Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O Estado de S. Paulo

ELEIÇÕES 2006
Carlos Marchi

TV faz Alckmin se aproximar de Lula

‘Depois de amargar uma diferença abissal em favor de seu oponente petista, o candidato Geraldo Alckmin (PSDB-PFL) pôde exibir um crescimento que os analistas rotularam como expressivo nos levantamentos de opinião: em nova pesquisa Datafolha, Alckmin tirou 6 pontos porcentuais de diferença em relação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva – que, no entanto, continua vencendo a eleição no primeiro turno. Lula teria hoje 46% (45% em maio) dos votos contra 29% (22% há um mês).

No segundo turno, a diferença entre os dois ficou reduzida a 11 pontos porcentuais, o que significa dizer que, se Alckmin tirar 6 pontos porcentuais de Lula, passa à frente; em maio, a diferença entre os dois era de 17 pontos. Alckmin herda 57% dos votos atribuídos no primeiro turno à senadora Heloísa Helena (Psol-AL); Lula recebe apenas 25% deles. Aparentemente, Alckmin herdou a preferências antes atribuídas a Roberto Freire (PPS-PE) e Enéas Carneiro (Prona-SP). O Datafolha ouviu 2.828 eleitores em 177 cidades, com margem de erro de 2 pontos porcentuais.

Em pesquisa Vox Populi, Lula caiu de 49% para 45% e Alckmin subiu de 23% para 32% – ainda com vitória do petista no primeiro turno. Segundo Marcos Coimbra, diretor do Vox Populi, na simulação de segundo turno Alckmin superou Lula em todas as regiões, exceto o Nordeste, onde o presidente continua em vantagem. A ascensão do tucano também tem sido confirmada por monitoramentos diários feitos pelo Ibope.

As pesquisas dos dois institutos mostram que o comportamento dos eleitores está, cada vez mais, partindo o País ao meio. No Datafolha, Lula perde na Região Sul (37% a 30%), vence por pequena margem no Sudeste (39% a 34%), vence por margem maior no conjunto do Norte/Centro-Oeste (47% a 28%) e dispara no Nordeste, seu maior reduto (64% a 17%). Por renda, Lula vence disparado na faixa até 2 salários mínimos (51% a 23%) e ganha por margem menor entre 2 e 5 salários (44% a 32%); mas perde entre 5 e 10 salários (40% a 37% para Alckmin) e acima de 10 salários mínimos (40% a 34%).

Em 2002, atesta Mauro Paulino, diretor do Datafolha, a votação de Lula era mais homogênea. Para ele, a evolução eleitoral de um candidato com perfil de voto tão heterogênea é um enigma. Para complicar, a rejeição do petista se tornou a maior: 31% dos eleitores dizem que não votariam nele de forma alguma. Alckmin tem uma rejeição de 19%, mas parte desse porcentual ainda deve ser atribuído a um nível parcial de desconhecimento. Por fim, na intenção de voto espontânea, Lula cresceu 4 pontos porcentuais (de 31% para 35%) e Alckmin cresceu 6 (de 9% para 15%).

PAPEL DA PROPAGANDA

Desde janeiro, Lula recuperou sua imagem, deteriorada pelos escândalos de corrupção que flagelaram o governo no ano passado, com ajuda de campanhas de propaganda. Agora, Alckmin responde na mesma moeda – exposição – e aumenta a intenção de voto depois de um mês inteiro com programas partidários e muitas inserções comerciais do PSDB na televisão. Agora, os dois candidatos vão passar 45 dias ‘no sereno’, isto é, sem nenhuma propaganda governamental ou partidária, até que os programas de propaganda eleitoral de televisão e rádio comecem, em 15 de agosto.

Márcia Cavallari, diretora do Ibope, acha difícil antecipar quem vai perder mais. Coimbra acha que Alckmin perderá mais nesse período porque, a despeito do avanço conseguido em junho, ainda tem de vencer uma alta taxa de desconhecimento do eleitorado. Paulino diz que o fator mais interessante mostrado nas últimas pesquisas é que o eleitor brasileiroestá cada vez mais ligado nas eleições. E esse interesse, ressalta o especialista, deve se multiplicar após o final da Copa do Mundo, no dia 9 de julho.’



FOTOJORNALISMO
O Estado de S. Paulo

Repórter fotográfico do ‘Estado’ ganha prêmio

‘O repórter fotográfico do Estado Evelson de Freitas conquistou o 1.º lugar na categoria Fotografia da 3.ª edição do Prêmio Confea de Jornalismo, cujo tema foi Compromisso Social – Desafio e Oportunidade Profissional. A foto premiada, Viaduto Vira Moldura de Favela, foi publicada em 22 de junho deste ano. O prêmio será entregue na sexta-feira.’



TELEVISÃO
Keila Jimenez

ONGs vão apitar em classificação indicativa

‘Imagine ONGs, que defendem as mais diferentes causas sociais, apitando decisivamente na classificação indicativa de programas de TV. Essa é uma das novidades da nova classificação indicativa, que o Ministério da Justiça deve lançar em duas semanas.

Pelas novas regras, as emissoras não precisarão submeter toda a sua programação ao MJ para ser classificada, mas os canais terão de se comprometer, em uma espécie de dispositivo de cautela, a obedecer às regulamentações etárias das atrações, de acordo com um manual a ser lançado pelo órgão.

‘Não será uma autorregulamentação porque haverá regras e a programação continuará a ser monitorada, mas em uma intensidade menor. O que acontece é que as TVs terão um manual com regras muito mais objetivas agora, e daremos a elas um voto de confiança de que vão cumpri-las’, fala o diretor do Departamento de Classificação do MJ, José Eduardo Romão. ‘Agora, qualquer cidadão poderá se organizar em uma associação que defenda interesses comuns e participar da classificação’, continua. ‘Teremos uma rede de colaboradores cadastrados. Antes de liberarmos a exibição de um filme que trata de homossexualismo, por exemplo, vamos chamar uma ONG ligada ao assunto para saber para que horário o conteúdo é impróprio.’

O diretor explica que todas as vezes que um grupo de cidadãos se sentir desrespeitado poderá procurar o MJ para falar sobre classificação.

‘Já testamos esse dispositivo de cautela com a novela Amor e Ódio, do SBT. Eles disseram que se enquadrava na classificação livre, aceitamos. Pelas novas regras, caso houvesse algum abuso, daríamos um aviso à emissora e, na seqüência, reclassificaríamos automaticamente.’

As novas normas de classificação passam a valer de fato para cinema e jogos eletrônicos este mês, e para a TV, de forma facultativa, como teste. ‘Vamos testar como as TVs reagem aos novos símbolos de classificação etária na programação. No fim do ano, as normas valem para todas emissoras.’

A TV paga também entra nesse novo pacote de classificação, mas não terá de obedecer aos critérios de faixa horária. Terá só de informar previamente ao telespectador qual é a classificação do programa, se há cenas de violência e sexo. Nos dias 6 e 7, o MJ realizará em Brasília um seminário sobre as novidades na classificação.

entre- linhas

Pesquisa recente do Ibope mostra que, nos jogos da seleção, mais de 50 % do público é composto por mulheres.

Duas novidades editoriais ligadas à TV: Floribella, da Band, vai virar livro, e Supernanny, do SBT, vai virar revista pela editora Online, com dicas da superbabá para os pais mais aflitos e depoimentos dos pais visitados por Supernanny.

O Caldeirão do Huck inicia hoje concurso para escolher uma atriz para Páginas da Vida, próxima trama das 9. Vale lembrar que Viviane Victoretti (que participou de O Clone e América) saiu de um concurso da atração de Huck.

O Esporte Espetacular acompanha hoje uma torcida especial para Brasil X França: são cerca de dez deficientes visuais. Agora, o mais legal da história: eles são todos atletas, jogadores de futebol. A cena vai ao ar no programa de amanhã.

Espera-se que os deficientes visuais hoje acompanhados pelas câmeras da Globo no Esporte Espetacular mereçam o crédito que Carlos Alberto Parreira não deu aos deficientes auditivos convidados pela mesma Globo a fazer a leitura labial das palavras do técnico à beira do campo, na última edição do Fantástico.

Falando na leitura labial das palavras de Parreira, feito que rendeu crise no alto escalão da Globo nos últimos dias, até ontem se discutia se o quadro continua em cena no Fantástico.’



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TV escapa do trauma

‘É competente, e ninguém diz que não, a transmissão mundial de futebol que agora cabe à televisão alemã. Competente, sim, embora tendenciosa, o que não foge à regra. Tal seria se os câmeras e editores encarregados de registrar o evento para a transmissão mundial oficial, devidamente nascidos em solo germânico, não puxassem a sardinha para sua brasa. Por mais que o nazismo tenha gerado nos tedescos a culpa por patriotismo, ninguém quer sair mal na foto.

Dito isso, nada melhor que um jogo contra a Argentina para nos despir – digo, nós, brasileiros – da condição de suspeitos quando se fala no favorecimento das câmeras oficiais ao próprio umbigo. Foi assim que a bandeira da Alemanha encheu a tela da TV ontem. Sem margens, de ponta a ponta. Não depois da vitória sobre a Argentina, não, antes de a partida começar. O azul-e-branco ensolarado do outro time também teve seu momento, é verdade, mas não alcançou o close que deu às cores adversárias uma condição de slide em tela cheia.

Bola vai, bola vem. Gol vai, gol vem. Prorrogação. E a transmissão engata um flashback breve com lances da partida e o time da casa no comando. Corta para cena ao vivo e o que se vê? Do outro lado, Tevez e cia. são apresentados na transmissão mundial como os alemães gostariam: estirados no gramado, entregues a preparadores e massagistas de plantão para repor forças. É cena de praxe, o.k., mas cadê os rapazes de Ballack nessa fita? Mal se viu. A ponto de Sylvio Luiz, em ação na narração pela Bandsports, dizer que, vista dali, meio de longe, os argentinos lhe pareciam mais cansados. Imagine daqui, então? Pareciam já derrotados.

Convém abrir um olho para as imagens que aqui chegam da transmissão oficial. Câmera exclusiva da Globo é bacana e tal, mas, assim como as alemãs, tem torcida própria – ainda bem. Salvo isso, a lente do plim-plim só entra em cena quando croata invade campo.’



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Clique nos links abaixo para acessar os textos do final de semana selecionados para a seção Entre Aspas.

Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

O Globo – 1

O Globo – 2

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