Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Queda de lucros na internet desanima jornais

Editoras de jornais dos EUA têm apostado na internet como a solução para sua sobrevivência, mas a estratégia digital de algumas delas não produziu resultados tão positivos no primeiro trimestre de 2007. A New York Times Co., por exemplo, diante dos baixos índices de lucro publicitário na rede, optou por diminuir sua previsão de crescimento online para este ano, inicialmente de 30%. ‘Acredito que a indústria jornalística está em alerta’, avalia Ken Doctor, analista de mídia da Outsell Inc. ‘O crescimento online parece estar freando, e isto é um problema’.


A grande questão do momento é quando o lucro online irá compensar os prejuízos com o impresso. Os resultados divulgados por alguns jornais esta semana mostram que a transição ‘vai ser mais devagar e talvez menos rentável do que alguns jornais haviam antecipado’, opina John Morton, presidente da Morton Research Inc.


Parte desta situação deve-se a uma queda na venda de classificados online por conta de problemas econômicos nos setores automotivo e imobiliário nos EUA. Além disso, é difícil manter altos índices de crescimento por um longo período. ‘Manter um crescimento de 40% por cinco anos é extraordinário em qualquer setor’, afirma Peter Appert, da Goldman Sachs. O crescimento da receita publicitária online dos últimos anos, registrado em 30% ao ano, empolgou os jornais, dizem os analistas. Por esta razão, o índice de lucro online atual, que fica entre 5% e 10% do lucro total das empresas, caiu como um balde de água fria nas expectativas da indústria jornalística.


Panorama ruim


Os maus desempenhos vêm em má hora para algumas empresas. A New York Times Co. sofre com reclamações de investidores insatisfeitos com a performance do grupo. Apesar de ter sido comprada recentemente pelo magnata do setor imobiliário Sam Zell, em um acordo de US$ 8,2 bilhões, a Tribune Co. conta com o aumento dos lucros online para financiar sua compra. Isso porque a oferta do magnata é estruturada com base no plano de propriedade de ações de empregados, que pagará grande parte da operação; Zell investirá apenas US$ 315 milhões. No primeiro trimestre deste ano, o crescimento dos lucros online do grupo ficou em 17% com relação ao mesmo período de 2006; no primeiro trimestre do ano passado, entretanto, este crescimento foi de 30%.


Na Gannett, o lucro online cresceu 16% neste primeiro trimestre, comparado a 30% de crescimento nos primeiros três meses do ano passado. Na The New York Times Co., o crescimento deste ano foi de 22%, comparado a 72% do ano anterior. Donald Graham, chairman do Washington Post Co., havia alertado, em 2006, que os altos índices não iam durar para sempre. ‘Nós obviamente não podemos continuar com um crescimento de 35% nos lucros por muito tempo’, afirmou na ocasião. Informações de Robert MacMillan [Reuters, 20/4/07].