Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

A paz é um mau negócio

Após a Segunda Guerra Mundial, fortaleceu-se o novo modelo de negócios nos EUA: a expectativa de grandes lucros com produtos de guerra. O ex-presidente Dwight Eisenhower alertou o povo norte-americano em relação à ‘conjunção de imensas forças militares e industriais como nova experiência americana’ [JARECKI, Eugene, Razões para a Guerra, Sony Pictures Classics, 99 min. Documentário, 2006]. A vitória dos aliados contra o nazismo de Hitler trouxe um grande prestígio para a América. Entretanto, esse prestígio foi explorado à exaustão pelos empresários das fábricas de armamentos – o ponto estratégico seria ligar constantemente o patriotismo à beligerância.

Eles perceberam a necessidade de criar uma estrutura corporativa que visasse a espraiar ‘ideologia’ pelos corredores do Pentágono e assim construir uma ponte permanente com a Casa Branca. O então presidente John F. Kennedy percebeu esse perigo e alertou em seu último discurso antes de ser assassinado: ‘É um sistema que tem aprisionado as pessoas e coisas, as teias bem construídas. Uma máquina eficiente que combina militares, diplomacia, inteligência, economia, ciência e operações políticas. As suas tarefas são escondidas, não publicadas; os seus erros enterrados, e não divulgados.’ Kennedy queria quebrar esse paradigma. O mundo testemunhava grande tensão. Havia a polarização entre o ocidente capitalista e a ‘cortina de ferro’ comunista. Essa constante polarização estimulava o fabrico permanente de armamentos. A ‘corrida armamentista’ amplificava o problema que Eisenhower identificara: ‘Temos de nos prevenir contra as injustificadas aquisições de influência por parte do complexo industrial militar. Nunca devemos deixar que o peso dessa combinação ponha em risco nossas liberdades democráticas’ [JARECKI, Eugene, Razões para a Guerra, Sony Pictures Classics, 99 min. Documentário, 2006].

Kennedy e a Guerra do Vietnã

A suposta desídia do presidente na fracassada tentativa de invasão pela Baía dos Porcos e a resolução diplomática com Nikita Krushev – no incidente da instalação de mísseis soviéticos em Cuba –, irritou uma ala mais radical dos militares que desejavam uma intervenção armada bem maior do que aquela que o mundo presenciou. Contudo, a postura mais radical de Kennedy – a que provavelmente acionou a orquestração para matá-lo –, se deu quando resolveu tirar as tropas americanas do Vietnã. Ato formalizado e intitulado Documento Presidencial 263 [www.scribd.com/doc/4068129/National-Security-Action-Memorandums-263-273] – que oficializava a saída do Vietnã. ‘Os gangsteres do complexo monopolista militar escolheram o lugar, a hora, possivelmente os executantes’ [WERNEK, Sodré, Nelson, Quem Matou Kennedy, Rio de Janeiro: Gernasa, 1963. p.28].

A iminente falência de algumas empresas de material bélico, antes do atentado, era factual! Após o assassinato, passou a ser a grande expectativa de lucro. Através do documento presidencial 273, assinado por Lyndon Johnson, o sonho da resolução pacífica dos conflitos por parte do presidente assassinado se desfez, mas eternizou suas palavras: ‘Que tipo de paz eu desejo? Não a pax americana forçada ao mundo por armas americanas…’ Seus assassinos não queriam sua paz.

A busca da verdade real

O promotor distrital de New Orleans Jim Garrison, opondo resistência ao que era posto como verdade, começou a apontar uma outra versão: a de que houve um golpe de Estado! Contra ele, uma máquina foi acionada: uma engrenagem que envolveu até o presidente da Comissão que investigava o assassinato de JFK, a Comissão Warren! O então presidente da Suprema Corte Americana, Earl Warren, em flagrante pronunciamento antecipado, defende a tese do ‘atirador solitário’… Antes que houvesse uma apuração devida – alijando o princípio do devido processo legal, presente na 5ª Emenda da Constituição Americana. Faltou razoabilidade para quem deveria ser o exemplo. Percebe-se que a Comissão estava eivada de tendenciosidade, o que configuraria a suspeição inequívoca.

Garrison afirmou: ‘Warren declarou que não tinha ouvido `um só fato´ que refutasse as conclusões da Comissão de que Lee Oswald era o assassino solitário (…) Tratava-se de um comportamento insólito para o juiz presidente da Corte Suprema dos Estados Unidos’ [GARRISON, Jim, Na Trilha dos Assassinos, Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1992, p.131]. E o mais grave é que não foi só o judiciário, mas também a mídia a atacá-lo! Garrison disse: ‘Quando tentei trazer à luz algumas dessas ligações tão desconcertantes, o governo dos Estados Unidos e a grande imprensa caíram em cima de mim. Fui aviltado na imprensa como demagogo, charlatão e comunista’ [GARRISON, Jim, Na Trilha dos Assassinos, Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1992, XII]. O esforço investigativo de Garrison foi abafado pela repetição da mentira. Ele fez as perguntas certas: quem se beneficiaria com o assassinato do presidente? Quem tinha o poder de ocultar os indícios de autoria?

Muitas das informações mais importantes sobre o assassinato de Kennedy jamais serão reveladas ao povo. São documentos confiscados indevidamente com o selo de ‘ultra-secretos’. O poder sempre terá uma resposta conveniente e oportuna para escondê-los: segurança nacional!

O presidente mentiu!

O presidente Lyndon Johnson enganou o povo americano: ‘Meus caros cidadãos americanos… Repetidos atos hostis contra navios dos Estados unidos em alto mar no Golfo de Tonquim exigiram que eu hoje ordenasse que as forças militares ajam em resposta’ [JARECKI, Eugene, Razões para a Guerra, Sony Pictures Classics, 99 min. Documentário, 2006]. Mentiu e mandou arquivar todos os documentos que poderiam provar que o ataque era uma farsa – os documentos só foram desclassificados quase quarenta anos depois. A mentira do presidente foi a causa de dois milhões de mortes, entre essas, 58 mil de americanos – todos aviltados em sua dignidade de pessoas humanas – 6,5 milhões de toneladas de bombas lançadas no Vietnã, mais do que na Segunda Grande Guerra, bombas despejadas para esvaziar os estoques dos galpões lotados nas fábricas de armamentos. Três mil helicópteros destruídos! Bilhões de dólares de lucro para as corporações de material bélico. Em contraparte, uma perda inestimável de vidas humanas, de fauna e flora! Johnson feriu a Constituição americana. Ignorou a 14ª Emenda: a igualdade de todos perante a lei foi agredida pelo uso indevido do poder discricionário. O governante pode determinar o arquivamento de documentos incriminadores, o cidadão comum… Não! Isso é abuso do poder público! A América perdeu a Guerra do Vietnã. O comunismo não se alastrou pelo Sudeste Asiático. Uma derrota vergonhosa e desnecessária! ‘O que a América perdeu no Vietnã, para dizer apenas uma palavra, foi a virtude’ [TUCHMAN, Bárbara, A Marcha da Insensatez, Rio de Janeiro: José Olimpio Editora, 1984, p. 380].

A premissa maior é a de que sem a guerra não há lucro, não há dinheiro: ‘O estado de guerra perpétua, a guerra sem fim, constituía uma necessidade vital para os Estados Unidos, não apenas econômica, mas também política. Sua economia passara a depender, em grande proporção, das indústrias de material bélico’ [MONIZ BANDEIRA, Luiz Alberto, Formação do Império Americano, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, p. 684]. Além do negócio em si, lá se instalou um sistema que emprega milhares de famílias. Eisenhower alertava à época: ‘Três milhões e meio de homens e mulheres estão empenhados diretamente no sistema de defesa. Sua influência total, econômica, política, até espiritual, é sentida em cada cidade, cada prédio de governo estadual e cada gabinete federal’ [JARECKI, Eugene, Razões para a Guerra, Sony Pictures Classics, 99 min. Documentário, 2006].

A mídia corporativa, nossa única força para lutar pelo acesso a informações importantes, por sua vez, está perigosamente comprometida. O patronato das empresas de comunicação tem interesses outros que não o da informação isenta. Derivam dessa constatação vínculos escusos que fazem da notícia produto de barganha. ‘Relações promíscuas entre magnatas da mídia e o governo’ [BUCCI, Eugênio, A Imprensa e o Dever da Liberdade, São Paulo: Contexto2009, p. 75]. Deparamos com um sistema contínuo, indestrutível e perigosamente impune, de falsear a verdade.

A História sem fim

A falência da URSS, apesar de representar uma vitória para o mundo livre, foi para o complexo industrial militar, motivo de preocupação. O grande inimigo que dava razão para o fabrico descomunal de armamentos, estava pulverizado, destruído. Houve um sinal de alerta para essas empresas. Não existiria mais o motivo regente para fabricarem-se tantas armas! O inimigo poderoso e ameaçador tinha virado pó! Surge desta constatação a necessidade de buscar-se um substituto à altura. Então, os intelectuais – das corporações de armamentos e outros – Iniciaram um ‘Projeto para o Novo o Século Americano’ [http://www.newamericancentury.org/].

Um plano eficiente tinha que ser materializado. A CIA percebe uma orquestração no Oriente Médio. Uma quadrilha fundamentalista entranhada nos confins do mundo decide fazer um grande atentado contra o império. A quadrilha ganharia o status da extinta URSS. Os neocons se voltaram para o Afeganistão, para Osama bin Laden e seu bando. O problema trabalhoso, e embaraçoso, era abafar tantos avisos vindos de várias inteligências mundiais que facilmente detectaram o plano e avisavam constantemente a Inteligência Americana. A certeza de que a Al Qaida estava orquestrando o futuro ataque ocorreu no dia 5 de janeiro de 2000, em Kuala Lumpur – reunião pela qual a CIA e o FBI passaram a saber quem seriam os executores do futuro atentado. Em operação conjunta com a inteligência da Malásia, a CIA requisitou que a inteligência local, fotografasse, gravasse e filmasse os integrantes da reunião. Esses mesmos elementos sem mudar seus nomes, sem disfarces, monitorados pelos órgãos de inteligência, entram em território americano – sabe-se lá Deus ou Alá…como! Configurou-se então o liame subjetivo imantando o interesse de se locupletar por parte dos neocons, com o devaneio fundamentalista de Bin Laden. Em setembro do mesmo ano, os ‘estrategistas’ do Pentágono sentiram a segurança para colocar no projeto intitulado: Rebuilding America´s Defenses [http://www.newamericancentury.org/defensenationalsecurity.htm] a assertiva de que novos e vultosos investimentos em armamentos só ocorreriam com uma tragédia que comovesse a todos. Com a população emocionada, apavorada, o apoio seria incondicional – Hitler disse: ‘Para que haja uma intervenção pela força bruta é preciso uma ideologia que leve o povo a apoiar essa intervenção, ou então ela não poderá acontecer.’ Essa expectativa está inserida no texto do projeto supracitado: ‘O processo de transformação, mesmo trazendo mudança revolucionária, provavelmente será longo, a menos que haja algum evento catastrófico catalisador algo como um novo Pearl Harbour’ [http://www.newamericancentury.org/defensenationalsecurity.htm]. O projeto foi publicado em setembro de 2000. Um ano depois, o ‘evento catastrófico catalisador’ que tanto esperavam… aconteceu!

O presidential daily brief

A íntegra do relatório que o presidente Bush recebeu no dia 6 de agosto de 2001, intitulado: ‘Bin Laden determinado a atacar dentro dos EUA’, foi classificada por Bush. O presidential daily brief foi escrito por analistas veteranos da CIA, e alertava sobre o perigo iminente: ‘Os parágrafos conclusivos do PDB eram destinados a dizer ao presidente que a ameaça era atual (…) padrões de atividade suspeita neste país, consistentes com preparações para sequestros ou outros tipos de ataques, inclusive vigilância recente a edificações federais em Nova York’ [SHENON, Philip, A Comissão, São Paulo: Larousse, 2009 p.483]. Condoleezza Rice, então conselheira de Segurança Nacional, tentou falsear a verdade perante a Comissão Bipartidária do Senado ao afirmar que o relatório continha apenas ‘informações históricas baseadas em relatórios antigos’ [MOORE, Michael, Fahrenheit 9/11, The Felowship Adventure Group, 122 min. Documentário, 2004] – quando depôs, sob compromisso de dizer a verdade para a Comissão.

Rice provavelmente tenha cometido perjúrio para blindar Bush do risco de sofrer um processo de impeachment. Suponhamos que esse documento pudesse ser desclassificado em sua íntegra, tornando clara a intenção de Bush de ‘não agir’ diante de tantos alertas. Uma ‘omissão que se mostraria penalmente relevante’ pois, o presidente ‘deveria e poderia agir para evitar o resultado’. Configurar-se-ia uma ‘omissão imprópria’ [NUCCI, Guilherme de Souza, Manual de Direito Penal, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009 p. 213] e grave para com sua ‘obrigação de cuidado, proteção e vigilância’ [Artigo 13, parágrafo 2º, alínea a do Código Penal Brasileiro] do povo norte-americano. Essa constatação enquadraria Bush no Crime de Responsabilidade tipificado no artigo 1º, Seção 3 da Constituição Americana.

A afirmação de Condoleezza não condiz com a verdade se confrontada com a dos agentes da CIA – tutelados pela presunção de veracidade ao elaborar o documento. Ela não poderia alegar o seu direito de até mentir, por ‘não ser obrigada a servir de testemunha contra si própria’ [ PRIETO ALVAREZ, Anselmo e NOVAES FILHO, Wladimir, A Constituição dos EUA Anotada, São Paulo: LTR Editora, 2008 p.69] – direito presente na 5ª emenda da Constituição Americana -, Entretanto, ela estava sob juramento e compromissada de dizer a verdade, logo, se mentiu perante a Comissão do Senado, poderia ser enquadrada no crime de falso testemunho. Mas como esse relatório está escondido – cerceando o princípio do devido processo legal, o mundo fica refém da discricionariedade indevida dos principais suspeitos. Diante dessas irregularidades só o que nos resta é desconfiar de que uma coisa grave está sendo ocultada. Se não houvesse nada para esconder, nada seria arquivado, tudo estaria às claras. No Estado Democrático de Direito, a publicidade é a regra… A ocultação de documentos… a exceção!

‘A decisão discricionária do poder público será sempre ilegítima, desde que irracional, mesmo que não transgrida explicitamente norma concreta e expressa’ [GORDILLO, Augustin, Princípios gerais de Direito Público, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1977 p.183], a ‘proibição de divulgação de documentos na média de 125 por minuto (…), um recorde de 15,6 milhões de documentos foram tornados confidenciais em 2004, praticamente o dobro em relação a 2001’ (O Globo, 4 de julho de 2005), fez com que Bush pudesse manter sua grande farsa de alegar desconhecimento dos fatos. Com isso, alcançou 90% de popularidade. Popularidade suficiente para continuar enganando a população ao afirmar que Saddam Hussein tinha armas químicas, biológicas e até atômicas – exatamente como Lyndon Johnson houvera feito quatro décadas antes. Bush mentiu sobre a causa que justificaria a invasão. E o mundo sabe disso! Saddam Hussein, um tiranete içado ao status de grande ameaça mundial, foi encontrado como um indigente em um buraco imundo, sem ter usado nenhuma de suas ‘armas letais’.

A brincadeira de Bush ceifou a vida de aproximadamente 100 mil civis, entre esses, muitas crianças. 4.413 soldados americanos mortos e outros tantos mutilados, inválidos. Um lucro imenso para a indústria bélica! A conta da farsa foi de US$ 3 trilhões (segundo Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia) [O Globo, 23 de março de 2008]. Alguém pode imaginar o quanto esses três trilhões poderiam ser úteis para minimizar a miserabilidade de grande parte da humanidade? Alguém poderá prever onde será o próximo palco de guerra? Deve-se ressaltar que as armas continuam a ser produzidas… Zilhões delas… Sem controle algum!

A guerra por ‘necessidade’… De quem?

O presidente Barack Obama resolveu encerrar a guerra ‘por opção’ (Iraque) que herdou de seu antecessor. Agora poderá concentrar-se em sua ‘guerra por necessidade’ (Afeganistão), que também herdou. Outro legado de Bush é seu secretário de Defesa, Robert Gates, provavelmente uma indicação corporativa para dar continuidade à política beligerante.

Quando o mundo imaginava uma atitude de aversão às guerras de Bush, Obama, após receber o Prêmio Nobel da Paz, envia mais 30 mil soldados, para complementar os 68 mil que estão lá. E pede mais bilhões para continuar no Afeganistão. Qual a razão? Caçar Osama bin Laden? Que nada! O negócio – na literalidade da palavra – é, ao que tudo indica, bombardear o que já está em ruínas – gastando os estoques de bombas da indústria bélica. E, provavelmente, continuar a política de Bush. Detecta-se também uma estranha distribuição de dinheiro para as lideranças locais que, segundo Seymour Hersh, era a de encher os chefes tribais locais com milhares de dólares: ‘A CIA e os serviços militares pagaram milhares de dólares à liderança da Aliança do Norte e as outras facções tribais do Afeganistão pelo seu contínuo apoio na guerra’ [ HERSH, Seymour M, Cadeia de Comando, Rio de janeiro: Ediouro, 2004 p. 167].

Os ‘bárbaros’, muito satisfeitos, investem desde aquela época em floricultura: lindas plantações de papoulas multicoloridas (o Afeganistão é o maior produtor mundial de ópio). Distribuíram-se milhares de dólares para os ‘senhores da guerra’ locais que se tornaram os atuais ‘senhores das drogas’ e assim também passaram a dominar a política. Haja vista, o que ocorre agora com o sistema corrupto do Afeganistão: ‘O irmão do presidente (Hamid Karzai), Ahmed Wali Karzai, dá as cartas no sul do Afeganistão, particularmente em Kandahar, berço do Talebã (…) Os interesses do primeiro-irmão incluem forte relação com o cultivo de ópio’ [O Globo, 1 de abril de 2010]. 1.800 soldados americanos estão mortos, milhares de afegãos também! As verbas do orçamento destinadas à Defesa para 2011, alcançam a estratosférica marca de US$ 708 bilhões (6,1% superior ao que alcançou seu antecessor – e o dobro do de 2002, US$ 344 bilhões), o presidente em seu discurso afirma: ‘Eu rechaço a noção de que temos de gastar bilhões de dólares para manter esta nação segura’ (O Estado de S. Paulo, 23 de maio de 2009).

Faça o que eu digo… Não o que eu faço (?!)

E Bin Laden, onde está?

Segundo investigação feita pelo jornal The Washington Post, a estrutura de segurança dos EUA tornou-se um supersistema que conta com a participação de ‘1.931 agências privadas e 1.271 agências governamentais que empregam 850 mil pessoas envolvidas na luta contra o terror’ [O Globo, 20 de julho de 2010], com uma verba anual que atinge US$ 75 bilhões ao ano. Há nove, não faz ideia de onde esteja Osama bin Laden – o responsável pelo atentado de 11 de setembro de 2001. A última notícia que se tem dele é que provavelmente tenha fugido a cavalo.

Os dois atentados que marcaram a História contemporânea, em verdade, são explicados pelas mesmas forças que foram beneficiadas com os episódios! Logo, a ‘versão oficial’ dos fatos modifica-os, escondendo-os do grande público. Confiscam provas classificando-as como ‘ultra-secretas’ e depois alegam ‘teoria da conspiração’ a qualquer contestação a essas versões infantis. A atitude crítica perante tudo isso está tutelada pelo Artigo 19 do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e políticos da ONU: ‘Toda pessoa terá direito à liberdade de expressão; esse direito incluirá a liberdade de procurar, receber e difundir informações e ideias de qualquer natureza, independentemente de considerações de fronteiras, verbalmente ou por escrito’.

George W. Bush contou com a falta de combatividade de uma mídia cada vez mais subserviente ao poder. Mas não é por isso que cidadãos conscientes devam se calar!

Os fatos indicam a anuência de Bush para que o atentado de 11 de setembro de 2001 ocorresse. Hipótese absurda é tentar fazer-nos convencer que um líder fundamentalista (Bin Laden) conseguisse mandar um bando de amadores para os EUA e esses burlassem o esquema de segurança do país – e com seus nomes verdadeiros de terroristas, fichados no FBI realizassem o atentado. Eles, os terroristas, tinham conta em banco, seus nomes (de batismo) na lista telefônica na cidade de San Diego, na Califórnia (o telefone estava grampeado – com autorização judicial), recebiam multa de trânsito e pagavam suas passagens com cartão de crédito (17 dias antes do atentado). Todos os órgãos de inteligência dos EUA sabiam quem eram os terroristas que cometeriam o atentado e seu propósito: sequestrar aviões! Nos escritórios regionais do FBI em Phoenix [http://www.thesmokinggun.com/documents/crime/2001-memo-warned-bin-laden-aviation-cadre] e Mineápolis [http://www.time.com/time/covers/1101020603/memo.html] havia gente honesta trabalhando para salvar seu país – infelizmente foram obstados no prosseguimento de suas investigações, antes do atentado, por seus superiores hierárquicos do departamento Antiterror em Washington. Configura-se assim a exigibilidade de conduta diversa por parte dos supervisores, pois os agentes do FBI apresentaram a ‘causa provável’ inconteste para prosseguir.

A pergunta que não quer calar é: qual a razão para obstruir a investigação dos agentes? O chefe do CSG (Grupo de Segurança Antiterrorismo) Richard Clarke afirmou: ‘ Fiquei perplexo, não porque o ataque viesse da Al Qaida, mas pelo fato de haver gente da Al Qaida a bordo de aviões usando nomes que o FBI sabia ser da organização terrorista. Então como é que esses putos conseguiram embarcar?’ [CLARKE, Richard A., Contra Todos os Inimigos, São Paulo: Francis p. 30]. A pessoa mais gabaritada para responder não seria a mesma que perguntou?

O presidente Theodore Roosevelt disse: ‘Todas as contribuições de corporações para qualquer comitê político ou por qualquer propósito político deveriam ser proibidas por lei’ (O Globo, 3 de junho de 2010). As corporações de material bélico impõem um paradigma fatal, que além de distorcer a função constitucional das Forças Armadas – pondo em constante risco jovens norte-americanos, em guerras provocadas por motivos falsos –, denigre toda a imagem de uma nação, cuja origem é o exemplo sempiterno da democracia! A Declaração de Independência da América define o que deve ser feito quando o sistema falha para com a população: ‘Sempre que qualquer forma de governo se torne destrutiva de tais fins, é direito do povo alterá-la ou aboli-la’ [ PRIETO ALVAREZ, Anselmo e NOVAES FILHO, Wladimir, A Constituição dos EUA Anotada, São Paulo: LTR Editora, 2008 p.15]. A ficção de George Orwell (1984) se confunde com a realidade: ‘Pouco importa que a guerra vá bem ou mal. O que importa é que possa existir o estado de guerra’ [ORWELL, George, 1984, São Paulo: Companhia Editora nacional, 1979 p.180. Donde se conclui que para a indústria da guerra… A paz é um mau negócio!

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Jornalista