Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Revistas eletrônicas perdem lugar para reality shows

Programas de TV que misturam jornalismo com dramas humanos fizeram muito sucesso nos EUA na década de 90. Hoje, as chamadas ‘revistas eletrônicas’ perderam espaço e audiência para a verdade forjada dos reality shows. Em baixa, e na luta para conseguir se reerguer, estes programas buscam soluções. Alguns apelam para o realismo exagerado, outros seguem para o lado do entretenimento.

Em uma edição de abril do Primetime, a apresentadora Diane Sawyer avisou aos telespectadores: ‘Vocês querem realidade? Hoje, vocês terão. Começando agora’. O programa mostrava uma família abusiva, com imagens de um pai socando sua filha adolescente. A ABC chegou a ser criticada por não alertar as autoridades sobre o comportamento potencialmente perigoso do homem.

Extremos

O Dateline, da NBC, recentemente levantou questões éticas ao pagar uma organização externa para armar uma operação para flagrar pedófilos. Os mesmos produtores foram responsáveis por tentar mandar um homem com traços árabes para uma corrida de carros para ilustrar uma matéria sobre o crescimento dos sentimentos anti-Islã nos EUA.

Problemas mundiais, por outro lado, são mostrados menos por reportagens e mais pelos olhos de celebridades. A crise humanitária em Darfur, no Sudão, foi tema de entrevista no Dateline com a atriz Angelina Jolie. A busca por material com famosos virou obrigatória, já que é algo que pode ser amplamente promovido para chamar a atenção do público – como a recente entrevista com o agora polêmico Tom Cruise para o 20/20 no set do seu último filme.

Longe das raízes

As revistas eletrônicas foram transformadas ‘em algo distante das notícias e muito mais próximo ao entretenimento’, avalia o reitor da escola de jornalismo da Universidade de Oklahoma, Joe Foot. ‘Elas foram para longe de suas raízes’. Elas também foram para longe de sua audiência de alguns anos atrás. Hoje, apenas o 60 Minutes consegue atrair 10 milhões de telespectadores por semana. Ainda assim, a situação do programa não é exatamente confortável, já que ele perdeu cerca de dois milhões de telespectadores fiéis nos últimos cinco anos.

Durante muito tempo, as revistas eletrônicas funcionaram para as emissoras como um tipo relativamente barato de programação para o horário nobre, mostrando longas reportagens sobre grandes eventos e histórias sobre personagens reais e tocantes. Hoje, os reality shows passaram a ocupar este lugar. ‘Eu acho que o público sente que o drama da vida real que era o básico dos programas deste tipo foi substituído pela realidade artificial dos reality shows‘, diz Susan Zirinsky, produtora-executiva da CBS. Informações de David Bauder [AP, 30/4/06].