Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Candidatos-radiodifusores, um abuso antigo

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.


As imagens que vocês verão a seguir foram mostradas ontem em todo o mundo, vão entrar para a história, mas não temos o direito de reproduzi-las.


[entram imagens da cabeçada de Zidane]


A famosa cabeçada de Zidane no zagueiro Materazzi na final da Copa vai entrar para a história do futebol e muito provavelmente entrará também para a história da intolerância. Mas, como ocorreu num jogo e os jogos da Copa têm dono, não está autorizada a reprodução destas imagens pela TV. O episódio serve para lembrar o que falamos na edição passada. Quando o jornalismo se converte em espetáculo, até para ver a história do mundo é preciso pagar ingressos.


Este Observatório da Imprensa já tratou duas vezes deste assunto ultimamente. Não colou. Mas depois do escândalo do mensalão e agora, com o aparecimento dos sanguessugas, tudo o que tem a ver com o Congresso começa a chamar a atenção.


De repente a mídia começou a prestar atenção a um abuso antigo: os parlamentares que se concedem concessões de rádio e TV. Em novembro passado, a mídia ignorou uma pequena solenidade em Brasília: o jornalista Mauro Malin, presidente do Instituto PROJOR, entidade mantenedora do projeto do Observatório da Imprensa, entregou à Procuradoria-Geral da República os subsídios para uma representação contra os parlamentares que, no lugar de fiscalizar as concessões de rádio e TV, desobedecem à Constituição e distribuem o privilégio entre eles.


Desta vez, a imprensa estrilou. Primeiro a Folha de S. Paulo, em seguida o Estado de S. Paulo e a Carta Capital juntaram-se ao coro de protestos. Mas as eleições estão aí: os deputados-radiodifusores deverão aproveitar-se fartamente da dupla condição de candidatos e comunicadores.


Enquanto a Procuradoria-Geral da República não se manifesta, não seria o caso de se cobrar publicamente do TSE uma providência imediata, ainda que provisória, para interromper o abuso? Com a palavra o ministro Marco Aurélio de Mello.