Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Genocídio de novo

Durante muito tempo pouco foi usada a expressão (banalização do mal) que Hannah Arendt encontrou para definir o julgamento do exterminador nazista Adolf Eichmann, levado a julgamento e condenado à morte, em Jerusalém, por sua contribuição para o holocausto judeu na Segunda Guerra Mundial. Nos últimos tempos a definição foi banalizada. Talvez por isso não impressione tanto quanto ao ser cunhada pela grande pensadora alemã. Continua, apesar disso, certeira, sem igual.

O mal é que vem assumindo novas formas, inimagináveis, chocantes. A violência se tornou um furor, uma praga. Violência isolada, individual, ou coletiva, organizada. De impacto localizado ou ressonância universal.

É o caso do que acontece na faixa de Gaza. É um massacre ou um genocídio de Israel contra os 1,8 milhão de palestinos confinados numa área tão estreita que os comprime e expõe entre duas fronteiras fechadas, inclusive a egípcia.

Israel tem suas razões para ter desencadeado a ofensiva atual, minando as bases do Hamas em redutos civis. Mas se o primeiro impulso foi de autodefesa, a escalada chegou ao genocídio cruel, brutal, inaceitável.

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Lúcio Flávio Pinto é jornalista, editor do Jornal Pessoal (Belém, PA)