Monday, 18 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Agência Carta Maior

PRÊMIO
Agência Carta Maior

Carta Maior vence Prêmio CNT de Jornalismo na categoria internet, 9/11

‘Série especial ‘SP (quase) parada’ leva o Prêmio CNT de Jornalismo 2007, da Confederação Nacional do Transporte, em Mídia Internet. Reportagens do jornalista Antonio Biondi abordam os problemas de transportes e apontam soluções.

A série especial de reportagens ‘SP (quase) parada’, da Carta Maior, é a vencedora do Prêmio CNT de Jornalismo 2007, da Confederação Nacional do Transporte, na categoria Mídia Internet.

De autoria do jornalista Antonio Biondi, a série ‘SP (quase) parada’ aborda os problemas atuais do trânsito e transportes na metrópole paulistana, buscando apontar soluções e caminhos para os desafios colocados.

Para o jornalista, as reportagens refletem ‘mais um resultado do fundamental trabalho em equipe desenvolvido ao longo da história da Carta Maior por um mundo melhor’. Além de ouvir diversos especialistas e órgãos do poder público que atuam no setor, a reportagem buscou estabelecer a ligação entre as políticas de transporte e outras áreas fundamentais, como uso e ocupação do solo.

Segundo a assessoria de imprensa da confederação, o jornalista Rodrigo Carvalheiro, do jornal Zero Hora (RS), é o vencedor geral do Prêmio CNT de Jornalismo 2007, com a reportagem ‘Propina na ruta 14’.

Outras informações sobre o prêmio se encontram na página da CNT, na qual os vencedores das demais categorias – todos eles integrantes da grande imprensa – podem ser conhecidos.

Para Biondi, especialmente tomando-se por base os vencedores nas outras categorias, ‘a conquista é não somente da equipe da Carta Maior, mas de toda a mídia alternativa’.

A solenidade de entrega do prêmio, que chegou a sua 14a edição, acontece no dia 28 de novembro, em Brasília.’

 

MÍDIA EM DEBATE
Agência Carta Maior

Fórum internacional debate mídia, poder e democracia, 9/11

‘Encontro será realizado de 12 a 14 de novembro, em Salvador, reunindo profissionais e pesquisadores da área da comunicação. Fórum quer debater atuação da mídia, suas relações com o poder e sua importância para a consolidação da democracia.

De 12 a 14 de novembro, o Fórum Internacional: Mídia, Poder e Democracia reunirá, em Salvador (BA), pesquisadores brasileiros e estrangeiros, profissionais, representantes do governo, organizações da sociedade civil do Brasil, América Latina e Europa. O evento será realizado no Salão Atlântico do Hotel Tropical da Bahia, no Campo Grande. Durante os três dias do encontro serão realizadas seis mesas-redondas com as temáticas: Mídia e Democracia no Brasil, Democracia e TV Pública, O Papel dos Observatórios de Mídia, Impactos da Mídia sobre a Democracia e a Política, A Sociedade Civil e a Democratização da Comunicação e Mídia e Eleições na América Latina.

O objetivo do Fórum Internacional: Mídia Poder e Democracia é promover o debate sobre sobre a atuação da mídia, suas relações com o poder e sua importância para a consolidação da democracia na atualidade. O encontro tem como público-alvo pesquisadores, professores, estudantes universitários e cidadãos interessados no tema. As inscrições custam R$ 20 para estudantes e R$ 40 para profissionais e podem ser feitas na Fapex, ou nos dias do evento.

O Fórum é promovido pelo Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (CULT), pelo Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (PÓS-CULTURA) da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia e pelo Observatório Brasileiro de Mídia / Media Watch Global. Maiores informações podem ser obtidas nos seguntes endereços:

Site do Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (CULT)

Endereço eletrônico: cult@ufba.br

Telefone 71 3283 6198.’

 

TROPA DE ELITE
João Ferrer

Tropa de Elite ou o caos como ordem, 7/11

‘Ao não apresentar saída, o filme revela uma visão niilista, que, entretanto, não pode ser identificada com uma abordagem reacionária. É a própria lógica que engendra a sociedade que precisa do Bope que é violenta e autoritária.

‘Temos a arte para não morrermos da verdade’

F. Nietzsche – Vontade de Poder

O filme ‘Tropa de Elite’ tem causado polêmica. Ancorado em uma estratégia de marketing enaltecedora da desordem, que conviveu com a reprodução ‘ilegal’ de milhões de cópias antes mesmo do filme ser lançado, acabou por ocupar um papel destacado na reflexão sobre um aspecto paradigmático da realidade brasileira contemporânea: a violência nas periferias dos grandes aglomerados urbanos. Apenas por isso, já seria uma boa notícia. Mas o filme é bom em sua dimensão estética e sugestivo na sua dimensão ética.

Primeiro é preciso superar a idéia que se trata de um filme realista. A idéia da possibilidade de um realismo, no sentido da retratação objetiva da realidade, é um idealismo. A realidade é sempre uma objetividade subjetivada, portanto, uma interpretação. Sua representação mais universal é, digamos assim, a fala hegemônica, que é aquela que mais estabelece nexos com os ‘sentimentos’ de uma determinada comunidade. Mas essa fala hegemônica não é, por óbvio, toda a possibilidade de interpretações, não é, portanto, toda a realidade.

É por isso que o filme ‘Tropa de Elite’ não é um filme realista. Ele é o relato de uma interpretação. Mas ele também não se pretende realista, mesmo que fale em ‘retrato da realidade’ em sua publicidade. Isso fica claro desde o início a partir da adoção de uma técnica explícita para identificar o narrador. O off impõe à ‘realidade’ uma fala subjetiva e assume o monopólio da função cognitiva. Fica claro que estamos vendo ali uma realidade retratada por um dos sujeitos das relações sociais que vão se estabelecer no decorrer da história.

Sendo um relato pessoal, é natural a simplificação da narrativa. O que não significa dizer uma narrativa simples. Ao contrário, compreende-se, ali, o ponto de vista contraditório e, às vezes, confuso, de um dos múltiplos sujeitos que se confrontam no cotidiano de violências dos morros cariocas. Mas o filme é nítido: o conflito é entre o Bope e os traficantes e quem o relata é um membro do Bope. Apenas esses dois protagonistas têm consciência. Todo o resto está alienado em sua vidinha secundária; são ingênuos, hipócritas, corruptos, alienados. Todos os outros não compreenderam o que está acontecendo. E, nesse sentido, é preciso que se diga, não se trata de uma abordagem hegemônica do conflito. No filme, a vida real vai do apartamento de dois quartos do capitão Nascimento ao casebre do ‘dono do morro’. As festinhas da classe média e as aulas de direito, onde se elabora o ‘discurso hegemônico’ são como uma psicose coletiva de prazer e intelecção, são uma alienação.

Mas o relato do narrador sobre a função dos outros múltiplos sujeitos que compartilham com ele a ‘realidade’ da vida no Rio de Janeiro é, também, um relato alienado. Os nexos entre corrupção, polícia e política, por exemplo, são mostrados na sua superfície e a conexão entre o uso de drogas e o sistema do tráfico ganha uma centralidade causal que está longe de existir. Assim, a narrativa faz, também, uma crítica ao ponto de vista do narrador, que é apresentado na sua crueldade simplificadora, estética e eticamente

A questão, então, é ver se o filme, que retrata um ponto de vista sobre o conflito da periferia carioca, sugere uma saída, propõe alguma panacéia. Não creio. Grosso modo, todo o instituído é criticado: a política está submetida aos ‘negócios’ da droga, a ‘utopia ongueira’ acaba por ser conivente com o tráfico e mesmo o Bope, que reproduz guerreiros hábeis e alienados, torna-se apenas um instrumento de limpeza, mas não de libertação. O sistema, portanto, constitui-se em um ciclo que tende a se reproduzir até o limite da desrazão, fazendo com que o próprio capitão do Bope se sinta impelido à fuga. Trata-se de um mundo sem evasão.

Muitos viram no filme um libélo reacionário, que enaltece a violência, a tortura e a visão totalitária que fundamenta a narrativa do protagonista principal. Não concordo. O herói que nasce ao final do filme, assim como o narrador, não é um herói; como alguém que se sobrepõe ao sistema para ordená-lo. Ele também não nos sugere qualquer identificação, na medida em que é difícil que alguém saia do cinema querendo ser um capitão do Bope (com raríssimas exceções, por óbvio). Ao contrário, o herói é um ser desumanizado. Para ele, sua função é uma necessidade, não uma escolha. A liberdade para ele, então, é, como já sustentou o filósofo alemão da epígrafe, ‘a aceitação consciente de um destino necessitante’. Não há glória em estourar a cara de um bandido com uma 12, mas uma consciência assumida da necessidade da sua função para o ordenamento da sociedade que não compreende, mas conhece os mecanismos. A ordem, aqui, é o caos.

Temos, então, uma reflexão não sobre a guerra do tráfico, mas sobre as relações de poder, em que todos os protagonistas são sujeitos e objetos. As sacanagens internas na polícia, o toma lá dá cá entre policiais e políticos, a estúpida convivência entre o libertarismo dos ativistas das ongs com as regras tirânicas dos traficantes, o paradoxo entre as mortes de crianças e o nascimento de um filho na vida do capitão Nascimento, tudo é parte desse conflito irracional e interminável que funda a sociedade, o conflito dos humanos com sua própria humanidade. Ao não apresentar saída, o filme revela uma visão niilista, que, entretanto, não pode ser identificada com uma abordagem reacionária. É a própria lógica que engendra a sociedade que precisa do Bope que é violenta e autoritária. E o ciclo de violência, corrupção e alienação que se retroalimenta é que precisa, então, ser pensado como objeto da transformação. Não se trata, portanto, de sugerir qualquer violação ao ordenamento do Estado de Direito, mas de pensar o próprio direito de o Estado se impor como ordem.’

 

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Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

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