Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Negada a entrada de jornalistas

Nova York, 3 de agosto de 2006 – As autoridades cubanas fizeram regressar a seus países, na quarta-feira, ao menos três jornalistas estrangeiros que tentavam entrar em Cuba para cobrir a enfermidade e a passagem do poder do presidente Fidel Castro. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) está preocupado porque a entrada dos jornalistas foi negada no aeroporto internacional de Havana.

‘Instamos as autoridades cubanas a permitir que os jornalistas cubram este evento de importância mundial’, ressaltou o diretor-executivo do CPJ, Joel Simon. ‘As autoridades deveriam acelerar a entrega de vistos aos jornalistas para que a imprensa internacional possa cobrir, com autoridade, este momento histórico’.

Mario Antonio Guzmán, jornalista da Radio Cooperativa de Santiago do Chile, disse ao CPJ que foi barrado por autoridades no Aeroporto Internacional José Martí, em Havana, às 14h30. Álvaro Ugaz, jornalista da estação de Lima Radio Programas de Peru (RPP) também foi barrado, segundo informou a colega Vanessa Ortiz ao CPJ. Ambos os jornalistas viajavam com visto de turista. Segundo Guzmán, vários funcionários cubanos os interrogaram sobre o propósito da visita e ordenaram que regressassem.

Juan Tamayo, chefe de correspondentes da seção internacional de The Miami Herald, jornal sediado em Miami, informou ao CPJ que um jornalista do diário também foi devolvido na quarta-feira, direto do aeroporto cubano. Tamayo informou que o jornalista, de quem omitiu o nome, pretendia entrar no país com visto de turista, mas foi impedido quando disse às autoridades que pensava em trabalhar como jornalista em Cuba. O jornalista foi enviado de volta passando por conexão no Panamá. Jornalistas estrangeiros podem trabalhar em Cuba com vistos especiais que o governo outorga cuidadosamente.

Castro, 79, sofreu intervenção cirúrgica devido a hemorragia intestinal, de acordo com comunicado publicado na segunda-feira. Não se sabe muito sobre sua enfermidade – nem sua gravidade, prognóstico, causa ou em que hospital está sendo tratado. Castro entregou o poder temporariamente ao irmão mais novo, Raúl, que tampouco apareceu em público.

Segundo informou o Miami Herald, funcionários cubanos negaram repetidamente, ou não responderam, as solicitações de visto a jornalistas da imprensa estrangeira para que pudessem cobrir a enfermidade e entrega de poder de Castro. A embaixada cubana em Santiago informou a Guzmán que os trâmites para a concessão de um visto de trabalho como jornalista poderiam demorar até 21 dias. O jornalista decidiu viajar sem visto de trabalho devido à urgência da situação.

Segundo indicam as pesquisas do CPJ, historicamente os funcionários cubanos têm outorgado vistos de maneira seletiva à imprensa internacional, excluindo os meios de comunicação que consideram não-amigáveis. A lei cubana especifica que se um jornalista estrangeiro viaja ao país com visto de turista deve se abster de trabalhar como jornalista.

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O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo