Tuesday, 16 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

A onda antimídia

Esta onda antimídia está ganhando proporções de verdadeiro linchamento. E como vivemos na era da internet, trata-se de um linchamento digital. Digital, mas não virtual. Linchamento como todos: agressivo, delirante, sumário e, sobretudo, covarde, produzido por um rancor jamais visto entre nós.


Na quinta-feira (2/10), na Folha de S.Paulo, a colunista de política Eliane Cantanhêde denunciou a avalanche de e-mails ofensivos e ameaçadores que atulha a caixa postal de jornalistas e de veículos. Ela não é a única vítima desta insanidade. As mensagens são evidentemente enviadas por militantes petistas, mas não se sabe se fazem parte da facção dos ‘aloprados’ mencionada pelo presidente Lula. Certo é que se distanciaram da bandeira do ‘paz e amor’ que deu a vitória ao PT, em 2002. Gente assim, que aposta no vale-tudo, foi capaz de comprar o Dossiê Vedoin para divulgá-lo às vésperas do primeiro turno e agora reclama porque a imprensa acompanhou todos os seus lances.


A razão do ministro


O estouro da manada nunca acontece por acaso. Alguém o provoca. Neste episódio, é possível que alguém o esteja orquestrando através dos ressentimentos fabricados no momento em que se levou a mídia para os palanques eleitorais, e os transformaram em justiçamentos sumários. São os aprendizes de feiticeiros que sabem como criar um clima de quebra-quebra, mas não sabem como evitar as vítimas fatais. Neste caso, a vítima é o respeito humano e também o Estado de Direito.


A verdade é que cinco dias depois da espetacular façanha eleitoral, seus vencedores estão mais preocupados com o panorama político pós-eleitoral do que estavam antes da votação. E não é por causa da oposição. Também não é por causa da disputa interna em torno da política econômica. A violência antimídia – seja ela física ou digital – mostra que o ministro Tarso Genro tem razão quando lembra que há ‘resíduos de autoritarismo’ em militantes do PT.


Não foi apenas o PT que sofreu o rigor da ditadura, mas uma ala do PT parece disposta a reavivar o seu clima de terror e intimidação.