar o futebol pela telereportagem policial e utilizou a voz megafônica para intimidar os microfones e divulgar, sempre aos gritos, um moralismo de baixa classe média. A principal diferença entre ele e Avallone é que este fala sempre de uma cabine esportiva e o outro dá a impressão de que transmite diretamente do distrito policial. A torcida que julgue o estilo de cada um.

(Leia no Blogstraquis a íntegra da matéria da Ilustrada.)

Castelo Branco

Sensacional Erramos da Folha Online, enviado pelo jornalista Maximo Etcheverria, de São Paulo:

Na reportagem ‘Morre o especialista em geopolítica general Carlos de Meira Mattos’ (Brasil – 27/01/2007 – 15h35), o nome do presidente Humberto de Alencar Castello Branco foi equivocadamente grafado como Camilo Castelo Branco. O texto já foi corrigido.’

Etcheverria festejou:

‘Acredito que estejamos a gozar plena democracia, porque até mesmo o nome do primeiro general-presidente da ditadura a Folha já esqueceu…’

Depois de se divertir com o episódio deverasmente burlesco, Janistraquis sentiu falta de mais uma, digamos, aclaração:

‘Considerado, você não acha que o Erramos deveria ter informado que Camilo Castelo Branco é o festejado romancista português, autor, dentre tantas obras, do imortal ‘Amor de Perdição?’

Acho.

Linaldo Guedes

Leia no Blogstraquis a íntegra do poema intitulado O Velho Aprendiz, cuja primeira estrofe é a epígrafe desta coluna.

De travessões

O considerado Ricardo Brandau Quitete, de São José do Rio Preto (SP), lia a Folha Online e, ao chegar à Editoria de Esportes, deparou com um texto sobre o jogo Blooming 0, Santos 1, em Santa Cruz de la Sierra, pela Libertadores. Mas deixemos que Brandau conte a história:

Apesar de já ter visto o jogo, deleitava-me com a leitura, pois o redator poderia ter visto algum detalhe no jogo que me passara despercebido. E não é que isso ocorreu? Já finalizava a leitura quando encontrei a seguinte pérola:

Goleador do time no Paulista com cinco gols, Cléber Santana fez com que a bola explodisse no travessão superior de Salazar.

Acompanho futebol desde a Copa de 70 e nunca tinha ouvido falar desse travessão superior. Como vocês, Japiassu e Janistraquis, vibram e sofrem com o Vasco há decádas e são profundos conhecedores do esporte bretão, talvez possam me explicar onde se localiza tal apetrecho.

Brandau Quitete está coberto de razão; segundo Janistraquis, só existiria ‘travessão superior’ se a moldura, como dizem lá em Portugal, tivesse outros travessões; porém, em vez de travessões há duas traves, que os narradores esportivos costumam chamar de primeiro e segundo paus, levando-se em consideração o lado de onde parte a pelota, o balão, o esférico utilizado nas pelejas, contendas, pugnas, prélios, porfias, refregas, liças e outros substantivos que encantam nosso considerado Silvio Lancellotti.

A nazista HH

O considerado Pedro Aguiar despacha de seu escritório no Rio de Janeiro:

Dê uma olhada no que publicou a claudicante Tribuna da Imprensa de hoje, 2/2/2007, dia seguinte à posse do novo Legislativo. Em matéria sobre o retorno da ex-senadora Heloísa Helena ao cargo de professora da Universidade Federal de Alagoas, o jornal faz duas referências a ela como presidente nacional do PSOL e, no último parágrafo, para não repetir a mesma construção, tentou sintetizá-la, assim:

‘Por último, a presidente nacional socialista disse que estava muito emocionada e feliz com a homenagem que recebeu no retorno à universidade, depois de oito anos de mandato.’

É pura impressão ou o jornal do Hélio Fernandes está chamando a ex-senadora de hitlerista?

Tá danado, Aguiar! Tá danado!!! Realmente, o Partido Nacional Socialista era o Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei, o Nazi, de onde procedem os termos Nazista e Nazismo. Aproveito para denunciar que o padrasto de Janistraquis era leitor e colaborador do jornal daquele partido, o Völkischer Beobachter (pronuncia-se fêlkcher biôbartér).

Coisas do céu

REAL MADRID PODE OFERECER R$ 155 MILHÕES A KAKÁ, anunciava a manchete do Portal Terra, acompanhada do seguinte textinho:

SÃO PAULO – O Real Madrid estaria disposto a pagar mais de R$ 155 milhões por cinco anos de contrato ao meia brasileiro Kaká, do Milan. O montante seria exclusivamente ao jogador, sem contar a quantia ainda a ser paga ao clube italiano. A informação é do jornal espanhol Mundo Deportivo.

Janistraquis, que anda enfiado num preocupante misticismo, comentou:

‘Considerado, a notícia mostra, claramente, que o Senhor Jesus resolveu interferir no caso dos Hernandes da Renascer; com essa fortuna, Kaká, o mais famoso dos, digamos, renascentistas, pode fundar sua própria igreja sem precisar tomar dinheiro de nenhum fiel.’

Luzes, luzes!!!

O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, onde é permanente o apagão moral, pois Roldão, competente químico aposentado, despacha do escritório iluminado pelas luzes da inteligência:

No Correio Braziliense deste domingo, dia 4 de fevereiro, página 26, há uma matéria sobre iluminação na qual relacionam-se os diversos dispositivos usados pela humanidade desde a antiguidade para gerar luz. Ao chegar à lâmpada fluorescente, a explicação deixa a desejar pois diz que o fósforo é um gás, quando é um sólido que reveste o interior dessas lâmpadas, cheias de gás inerte, em geral o argônio.

Quanto ao preço dez vezes maior do que o de uma lâmpada incandescente, isso só é verdadeiro para as fluorescentes eletrônicas, de bocal rosqueado, que contêm também um mini-reator. As fluorescentes convencionais, retas e longas, têm preços bem mais baixos, competitivos com o das incandescentes pois o reator é separado da lâmpada (fica na calha) e não é trocado todas as vezes que a lâmpada queima.

Faltou ainda mencionar as lâmpadas de vapor de mercúrio e as de vapor de sódio, usadas em geral na iluminação pública com grande eficiência.

Nota dez

Sob o título Houve uma vez um jornalista, o considerado Celso Lungaretti escreveu no Observatório da Imprensa:

Foi um tanto melancólico o material produzido pela imprensa para marcar a passagem dos 10 anos da morte do mais influente jornalista brasileiro do final do século passado: o analista político e crítico de cultura Franz Paul Trannin da Matta Heilborn, mais conhecido como Paulo Francis, que morreu no dia 4 de fevereiro de 1997, de enfarte, aos 66 anos de idade.

Leia aqui a íntegra do artigo que reverencia aquele que faz muita falta neste país onde a ignorância e a burrice deitam-se no mesmo e esplêndido berço.

Errei, sim!

‘CABRA FEIO – O meio-campista Amaral, do Palmeiras, tem aquela pálpebra caída, ao jeito do falecido Onassis. Como se não bastasse, o olho do craque é congenitamente soslaiado, o que lhe empresta certo estrabismo. ‘É, sem dúvida, um rapaz feiíssimo’, resume Janistraquis, com manifesta maldade.

Mais perverso, porém, foi o Diário Popular, de São Paulo, que publicou doloroso close do jogador, com este título: Visão de jogo é o forte de Amaral. Janistraquis, que torce pelo Vasco e apesar disso ama o futebol, criticou o jornal: ‘Considerado, guardadas as devidas proporções, é o mesmo que tratar com ironia as pernas tortas de Mané Garrincha.’ (junho de 1993)

Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP) ou moacir.japiassu@bol.com.br).’



4° PODER
José Paulo Lanyi

Mídia é Estado paralelo, 7/02/07

‘Sabe aquela conversa de que ‘a Imprensa é o Quarto Poder’? No Brasil cola. Aqui nós temos as condições ideais para o estabelecimento de um Estado paralelo governado pelos meios de comunicação: Constituição que ninguém respeita, Justiça lenta, por vezes injusta, classe política de Sexto Mundo, cidadania frouxa, cultura de castas econômicas e o vale-tudo do coronelismo midiático – protegido por nós, os jagunços ‘bem-intencionados’ da Redação.

O Estado paralelo emerge diariamente desse chorume cultural. No que nos diz respeito como profissionais, isso ocorre toda vez que nos apoderamos do Direito para fazer valer a nossa prerrogativa da comunicação acima do bem e do mal, acima das leis, acima do Estado oficial, Estado esse que tanto desprezamos.

Não é culpa nossa. É como nascer e descobrir que todo mundo é obrigado a andar de roupa. É chegar à Redação e descobrir que os direitos e os deveres dos ‘demais cidadãos’ sempre serão relativos, em face dos nossos próprios interesses – muitos dos quais, de nobreza inquestionável. Se, afinal, os fins justificam os meios (frase, aliás, que Maquiavel jamais proferiu), danem-se as leis, os direitos e os deveres, nossos e dos nossos concidadãos. Tal é o nosso aprendizado no cotidiano de uma Redação.

É o mesmo aprendizado diário dos leitores, ouvintes e telespectadores. No chorume cultural da normalidade, acostumamo-nos com o absurdo, toda vez que deparamos com uma notícia que se impõe como um rugido na selva em que desgraçadamente vivemos. O Estado paralelo dos que condenam e absolvem em público, rápida e peremptoriamente, sem o devido processo legal, é o Estado paralelo do ‘Estado legalizado do mundo-cão’.

Processo é uma palavra que encerra o sentido conjugado de tempo e de método. É preciso tempo para investigar o que quer que seja. É preciso tempo para que se chegue a uma conclusão o mais próximo possível da chamada verdade dos fatos. É preciso método para que, no decorrer desse tempo, todas as informações sejam consideradas, sem prejuízo das partes. É preciso tempo e método para julgar os atos alheios, é preciso tempo e método para mudar para sempre a vida de alguém.

No nosso Estado paralelo, somos ditadores. Dados, portanto, à aplicação de sentenças sumárias. Somos, também, futriqueiros implacáveis. Desde que haja um controvertido ‘motivo justo’, suposta e apressadamente ‘legal’, desprezamos e avacalhamos a intimidade dos outros (contanto que eles não sejam da nossa família). Foi o que aprendemos. Um dia alguém nos disse que ‘nada nem ninguém pode atrapalhar o nosso trabalho’. Um dia alguém nos disse que ‘a notícia é mais importante do que tudo’. Um dia alguém nos disse que ‘a nossa missão é relatar os fatos, doa a quem doer’.

Um dia alguém nos disse que ‘a notícia não espera, o público não pode esperar’ (como se tudo fosse realmente essencial; como se o público precisasse mesmo saber, naquele mesmíssimo instante, de cada lance desses folhetins sangrentos que se editam na pele dos infelizes da vez).

Um dia, então, as pedras se encaixaram como num cubo mágico. Descobrimos que o nosso idealismo teria vazão, que poderíamos fazer o que o Estado oficial não faz; descobrimos que, por sermos jornalistas, teríamos pressa, e a nossa justiça seria mais rápida do que a outra. Com o tempo, descobrimos também que uma ou outra palavra de prudência seria suficiente para livrar a nossa barra e a nossa consciência. E que poderíamos cometer um milhão de erros, pois pouquíssimas vítimas da nossa ‘atitude cultural paralela’ teriam coragem de nos processar no outro Estado, aquele em que os ‘cidadãos comuns’ têm por hábito viver.

É normal se acostumar ao anormal, desde que o anormal seja o normal.

Mas cabe aqui um reparo: o anormal pode ser normal para uma parcela, jamais para toda a sociedade, que precisa de normas para existir. Precisa, pois, de uma normalidade.

Nesse contexto, daquilo que aprendemos quando chegamos a uma Redação eivada de cinismo e de preconceito social, poucos se entregarão ao ‘estranhamento’.

Porque a esses se costuma reservar o mesmo tratamento democrático que se dispensava a alguns cidadãos de Atenas, há dois mil e quinhentos anos: são condenados ao ostracismo por serem ‘justos demais’.

(*) Jornalista, escritor, crítico, dramaturgo, escreveu quatro livros, um deles com o texto teatral ‘Quando Dorme o Vilarejo’ (Prêmio Vladimir Herzog). No jornalismo, tem exercido várias funções ao longo dos anos, na allTV, TV Globo, TV Bandeirantes, TV Manchete, CNT, CBN, Radiobrás e Revista Imprensa, entre outros. Tem no currículo vários prêmios em equipe, entre eles Esso e Ibest, e é membro da APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes).’



MERCADO DE TRABALHO
Eduardo Ribeiro

O agitado mercado da internet, 7/02/07

‘Para um começo do ano e, mais do que isso, para um período pré-carnaval, as novidades editoriais vindas da web são muito interessantes, como registra a edição impressa deste Jornalistas&Cia, que circula nesta quarta-feira por redações e agências de comunicação. Uma dessas novidades, registrada pela correspondente Cristina Vaz de Carvalho, é a estréia neste domingo, 11/2, no Globo Online, do site de Ancelmo Gois, o ‘Ancelmo.com a turma da coluna’, no endereço www.oglobo.com.br/ancelmo . Será editado por Aydano André Motta e a idéia é celebrar o Rio de Janeiro. A turma da coluna também comparece, com títulos próprios ali hospedados: Marceu da Lapa, em que Marceu Vieira fala sobre esse pedaço do Rio; Circuladô, com Márcia Vieira falando de gente; Ana Cláudia Guimarães, em Rio, beleza e caos, traz as fotos (‘que os leitores mandam às toneladas’, como diz Ancelmo) de belas paisagens lado a lado com a bandalha e as mazelas da cidade; e o editor, com Chope do Aydano. Blogs do Online sobre o mesmo tema, como No front do Rio, de César Tartaglia e Mauro Ventura, e O olho da rua, de Nelson Vasconcelos, migram para lá.

Jorge Antonio Barros, sub da Rio, também transfere para lá o seu blog independente Repórter de Crime, que faz há mais de um ano, com análise de criminalidade, corrupção, violência e direitos humanos, críticas de notícias e reportagens, além de informações de serviço. Em breve, irão o editor de Esporte Antônio Nascimento, com Toninho do Grajaú, e o gerente do Bairros, Orivaldo Perin, falando sobre Niterói. Por certo que as notas nacionais, os bastidores da política e da economia, presentes no papel, também terão vez no site, embora não sejam predominantes – mas fazendo justiça ao aposto de Pastoral da Notícia, com que Ancelmo designa suas atribuições.

A atração de estréia é o concurso para escolher a Mulata do Gois. Cinco candidatas, selecionadas pelos ‘mulatólogos’ da coluna, aparecem sambando ao som de uma composição de Marceu, autor de músicas para blocos e escolas. Diferentemente das mulatas estáticas que a coluna apresentou em anos anteriores, na temporada de Carnaval, as do site vêm com movimento, para o leitor apreciar os detalhes antes de votar na preferida. Ancelmo resume: ‘É o espírito sassaricando da coluna’.

Mudanças no Telecom Online

Após oito anos produzido sob os auspícios da Plano Editorial, o site Telecom Online está ganhando vida própria pelas mãos das duas profissionais que o tocavam como executivas, Wanise Ferreira e Marineide Marques. Ambas deixaram a editora para montar uma nova empresa que terá o mesmo nome do site – Telecom Online – e que será a partir de agora responsável pelo negócio. Fizeram, obviamente, um acordo com a Plano para ficar com o produto. O novo Telecom Online continuará focado no setor de telecomunicações e tecnologia, mas entrará no ar com uma nova versão – ‘revista e ampliada’, como dizem as sócias – e novos colaboradores, entre eles Raquel Moreno (no Rio de Janeiro). Segundo Wanise e Marineide, ‘com a mudança de direção, layout e conteúdo, o novo Telecom Online também adotará um modelo de negócios completamente diferente da versão anterior e os leitores perceberão isso imediatamente. O conteúdo não será mais 100% exclusivo para assinantes. Em princípio, todos os internautas que acessarem o www.telecomonline.com.br conseguirão navegar pelas reportagens, entrevistas, colunas e artigos publicados no site.

iG lança o Blog dos Blogs

Helena Chagas, Tales Faria e Alon Feuerweker fecharam uma parceria e desde o último dia 1º/2 colocaram na web o Blog dos Blogs (http://blogdosblogs.blig.ig.com.br), com textos diários sobre política, especialidade dos três. No mesmo dia, Alon lançou também o seu blog individual (http://blogdoalon.ig.com.br). Tanto o Blog dos Blogs quanto o de Alon integram o novo conteúdo do Último Segundo, jornal eletrônico do iG que já conta com nomes como Luís Nassif, Paulo Henrique Amorim, Franklin Martins, Etevaldo Dias, Tão Gomes Pinto, Mino Carta, Maria Clara R. M. do Prado e Paulo Markun, entre outros. Atual editora e comentarista do Jornal do SBT, em Brasília, Helenas Chagas cobre política desde 1984 e teve passagens pelo Jornal de Brasília, Diário da Manhã, TV Senado, O Estado de S. Paulo e O Globo, onde ficou grande parte de sua vida profissional. Alon começou carreira em 1981 e passou pelo jornais Movimento, Voz da Unidade, Folha de S.Paulo, Folha da Tarde e Correio Braziliense, tendo também trabalhado no UOL, na assessoria de Marta Suplicy, na campanha presidencial de José Serra e no primeiro mandato de Lula. Tales Faria é diretor das sucursais de Brasília do Jornal do Brasil e da Gazeta Mercantil e também comanda a coluna InformeJB. Formado em 1983, foi assessor de imprensa, trabalhou na revista Ciência Hoje, nos jornais O Globo e Folha de São Paulo, no Rio de Janeiro e em Brasília, e de agosto de 1998 a março de 2006 assinou a coluna de Política da Revista IstoÉ.

Antonio Prada comandará Mídia do Terra em toda a América Latina

Depois de sete anos à frente da Direção de Conteúdo do Terra Brasil, Antonio Prada assumiu no último dia 1º/2 a Direção de Mídia do Terra em toda a América Latina. Vai inicialmente acumular o comando do Brasil e coordenar os demais 18 portais do grupo e toda a operação do TerraTV na região. Terá sob seu comando direto uma equipe de 26 profissionais de diversos países. Com as mudanças, Giovanna Venturelli, gerente de Parcerias e Audiência do Brasil, passa a gerente de Projetos de Mídia da América Latina, e Marcelo Morais, gerente de Arte do Brasil, vai comandar o núcleo da região. Fábio Condutta assume a vaga de gerente de Arte do Brasil.

Entra no ar o blog do Saul

O crítico de Gastronomia Saul Galvão estreou na última 2ª.feira (5/2) seu blog no portal do Estadão (http://blog.estadao.com.br/blog/saul). Nascido em Jaú, no Interior de São Paulo, ele está há mais de vinte anos do Grupo Estado, tendo passado por quase todas as áreas do Estadão e do JT antes de se especializar na área. Autor de cinco livros sobre comidas e vinhos, Saul escreve na apresentação que está começando na nova mídia ajudado por sua ‘jovem e brilhante’ auxiliar, Bebel Baeta: ‘Vamos ver se dá certo. A idéia básica é conversar sobre as boas coisas da vida para justificar o meu bordão: ‘o negócio é passar bem’.

Internacionais

Dois dos mais renomados profissionais que haviam deixado o Brasil mais de uma década atrás estão de volta ao País, em definitivo, retomando em solo pátrio as respectivas carreiras. Um é Francisco Baker, já devidamente instalado em Brasília, que estava havia 13 anos nos EUA como assessor do FMI para a América Latina. Ex-porta-voz do presidente Itamar Franco, com passagens, entre outros veículos, por Globo e Agência Reuters, atuará como consultor independente na Capital Federal.

O outro repatriado é Wladir Dupont, jornalista paulistano que passou por Visão, Folha de S.Paulo, Veja, Playboy, Nova e Folha da Tarde, entre outros veículos, antes de se mudar para o México, onde viveu e morou nos últimos 11 anos. Nesse período, colaborou com publicações brasileiras e também com projetos editoriais locais. De volta a São Paulo, diz que vai continuar fazendo o que já faz há muitos anos, numa atividade paralela ao jornalismo: escritor de livros empresariais e tradutor de alta literatura (Vargas Llosa, Octavio Paz, William Faulkner).

Antes de finalizar quero registrar que Nélson Silveira, colega que havia deixado a GM do Brasil para trabalhar na GM de Portugal havia alguns anos, foi transferido para Zurique, na Suíça, e ali vai comandar a comunicação corporativa da montadora em toda a Europa. Ele começou na nova função no último dia 1º/2. Não deixa de ser um reconhecimento pelo trabalho realizado em Portugal, onde teve a difícil tarefa de coordenar a comunicação para o fechamento da fábrica da GM na cidade de Azambuja (agora em 21/12). Nélson tinha já uma boa experiência em gestão de crise, adquirida na passagem de cinco anos pela GM do Brasil. Vale registrar que a GM divide a Comunicação em três grandes áreas: Corporativa, Produto e Interna. Na nova posição Nélson cuidará das questões institucionais e relacionadas com o negócio da companhia, atendendo em especial a imprensa das áreas financeiras e de negócios. A ele os votos de sucesso.

(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’



SEGUNDO MANDATO
Marcelo Russio

Desrespeito à imprensa, 6/02/07

‘Olá, amigos. Nesta terça-feira o presidente Lula esteve no Rio de Janeiro, inaugurando o setor de tecnologia dos Jogos Pan-Americanos. O evento recebeu, como era de se esperar, atenção de um bom número de repórteres, de várias editorias. Após a solenidade, o presidente decidiu não falar com a imprensa, já que depois iria para uma solenidade no Palácio Laranjeiras. Passando pelos repórteres, Lula respondeu com um ‘ah, agora não. Depois.’ os pedidos para entrevistas sobre o Pan.

Entretanto, após o evento no Palácio Laranjeiras, a imprensa, que foi informada várias vezes de que o presidente falaria após a solenidade e esperou na chuva pela saída de Lula do recinto (uma vez que foi proibida de ficar na parte coberta do palácio) viu o presidente deixar o local cercado de seguranças, dar adeus, entrar em um carro e ir embora, sem ao menos justificar a razão pela qual não conversou com os jornalistas.

Não sei se Lula sabia que os repórteres haviam sido informados de que ele falaria após a solenidade, mas creio que ver profissionais aguardando a sua presença na chuva por um bom tempo e não conceder algumas perguntas a eles é, no mínimo, uma falta de respeito total com estes profissionais.

Entretanto, pior do que isso, é a assessoria de imprensa não ser clara em dizer que o presidente não daria entrevistas. Assim, além de liberar os repórteres que tinham horário para fechar suas matérias, ela também poria a responsabilidade pela permanência no local nos próprios repórteres.

Fazendo as coisas como fez, a assessoria da presidência da república foi, no mínimo, inábil com os jornalistas. No máximo, desrespeitosa e negligente com colegas de profissão. De uma forma ou de outra, mais uma vez provamos que somos uma classe desunida.

(*) Jornalista esportivo, trabalha com internet desde 1995, quando participou da fundação de alguns dos primeiros sites esportivos do Brasil, criando a cobertura ao vivo online de jogos de futebol. Foi fundador e chegou a editor-chefe do Lancenet e editor-assistente de esportes da Globo.com.’



TELEVISÃO
Antonio Brasil

Nova TV pode salvar o meio ambiente, 5/02/07

‘A principal notícia da semana foi a divulgação dos resultados do Painel Inter-governamental para a Mudança Climática (IPCC) em Paris. Agora não há mais dúvida. A situação é grave. O nosso velho planeta está mal de saúde e precisa de ajuda. Mas não é hora de desespero, a humanidade convive há muitos anos com a ameaça de um apocalipse inevitável.

A Antropologia nos ensina que praticamente todas as sociedades, das mais simples às mais complexas, predizem o fim do mundo em seus mitos. As descrições variam de dilúvios, pandemias, meteoros, ou até mesmo mera ‘ira divina’. O fim do mundo sempre esteve próximo e não faltam trombeteiros para nos fornecer os detalhes do desastre final. Algumas grandes religiões chegam a lucrar muito com o fim do mundo.

Durante os anos da guerra fria, toda uma geração também conviveu com a ameaça do inevitável fim do mundo. A mídia nos convenceu de que as super-potências destruiriam o planeta em uma hecatombe nuclear igualmente próxima e inevitável. Não havia nada a fazer. O fim do mundo era mera questão de tempo. Mas a humanidade, o planeta e até mesmo a mídia – ou pelo menos parte dela – sobreviveram ao inevitável.

Pesquisa de telejornais

Agora estamos diante de um novo apocalipse. A crise ambiental é urgente e exige uma reação. Mas não é hora de desespero. Muito pelo contrário. É hora de mobilização e participação. É hora de salvarmos o planeta com uma nova televisão. O modelo tradicional de mídia, centralizador, professoral e de mão-única, pode ter sido útil para sensibilizar os governos e salvar a humanidade da guerra nuclear, mas esse modelo pode não tão útil para resolver um problema ainda maior e mais complexo. Agora, para salvar o planeta, precisamos de um novo modelo de mídia para um novo modelo de problema.

E, pelo jeito, o público e ainda mais os telespectadores já perceberam as limitações dos meios tradicionais para lidar com a questão ambiental.

Dados preliminares da primeira pesquisa realizada pelo Instituto de Estudos de Televisão (IETV) e o Laboratório de TV da Faculdade de Comunicação da UERJ revelam que 58% dos brasileiros não se consideram bem informados pela televisão sobre as questões ambientais. A maioria dos entrevistados acha que a cobertura deveria ser mais educativa e denunciar os crimes ambientais.

Até aí, tudo bem. Nenhuma novidade. Grande parte das pessoas provavelmente por indução, inércia ou indiferença gosta e acredita em quase tudo que assistem nos telejornais.

A grande surpresa, no entanto, foi a segunda questão da pesquisa. Solicitados a citarem pelo menos uma matéria sobre meio ambiente, 73% dos entrevistados disseram que não se lembram de nenhuma matéria. Somente 27% citaram, pelo menos, uma matéria apresentada nos telejornais nos últimos dias.

Telespectador indiferente

Esse dado é fundamental para quem trabalha e pesquisa televisão. O telespectador de telejornais assiste, diz que gosta, mas não é capaz de reter informação ou alterar comportamentos.

Televisão entorpece e o telejornal informa, diverte, mas não mobiliza. Em alguns casos excepcionais, principalmente durante a temporada de campanhas eleitorais, o comportamento do telespectador sofre uma pequena alteração. A obrigatoriedade do voto, certamente, influi nessa mudança de atitude, na necessidade de responder aos estímulos ou na manipulação do público. O ‘espectador’ das mídias tradicionais – e o termo ‘espectador’ é bem representativo – tende a voltar ao seu estado natural de inércia, de mero coadjuvante ou testemunha impotente e indiferente aos fatos.

Essa impotência ou indiferença é compensada pela mobilização dos governos, dos donos de empresas de comunicação e de seus funcionários, os jornalistas que decidem tudo e fazem muito pouco.

E em caso de desastres, a mobilização do publico costuma se resumir ao pedido de solidariedade humana, orações e, as inevitáveis e altamente lucrativas, contribuições financeiras. Para explicar a própria incompetência ou o inexplicável, alguns políticos e outros tantos jornalistas costumam apelar para o sobrenatural, ou seja, para aquilo que está acima da natureza e que não é óbvio, natural. Eles culpam os deuses, a sorte ou as incontroláveis forças da própria natureza pelos desastres. Jamais o descaso, a falta de planejamento ou a falta de treinamento para os desastres. Jornalismo é sempre pego de surpresa nos desastres e faz questão de dizer que não havia como se preparar para mais um desastre.

Salvar a TV

E o público das mídias tradicionais tende a aceitar toda e qualquer explicação. Assiste aos telejornais e paga muitos impostos para não ter que participar das soluções.

TV, jornalismo tradicional e religião têm muito em comum. O mesmo modelo centralizador, professoral e, pelo menos até agora, altamente lucrativo.

Mas diante de um novo quadro de ‘fim de mundo inevitável’, a nova mídia e principalmente uma nova televisão têm uma grande oportunidade de consolidar um modelo mais participativo e responsável de fazer jornalismo na TV.

O anúncio do apocalipse ambiental exige um jornalismo mais competente, menos arrogante e mais participativo. Um jornalismo que não perca tanto tempo com discussões teóricas infindáveis sobre os seus próprios objetivos e que se volte para objetivos concretos. Menos teoria e mais jornalismo.

A ameaça global ao meio ambiente exige uma nova televisão e um jornalismo de TV que ouça mais público, que e não se limite a produzir matérias jornalísticas com recursos dúbios e desgastados como o famigerado ‘povo fala’. Uma televisão que não se contente somente com índices de audiência, mas que também pesquise e reconheça seus objetivos e suas responsabilidades sociais.

Dentro dessa perspectiva, a nova TV pode não só colaborar para salvar o planeta, como pode reverter o seu próprio fim.’

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Clique nos links abaixo para acessar os textos do final de semana selecionados para a seção Entre Aspas.

Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

O Globo

Veja

No Mínimo

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