Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O rádio em cartaz

“O rádio é o jornal de quem não sabe ler, é o mestre de quem não pode ir à escola, é o divertimento gratuito do pobre” (Edgar Roquette-Pinto)

O rádio tem muita história, beleza e importância que fazem parte do processo comunicativo como um todo. Procurando ativar e desenvolver processos de reconhecimento da beleza comunicativa que somente o rádio proporciona, a Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará vem promovendo anualmente exposições temáticas sobre o rádio, desenvolvendo várias ações no sentido de procurar enaltecer algumas discussões e visões sobre o mundo do rádio, sua importância e a necessidade de sua valorização. Neste período, a Aouvir/Ceará desenvolve até o dia 25 de junho mais uma de suas exposições e hoje conta com aproximadamente 50 peças entre cartazes, aparelhos de rádio de várias idades e banners explicativos de aspectos da importância do rádio como meio de comunicação.

A exposição em questão atualmente é realizada na Casa de Cultura Juvenal Galeno, equipamento cultural pertencente á Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, e tem tido grande aceitação na capital por proporcionar o debate, a discussão e a curiosidade sobre o que se passa no mundo do rádio.

Incompreensão e falta de investimento

Entre os assuntos abordados na exposição, discute-se a polêmica da primeira transmissão radiofônica, que teria sido em 1922, no centenário da Independência. Mas alguns estudiosos afirmam que bem antes já fora efetivada uma apresentação na Rádio Clube de Recife, em 1919. Aborda-se também a evolução do rádio indo até a Rádio Web, símbolo da modernidade no rádio de hoje. Outra discussão é a importância da Rádio Escola, tão comum em algumas escolas e que pode resgatar no meio jovem a importância deste meio de comunicação. A exposição faz também uma homenagem ao padre Landell de Moura, pioneiro na invenção do rádio, mérito que hoje cabe ao italiano Guglielmo Marconi. Em função da falta de apoio às suas ideias, o padre Landell foi esquecido durante muito tempo e não reconhecido pelo seu potencial inventor.

A exposição conta com aparelhos radiofônicos de diferentes épocas, indo desde os tradicionais rádios a válvulas até os rádios modernos de hoje, onde desponta o rádio Lancaster, de 1948, em perfeito estado de funcionamento. A magia do rádio é um dos pontos altos da exposição e vários vídeos são apresentados mostrando a evolução do rádio e seus grandes personagens, que fazem e farão sempre parte da história deste meio de comunicação que, mesmo com o avanço de todas as mídias, teima em resistir e suportar tanta incompreensão e tanta falta de investimento.

O Museu do Rádio

A Associação de Ouvintes aproveita a oportunidade para divulgar suas ações e para captar pessoas que queiram se irmanar numa luta que já perdura por oito anos e na qual a maior visão é a incompreensão do verdadeiro papel de uma associação que congrega ouvintes, que pode ser confundida como censura, mas não o é, pois unir os ouvintes em prol do rádio-cidadão é, sobretudo, uma necessidade de todos os usuários da comunicação. Rogamos que sejam criadas associações de leitores, de telespectadores e de todo tipo de usuário de comunicação, pois o cliente tem de ter visão crítica para analisar conteúdos e tentar, de forma cooperativa, discutir o tipo de comunicação que se coaduna com os preceitos de uma sociedade melhor e mais justa.

A IV Exposição Temática Sobre o Rádio é resultado de uma árdua luta em busca de divulgar os verdadeiros objetivos do rádio e sempre ressaltar sua importância e seus personagens, procurando alertar para a necessidade de criação de um espaço para isso em função da ideia sempre marcante da criação do Museu do Rádio no Ceará que tenta apoios e parcerias, mas até agora não tem conseguido. A visão do Museu do Rádio é de criação de um espaço onde o rádio seja conhecido, debatido e analisado de forma que o conhecimento deste meio de comunicação faça parte das pautas de ação dos Poderes Públicos e de preocupação da sociedade. O rádio é sempre um meio de comunicação que merece respeito, tem história e ainda tem muito a fazer pelo povo sedento de conhecimento e informação. O rádio merece um evento deste tipo não só aqui, no Ceará, mas em todos os locais de nosso país.

***

[Francisco Djacyr Silva de Souza é vice-presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará, Fortaleza, CE]