Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Pesquisadores brasileiros estão divididos

Podendo ser classificados entre otimistas e céticos, os cientistas brasileiros que participaram do desenvolvimento de soluções para o SBTVD ainda têm dúvidas sobre como e quando suas pesquisas serão incorporadas pelos japoneses.

A codificação H.264 no sinal de vídeo, soluções para terminal de acesso de baixo custo e melhorias na modulação e soluções de middleware são as inovações tecnológicas previstas pelo termo de implementação do sistema brasileiro de televisão digital que devem ser incorporadas nos próximos meses ao padrão japonês ISDB-T. Mas o baixo compromisso dos japoneses com estes desenvolvimentos preocupa alguns pesquisadores. ‘Não sei até onde o governo vai querer agregar tecnologia de alto valor’, diz o pesquisador da PUC-RS, Fernando Castro, criador do padrão de modulação inovadora Sorcer. Para ele, é pouco provável que as discussões garantam, por exemplo, a incorporação de um sistema de modulação desenvolvido no Brasil e que apresenta muito mais robustez que o ISDB-T.

Para o coordenador-adjunto das pesquisas de TV digital do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), Luciano Leonel, não houve objetividade nem visão do governo para aproveitar os estudos desenvolvidos no Brasil. ‘Estavam previstos R$ 30 milhões para o CPqD construir uma estação base para a integração do sistema e esses recursos foram cortados sem qualquer explicação. E agora está totalmente obscuro quanto ao que de fato será aproveitado’, disse ele em entrevista ao site Telecom Online. Assim como a PUC-RS, o Inatel também desenvolveu pesquisas no sentido de melhorar o padrão de modulação japonês, adaptando-o à necessidade do Brasil.

Otimismo dos contemplados

O pesquisador da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Guido Lemos, está com uma expectativa positiva para as negociações que, segundo ele, devem ser retomadas na próxima semana. Ele é um dos responsáveis, junto com o professor Luiz Fernando Soares, da PUC-Rio, pelo desenvolvimento do middleware Ginga – a parte do software que define os comandos e vocabulários dos aplicativos de interatividade no sistema de TV digital. O professor da PUC-Rio assegura que a incorporação do middleware brasileiro ao SBTVD é definitiva. Nos próximos meses, as conversas com a UFPB devem definir as APIs (Application Program Interface) e um plano de Implementação de Referência do Ginga, que ainda precisam ser referendados pelo Fórum do SBTVD-T, previsto pelo decreto. A partir daí, as empresas estariam habilitadas a fazer a implementação do ISDB-T incorporando os aplicativos brasileiros.

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Jornalista, da Redação FNDC