Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Tablóide para jovens sobrevive em país conservador

O fato de ainda existir um tablóide para jovens na Arábia Saudita é prova suficiente para que seu proprietário Khalaf Alharbi acredite que a liberdade de expressão está surgindo no país ultraconservador. O primeiro tablóide do país, Shams (sol, em árabe), sobreviveu a uma suspensão e à prisão de um de seus jornalistas. Em fevereiro, autoridades sauditas ordenaram o encerramento do Shams, três semanas após este ter republicado três dos desenhos originais de Maomé do JyllandsPosten.


O jornal alegou na época que a decisão foi tomada para mobilizar uma campanha contra a Dinamarca. Dois meses depois, um de seus jornalistas foi preso por publicar um artigo na internet que criticava o wahabismo, corrente fundamentalista do Islã. Posteriormente, foi libertado. Recentemente, o jornal recebeu permissão para ser impresso na Arábia Saudita, em vez do país vizinho Bahrain. Alharbi afirma que o jornal destinado ao público jovem com tiragem de quase 70 mil cópias agora tem novos planos depois de passar por um semestre turbulento.


‘Audácia é uma das ferramentas básicas do jornalismo. Você tem de tentar entrar nas áreas mais difíceis. O medo de uma imprensa livre é baseado em uma ilusão. Países que têm imprensa livre descobriram que isto não é um problema, que a imprensa pode ser responsável’, opinou ele. A equipe do jornal é composta basicamente de jornalistas com pouca experiência. ‘Nós queremos ser diferentes, sem seguir as regras tradicionais dos outros jornais’, disse Alharbi.


A Arábia Saudita é um dos países mais conservadores do mundo, com uma monarquia absoluta que governa sob uma estrita interpretação da lei islâmica (ou sharia). O Shams, lançado em dezembro do ano passado, está de olho em uma grande parcela da população como mercado – 60% dos 17 milhões de sauditas têm menos de 21 anos. Os outros diários existentes no país são muito conservadores. Informações de Andrew Hammond [Reuters, 24/7/06].