Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Disputa por guarda de menino chega à TV americana

Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 6 de março de 2009


 


DRAMA
O Estado de S. Paulo


Pai de S. agradece a Hillary no ‘Larry King’


‘A disputa travada entre o americano David Goldman e o advogado carioca João Paulo Lins e Silva pela guarda de S.G., de 8 anos, chegou a um dos programas de maior audiência dos Estados Unidos. Larry King, que comanda o Larry King Live, da CNN, entrevistou Goldman e um tio de sua ex-mulher Bruna Bianchi, Helvécio Ribeiro, na noite de anteontem. As entrevistas foram retransmitidas ontem no Brasil às 7 horas pela CNN International. O caso já foi tema de entrevista do programa Dateline, da NBC, e de reportagem do New York Times.


Goldman acusou a família de Bruna de impedi-lo de visitar o filho, alegou que tribunais brasileiros desrespeitam o Tratado de Haia – que determina a custódia de criança sequestrada ao pai separado do filho – e agradeceu a intervenção da secretária de Estado americana, Hillary Clinton. ‘Só queria agradecer, estou muito grato por ela estar me ajudando. Ela sabe que isso é justo e se preocupa com as crianças e com os direitos dos pais de terem ao seu lado sua própria carne e sangue.’


Ribeiro, por sua vez, colocou em xeque o amor de Goldman pelo filho. Disse que o pai biológico nunca se interessou pelo garoto, que vive desde os 4 anos na Lagoa, zona sul do Rio. Em 21 de agosto de 2008, a mãe de S. morreu após o parto de Chiara, filha de Lins e Silva. Goldman, então, reacendeu a briga pela guarda, já travada nas Justiças brasileira e americana.


Após a morte de Bruna, Goldman contou que foi surpreendido com uma ação de Lins e Silva. ‘Obtivemos o direito de visita, mas, quando eu deveria trazer meu filho para casa, descobrimos que esse homem não entrou com o pedido judicial de custódia, mas com um pedido de remoção de meu nome da certidão de nascimento de S., que nasceu em Red Bank, Nova Jersey. Ele ganhou a guarda provisória’, contou Goldman.


Goldman disse a King que, logo após o sequestro, conseguiu falar com o filho. ‘Falei com todos (da família de Bruna), quando ainda estavam tentando me convencer a ir até lá (Brasil) e a cair na cilada dessa batalha pela custódia.’ Goldman disse, na entrevista, que os tribunais brasileiros admitem o descumprimento do Tratado de Haia. ‘Em primeira instância, eles ficaram com S. por um ano. Então, foi declarado que ?bem, você sabe, ele foi levado ilegalmente e deveria ser devolvido, mas agora ele está numa situação estável com a sua mãe?. Foram juízes brasileiros que reconheceram que o menino ficou com a mãe de modo ilegal.’


Ribeiro disse a King que não questiona o direito do pai biológico, mas afirmou que a custódia deve, sim, ficar com Lins e Silva. ‘O fato é que para ser pai é preciso mais do que doar o DNA. Paternidade não é fazer filmes caseiros e tirar fotos, é fazer sacrifícios. É sustentar o próprio filho, estar presente. E, enquanto Bruna estava viva, Goldman não fez isso.’ Ao apresentador, o tio de Bruna colocou em dúvida o sentimento do pai biológico. ‘Acho que é muito fácil você dizer que ama alguém, mas você precisa agir de modo a mostrá-lo.’


Ao vivo nos Estados Unidos, Ribeiro fez uma defesa do amor que Lins e Silva sente pelo menino. ‘S. sabe perfeitamente que ele (Lins e Silva) não é seu pai biológico, mas o chama de papai. S. sabe que Goldman é seu pai biológico.’ Para provar, Ribeiro revelou que S. costuma conversar com Goldman e sua avó, que vivem nos Estados Unidos. ‘Portanto, ele sabe perfeitamente a diferença. Ele sabe quem é quem.’’


 


 


TELEVISÃO
Sanches Filho


Preterido na Globo, Santos vira o rei da tevê fechada


‘O torcedor santista se queixa de que os jogos de seu time no Campeonato Paulista, na Copa do Brasil e no Brasileiro quase nunca são mostrados em canal aberto pela Globo. Das suas 19 partidas da primeira fase do Estadual – 10 na Vila Belmiro e 9 fora -, 12 serão exibidas pela Sportv e apenas quatro pela televisão aberta, sendo que dessas, três em clássicos contra Palmeiras, São Paulo e Corinthians – o outro será contra o Barueri. O Santos seria considerado uma espécie de patinho feio dos grandes do futebol paulista pela TV Globo? Marcelo Teixeira, presidente do clube e também da Comissão do Clube dos 13 que negocia os direitos televisivos das competições, não concorda. Ele explica por que a emissora não exibe os jogos do Santos na televisão aberta, optando por programá-los para o canal fechado e pay-per-view, por interesses comerciais.


‘Segundo a Globo, o Santos é um excelente produto, porque tem a maior parte de sua torcida em uma faixa economicamente ativa. Prova disso é que anteriormente éramos os campeões de vendas no pay-per-view. Atenta ao mercado, a direção da Globo optou por colocar mais nossos jogos na Sportv para aumentar a venda de assinaturas de canal fechado, uma vez que a emissora não mais atua sozinha neste setor, tendo concorrentes muito fortes. E ter o Santos como um produto nesse ramo de atividade era um plus a mais para aumentar o número de assinantes’, argumentou Teixeira.


O dirigente alega que não se trata de relegar o Santos a um plano inferior, mas sim uma estratégia da Globo, que pôs o clube como campeão de transmissões no canal fechado (Sportv) em 2008. A emissora confirmou as declarações de Teixeira.


Ontem o atacante Neymar, de 17 anos, treinou entre os titulares no segundo tempo e, amanhã, pode ser a surpresa contra o Oeste.’


 


 


Julia Contier


Muito além do CQC


‘Crise? Não para a produtora argentina Cuatro Cabezas, que chegou ao Brasil no início de 2008 com 25 pessoas na produção de Custe o Que Custar, da Band, e hoje se vê com 70 funcionários, quatro formatos em produção no Brasil e a mudança para uma sede muito maior.


Além do sucesso do CQC, a Band vai estrear as série E-24 (reality em um hospital) e A Liga (misto de jornalismo com humor). Outra novidade da produtora é um reality show para o canal pago Discovery.


‘Este reality fala sobre o comportamento de uma família e vai ter a ajuda de um consultor, que terá o papel de resolver os dramas da casa’, conta o coordenador de projetos da Cuatro Cabezas, Diego Barredo. O formato, que lembra Supernanny, ainda não tem nome definido e nem data de estreia.


Entre as novidades também está a troca de diretor do CQC. Sai Barredo, que virou coordenador, entra Juan José Buezas – que trabalhava na versão argentina da atração. E a Cuatro Cabezas comemora a produção de 2008: dez produtos para a TV, entre eles, o Rally MTV, Projeto 48, para o TNT, e o História Secreta, para o History Channel.’


 


 


PACOTE
Jotabê Medeiros


SOS cultura


‘A exemplo das montadoras de automóveis, seguradoras e dos bancos americanos, socorridos pelo seu governo, o Ministério da Cultura brasileiro está trabalhando num pacote anticrise, tentando amenizar o impacto da turbulência econômica na cultura nacional. A notícia do pacote anticrise foi adiantada ao Estado por Alfredo Manevy, ministro interino da Cultura, que esteve em São Paulo esta semana para anúncio dos investimentos de um instituto cultural (o ministro Juca Ferreira está fora do País).


‘A gente está preparando isso. Um pacote de medidas, no campo cultural, que tenha um efeito anticíclico em relação à economia. Incluirá reformas de espaços culturais, que geram construção civil, ampliação do parque exibidor cinematográfico e tudo o que for apresentado e gerar um impacto na economia, com interface no campo cultural. O presidente Lula já sinalizou que está disposto a incorporar o investimento estratégico este ano. E a gente está preparando o pacote’, disse Manevy.


O sistema de financiamento da cultura no País está perto da asfixia. A Lei Rouanet, maior mecanismo de fomento federal, enfrenta desistências de patrocinadores importantes desde o final do ano passado. A verba investida decorre de renúncia fiscal – ou seja: as empresas usam dinheiro do seu Imposto de Renda que seria pago à Receita Federal. Mas, para ter dinheiro no caixa em tempos incertos, patrocinadores importantes estão cancelando compromissos pré-agendados com produtores culturais.


‘Já é sabido, desde o fim do ano passado, que as empresas, sem capital de giro, ou para manter liquidez (mesmo não precisando botar a mão no bolso, porque é renúncia fiscal), mesmo assim estão cortando patrocínios que já estavam anunciados’, admitiu Manevy. ‘Então, a expectativa do ministério é conclamar as empresas para confirmarem seu compromisso com a cultura num momento de crise, porque num momento de bonança é tranquilo. O patrimônio simbólico que os artistas e produtores culturais passam para as empresas é enorme. As marcas, a visibilidade. Num momento de crise, é momento de as empresas afirmarem esse compromisso.’


O cenário é desanimador. A maior estatal em investimentos culturais, a Petrobrás, está retirando verbas de patrocínios (para festivais de teatro e até para escolas de samba, como a Viradouro, que perdeu R$ 7 milhões). Outras estatais estão cautelosas – estão entre as seis maiores patrocinadoras do País (Petrobrás, Banco do Brasil e Eletrobrás), que representam quase 40% do total das 500 maiores empresas brasileiras.


Governos municipais, como o de São Paulo, contingenciam verbas para a área, comprometendo programas (a verba para a Virada Cultural, este ano, foi cortada em 30%). No governo estadual, o orçamento da Secretaria de Estado da Cultura será um pouco menor este ano, R$ 534 milhões, ante R$ 540 milhões em 2008.


Outro problema que pode agravar tudo é o próprio orçamento do Ministério da Cultura, que foi contingenciado (teve recursos retidos) em cerca de 75%, a exemplo de todos os ministérios federais. Se for efetivamente cortado o orçamento direto, que tinha crescido cerca de 20% em relação a 2008 (foi destinado R$ 1,2 bilhão ao MinC), o ministério perderá a capacidade de fazer investimentos este ano.


O Ministério acha que a medida ainda não atingiu projetos e programas da pasta. ‘No começo do ano, os ministérios ainda não estão executando. Então essa liberação, na verdade, vai permitir que os projetos tal como estão desenhados sejam executados: o Mais Cultura, os editais, todos com os cronogramas tal como foram desenhados. A gente não sentiu ainda o impacto no nosso orçamento.’


A cautela não inibiu ainda todos os grandes patrocinadores que se utilizam da Lei Rouanet. No início desta semana, o Itaú Cultural informou que vai investir cerca de R$ 40 milhões em 2009, ante R$ 37,5 milhões no ano passado. ‘Temos mantido um crescimento progressivo do investimento, usando sempre o princípio da contrapartida – ou seja: não é só dinheiro da lei, mas também dinheiro do banco’, diz Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural.


Segundo Manevy, há uma retração sensível na área, que ainda não é sentida em estatísticas mas é diariamente levada ao governo por produtores e artistas. Ele aposta no pacote para inverter a tendência. ‘Se esse pacote impactar na geração de empregos e ocupação das áreas que são delicadas, o governo será plenamente favorável. A crise também é uma oportunidade. Se o Brasil investir em educação e cultura nesse momento, a oportunidade de sair reposicionado da crise é maior, em termos de capacitação, treinamento, capacidade de lidar com problemas da contemporaneidade, é investimento estratégico. E o governo reconhece que isso é relevante. Tanto que o orçamento do ministério tem crescido significativamente’.


Manevy diz que não é possível medir ainda o tamanho da crise na cultura, e que isso só será possível ‘mais pelo meio do ano’, prevê. ‘Mas é notório, pelo que nos chega por meio das conversas, da maneira como os produtores passam a procurar o Ministério com projetos que estavam predefinidos com patrocinadores e não vão mais ser patrocinados. Então a gente está se mobilizando com as estatais, com o setor privado, para que mantenham o compromisso. Não faz sentido tirar da cultura porque não vai impactar efetivamente as contas das empresas.’’


 


 


Patrícia Villalba


Volta ao Simples é assunto de cultura


‘Enquanto o Ministério da Cultura planeja seu ‘pacote anticrise’, produtores culturais, especialmente da área de artes cênicas, pressionam a Fundação Nacional de Artes (Funarte) para tentar reverter o efeito bomba da Lei Complementar 128. Sancionada pelo presidente Lula em 19 de dezembro – uma sexta-feira, último dia do calendário legislativo – como medida emergencial para conter os efeitos da crise em diversos setores, a lei excluiu as produtoras culturais do Supersimples, aumentando sua carga tributária. ‘O impacto na nossa área não foi previsto e, para nós, foi mesmo uma surpresa’, disse ontem ao Estado o presidente da Funarte, Sérgio Mamberti.


O Supersimples é um programa que reduz os impostos de micro e pequenas empresas. Desde o ano passado e até a assinatura da Lei 128, era um direito também dos produtores culturais que, excluídos do sistema, agora terão de pagar entre 16% e 22% sobre o valor dos projetos – antes, esse percentual ficava ente 4,5% e 16%. A medida que atinge as produtoras audiovisuais, de artes cênicas, escolas de arte e os produtores culturais em geral causou indignação no setor.


Um abaixo-assinado, com 207 nomes, foi enviado à Funarte, e por meio dele os agentes culturais questionam a medida, chamam a atenção para a falta de diálogo e cobram uma solução urgente. Outro abaixo-assinado, organizado pelo Instituto Pensarte e endereçado ao governo federal e ao Congresso, já tem mais de 1.500 assinaturas (http://www.petitiononline.com/ip9s1234/petition.html).


A situação é considerada especialmente grave pelos agentes culturais quando se leva em conta, ainda, a provável redução de patrocínios culturais por meio das leis de incentivo à Cultura, que são atrelados aos lucros das empresas – quanto menor o lucro, menor volume de recursos disponíveis para investimento por meio da Lei Rouanet. ‘Essa decisão (de excluir as produtoras do Supersimples) foi tomada como uma medida emergencial, por isso não houve tempo de fazer uma consulta à classe. O governo analisou o quadro geral das empresas que seriam atingidas pela crise, com mais atenção às que têm folha de pagamento grande’, observou Mamberti. ‘O critério foi esse. Nas ações emergenciais, é o tipo de coisa que pode acontecer mesmo.’


O presidente da Funarte informou ainda que, ‘como ator e militante da causa da cultura’, levou ao MinC todas as mensagens de repúdio à medida, recebidas no site da entidade (www.funarte.gov.br), o que será repassado ao Ministério do Planejamento. Na primeira reunião ministerial do ano, em 2 de fevereiro, o ministro Juca Ferreira levou a gravidade do caso ao presidente Lula, que o autorizou a buscar uma solução, em conjunto com a Fazenda, Planejamento e Casa Civil. No MinC, há expectativa de que a lei seja revista.


A Lei 128, chamada de Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, é um ajuste da Lei 123/6 e era aguardada ansiosamente pelos microempresários do País. É vantajosa para alguns setores, como por exemplo, os escritórios contábeis, que passaram a pagar menos impostos. Regulamenta, ainda, a figura do ‘microempreendedor individual’ – costureiras e sapateiros, por exemplo – que ficam isentos de impostos. Seu efeito negativo para a Cultura, portanto, é de causar espanto aos produtores. Até agora, a Receita Federal não se pronunciou sobre por que mudou as produtoras culturais de tabela.


Na avaliação de Mamberti, nessa situação de emergência, o governo não levou em conta o fato de que a produção cultural do País é fundamentada na atuação de pequenas e médias produtoras. ‘Foi lamentável o que aconteceu. Mas isso não quer dizer que a área cultural foi neglicenciada. Nosso setor tem mais visibilidade, mas com certeza há outras empresas pequenas, de outros setores por aí, que também vão sofrer por isso.’


Segundo dados do MinC, a área cultural abriga 5% das empresas do País (mais de 153 mil empresas), que empregam 1,17 milhão de pessoas. Mamberti diz que o MinC aguarda a volta de Juca Ferreira, que está em viagem ao exterior, para continuar a articulação. ‘A solução é vista com urgência, mas não é algo simples de se resolver e que não caminha conforme a nossa ansiedade’, anotou. ‘Esperamos o ministro, que poderá, quem sabe, ter alguma resposta mais contundente na semana que vem.’’


 


 


 


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 6 de março de 2009


 


DRAMA
Andrea Murta


No programa de Larry King, pai chora, mostra foto do filho e diz que não desiste


‘A disputa legal entre o Brasil e os EUA pela guarda de um garoto de oito anos alcançou um novo patamar no campo da opinião pública anteontem, quando o pai, o americano David Goldman, relatou o caso entre lágrimas ao popular entrevistador de TV Larry King, da CNN. A advogada de Goldman, um deputado federal que o auxilia e também um parente da mãe do garoto participaram da entrevista, que terminou com fortes críticas ao governo brasileiro.


‘Nunca vou desistir’, disse Goldman. ‘Tenho esperanças de que ainda vou ter meu filho de volta. O lugar de uma criança é com seu pai, com seu próprio sangue.’ Enquanto ele falava, a CNN, claramente a seu lado, mostrava incessantemente fotos e vídeos antigos de Goldman com o filho em Nova Jersey, onde residiam até 2004.


Goldman afirmou que a família brasileira do filho passou a considerá-lo ‘inimigo’ quando ele não concordou com as exigências de guarda, impedindo conversas com o garoto pelo telefone e encontros. ‘Vi meu filho pela primeira vez em fevereiro último, por seis horas divididas em dois dias’, disse. ‘Nossa ligação não foi quebrada. Ele me chamou de papai, se lembrava de mim, perguntou porque não fui visitá-lo. Foi difícil ver a angústia em seu rosto quando ele fez essa pergunta.’


De Seattle (EUA), Helvécio Ribeiro, tio da mãe do menino, Bruna Bianchi, rechaçou as afirmações de Goldman no programa. ‘Ele está fazendo uma campanha [de relações públicas] muito bem-sucedida aqui nos EUA. Criou este personagem de grande apelo. Mas o simples fato de eu estar aqui conversando com você, sr. King, mostra que há algo muito errado com essa história.’


O deputado federal por Nova Jersey Chris Smith acusou o governo brasileiro de negligência. Na Câmara dos EUA, ele já exigiu o retorno do menino.


O efeito da história foi rápido. O ‘Larry King Live’ é um dos líderes de audiência do horário nobre na TV a cabo dos EUA, e em poucas horas o blog do programa recebeu mais de 500 comentários de americanos e até brasileiros -a maioria fortemente críticos ao Brasil.’


 


 


DITABRANDA
Painel do Leitor


Ditadura


‘‘Estranha a ideia de que uma discussão conceitual poderia propiciar uma revisão da nossa história mais recente. Eis que aqui, abaixo do Equador, uma ditadura tem tantas especificidades que até parece razoável perguntar por que os intelectuais se omitiram quando colegas foram aposentados compulsoriamente. Infelizmente, quem está escrevendo uma ópera-bufa é o meu amigo Marco Antonio Villa (‘Ditadura à brasileira’, ontem). Historiador de mão cheia, que conheço em primeira mão por ter sido sua orientadora, sei que ele bem sabe que os intelectuais não estavam omissos. Alguns estavam produzindo os atos institucionais que permitiram as aposentadorias. Muitos outros apoiavam ou incentivavam a ditadura e as aposentadorias. Outros tantos reagiram. Sergio Buarque de Hollanda, por exemplo, queria realizar uma passeata de protesto até a reitoria. O grupo de professores que trabalhava com meu pai, Florestan Fernandes, quis apresentar uma renúncia coletiva. Nem passeata nem renúncia foram aceitas por Florestan. Macaco velho que ele era, aprendeu com as lições da Universidade de Brasília e se opôs veementemente a qualquer reação que, naquele momento, ajudaria a ditadura a destruir um trabalho coletivo construído em anos de dedicação à universidade. Foi assim que esses intelectuais compulsoriamente aposentados contribuíram para manter o padrão de qualidade da universidade onde Villa fez sua graduação e pós-graduação.’


HELOÍSA FERNANDES , socióloga, professora aposentada do Departamento de Sociologia da USP (São Paulo, SP)


‘A Folha decepciona cada vez mais seus leitores quando parece disposta de todo jeito a provar que a ditadura brasileira foi mesmo branda perto de outras. Pelo menos é o que se entende lendo o artigo de Marco Antônio Villa. Só espero que o jornal não lamente depois quando algum governo brando começar a censurar o seu trabalho e a perseguir os seus jornalistas. Nem parece mais aquele jornal que teve problemas na era Collor.’


SERGIO P. RIBEIRO (São Paulo, SP)


‘Não é que a Folha arranjou alguém com respeitável carreira acadêmica para chancelar a sua tese de que o regime militar brasileiro foi uma ‘ditabranda’? Como o professor Villa ainda envergava cueiros em 1968, penso que ele precise melhorar suas fontes de pesquisa sobre o regime militar, que matou, baniu e deu sumiço em muita gente.’


JOÃO RAMOS DE SOUZA (São Paulo, SP)


‘A Folha deveria dar uma coluna semanal, fixa, para o historiador Marco Antonio Villa. Sua análise do período militar consegue mais uma vez se destacar: não perde tempo defendendo torturadores e golpistas, ao mesmo tempo que foge do discurso fácil de vitimização da esquerda militante na época. Seu texto de ontem toca ainda em outro ponto fundamental: ao contrário do que se costuma propagar, a democracia era inimiga de boa parte das correntes políticas em 1964, inclusive daqueles que vivem hoje de indenizações por sua luta em favor da ‘liberdade’ -mas que são incapazes de admitir as atrocidades cometidas pela ditadura comunista dos irmãos Castro em Cuba.’


DANIEL MORENO (São Paulo, SP)’


 


 


TRANSPARÊNCIA
Folha de S. Paulo


Senado decide divulgar notas na internet


‘A Mesa Diretora do Senado decidiu ontem que vai disponibilizar na internet os gastos detalhados dos senadores com a verba indenizatória, incluindo as notas fiscais. A medida, que será colocada em prática a partir de abril, foi tomada quase um mês depois de a Câmara dos Deputados fazer o mesmo.


Até o começo do ano passado, o Senado nem sequer tornava público os gastos com a verba indenizatória, benefício mensal de R$ 15 mil pago aos senadores para a cobertura de despesas nos escritórios nos Estados e na contratação de consultorias, por exemplo.


Assim como a Câmara, o Senado também não irá disponibilizar as notas fiscais das verbas utilizadas até agora.


Tanto senadores como deputados sempre resistiram em tornar transparente seus gastos com a verba.


No entanto, no mês passado, foi revelado que o deputado Edmar Moreira (DEM-MG) justificou suas despesas com a contratação de empresas de segurança, uma das atividades empresariais do congressista. O caso levou a Câmara a adotar a divulgação discriminada.


‘Decidimos a publicação de todas [as notas fiscais], do mesmo jeito que a Câmara fez. Vamos dar total transparência ao problema da verba indenizatória’, disse o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), logo depois do fim da reunião da Mesa Diretora.


Ele admitiu ainda a possibilidade de acabar com a verba indenizatória. Afirmou, no entanto, que tal medida depende de uma articulação feita pela Câmara e pelo Senado de forma conjunta. ‘Ainda não entramos em detalhes. É meu ponto de vista, mas não conheço os dos demais’, disse o senador.


Sarney contou que vai discutir com o presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), a proposta de incorporar o valor da verba indenizatória aos salários dos congressistas. No Senado, essa proposta já foi apresentada em plenário por Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR).


O presidente do Senado afirmou ainda que a Mesa Diretora decidiu encomendar outro estudo para fazer novos cortes no orçamento da Casa.


‘Eu acho que tem gordura bastante no serviço público. Aqui também. Vamos fazer o que for necessário para cortes. O estudo vai ser técnico, vai determinar o melhor número para nós cortarmos os serviços’, afirmou Sarney.’


 


 


HISTÓRIA
Folha de S. Paulo


GSI censura documentos relacionados à segurança


‘O GSI (Gabinete de Segurança Institucional) entregou ontem ao Arquivo Nacional documentos do extinto Conselho de Segurança Nacional. Os nove volumes com 3.000 páginas são todos referentes a reuniões sigilosas realizadas pela Presidência da República entre novembro de 1934 e 1988.


O general Jorge Felix, ministro do GSI, disse que foram censuradas 413 linhas -o correspondente a oito páginas. Os documentos são inéditos e sempre estiveram com o GSI.


Segundo Felix, foram censuradas ‘expressões jocosas e ofensivas’. O ministro afirma que a censura feita pelo GSI ocorreu para preservar as relações entre o Brasil e países vizinhos e que a maioria das linhas são relacionadas à década de 40 e à Guerra das Malvinas (1982).


‘Temos de tomar cuidado para não ofender vizinhos só porque alguém em um momento de descontração falou algo. Nós estamos protegendo um país chamado Brasil. Se alguma coisa pode causar constrangimento, nós estamos protegendo’, disse. E complementou: ‘os povos são muito emotivos.’


O ministro garantiu que as tarjas que serão colocadas em parte dos documentos que serão digitalizados pelo Arquivo Nacional antes de ser tornarem públicos, não escondem questões políticas.


Segundo Felix, há referências às reuniões do governo que antecederam a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, à política externa e às cassações durante o governo militar.


A leitura das atas por jornalistas e historiadores, diz Felix, poderá mudar algumas avaliações históricas do país.


Felix entregou o material ao diretor-geral do arquivo, Jaime Antunes da Silva. Segundo ele, dentro de 15 dias todos os documentos estarão digitalizados e prontos para serem pesquisados. Silva afirmou que a tarja colocada em cima das 413 linhas será eletrônica para que os documentos originais não sejam danificados. As tarjas, segundo Felix, poderão ser retiradas gradualmente, quando as expressões censuradas deixarem de constranger o país.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Brasil indolente


‘A nova ‘Economist’ admite, no enunciado de longa reportagem, que ‘alguns dos aspectos não reformados da economia do Brasil estão agora ajudando a limitar os danos da desaceleração global’. Sublinha ‘a influência estatal no setor financeiro’. Enquanto ‘outros países tentam comandar bancos e direcionar o crédito’, descobre-se que ‘é uma coisa que o Brasil já fazia quando não estava na moda’. De outro lado, a revista liberal se defende: ‘Mas sua prudência nos últimos anos está ajudando também’. Cita a dívida pública, ‘que era seu ponto fraco e foi derrubada para 40% do PIB’, e as reservas que permitiram ao Brasil ‘realizar pela primeira vez uma política monetária anticíclica’, cortando juros. Ao fundo, a nova ‘BusinessWeek’ dá longa reportagem arriscando que chegou a hora de voltar aos ‘grandes emergentes’ China e Brasil.


FOI A CHINA


A esperança ou especulação do dia anterior, sobre um novo pacote chinês contra a crise, não se confirmou e derrubou a Bovespa, na avaliação da Bloomberg. A Vale caiu depois que o BankAmerica rebaixou sua nota de ‘compra’ da mineradora.


FOI A GM


Já para a Reuters a queda ‘aguda’ na Bovespa, ontem, resultou do alerta da General Motors, nos EUA, sobre risco de ‘potencial falência’. Na manchete on-line do ‘New York Times’, foi o motivo da forte queda também observada em Wall Street.


ENTRE O CITI E A POUPANÇA


Nem China nem GM. Para a manchete on-line do ‘Wall Street Journal’, a Bolsa americana caiu por causa dos bancos. Mais precisamente, o Citi. Não por acaso, o mesmo ‘WSJ’ e agências ecoaram a negativa do Itaú, de que compraria a filial mexicana do Citi, como noticiado no Brasil. A negativa não evitou que a Bloomberg e sites como Investment Week postassem que o Itaú supera hoje o Citi, em valor de mercado, e que os bancos brasileiros devem sair vitoriosos da crise global. Por fim, até o ‘NYT’ postou análise tirada do site Breakingviews.com, sugerindo já no título que o ‘Citi deveria conversar com o brasileiro Itaú’. Enquanto isso, na manchete da Folha Online, Itaú e outros bancos ‘recorrem ao Supremo’ de Gilmar Mendes ‘para não pagar perdas da poupança’.


LULA & OBAMA


Nas páginas iniciais de UOL, BBC Brasil e outros, a confirmação do primeiro encontro de Lula com Barack Obama, semana que vem. Foi adiantado para sábado, dia 14, na Casa Branca, deferência especial dos presidentes americanos para seus aliados mais próximos. Em um mês, os dois marcaram de se encontrar três vezes, depois também em Londres e Trinidad Tobago.


& CHÁVEZ


As agências informam que ‘Chávez deixa Silva discutir Venezuela com Obama’, no enunciado da americana Associated Press. Descreve ele: ‘Obama o convidou a conversar, ele fez contato conosco e disse que ele quer, se eu estiver de acordo, falar sobre o tema da Venezuela. Eu lhe disse que fale.’


& URIBE


Enquanto o brasileiro e o venezuelano buscam saídas para a refinaria de Petrobras e PDVSA em Pernambuco, o jornal colombiano ‘La Republica’ deu na manchete que a estatal brasileira ‘analisa’ participar da modernização da refinaria de Cartagena. Foi ‘convidada por Álvaro Uribe’, o presidente da Colômbia.


CRIANÇAS


Nas buscas de Brasil por Yahoo News e Google News, a campanha do pai americano para recuperar o filho de oito anos hoje no Brasil cedeu lugar ao aborto da menina de nove anos questionado pela Igreja Católica.’


 


 


NA JUSTIÇA
Folha de S. Paulo


Juiz julga ação de João Paulo contra Folha improcedente


‘O juiz Carlos Eduardo Borges Fantacini, da 26ª Vara Cível Central da Capital (SP), julgou improcedente uma ação de indenização por danos morais movida pelo deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) contra a Empresa Folha da Manhã S.A., que edita a Folha. Cabe recurso da decisão.


O deputado alegou ter tido sua honra ofendida com reportagem publicada na edição de 23 de setembro de 2005, sob o título ‘João Paulo causou dano de R$ 252 mil, vê TCU’.


O texto, da jornalista Marta Salomon, da Sucursal de Brasília, revelou que uma auditoria do Tribunal de Contas da União responsabilizara o então presidente da Câmara Federal por irregularidades em contrato que rendeu R$ 21,9 milhões à SMPB, agência do publicitário mineiro Marcos Valério.


A auditoria do TCU recomendava a devolução aos cofres públicos de R$ 252 mil, corrigidos, valor pago pela subcontratação, via SMPB, da empresa IFT (Ideias, Fatos e Texto Ltda.), do jornalista Luís Costa Pinto.


O deputado alegou que o jornal ‘não se inteirou dos fatos’, que a decisão do TCU era ‘provisória’ e que as informações eram ‘equivocadas’. Requereu indenização de R$ 100 mil.


O juiz Fantacini considerou que o direito à honra e à imagem do autor cedia espaço ao interesse público. Ainda segundo o magistrado, ‘ninguém está mais sujeito à crítica do que o homem público, em especial aquele que exerce atividade política’ e ‘há que se elogiar a coragem de jornais e jornalistas que não temem o poder na busca da verdade’.


A sentença registra que ‘os mesmos fatos narrados na reportagem, pelo seu interesse público, foram objeto de ampla divulgação na imprensa escrita, e foram investigados na CPI dos Correios (…) num dos maiores escândalos da história do país, que resultou no processo criminal do mensalão contra mais de 40 réus, dentre eles o autor e Marcos Valério’. João Paulo foi condenado a arcar com as custas processuais.’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Record anuncia ‘pegadinha’ sobre a crise


‘A Record está exibindo desde ontem chamada que induz o telespectador a acreditar que passa por séria crise financeira.


Diz o solene texto do anúncio, um letreiro subindo pela tela: ‘Neste domingo, às 9 da noite, a Rede Record de Televisão fará um comunicado a todos os seus funcionários, fornecedores, anunciantes e telespectadores sobre as medidas importantes que serão tomadas para garantir a continuidade de seus programas e, consequentemente, a manutenção de centenas de empregos’.


O telespectador poderá pensar que a Record irá rodar a sacolinha para pagar seus programas. Mas, segundo Walter Zagari, vice-presidente comercial, é o contrário. ‘Vamos comunicar que, enquanto todo mundo está com medo da crise, nunca investimos tanto’, afirma.


Na concorrência, a chamada foi recebida com ironia. Os investimentos são atribuídos a algum ‘milagre’, pois dados do Ibope Monitor revelam que os intervalos comerciais da Record estão mais curtos.


Em janeiro, o volume de publicidade na Record de São Paulo caiu 12% em relação ao mesmo mês de 2008, enquanto na Globo e SBT houve alta, respectivamente, 8% e 57%. Pelo Ibope Monitor, que não considera os descontos, o SBT está faturando mais do que a Record. Zagari contesta. Diz que seu faturamento cresceu 16% e que o SBT exibe mais anúncios porque dá maiores descontos.


ALFINETE 1


Apesar de estar com a popularidade em alta em ‘BBB 9’, Ana Carolina é a mais detestada por fãs do reality show. Lidera o ranking de alfinetadas no ‘Voodoo Brother’, aplicativo lançado pela Globo no Orkut. Até anteontem, a loira tinha recebido 24.150 espetadas.


ALFINETE 2


Depois de Ana Carolina, Maíra, Naiá, Milena e Priscila são as mais ‘perfuradas’.


RONALDO


Como era esperado, a estreia de Ronaldo no Corinthians levantou o ibope do futebol na Globo. O jogo contra o Itumbiara foi visto em 30% dos domicílios da Grande SP, desempenho um pouco superior que a média recente das quartas-feiras. Paulista x Corinthians, em 4/2, uma quarta, teve 24%.


PODEROSA 1


Mulher de Amilcare Dallevo, presidente da Rede TV!, Daniela Albuquerque conseguiu quebrar a regra de que ninguém tira atrações do ‘Superpop’, de Luciana Gimenez, mulher do vice, Marcelo de Carvalho.


PODEROSA 2


Daniela, que em abril apresentará programa feminino, terá ao seu lado Ronaldo Ésper, estrela do ‘Superpop’.


COTA


Com o anúncio, ontem, de que Marco Camargo, jurado de ‘Ídolos’, é o novo diretor musical, a Record passa a ter três não-evangélicos entre seus diretores-executivos. Como a cúpula da rede tem 20 membros, isso significa que 85% deles são da Igreja Universal. Quase todos homens. Só há uma mulher entre os executivos.’


 


 


Fernanda Ezabella


Multishow exibe tributo a Heath Ledger


‘A curta carreira de Heath Ledger é lembrada hoje pelo canal a cabo Multishow, 12 dias depois de o ator receber um Oscar póstumo, o segundo da história do prêmio, por seu papel de Coringa em ‘Batman -O Cavaleiro das Trevas’. O australiano morreu aos 28 anos, por overdose acidental de remédios, em janeiro de 2008.


O documentário ‘Heath Ledger: A Tribute’ faz um resumo de seus filmes, sem, no entanto, mostrar imagens das produções. O ator só aparece no tapete vermelho das estreias e dos festivais, dando autógrafos, sendo fotografado e fazendo comentários rasteiros sobre seu trabalho nas entrevistas promocionais de filmes.


Apenas uma voz ao fundo dá conta da trajetória de Ledger, com poucas curiosidades, desde seus primeiros papéis em programas de TV na Austrália. No cinema, seu primeiro papel de peso foi em ‘O Patriota’, estrelado por Mel Gibson. Depois, chamou mais atenção como um caubói gay em ‘O Segredo de BrokeBack Mountain’ (2005), um dos três filmes que o levou ao Festival de Veneza de 2005. A obra, dirigida por Ang Lee, também lhe valeu uma indicação ao Oscar.


O ápice viria mesmo no papel de Coringa, embora não tenha vivido para ver a estreia.


HEATH LEDGER: A TRIBUTE


Quando: hoje, às 21h45


Onde: Multishow


Classificação indicativa: não informada’


 


 


IMAGEM
Mônica Bergamo


Volta com cerveja


‘Depois de um tempão na geladeira por causa do escândalo dos travestis, Ronaldo volta a aparecer num comercial de TV. A Brahma leva ao ar filme que mostrará o jogador sorrindo e o texto ‘Bem-vindo, guerreiro’.’


 


 


 


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