Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Os protestos e a morte do jornalista

A onda de protestos no Brasil começou em junho do ano passado. Desde então, mais de 100 jornalistas, em pleno exercício do trabalho, foram feridos por policiais ou manifestantes, segundo a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Hoje (10/02), a triste notícia da morte do cinegrafista da Band, Santiago Andrade, atingido covardemente por um rojão disparado por um canalha vestido de manifestante.

É um dos mais claros sintomas de que nossa democracia é cambaleante, fraca e cheia de falhas. É lugar-comum, mas a violência contra jornalistas é, sim, um ataque contra as instituições democráticas. O que o movimento de junho conseguiu até agora? Nada. Nenhuma resolução que tenha feito os políticos coçar a cabeça. Ou seja, um fracasso. Os membros responsáveis pelos protestos, aqueles com algo na cabeça além de máscaras, já desanimaram, pois viram no que se transformaram as jornadas de junho: passeatas sem foco que acabam, na maioria das vezes, em quebradeira.

Os militantes têm todo o direito de reclamar da cobertura da mídia (muito ruim, aliás) sobre o movimento, mas jamais podem tirar a vida de um ser humano. Uma pessoa que vai com um rojão num protesto está bem longe de ter boas intenções. A violência no país saiu, faz tempo, do controle das autoridades. Os responsáveis pelos crimes raramente ficam presos.

A presidente Dilma lamentou o episódio de Santiago Andrade e mandou a Polícia Federal investigar com rapidez o caso. Palavras que não vão dar em nada. Nossa democracia é frágil. Apenas alguns têm poder efetivo e parte da população se contenta mais em ter um celular do que água encanada. É claro que somos o país do futuro.

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Luiz Anversa é jornalista