Wednesday, 08 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Guerra midiática compromete imprensa livre

No Afeganistão, a batalha entre as forças da OTAN e o Talibã está sendo travada não apenas nos desertos e vales do país, mas também na mídia, noticia Alastair Leithead [BBC, 11/3/07]. Recentemente, um jornalista da emissora Tolo TV foi preso e detido por autoridades afegãs durante 36 horas sem acusação formal, simplesmente por ter conversado com um porta-voz do Talibã. Ele não foi o único; repórteres da maior parte das empresas de mídia, inclusive as internacionais, já sofreram este tipo de censura.

No ano passado, funcionários de serviços de inteligência redigiram um documento para jornalistas pedindo que eles concordassem com uma ordem que proibia criticar a missão da OTAN, representar as forças armadas afegãs como ‘fracas’ e filmar ou entrevistar ‘líderes terroristas’. A ordem proposta não chegou a ser implementada, mas a mídia local temeu que isto fosse apenas uma amostra do que estaria por vir. ‘Uma das grandes conquistas desta era pós-Talibã é a imprensa livre e eu temo que ela esteja agora em perigo’, afirma Saad Mahseni, do Afghan Moby Media Group. Uma nova lei sobre a mídia está sendo discutida no parlamento.

Integridade investigativa

Está cada vez mais difícil e arriscado para jornalistas reportar com precisão de alguns dos lugares mais violentos do mundo. Na semana passada, um homem-bomba atingiu um comboio americano perto da cidade de Jalalabad. Após o incidente, soldados americanos abriram fogo, matando oito afegãos e ferindo 34. Dois jornalistas freelancers da Associated Press que chegaram ao local meia hora após o ocorrido e fotografaram um carro civil com afegãos mortos receberam ordem de um soldado americano para apagar as imagens.

O Exército dos EUA justificou o pedido, alegando que as imagens poderiam comprometer a investigação militar e influenciar a opinião pública. ‘A integridade investigativa é uma circunstância na qual as autoridades civis e militares exercem o direito de controlar o que um jornalista pode documentar’, explicou o coronel Victor Petrenko, chefe da equipe americana no leste do Afeganistão.

Kathleen Carroll, editora executiva da AP em Nova York, discorda. ‘Não há justificativa para apagar imagens de nossas câmeras. Os jornalistas da AP são treinados em sociedades democráticas e devem ter o direito de trabalhar sem ter seus equipamentos confiscados ou suas imagens apagadas’, afirmou.