Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Claudio Lessa

‘A dança das cadeiras no jornalismo de televisão, com a dupla global Carlos Nascimento-Joelmir Betting agora na Rede Bandeirantes, bem como o ambicioso lançamento de uma nova novela pela Rede Record, toda gravada em alta definição, me chamam atenção pelo esforço de oferecer ao telespectador uma alternativa ao padrão Globo de qualidade. Me faz lembrar também que, se a situação geral não fosse tão trágica, eu não pararia de achar graça no Brasil, país que, por meio de um impressionante esquema de retroalimentação, convive com e estimula o que se poderia chamar, no caso televisivo, de uma ‘síndrome do fracasso por exclusividade’.

Exemplo: vamos fazer um talk-show (seja no SBT, Band, RedeTV! ou Record) para bater de frente com o Jô Soares? Ah, não. Não dá. O Jô é dono do horário, não tem como ganhar dele e ponto final. No Brasil, o conceito profundamente antidemocrático de que ‘o primeiro que chega vira dono’ se instalou até no meio televisivo, ainda que nas férias do gordo o enlatado americano ‘24 Horas’ dê o dobro da audiência no horário. Outro exemplo: com a novela ‘Celebridade’ se destacando como uma das piores da Rede Globo, não era hora de a Record bater de frente com a adversária, que entra depois do Jornal Nacional – até mesmo para escapar da censura em relação aos peitinhos das atrizes, em uma cena ou outra? Ah, não. Não dá. Como enfrentar uma novela com o padrão Globo de qualidade, mesmo que a Metamorphoses tenha bom elenco e seja gravada em alta definição? Lá vem a síndrome do fracasso, e… o jeito é apanhar feio no ibope, batendo de frente logo com o JN, uma instituição que sobrevive indevidamente como a Voz do Brasil oficiosa pela TV.

Vale a pena copiar o padrão Globo de qualidade? Antes da resposta, três frases me vêm à mente: ‘Em televisão, nada se cria, tudo se copia’, atribuída ao mestre Abelardo ‘Chacrinha’ Barbosa; ‘Até um pedaço de m***a, quando bem empacotado, vende que é uma beleza’, atribuída à sabedoria popular; e ‘Televisão combina som e imagem’, frase encontrada em qualquer enciclopédia ou livro que pretenda começar a mostrar, de forma simplificada, os meandros técnicos deste aparelho.

Se a cópia do chamado padrão Globo de qualidade envolve a cópia de conteúdo, ideologia, valores, etc, não creio que valha a pena – especialmente quando se sabe que o desenvolvimento de um padrão (e isto não se restringe à Rede Globo, nem ao meio ‘televisão’) pode envolver outros interesses menos transparentes e muitas vezes menos sólidos, ética e moralmente.

A cópia do padrão Globo de qualidade técnica, esta sim, deveria estar sendo feita há décadas. Tome-se, por exemplo, as transmissões do JN e do Jornal da Band, ou a de uma corrida de F-1 e a de uma etapa da F-Indy. Nas transmissões da Rede Globo, a imagem e o som são top de linha, cristalinos. O Jornal da Band, por melhor que seja o conteúdo editorial, tem a imagem lavada, chuviscada, sem falar na qualidade do áudio, que deixa a desejar. As diferenças técnicas entre as transmissões das corridas, então, nem necessitam comentário. Desnecessário dizer, também, que a falta de apelo estético (imagem de primeira qualidade) implique diretamente o menor poder de atração publicitária, o que leva a orçamentos menores, etc, etc.

Este é o segredo de Polichinelo revelado aqui em primeira mão que leva, agora, a outra pergunta: por que as outras emissoras não investem em qualidade técnica de transmissão? Toda a parafernália de equipamentos – câmeras, microfones, transmissores, etc – está disponível no mercado a todas as emissoras – não é exclusiva da Rede Globo; os baixos salários pagos pelas TVs (inclusive a Globo) fazem com que profissionais da área técnica atuem em mais de uma emissora simultaneamente – ou seja, os conhecimentos técnicos são levados e trazidos de uma para outra, não havendo ‘segredos’. O que sobra? O estilo administrativo. Enquanto a Rede Globo, desde a compra do pacote Time-Life pelo empresário (então semi-analfabeto em TV) Roberto Marinho, optou pela ‘entrega’ do veículo a quem sabia pilotá-lo (Boni & Clark), todas as outras resolveram tocar o negócio como se ele fosse uma mercearia, onde o dono toma decisões baseadas no funcionamento (ou não) de seu intestino naquela manhã, ou no sucesso (ou fracasso) de suas relações conjugais na noite passada.

Enquanto as emissoras de televisão brasileiras não ousarem compreender que podem, devem e precisam urgentemente apresentar ao público uma alta qualidade total, em termos de som, imagem e estilo administrativo – que, hoje em dia, pode, deve e precisa ser copiada da Rede Globo, na falta de um exemplo interno melhor, todo o resto se resumirá a rompantes mais/menos inglórios, propelidos por jogadas de marketing de ocasião e adornadas por imagens mais/menos desbotadas e som de segunda classe, sempre regadas com a sensação de fracasso no ar. (*) Âncora, repórter e editor. Trabalhou na Rede Globo, Radiobrás, Voz da América, Rede Manchete, Radio JB e CBS Brasil. Foi correspondente na Casa Branca durante vários anos. Vive e trabalha atualmente em Brasília. É colunista do site Direto da Redação.’



GABI NA GLOBO
Daniel Castro

‘Gabi deixa SBT para fazer novela na Globo’, copyright Folha de S. Paulo, 24/03/04

‘A jornalista Marília Gabriela gravou anteontem no estúdio da produtora TV7, em São Paulo, os três últimos ‘De Frente com Gabi’ que serão exibidos pelo SBT. Gabi tinha contrato de produção independente para o SBT até agosto, mas, em negociação amigável, acaba de rompê-lo. Irá cumprir ‘aviso prévio’ de um mês, até o final de abril.

A jornalista irá dar uma guinada. Fará uma participação especial em ‘Dinastia’, próxima novela das oito da Globo, que exigiu exclusividade _por isso o seu rompimento com o SBT.

O contrato de Gabi com a Globo ainda está em negociação. A Folha apurou que a Globo ofereceu a ela, além da participação em ‘Dinastia’, que estréia em junho, outros trabalhos na área de teledramaturgia _ou seja, a jornalista e atriz poderá fazer mais novelas ou minisséries ou seriados.

Há a possibilidade também de Gabi ser aproveitada no jornalismo da própria Globo ou da Globo News. Mas ela não terá no grupo um outro ‘De Frente com Gabi’, porque já faz algo semelhante no canal pago GNT.

Gabi, que está fazendo curso com o diretor de teatro Antunes Filho, irá participar da primeira fase de ‘Dinastia’, que dura dez capítulos e se passa no final dos anos 60. Ela será a jornalista Josefa Magalhães Pinto, dona do jornal ‘Correio Carioca’. Ela protege perseguidos pela ditadura militar e acaba morrendo no exílio.

OUTRO CANAL

Internacional 1

A Globo estuda a relação custo-benefício de uma participação do cantor Elton John em ‘Celebridade’. A emissora diz que foi procurada pela ONG Elton John Aids Foundation, que arrecada recursos para pesquisas de medicamentos contra a Aids.

Internacional 2

A ONG, segundo a Globo, quer divulgar suas atividades no país. O problema é que não há previsão de quando Elton John virá ao Brasil. A Globo teria de gravar no exterior.

Choque 1

O helicóptero da Globo em São Paulo quase trombou com o da Record na manhã da última sexta, sobre o Cebolão. Ambos faziam cobertura de trânsito. No local, havia neblina.

Choque 2

A Globo afirma que fez todos os procedimentos (pediu autorização e informou rota ao DAC e à torre de comando). Diz que não tinha a informação de que havia outra aeronave parada em sua rota e que teve de fazer um desvio brusco para não bater.

Choque 3

Já a Record relata que o piloto da Globo foi alertado por seu piloto, pelo rádio, de que estava parado sobre o Cebolão.

Playback

Principal estrela do ‘Hebe’ (SBT) de anteontem, realizado na acústica Sala São Paulo com acompanhamento da Jazz Sinfônica, a inglesa Sarah Brightman simplesmente dublou pelo menos uma música, dispensando a orquestra.’



REALITY SHOWS
Daniel Castro

‘Globo fatura com baixaria de ‘Big Brother’’, copyright Folha de S. Paulo, 25/03/04

‘A parte mais forte do barraco do fim de semana em ‘Big Brother Brasil’, que TV Globo não mostrou, está disponível na internet em área exclusiva a assinantes do portal Globo.com. Até terça, tinha destaque no site, sob o título ‘o barraco do século’.

Com a censura na TV de parte do barraco, entre as participantes Solange e Marcela, a Globo prejudicou a segunda, que foi eliminada no programa de anteontem _que ignorou novas baixarias.

A edição da Globo acabou mostrando Marcela como barraqueira e preconceituosa. O que a Globo não exibiu, e está em vídeo na internet, é que Solange provocou Marcela com um ‘show’ erótico.

A parte censurada na TV aberta começa com Marcela dizendo que achava um ‘absurdo’ Solange ‘abrir as pernas debaixo do edredom’, porque crianças assistem ao programa em ‘pay-per-view’. Solange, que admitiu ter tido relações (sem camisinha) com Rogério, simulou um ato sexual. Marcela reagiu ironicamente. Solange deu o golpe baixo fatal: ‘Sua filha [de nove anos] está assistindo?’.

A Globo diz que os critérios de edição de ‘BBB’ visam contar a história dos relacionamentos, mas ‘preservando o telespectador’. A rede já está lucrando com o episódio. A edição de terça deu 51 pontos, recorde sem contar finais, e alavancou a Globo.com, com 11 milhões de votos pela internet. E os vídeos de ‘BBB’ são agora os mais vistos do portal.

OUTRO CANAL

Suspense

A cúpula da Record já discute uma eventual intervenção na novela ‘Metamorphoses’, produzida pela independente Casablanca, de Arlette Siaretta, e que sofreu debandada de roteiristas e deve perder diretores. Já se avalia a possibilidade de a emissora contratar um autor para assumir o texto da produção.

De perto

Silvio Santos dirigiu no palco as gravações, anteontem, do piloto do novo programa que Carlos Massa, o Ratinho, irá apresentar aos domingos, com calouros, animais e artistas famosos, em abril. Bem-humorado, se divertiu com as atrações.

De longe

O ‘Programa do Ratinho’, pelo menos em abril, continua diário. Se o dominical emplacar, deve ser reduzido. As edições de quartas, que dão maior audiência, passarão a entrar mais tarde, às 22h30, a partir do dia 14. Será precedida da série ‘Meu Cunhado’, que começou a ser gravada em 1999 e continua inédita.

Homenagem

Paulo Autran e Tônia Carrero vão participar de ‘Um Só Coração’. Eles serão dois senhores na platéia do TBC (Teatro Brasileiro de Comédia). No palco, estarão dois jovens atores em uma peça. Os atores representam Autran e Carrero no início da carreira.

Beleza

Cercada de mistério, a produção do ‘Domingo Legal’ prepara um novo quadro. Mas é só um concurso do tipo miss.’