Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Dona do ‘Clarín’ deixa comando do jornal

Obrigada a vender partes do conglomerado empresarial do qual é majoritária, Ernestina Herrera de Noble, dona do grupo Clarín, deixará de ser proprietária do jornal do qual é a principal sócia desde 1969. Ela não vai ser mais ligada a empresas que levam o nome do diário. A venda é parte do plano de desmembramento que foi apresentado às autoridades argentinas que regem os meios de comunicação. Para se adequar à Lei de Mídia, o grupo terá que ser dividido em seis fatias.

Noble ficará como acionista da maior parte da Cablevisión e da Fibertel (operadora de TV a cabo e p rovedora de internet, respectivamente). Ela será sócia dos negócios com o ex-presidente e ex-diretor-executivo do grupo Clarín, Héctor Magnetto. Outros dois sócios atuais, José Antonio Aranda e Lucio Rafael Pagliaro, vão manter a Rádio Mitre (m aior do país) e o Canal 13, de transmissão aberta. Também ficarão com a divisão impressa do grupo, que inclui o jornal “Clarín”.

Número máximo

Como o grupo atual é aberto, essas duas novas empresas terão ações nas Bolsas de Buenos Aires e de Londres. Os minoritários do conglomerado atual vão ter seus papéis revertidos em ações dessas duas novas empresas.

O restante será dividido em quatro partes distintas, que serão colocadas no mercado. A primeira parte que deve ser vendida também possui licenças de TV a cabo.

Segundo o comunicado do Clarín, não se pode fazer objeção ao plano “tecnicamente, juridicamente e economicamente”, pois ele está em linha com as manifestações do chefe da Afsca, órgão que rege os meios de comunicação da Argentina. Essa divisão é uma proposta do grupo, que ainda precisa ser aprovada.

Na nota que divulgou sobre o plano, o Clarín informa que a demora da tramitação “abre interrogações sobre a real vontade do governo de avançar na execução do plano, como vem preconizando”. Para que o plano de desmembramento não fosse questionado, os herdeiros de Noble e dos outros majoritários não receberam nenhuma fatia das novas empresas. A Lei de Mídia foi criada em 2009. Ela tem artigos proibindo o monopólio na comunicação -motivo pelo qual a Justiça argentina acusava o Clarín. Ficou decidido que um grupo pode ter, no máximo, 24 licenças.