Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

A “eleição da internet” da vez

Havia um consenso, há quatro anos, de que a eleição presidencial americana de 2008 havia sido “a eleição da internet”. Este consenso vinha principalmente do fato de o então novato Barack Obama “saber usar as ferramentas digitais” para, primeiro, tornar-se conhecido e, depois, peitar o candidato da situação. “Ele tem conta no Twitter!” e “sua equipe sabe usar as redes sociais!” eram expressões usadas com frequência pelos entusiasmados com a nova figura pública mundial.

Mas foi só Obama entrar na Casa Branca que alguns desses mitos começaram a cair. Para começar, a grande arma digital da eleição de 2008 foi o e-mail – por meio do bom e velho correio eletrônico que a campanha de Obama conseguiu fazer que muitos cidadãos americanos saíssem de casa para votar (não custa lembrar que, nos EUA, vota quem quer).

Depois, descobriram que o próprio presidente nunca tinha, pessoalmente, usado o Twitter, entre outras notícias de menor repercussão.

Mas nem parece que 2008 foi há quatro anos. O fato óbvio é que o mundo é cada vez mais digital e mais óbvio ainda é saber que a próxima eleição, de 2016, será mais “a eleição da internet” do que a deste ano (a não ser que uma catástrofe trave as telecomunicações do planeta). E há cada vez mais gente disposta a acompanhar tanto a campanha quanto a apuração e, claro, a posse, através da internet.

Melhor do que ficar em casa vendo os flashes ou as análises na TV é comentar cada reviravolta com os amigos, curtir, compartilhar, retuitar, linkar o vídeo, comentar, discutir. Vimos isso, aliás, nas eleições municipais deste ano por aqui.

A votação americana de 2012 trouxe, na verdade, uma participação maior do eleitorado e uma participação mais ativa da mídia como um todo no formato digital. Tanto nos EUA quanto no resto do mundo, a eleição foi acompanhada segundo a segundo – não mais minuto a minuto, como antes – nas redes sociais e nos sites que cobriam o resultado, tanto os de grandes grupos tradicionais de mídia quanto os sites novatos e blogs independentes.

Todos inventando novas formas de visualização dos dados, chamando o público para participar e opinar, seja com comentários em texto, em vídeo, em áudio, com fotos, respondendo a testes e enquetes. Foi uma eleição colaborativa e social – e mesmo que a campanha não tenha ocorrido na internet, a rede foi seu grande palco, principalmente no que diz respeito à repercussão mundial do que acontecia nos EUA.

Não foi à toa que a foto do abraço do presidente reeleito com a primeira dama dos EUA foi, ao mesmo tempo, o tuíte mais repetido na história do Twitter e a foto mais curtida no Facebook (e esses feitos foram confirmados ainda pela manhã): há mais gente na internet. Cada vez mais.

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[Alexandre Matias é editor do caderno “Link”, do Estado de S.Paulo]