Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

A arte de gastar vela com defunto ruim

O deputado federal Jair Bolsonaro (PP/RJ), com a devida vênia, é um babaca. Sempre foi. Egresso das sombras do regime militar, ele é nazista, fascista, racista e homofóbico. Ou seja, um perfeito imbecil, se é que alguém pode ser perfeito em algo. Bolsonaro, porém, não está só. Seus filhos seguem seus passos na política do estado do Rio de Janeiro que, paradoxalmente, sempre teve a mente aberta. Carlos foi o vereador mais jovem eleito na história do país, com apenas 17 anos. Flávio, deputado fluminense desde 2003, pasmem, preside a Comissão Especial de Planejamento Familiar. O pai está na sexta legislatura na Câmara dos Deputados. Não é pouca coisa.

Presto todas essas informações para reiterar que a Família Bolsonaro virou “grife”, tem até blogna internet e não está só. Há um nicho (nada pequeno) do eleitorado que comunga dos “ideais” de extrema-direita defendidos pelo pai, em Brasília, e por sua prole, no Rio. Para quem não sabe, há duas décadas em Brasília, Jair Bolsonaro foi o 11º deputado federal mais votado com quase 121 mil votos, o que equivale a 1,5% do eleitorado fluminense. Repito: não é pouca coisa.

Muito lixo com a mesma opinião

A questão principal, nesta confusão toda, ainda não foi abordada e muita vela se tem gasto com o defunto ruim que Bolsonaro é. Ele está tendo, sem merecer, uma grande mídia nacional que pode ampliar o poder de suas declarações estúpidas e decrépitas. Parlamentares de mente oxigenada protocolaram pedidos contra ele, petições online surgem pela internet e, bem provável, teremos atos públicos contra o parlamentar. Tudo válido e democrático, sem dúvida, mas de pouca resolutividade.

Bolsonaro tem a maldita im(p)unidade par(a)lamentar e, dificilmente, algo acontecerá com ele, que já até chamou uma deputada de “vagabunda” diante das câmeras de TV.

A entrevista de Bolsonaro no CQC da última segunda (28/3), que gerou todas essas discussões, só demonstrou ao país que o preconceito, qualquer que seja ele, ainda é tratado de forma hipócrita, camuflada, mesmo com as dezenas de ONGs e instituições a defender as minorias. Bolsonaro é apenas a ponta do iceberg. Tem muito mais lixo com a mesma opinião. E isso só será revertido por meio de educação, punições severas e cumprimento da lei.

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Jornalista, São Paulo, SP