Tuesday, 16 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

A campanha na imprensa

Os jornais tratam de maneiras diferentes as pesquisas eleitorais. Nas edições de terça-feira (2/2), a mais recente delas, realizada pelo instituto CNT-Sensus, tem chamada na primeira página do Estadão, com um texto interno de mais de meia página, um pequeno destaque na Folha de S.Paulo, com texto curto, e está escondida na seção de ‘Política’ do Globo.


Para se orientar ao longo das disputas eleitorais, seja em escala nacional ou nas eleições estaduais, o leitor precisa levar em conta alguns fatores determinantes. O primeiro deles é a preferência do jornal por este ou aquele candidato, ou a rejeição explícita a determinado candidato ou candidata.


No Brasil, ao contrário do que acontece na imprensa americana, onde as preferências de cada veículo são declaradas em editoriais, os jornais e revistas fingem uma isenção e um distanciamento que não existem de verdade. A imprensa brasileira prefere editorializar o noticiário, tentando induzir o leitor a assumir como verdadeiras versões editorializadas dos fatos políticos. Mas tais práticas são tão viciosas que o leitor precisaria ser extremamente distraído para não perceber as tendências expostas em cada edição.


Senso crítico


Outra questão a ser considerada são as alianças de cada empresa de comunicação. A Folha de S.Paulo, por exemplo, possui seu próprio instituto de pesquisas, o Datafolha, e raramente dá destaque aos trabalhos dos institutos concorrentes. A menos, é claro, que os resultados de suas consultas sejam coincidentes com as preferências da própria Folha.


A campanha eleitoral começa oficialmente no final de junho, mas na prática ela já está nas ruas e, principalmente, na mídia. A propaganda eleitoral não acontece apenas nos palanques e nas inaugurações de obras. Ela ocorre também nas escolhas da imprensa, nos artigos e colunas que circundam o noticiário, no destaque ou na omissão diante de determinados acontecimentos, no espaço que ganha cada declaração colhida pelos repórteres.


Em ano de eleições, o leitor atento precisa redobrar seu senso crítico.