Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

A pauta que não sossega

Esta história, estampada na quinta-feira (19/2) nas editorias de Política dos jornais brasileiros, é exemplar: o governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), e seu vice, José Lacerda Neto (DEM), foram cassados pelo Tribunal Regional Eleitoral e pelo Tribunal Superior Eleitoral por abuso de poder político e econômico.


Eles fizeram malfeito aquilo que quase todos fazem de forma mais ou menos competente: usar recursos ilegais para ganhar eleição.


Em lugar de Cunha Lima, a Assembléia Legislativa da Paraíba diplomou na quarta-feira (18) o segundo colocado na eleição de 2006, o ex-senador José Maranhão. Pois bem: Maranhão também corre o risco de ser cassado, assim como o suplente que assumiu seu lugar no Senado.


Cunha Lima perdeu o governo por ter distribuído 35 mil cheques de R$ 150 e R$ 200 para eleitores, durante a campanha de 2006. O processo só terminou na terça-feira (17), quando o TSE decidiu, por unanimidade, que ele deveria deixar o cargo.


Figuras notórias


José Maranhão, o segundo colocado na eleição, está liberado para tomar posse, mas também corre o risco de ser cassado. Ele é acusado de crime semelhante e responde a dois processos: num deles, é acusado de promover troca de votos por cargos, e em outro por haver distribuído 50 mil camisetas para ganhar eleitores.


A diferença entre Cunha Lima e José Maranhão é que, no caso do primeiro, a Justiça Eleitoral demorou apenas dois anos para completar o julgamento, pegando o governador em pleno mandato.


O caso do suplente que assumiu a cadeira de José Maranhão no Senado é um pouco mais complicado. O agora senador Roberto Cavalcanti Ribeiro pode perder o cargo se o novo governador vier a ser cassado, mas também tem encrencas de outro tipo na Justiça. Ele é processado por corrupção numa ação que tramita na Justiça Federal desde 2004.


Dono de duas empresas envolvidas em irregularidades, ele teria usado um esquema de operações fraudulentas para deixar de pagar mais de R$ 18 milhões em empréstimos junto à Finep. Roberto Cavalcanti Ribeiro é acusado de corrupção ativa, formação de quadrilha, uso de documentos falsos e estelionato. Nada mal, para um senador da República.


Agora os jornais poderiam levantar os currículos de outras figuras notórias do Congresso. Quem sabe produz-se uma lista de contra-indicações para futuras eleições.