Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Crítica diária

28/2/08

Dia fraco de notícia

A Folha já informou que governo e oposição fizeram um acordo para a CPI dos Cartões Corporativos não investigar o que deveria. Um colunista escreveu que a comissão nasceu morta. E hoje o jornal estampa a manchete ‘Acordo dá presidência da CPI dos Cartões à oposição’. Ou seja, notícia muito fraca para a manchete.

A primeira página mostra no alto, em grande espaço, quatro colunas com ilustrações, que ‘Noruegueses anunciam descoberta de fóssil de réptil marinho com 15 m’. Dia sim, dia não, anuncia-se a descoberta de fóssil.

A fotografia do alto é de Julio Iglesias.

A da ex-deputada colombiana libertada ontem saiu em cinco colunas, um exagero, um pôster.

O ministro Lupi disse que fica, e não que vai embora.

O STF manteve a suspensão de artigos da Lei de Imprensa, em vez de restaurar a aplicação dos artigos ou suspender integralmente a norma.

As mudanças no Imposto de Renda ainda são estudo.

A contratação, pela Finatec, de uma empresa que fez doações ao PT é boa reportagem, mas os valores são pequenos para disputar manchete.

Enfim, ontem foi o que se chama de dia fraco de notícias.

Nesse dias, evidencia-se ainda mais a importância de ter uma agenda própria de reportagens de fôlego. Quando depende só dos fatos da véspera, o jornal se expõe a jornadas jornalisticamente frias. Se mantém apurações independentes e ambiciosas, produz alternativas, se não para a manchete, pelo menos para esquentar a primeira página.

Em dias fracos de notícias, o jornal deveria valorizar na primeira página o seu time de colunistas. Hoje só um deles mereceu chamada na capa.

Nem aí

Anteontem, a Folha bancou uma história cinematográfica sobre o seqüestro de uma médica.

Ontem, informou que a ‘médica’ não é médica. E que há suspeita de que a versão, subscrita pelo jornal, seja uma fraude.

Hoje o ‘Agora’ trouxe a reportagem de alto de página ‘Polícia não vê evidência de assalto à falsa médica’.

Na Folha, não há uma só linha sobre o caso.

Para a polícia, o que está em jogo é o testemunho da falsa médica.

Para a Folha, o compromisso com os fatos e com a transparência.

Lição

É comum a Redação responder a leitores ou ao ombudsman, em divergências sobre o emprego de palavras, apoiando-se em duvidosas permissividades dos dicionários.

O colunista Pasquale Cipro Neto comenta hoje, no artigo ‘Termos (im)precisos’: ‘Os dicionários nem sempre são confiáveis quando se trata de diferenciar o vulgo do técnico ou específico’.

Múmias

A cobertura da Folha sobre as múmias encontradas no mosteiro da Luz não é apenas muito menor que as do ‘Estado’ e do ‘Diário de S. Paulo’. É pior, muito menos interessante.

Hoje, a reportagem ‘Mosteiro já esperava achar ao menos 1 múmia no local, diz cônego’ é irrelevante.

Qual a diferença entre esperar e se surpreender, nesse caso?

Correspondentes

O ‘Estado’ anunciou no domingo que, a partir de março, Cláudia Trevisan será sua correspondente na China.

O ‘Globo’ publicou hoje que passa a contar com correspondente em Belém, Ronaldo Brasiliense.

O melhor do dia

Com uma chamadinha discreta na primeira página, a reportagem de capa de Equilíbrio, sobre pessoas que se dedicam a cuidar de parentes doentes, pareceu o melhor do jornal hoje.

Senti falta de casos de anciãos pobres que não têm quem cuide deles, mas entendo que a reportagem é sobre quem cuida, e não quem é cuidado.

Erramos 1

Ao contrário do que informou ontem a nota ‘Apagão deixa 3 milhões sem luz’ (pág. A16), Miami não é a capital da Flórida.

Erramos 2

Está errada a legenda, na pág. C4, ‘Múmias encontradas anteontem no mosteiro da Luz, no centro de SP’.

Anteontem foi publicada, no ‘Diário de S. Paulo’, a notícia da descoberta, que ocorreu antes.

Aquecimento global

É muito engraçada a breve notícia, publicada em duas colunas no pé da pág. C6, ‘Demissão ocasionada por flatulência é anulada em SP’.

Merecia tratamento editorial mais cuidadoso, com destaque na página, charge e outros recursos.

O jornal raramente publica textos de fazer rolar de rir. Não deveria desperdiçar as oportunidades, ainda mais com a prosa inspirada de hoje (abertura: ‘A demissão por justa causa de uma funcionária que, segundo a empresa, excedia-se em flatulência no ambiente de trabalho foi pelos ares’).

27/2/08

Hollywood é aqui

A Folha noticiou ontem em três colunas, com fotografia da personagem: ‘Seqüestrada, médica tem pulso cortado e é obrigada a pular de ponte de 15 metros’ (pág. C3).

A legenda: ‘A médica Bruna, 49, que teve os pulsos cortados para pular de rio em Taubaté durante assalto’.

A abertura, empolgante: ‘Uma médica vítima de seqüestro relâmpago dirigiu três horas ameaçada por um estilete, teve os pulsos cortados, foi empurrada de uma ponte a 15 m de altura e, embora não soubesse nadar, ficou sete horas imersa no rio Paraíba do Sul, em Taubaté (140 km de São Paulo), agarrada ao mato para não se afogar –foi salva porque dois jovens a ouviram gritar’.

Segue: ‘O crime foi entre a noite da última quinta-feira e a manhã da sexta. Bruna (nome fictício), 49, foi abordada por dois homens ao sair de uma farmácia –um deles tinha uma faca. Ela entrava no carro, um Fiat Uno. O veículo acabou não sendo roubado –os criminosos fugiram com R$ 200’.

Como se vê, a Folha e o ‘Agora’, de cuja Redação se originou a reportagem, compraram sem reservas a versão da senhora.

Não lhe atribuíram o relato, mas o subscreveram, numa narrativa de tirar o fôlego, de filme de ação.

Pela edição de hoje, sabe-se de pelo menos uma coisa: a tal médica na verdade não é médica. Exercia ilegalmente a profissão.

Em apenas uma coluna e sem foto, com visibilidade inferior à da véspera, a Folha informa, em matéria também do ‘Agora’: ‘Falsa médica é suspeita de forjar roubo no interior’ (pág. C6).

O texto diz que ‘o suposto assalto ocorreu no mesmo dia –quinta-feira– em que a Santa Casa de Misericórdia de São José dos Campos a denunciou à polícia por ter trabalhado no hospital por nove meses como falsa médica’.

Em si, o caso é de grande interesse.

Detenho-me no aspecto jornalístico: não cabe aos jornais de qualidade assumir versões alheias, a não ser quando estão certos de que elas são fiéis aos fatos.

A Folha deveria escalar equipe para investigar a história, contá-la com ambição jornalística e ser transparente com os leitores sobre a evidente falha de ontem (mesmo que tenha havido assalto, já se sabe que a mulher não era médica; e bancar informações não comprovadas é erro).

Tropeços graves devem ser aproveitados para reavaliar os procedimentos e se preparar para evitá-los da próxima vez em que surgirem cenas que, de tão boas, podem ser de ficção.

O grande pauteiro

O editorial ‘Volta à carga’ de hoje abre assim: ‘Começam a surgir sinais enfáticos de que o governo Lula iludiu a opinião pública no debate acerca da renovação da CPMF’.

A impressão é reforçada pela manchete ‘Sem CPMF, arrecadação sobe R$ 9,6 bi’.

Acrescento: ‘começam a surgir sinais enfáticos’ de que, com contribuições diferenciadas, o jornalismo foi co-autor da ilusão, dando a entender que seria necessário de fato um corte expressivo no Orçamento em virtude da perda do imposto (não só) do cheque.

Não tive tempo de pesquisar, mas a lembrança é de que o tom da Folha, nos dias seguintes à decisão do Senado de não prorrogar a CPMF, foi de que a perda de arrecadação teria de ser compensada por tesouradas orçamentárias.

Salvo engano, editorialmente o jornal defendeu a renovação da CPMF, porque o impacto imediato do seu fim não teria nenhuma compensação prevista na arrecadação.

Ao ler o noticiário de hoje, lembrei-me de cruzamento de dados de pesquisas da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (sobre políticas sociais): seja no governo FHC ou no governo Lula, a mídia é muito influenciada, submissa mesmo, às versões oficiais.

Primeira página

A coluna Mônica Bergamo deu duas notas, a sexta e a sétima, sobre a cirurgia da modelo Naomi Campbell.

De bom tamanho, creio.

De posse de mais informações, Cotidiano acrescentou um texto da colunista, em duas colunas, de pé de página.

De ótimo tamanho.

A notícia era conhecida desde ontem, a partir do furo de Mônica Bergamo na Folha Online.

Mesmo assim, a primeira página considerou o assunto relevante para dar foto da modelo e o título ‘Naomi Campbell retira cisto no Sírio-Libanês’.

Um exagero.

Outro problema da primeira página: ficou estranhíssimo, na edição São Paulo, o título ‘Mattoso diz que só passou dados de caseiro ao Coaf e a Palocci’. Não pela formulação, mas por estar no canto direito inferior da página, cercado pelas fotos das múmias e do campeão em matemática. As chamadas sobre economia (e política) ficaram longe, no alto da página. Estranho mesmo.

Múmias

No caso das múmias, revelado ontem pelo Diário de S. Paulo, desconfio que, muito mais interessante do que saber como os corpos se conservaram, é encontrar pistas sobre a identidade das mulheres. O Diário diz que ‘diários secretos’ podem esclarecer quem eram elas.

A história tem apelo.

O tempo passou na janela

Os jornais –do ‘Estado’ ao ‘Globo’, passando pelo ‘Dia’ (‘Milícia toma até o palanque de Lula na Z. Oeste’)– destacaram a presença, em ato no Rio com a presença do presidente da República, de um deputado acusado pelo Ministério Público de formação de quadrilha e de integrar milícia.

Só a Folha não destacou.

Erramos

Ao contrário do que diz o texto do alto da pág. A4 (‘Quem vazou sigilo deve explicar, diz Jorge Mattoso’), o procurador-geral da República não ‘pediu ao STF que seja aberto inquérito criminal’.

Com a denúncia, o procurador pediu para abrir ação, processo. Quem tocou o inquérito foi a Polícia Federal.

Espanha

A Folha faz pouco da reta final da campanha eleitoral na Espanha.

Hoje não saiu nada.

É um erro.

Lição

Lide da boa reportagem ‘Alfabetizado pela mãe, garoto ganha ouro em matemática’ (pág. C3): ‘Nas estatísticas, a presença de Ricardo Oliveira da Silva, 19, na sétima série do ensino fundamental contribui para a alta defasagem escolar –repetência– no país. No mundo real, é a história de um vencedor’.

O jornal deveria se inspirar no que imprimiu: o mundo real é mais fascinante que o das estatísticas.

26/2/08

A história de Natasha

A Folha tem hoje, ignorado pela primeira página, um exemplo comovente do que pode ser o bom jornalismo.

É ótima a reportagem ‘Aluna com paralisia depende da mãe para assistir à aula’, publicada não na capa, mas dentro do caderno Cotidiano (pág. C5).

A repórter Afra Balazina conta como Martinha, empregada doméstica, deixa de trabalhar de manhã para acompanhar a filha Natasha, 9, em uma escola pública. A mãe carrega a menina por 13 lances de escada, ajuda-a no lanche e no banheiro. Não há ninguém, nenhum professor ou funcionário, para auxiliar Natasha. Sua mãe não a deixa na mão.

Além de revelar uma linda história de amor materno e de superação de limites –a paralisia cerebral não afeta a capacidade intelectual da estudante, mas a motora–, a reportagem ensina como o poder público tantas vezes trata a educação e burocratas não solucionam desafios simples.

O ‘Estado’ não construiu a rampa para a cadeira de rodas da menina nem escalou servidor para cuidar dela neste ano. A escola não transferiu a classe para o térreo, o que resolveria parte do problema.

A presença de Natasha em uma escola regular é um presente às outras crianças. Como disse um médico, elas têm a chance de conviver com quem é diferente.

Fiquei com muitas curiosidades sobre Natasha, os colegas, Martinha e a escola. Além de mais destaque, a reportagem merecia mais espaço.

Isso não impediu que se apresentasse um caso emocionante, agora com promessa de resolução, a partir –ou com o reforço– da intervenção do jornal. Que grande momento do jornalismo: expõe uma maldade (a falta de apoio a Natasha), conta uma grande história e, ainda por cima, o que é pouco comum, abre caminho para ajudar alguém.

Impressiona como o esforço de Natasha e sua mãe não sensibilize o jornal. Sei que a véspera teve fatos importantes, quentes. Mas não haver nem mesmo uma chamadinha na primeira página, onde aparece título sem nenhum apelo (mais uma insuportável estatística de futebol) ou velho (a pesquisa sobre pizza congelada saiu no Globo seis dias atrás)… Se a Folha rasgasse uma caixa em seis módulos no alto da sua capa, a história de Natasha seria um dos assuntos do dia –e dos próximos dias– na cidade e no país.

Muita generosidade e muito egoísmo são sugeridos pela reportagem. Pena que tantos leitores, se se guiarem só pela primeira página –que deve reunir o mais importante ou interessante que a Folha tem a oferecer no dia–,vão ignorar a batalha da menina.

Eu teria mais a escrever sobre a edição de hoje, contudo fico por aqui, com um convite à reflexão: há dias em que os jornais, não só a Folha, por mais relevantes que sejam suas notícias, são difíceis de ler. São enfadonhos, sem encanto.

Histórias como a de Natasha vão na contramão. Deveriam ser mais bem aproveitadas.

25/2/08

Depois do temporal

Na sexta-feira (22), a primeira página da Folha ignorou o dilúvio da véspera.

No sábado (23), o jornal cumpriu o roteiro obrigatório e burocrático desse tipo de cobertura: resumiu os danos e descreveu os apuros de algumas pessoas.

Não fez, contudo, o que a sua própria tradição recomenda: investigar os gastos/investimentos da Prefeitura de São Paulo com o combate a enchentes. A Folha cansou de produzir reportagem assim, inspirada pelo jornalismo crítico que o seu projeto editorial preconiza.

Saiu uma declaração protocolar do prefeito Kassab, mas nenhum questionamento sobre a prioridade (ou falta dela) em seu governo para a prevenção a estragos da chuva.

O ‘Estado’ titulou na capa do caderno Metrópole de sábado: ‘SP retém R$ 49 mi da verba anticheias’.

No mesmo dia, o Jornal da Tarde manchetou: ‘R$ 49 mi deixaram de ser usados contra enchentes’.

Ontem uma garota de 14 anos morreu durante o temporal.

O leitor da Folha segue sem saber como o prefeito age.

Além disso, seria interessante conhecer como os antecessores de Kassab, como Marta e Serra, agiram. De acordo com o ‘Estado’, ‘nos últimos cinco anos, os volumes mais baixos de investimento ocorreram’ no último ano da gestão da petista e no primeiro da do tucano.

Em compensação

Se a cobertura da chuva foi condescendente com o prefeito de São Paulo, no domingo o viés editorial foi contra ele, na reportagem ‘Kassab veta licença maior para mães’ (C5).

Houve desproporção de espaço para os argumentos da prefeitura (poucas linhas) e para os dos que condenam a decisão de vetar o projeto de lei que aumenta de quatro para seis meses a licença-maternidade das funcionárias municipais.

Um dos motivos alegados pelo prefeito são os ‘gastos extras’. Era dever do jornal estimar o volume do desembolso. Com o aumento do tempo de licença, e o impacto nas contas do município, que atividades da prefeitura seriam prejudicadas?

Como são as licenças na administração federal e na estadual?

Pela leitura, o prefeito é um malvado. Era preciso discutir as possibilidades de introduzir a mudança, e não apenas falar sobre o que já se sabia: de acordo com médicos de todo o mundo, quatro meses é um período pequeno para as mães cuidarem dos seus bebês.

A hora do jornalismo

Pelo visto, há muita coisa ainda a se contar sobre a Finatec –no nome, desassociado das suas atividades reais, Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos.

Do vasto rol de administrações comandadas pelo PT, inclusive a de Marta Suplicy em São Paulo, à de Gilberto Kassab.

Na hora em que os adversários políticos se digladiam, tentando jogar no colo alheio o desgaste pelos contratos, reforça-se o princípio de que o jornalismo deve investigar e monitorar todos os poderes e governos.

Dois pesos

Li os textos de hoje, pareceram boas reportagens, ‘Empresário ligado à Finatec diz ter sido indicado pelo PT’ e ‘Kassab culpa secretário por contratação’.

Na mesma pág. A6 saiu um quadro afirmando que ‘o PT contratava a Finatec para desenvolver programas de modernização gerencial’.

É isso mesmo? O partido contratava? Não as administrações sob seu comando?

E em São Paulo, há pouco, foi o DEM que contratou? Ou o PSDB?

É preciso padronizar, para não comprometer com desequilíbrio editorial uma cobertura importante.

Promessa frustrada

Título na primeira página de hoje: ‘Autonomia piorou ensino, diz secretária’.

No alto da pág. A18: ‘Autonomia das escolas gerou queda na qualidade do ensino’.

Só uma pergunta tratou do tema, no finzinho da entrevista com a secretária estadual de Educação de SP, Maria Helena Guimarães de Castro.

Ela respondeu em 11 linhas, e não se falou mais nisso.

O eixo da conversa era outro.

Os títulos prometeram destaque temático inexistente.

Manchetes

Com a manchete ‘Brasileiros são os mais barrados pelo Reino Unido’, a Folha abriu sua edição dominical com mais apelo jornalístico que o ‘Estado’, que foi de ‘Investimento em produção acelera ritmo de importações’.

Mesmo assim, os grampos sobre a alegada roubalheira de deputados e ex-deputados em Alagoas revelam frases que entram para a história de hábitos e costumes do país.

Merecia manchete a dura ‘Quero meu dinheiro. Que é de roubo, de corrupção!’.

Dominicais

São impressionantes os diálogos gravados em Alagoas e obtidos com exclusividade pela Folha. Valeu o esforço.

Também é boa a reportagem sobre os barrados no Reino Unido.

Testemunha ocular

O ‘Estado’ cobre a crise nos Bálcãs com enviado especial.

A Folha, de longe.

O concorrente chegou a Havana antes da Folha.

Reescrevendo a história

A reportagem ‘Governo inaugura estátua de João Paulo 2º’ (pág. A14 do sábado) se refere aos ‘guerrilheiros comunistas que tomaram o poder na revolução de 1959’.

Ao tomar o poder, os guerrilheiros não eram comunistas.

Os comunistas de Cuba, organizados em partido, se opunham aos guerrilheiros da Sierra Maestra.

Escrevendo a história

É boa a reportagem ‘Normalidade inquieta Cuba sem Fidel’ (pág. A16 do domingo), da enviada especial a Havana.

Fotojornalismo

Das quatro principais revistas semanais, três deram a mesma fotografia de Fidel Castro.

‘Veja’ e ‘Carta Capital’, na capa.

‘Época’, dentro.

O curioso é que nas capas Fidel olha para a esquerda. Na ‘Época’, para a direita. Ignoro como é a imagem original.

Erramos demorado

Assim que foi publicado erro evidente sobre a área de celas em delegacia feminina, na edição de 10 de janeiro, um leitor avisou.

A correção só saiu ontem, 45 dias depois.

A demora do Erramos

No dia 13 passado, a reportagem ‘Polícia teme ‘manipulação’ de arma disparada contra coronel’ mencionou mais de uma vez uma pistola calibre ‘380 mm’.

Como um leitor alertou de imediato, tal calibre não existe.

Doze dias depois, não houve retificação ou resposta ao leitor, esta na hipótese de o jornal não reconhecer equívoco.

Erramos demais 1

A reportagem ‘Mulher se esconde por sete horas em bueiro’ (pág. C6 da sexta-feira), uma história espetacular, logo esquecida pela Folha, afirma que ratos são insetos.

São mamíferos, certo?

Erramos demais 2

No domingo, o chanceler de Cuba foi tratado (pág. A15) como Felipe Pérez Roque.

Sua idade, considerada importante pelo jornal (concordo): 42 anos.

Na quarta-feira (pág. A15), o nome do ministro saiu errado, Felipe Roque Pérez.

A idade: 43.

Deveria haver correção para nome e idade (qual a correta?).

Erramos demais 3

Uma leitora pediu ajuda ao Vitrine: ‘Procuro há anos o disco ‘Quem Viver Chorará’, do Fagner. Onde posso encontrar?’.

O caderno indicou a loja (pág. 2, sábado) e falou das duas versões do disco: uma com ‘Canteiros’, outra sem. O aproveitamento sem crédito do poema de Cecília Meirelles foi razão de ação judicial da família da poetisa contra o compositor.

O disco com (e sem) ‘Canteiros’, como me alertou um expert em música cearense, é ‘Manera Fru Fru, Manera’.

‘Quem Viver Chorará’, disco posterior, trouxe outro poema de Cecília, ‘Motivo’.

Erramos demais 4

O texto ‘Chico Pinto, autêntico mesmo no MDB’ (pág. C2 do sábado) situa em 1974 a ‘anticandidatura’ do general Euler (Bentes) Monteiro no Colégio Eleitoral.

O ano correto é 1978.

Em 1974, salvo traição da memória, a chapa de ‘anticandidatos’ era Ulysses Guimarães/Barbosa Lima Sobrinho.

Erramos demais 5

Está errado o título da capa de Cotidiano no domingo: ‘Brasil lidera deportações no Reino Unido’.

Só pode ser deportado, creio, quem já entrou no país.

O Brasil é líder no ranking dos barrados.

Erramos demais 6

Em tradução de texto do Independent sobre o ponto G (pág. 9 do Mais!), o pesquisador Emmanuele Jannini, homem, barbudo, aparece como ‘a cientista mentora’.

No mesmo dia, domingo, o ‘Globo’ veiculou engano idêntico.

Erramos demais 7

O quadro ‘Trecho 1’, na pág. A4 de domingo, afirma que Gilberto Gonçalves era deputado ao ter conversas gravadas.

Não era.

Erramos demais 8

No sábado, Erramos esclareceu que, ao contrário do que afirmava o caderno ‘Mestres da Literatura’, que circulou em 17 de fevereiro, Ariano Suassuna é paraibano, e não pernambucano.

Acontece que o mesmo caderno voltou a circular no domingo. Com o mesmo erro.

Erramos demais 9

A edição São Paulo/DF que eu li hoje saiu sem o crédito da fotografia feita em Havana e publicada na pág. A14.

Irmãos trocados

A legenda da foto dos irmãos Coen na edição final da Ilustrada cita os cineastas em ordem contrária à imagem.

Caçada aos erros

Muitos leitores escreveram protestando contra o erro de português no título ‘TJ de SP caça liminar contra Juca Kfouri’ (pág. A10 da quarta-feira).

O texto da nota repete o erro (‘caçou’).

Curinga

Na quinta-feira, a primeira página da edição Nacional titulou: ‘Kenneth Maxwell – Fidel continua a ser coringa no baralho’.

O título caiu na edição final, mas ‘coringa’, com ‘o’, permaneceu na tradução da pág. A2. Tanto no título ‘O coringa no baralho’ como no texto.

O correto é ‘curinga’, com ‘u’.

Créu

Sucesso no Maracanã lotado, como a Folha conta hoje; no YouTube; na primeira página de O Dia no sábado; na capa da revista ‘O Globo’ do domingo –a Dança do Créu é o maior fenômeno do verão do Rio.

Tende a se espalhar pelo país e estabelecer nova ‘musa’, a personagem dos jornais cariocas no fim de semana: a Mulher Melancia, dançarina, 119 cm de quadril, deixando Rita Cadillac para… trás.

É ótima pauta de comportamento.’