Virgindade e anonimato de fontes. Estes dois temas controversos foram debatidos por Deborah Howell em sua coluna de domingo (30/7) no Washington Post. Segundo ela, muitos leitores reclamaram sobre a matéria de 22/7 escrita por Laura Sessions Stepp sobre como mulheres perderam sua virgindade. A coluna da repórter Dana Milbank, publicada na semana passada, sobre um republicano que não quis se identificar e que teria criticado o presidente George Bush, também recebeu diversas críticas de leitores. Posteriormente, a identidade do político acabou sendo revelada.
Para a ombudsman, o artigo de Dana ilustrou não apenas os problemas enfrentados pelos republicanos este ano, mas também como os políticos tentam colocar a culpa em outros sem assumir responsabilidades. Na opinião de Deborah, o artigo também mostra como os repórteres concordam facilmente em defender os políticos. ‘Os leitores sabem da minha opinião do uso gratuito de fontes anônimas, mas não é muito inteligente da parte de um candidato para o Senado americano chamar nove jornalistas para almoço, incluindo a colunista do Post, criticar a administração e então esperar que fique anônimo’, observou Deborah.
Deborah informou que Dana pediu a Doug Heye, porta-voz da fonte anônima – Michael Steele –, para usar o nome do republicano na matéria. No fim da tarde, Heye negou o pedido e a repórter não divulgou a identidade de Steele. ‘Mas é óbvio que o candidato seria revelado no fim do dia. Em poucas horas, a ABC News divulgou a identidade dele’, disse Deborah.
O tabu da virgindade
Sobre a matéria da virgindade, a leitora Janet R. Clarke escreveu para a ombudsman expressando sua indignação sobre o conteúdo do artigo, publicado em uma seção que muitas crianças lêem. Laura é repórter do Post há 24 anos, especializada em escrever sobre adolescentes – o que significa muitas vezes escrever sobre sexo. ‘Eu acho que sexo é um dos temas que não conversamos muito com jovens. Eles têm informações sobre sexo através da MTV, filmes eróticos e conversas com amigos. Quero trazer este assunto para debate’, revelou Laura. A jornalista escreveu dois livros sobre adolescência – um deles será publicado em fevereiro. Alguns depoimentos de seu livro foram usados em seu artigo no Post.
Segundo Deborah, muitos leitores questionaram os motivos de Deborah não ter entrevistado homens ou especialistas. ‘A experiência da perda da virgindade é diferente para mulheres’, disse Laura.
Nem todos os leitores viram o artigo com reprovação. ‘A matéria gerou um maravilhoso debate com minha filha adolescente. Estes assuntos são difíceis de conversar, então o artigo e seus exemplos foram úteis’, escreveu a leitora Karen Nelson.
Deborah revela que, à primeira vista, não percebeu que a matéria era sobre a virgindade, pois o título era: ‘Diversão quente (ou não) no verão’. A ombudsman afirma que respeita o trabalho de Deborah. ‘Os casos foram contados com sensibilidade, especialmente sobre a mulher que ficou grávida na sua primeira transa’, opinou ela. ‘Mas a análise de especialistas teria sido importante para dar mais seriedade ao artigo e, correndo o risco de soar como uma velha antiquada, eu gostaria de ter lido uma reflexão de uma mulher que tivesse esperado até ficar noiva ou casar para ter sexo, para que este ponto de vista fosse representado.’ Um detalhe interessante: todas as mulheres do artigo de Laura foram identificadas.