Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Executiva de TV suspensa por favorecer Berlusconi

A emissora estatal RAI suspendeu uma executiva do alto escalão, na quinta-feira (29/11), depois que grampos telefônicos revelaram que ela conspirou com o canal rival Mediaset para dar cobertura favorável a Silvio Berlusconi quando ele era primeiro-ministro da Itália. Na semana passada, o jornal La Repubblica publicou transcrições de conversas telefônicas entre Deborah Bergamini, que já havia sido assistente de Berlusconi e hoje comanda o setor de marketing da RAI, e diretores da Mediaset – que pertence ao político.


A RAI declarou que Deborah foi temporariamente suspensa até que um inquérito interno esteja concluído, mas que não foi tomada nenhuma ação disciplinar. A executiva nega que tenha agido de maneira imprópria. De acordo com informações da imprensa italiana, ela teria se recusado a responder a questões do comitê ético da emissora no início da semana, alegando que a divulgação de seus telefonemas, grampeados pela polícia por causa de uma outra investigação, é ilegal.


Cobertura


As conversas telefônicas foram gravadas entre 2004 e 2005. Em um dos telefonemas, segundo as transcrições, Deborah falou com representantes da Mediaset sobre a cobertura da morte do papa João Paulo II, em abril de 2005, pouco tempo antes de uma eleição local em que o partido de Berlusconi perdeu feio. A executiva, que na ocasião era responsável pela programação da emissora estatal, estava preocupada que o luto da população italiana pelo papa desestimulasse muitos católicos a votar, o que potencialmente ameaçaria a vitória do partido.


Outros executivos da RAI também teriam sido gravados conversando com diretores da Mediaset ou assessores de Berlusconi sobre aspectos da cobertura jornalística – em um dos casos, um funcionário do canal estatal afirma que estava tentando adiar a divulgação dos resultados da eleição.


Durante os cinco anos em que esteve no poder, Berlusconi foi acusado de misturar mídia e política, ao exercer controle sobre empresas de comunicação e indicar membros do partido para a direção da emissora. O político, que sempre negou as acusações, afirma que os grampos telefônicos são parte de uma conspiração política contra ele. Informações de Silvia Aloisi [Reuters, 29/11/07].