Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Sociedade civil quer discutir cadeia de valor

Os representantes da sociedade civil no Comitê Consultivo do Sistema Brasileiro de TV Digital (CC-SBTVD) presentes à reunião com o Ministério das Comunicações (Minicom) – dia 19, em Brasília – insatisfeitos com os rumos que vêm sendo tomados sobre o assunto, teceram fortes críticas quanto ao contínuo descaso do ministério quanto à valorização do Comitê no processo de elaboração do modelo brasileiro de TV Digital.

‘Repudiamos o espaço privilegiado que tem sido dado aos radiodifusores nesta discussão, e a transferência do debate para espaços privados, informais. O Comitê Consultivo é justamente um espaço constituído para isso’, relata Celso Schröder, coordenador do FNDC. Segundo Schröder, o descontentamento agravou-se com as três mudanças de liderança ocorridas no Minicom. ‘Documentos importantes, de estudos já realizados e encaminhados pela câmara de conteúdo do Comitê não voltaram mais aos debates’, diz. Schröder também critica a decisão sobre as tecnologias acontecerem antes da definição do uso que terá a TV Digital.

Alexandre Kieling, da Associação Brasileira de TVs Universitárias (ABTU) explica que a idéia pretendida pela câmara de conteúdo do CC é fechar uma posição quanto à ‘cadeia de valor’, onde estará contemplado ‘qual o cenário que a gente quer para a TV Digital brasileira’, revela. Documento de análise sobre cadeia de valor elaborados pelos integrantes da câmara de conteúdo foram entregues para apreciação do Minicom e serão discutidos na próxima reunião, dia 3/10.

No documento elaborado pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e ABTU, constam mais de 50 páginas de comentários sobre possibilidades técnicas, econômicas e culturais que podem ser atribuídas à radiodifusão digital, em consonância com os parâmetros atuais de uso da tecnologia, internacionalmente, e melhor qualificada para o atendimento do interesse público brasileiro.

Tecnologias se antecipam

Enquanto isso, os primeiros resultados práticos do Sistema Brasileiro de TV Digital foram apresentados hoje (23/9) à sociedade, no Congresso anual da Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão e Telecomunicações (SET), em São Paulo. São oriundos dos seis primeiros meses de pesquisa e desenvolvimento, integrando os 22 consórcios brasileiros participantes da pesquisa, centralizados na Universidade Federal da Paraíba. Demonstrações de sistema de modulação, terminal de acesso, middleware (software de plataforma de interatividade) e serviço de saúde foram apresentados através de protótipos para o público presente ao Congresso.

Segundo Valdecir Becker, Coordenador do Plano de Comunicação do SBTVD, foi surpreendente o interesse das pessoas pelas apresentações dos três consórcios de hoje – Universidade Makenzie (SP), Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade Federal da Paraíba. ‘Nunca foi feita uma demonstração desse tipo. As pessoas ficaram muito curiosas com o funcionamento da TV interativa. Qualquer pessoa pega o controle remoto e passa a fazer parte do programa’, relata. As tecnologias apresentadas foram todas desenvolvidas no Brasil e compreendem hardware (equipamento), software (programa) e aplicação (o formato que o público vê). Está previsto para o final do próximo mês uma segunda demonstração agregando o trabalho dos demais consórcios, que desenvolvem sistemas de modulação, segurança e codificação, áudio e vídeo. ‘Vamos mostrar que um sistema brasileiro é viável, que funciona’, declara Becker.