Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Incentivo à violência

O rádio esportivo tem grande importância para aqueles que apreciam o futebol, podendo pela transmissão futebolística vivenciar as emoções de uma partida e compreender os lances, os sistemas táticos, os dilemas e as vitórias de sua equipe.

No rádio esportivo do Ceará tem-se notado um problema que desencadeará situações insustentáveis caso não sejam tomadas providências urgentes por parte das autoridades, como o Ministério Público, a Anatel, a Acert e outros. No noticiário esportivo e nas transmissões vemos os apresentadores tomarem posição parcial, de torcida por este ou aquele clube, o que gera antipatia do torcedor do clube contrário, que passa a hostilizar a rádio que, em sua visão, torce pelo outro time. Seria este o papel do rádio?

Alguns radialistas-torcedores abandonam seu lado profissional, não se preocupam em transmitir, e sim em torcer, ao ponto de não transmitir o gol do clube adversário, ou transmiti-lo sem o entusiasmo necessário e correto.

Para completar, vemos com tristeza que programas acolhem torcedores que, na maioria das vezes, não se preocupam em promover seu clube, mas em agredir os adversários com zombarias, incentivando a rivalidade que deve existir apenas em campo, e não fora dele ou com caráter pessoal. Tais ações podem contribuir para a multiplicação da violência entre torcidas e conflitos que podem acabar agressão física ou morte.

Esses programas, a pretexto de promover o futebol, jogam torcedores contra torcedores e promovem verdadeiro espetáculo de baixaria e humilhações que redundam numa rivalidade desnecessária e descabida. Assim, um veículo que deveria promover a união e o respeito entre cidadãos transforma-se em meio de divulgação de briga, desunião e discórdia. Os radialistas parecem não ouvir os programas de rádio que comandam, pois não se vê nenhuma providência. Os ouvintes, mais uma vez, são submetidos a emissões radiofônicas distorcidas do verdadeiro papel do rádio, que é promover e desenvolver a cidadania, o respeito mútuo e a dignidade da comunicação.

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Presidente da Associação dos Ouvintes de Rádio do Ceará, Fortaleza