Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

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ELEIÇÕES 2006
Tiago Cordeiro

Jornais encontram seu espaço, 25/08/06

‘A cada quatro anos, jornais do País se beneficiam com as eleições e a Copa do Mundo. Os dois eventos fazem o mercado crescer, pois os leitores costumam dar mais atenção ao noticiário. É bom para o Brasil e é bom para o mercado. Os leitores ficam mais bem informados e os jornais ganham mais investimentos. Se a televisão costuma atrair o País, há um número imenso de eleitores que conta com as páginas de jornal para saber em quem votar.

Para muitos impressos, o ciclo das eleições pode ser um tempo para reafirmar seus padrões. O Globo publicou um Estatuto para reafirmar suas posições. Ascânio Seleme, editor-executivo, revelou durante o encontro ‘Jornalismo e Eleições’ no Rio de Janeiro que o jornal deve comparar as promessas dos candidatos deste ano com outras que não foram cumpridas em eleições anteriores. No evento, Ana Maria Tahan, editora-chefe do Jornal do Brasil, minimizou o anúncio. ‘As 10 regras do O Globo são simplesmente os princípios básicos do jornalismo’.

‘Não abrimos mão de um valor: absoluta isenção e imparcialidade no noticiário. Os pontos de vista assumidos pelo jornal em editoriais não influenciam o espaço dedicado à informação’, revela Cláudio Augusto, editor de Política do Estado de S. Paulo sobre a cobertura. O Estadão deve mobilizar cerca de 50 profissionais para a cobertura das eleições deste ano, entre sucursais e correspondentes.

O número é ainda mais impressionante quando se lembra que boa parte desses profissionais também produz conteúdo para o site do jornal. Para muitos, esse tipo de sinergia desencoraja o leitor a comprar o impresso ao invés de simplesmente freqüentar o site. ‘O portal funciona como extensão do jornal impresso, mas terá iniciativas próprias na cobertura. Por exemplo: pode trazer candidatos a deputado para debater com os internautas’, explica Augusto.

A competição com a internet está longe de ser o único problema dos jornais. Se em grupos empresariais mais poderosos é fácil mobilizar profissionais por todo o País, em outros estados a situação é diferente.

‘Somos reféns do noticiário das agências, não só no período eleitoral, mas durante todo o ano’, afirmou Eduardo Aguiar, editor-executivo da Gazeta do Povo (PR) durante o ‘Papo na Redação’ desta semana. O editor revelou ainda que o jornal preferiu deixar a cobertura da campanha presidencial para as agências de notícias, a não ser quando os candidatos visitam o Estado. ‘É difícil retratar uma realidade nacional com pouco orçamento para viagens e produzindo as matérias de dentro da Redação’.

O mesmo problema ocorre com o Estado do Maranhão. Waldirene de Oliveira, editora responsável pela cobertura, revela que o jornal possui apenas três repórteres escalados. ‘Os repórteres-fotográficos são requisitados de acordo com a necessidade.’ Apesar disso, Waldirene revela que O Estado dá prioridade à qualidade em qualquer etapa e acredita colher bons resultados.

Mesmo com todas as dificuldades inerentes à infra-estrutura e horário, muitas empresas ainda precisam resolver outro problema: o da justiça. Em 2002, um juiz do TRF concedeu uma liminar que proibia o Correio Brasiliense de publicar o conteúdo de gravações em que candidatos e autoridades públicas conversavam, por telefone, sobre política, grilagem de terras e tráfico de influência.

‘As gravações tinham sido feitas pela Polícia Federal com autorização da Justiça, mas o Correio não pôde publicar’, revela Oswaldo Buarim, editor do jornal. Ele revela que hoje o diário conta com um escritório de advocacia. ‘Isso porque na Justiça Eleitoral as decisões são muito rápidas, praticamente sumárias’.

Com a concorrência que as novas mídias trouxeram, o jornal, que veio antes do rádio, da TV e da internet, ainda sobrevive encontrando sua própria importância. Para Buarim, o caminho das pedras está na profundidade e inovação. ‘Trabalhamos com foco nas matérias exclusivas, na reportagem que tenta sair do declaratório diário de candidatos, juízes, investigadores e investimos nos bastidores da notícia’. Ana Maria não vê muita diferença. ‘Não temos mais como concorrer com a internet, os canais de notícias a cabo e as rádios. A saída é analisar a notícia para trazer o novo ao público-leitor’.

Não parem as máquinas, a cobertura dos jornais impressos seguirá em frente.’

Carlos Chaparro

Na TV, os perigos do botox retórico, 25/08/06

‘O XIS DA QUESTÃO – No jogo de simulações que enche o horário eleitoral na TV, sob o encanto sedutor de rostos tratados com Botox, mentira e verdade se confundem, sob o efeito de um outro botox, esse sim, perigoso, o botox retórico, que esconde as rugas da realidade e as burlas morais e éticas da gestão pública.

1. Entre o ser e o parecer

Jean-Paul Sartre escreveu certa vez que ‘a imagem mantém uma relação analógica com a realidade’. Ao dizer isso, ele nos falava de um sedutor jogo de denotações e conotações, entre o que a imagem representa no plano literal, denotativo, e o que ela evoca ou significa subjetivamente, por conotação. Jogo que entrelaça os conceitos de imagem e imaginação, campo em que Sartre deu cartas. Jogo difícil, diga-se, porque também jogado com simulações e burlas, particularmente quando o palco das encenações é a televisão.

Veja-se o que acontece no uso que candidatos fazem da televisão, na atual campanha eleitoral. Com mais ou menos simulações, cada um trata de passar aos telespectadores a melhor imagem de si próprio. Ao mesmo tempo, não se poupam esforços para borrar a imagem dos concorrentes. Assim, pelo menos nos principais confrontos, cada candidato se apresenta como o único bom – o santo, o preparado, o honesto, o humilde, o empreendedor, o coerente… – sugerindo que todos os outros são ruins. E a isso se chama marketing político.

Se nos dermos ao trabalho ou à paciência de acompanhar a campanha tal como é apresentada na televisão, seremos certamente tentados a admitir que, em vez de ‘marketing político’, essa coisa bem poderia ser chamada de ‘jogo da mentira’. Senão, vejamos: enquanto o sr. Lula só nos fala do país maravilhoso que tenta nos convencer ter construído em três anos e meio – um país sem fome, sem desemprego, sem analfabetismo, sem estradas esburacadas, sem mensalão, sem aumento de gastos públicos, sem transferência de renda para os banqueiros -, o sr. Alckmin faz questão as mazelas do seu próprio governo, enquanto se empenha em falar das mazelas do governo Lula, como se nada de bom tivesse sido feito. O sr. Alckmin despreza, por exemplo, ganhos ou avanços nos campos da educação, do combate à pobreza, o controle da inflação e da expansão das exportações, para ficarmos em quatro frentes onde, a meu ver, o governo Lula exibe bons resultados.

Enfim, cada um só enxerga e mostra o que o outro tenta esconder, e vice-versa, deixando ao telespectador o complicado trabalho de fazer avaliações sem informações confiáveis.

Assim é a lamentável regra do jogo.

2. Tempos de Botox

Como televisão é engenhoca de sedução, cuidar da imagem é também uma questão de rosto. E a revista Veja nos revela, esta semana, que os principais candidatos fazem aplicações de Botox, para eliminar rugas e uniformizar a textura da pele. Esticando aqui e acolá, criam a fantasia do rejuvenescimento. Tal e qual as beldades da TV que jamais envelhecem.

É certo que, no atual padrão de jornalismo da Veja, está difícil identificar a fronteira entre a mentira e a verdade. Veja segue uma linha de jornalismo arrogante, que se julga dispensado da obrigação de comprovar o que denuncia. Esse jornalismo da Veja nos obriga a ler a revista com prudência, protegidos pela desconfiança.

Foi assim que esta semana li a notícia na coluna ‘Radar’, sobre um jantar de ostentações do sr. Luiz Gushiken no restaurante Magari, com gargantas regadas a Garn Vin de Chateau Latour, de 2.990 reais a garrafa, e conversas suavizadas a charutos cubanos. Não deu outra: dias depois, com detalhadas informações, veio o desmentido, do próprio sr. Gushiken e do gerente do restaurante. Segundo eles, nem o vinho era aquele, tão caro, nem o charuto era cubano. E o jantar custara dez vezes menos do que a revista dissera.

Quem mente? Quem diz a verdade? Eis aí um dilema que não casa com bom jornalismo.

Mas a matéria que esta semana deu capa à edição de Veja, sobre o uso de Botox pelos candidatos, tem tom e jeito de inquestionável. Com o uso comparativo de fotografias, a reportagem revela o milagre de rejuvenescimento de alguns dos candidatos, um deles o sr. Lula. No papel de candidato, em 2006, ele nos aparece em imagens aparentando estar cinco anos mais novo em relação a 2001, quando batalhava pelo seu primeiro mandato. Na verdade da vida e dos documentos, o candidato Lula está cinco anos mais velho; na simulação criada pelo Botox, parece cinco anos mais jovem.

3. Onde reside o perigo…

Nada contra o uso de Botox, claro. O progresso cria os recursos do rejuvenescimento, e os coloca aí, à disposição de quem possa e queira usá-los. Até os mecanismos culturais já convalidaram, como coisa boa, a estética da aparência. E a valorizam cada vez mais.

Repito, portanto: nada contra o Botox.

A questão é outra, aquela levantada no início do texto, com o aporte da criatividade filosófica de Sartre: o jogo subjetivo de denotações e conotações entre o que a imagem representa no plano literal e o que ela significa ou pode significar, para além do que representa.

Na verdade, pouco importa a idade que os candidatos têm ou aparentem ter. Mas esse Botox das aparências físicas faz bem mais do que criar a ilusão de rostos sem rugas. Ao estimular o argumento da sedução – e esse é o verdadeiro efeito da aplicação da toxina botulínica em rostos marcados pelo tempo – o Botox cosmético escamoteia a ilusão criada por um outro botox, o da mentira retórica.

O encanto dos rostos inibe a nossa capacidade de fazer a leitura lúcida das subjetividades ocultas no que é dito e feito, nas lutas pelo poder político. Mentira e verdade se amalgamam em sedutor caldo de aparências falsamente denotativas.

E aí reside o perigo, no botox retórico que esconde as rugas da realidade – a injustiça social das muitas formas de exclusão, a hipocrisia política, a corrupção, o mau uso do dinheiro público, o descaso administrativo dos governantes, as burlas morais e éticas da gestão pública.

Se tudo isto faz parte dos mecanismos que servem ao exercício do voto, teremos razões de sobra para admitir que nem pelo voto se consertará o descalabro.

Ainda assim, vale a pena tentar…

(*) Carlos Chaparro é português naturalizado brasileiro e iniciou sua carreira de jornalista em Lisboa. Chegou ao Brasil em 1961 e trabalhou como repórter, editor e articulista em vários jornais e revistas de grande circulação, entre eles Jornal do Commercio (Recife), Diário de Pernambuco, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo, Diário Popular e revistas Visão e Mundo Econômico. Ganhou quatro prêmios Esso. Também trabalhou com comunicação empresarial e institucional. Em 1982, formou-se em Jornalismo pela Escola de Comunicação de Artes, da USP. Também pela universidade ele concluiu o mestrado em 1987, o doutorado em 1993 e a livre-docência em 1997. Como professor associado, aposentou-se em 1991. É autor de três livros: ‘Pragmática do Jornalismo’ (São Paulo, Summus, 1994), ‘Sotaques d’aquém e d’além-mar – Percursos e gêneros do jornalismo português e brasileiro’ (Santarém, Portugal, Jortejo, 1998) e ‘Linguagem dos Conflitos’ (Coimbra, Minerva Coimbra, 2001). O jornalista participou de dois outros livros sobre jornalismo, além de vários artigos (alguns deles sobre divulgação científica pelo jornalismo), difundidos em revistas científicas, brasileiras e internacionais.’

Eleno Mendonça

Prometer, todo mundo promete, 21/08/06

‘Todos os candidatos têm propostas econômicas e, no papel, todas funcionam muito bem. Mas na hora de colocá-las em prática, bem, aí são outros 500. Propor é uma coisa, executar é outra. É isso que todo mundo deveria informar aos seus leitores. Uma boa saída para isso seria pegar todas as propostas feitas por governos e ver se agora, decorridos alguns anos de mandato, foram ou não cumpridas. Quando falo em candidatos, me refiro também aos candidatos a governador.

Do contrário, fica cada um dizendo o que bem entende. Quem está no poder, então, tem obrigação de dizer apenas o que de fato é possível de ser feito. Então, é só pegar lá atrás, há quatro anos, ver tudo o que foi dito e ver agora que nem metade se concluiu. Isso mostrará ao eleitor que não se pode acreditar em tudo o que se ouve. Quando o candidato é inexperiente então… Ontem, por exemplo, Heloísa Helena quase disse na Bandeirantes que não precisa do Congresso. Ora, todos sabemos que isso não é verdade.

Um país como o nosso, cheio de carências, precisa de medidas emergenciais e sem acordo viram medidas provisórias que dependem sim da votação do Congresso. Há o orçamento e as mudanças como reforma política, trabalhista e tributária, todas a depender do Congresso. Do contrário, seria então melhor economizarmos essa grama e virarmos uma ditadura. Nos países democráticos essa tentativa de consenso é que faz a sociedade caminhar da forma mais justa possível, reflexo do pensamento médio de seus políticos. Se os políticos, na média, são corruptos e mal preparados, bem, aí temos outro problema, mas não podemos nunca nos esquecer que são reflexo de nossa sociedade.

O Quércia incluiu em seu discurso que os professores precisam ganhar melhor. Como está há 15 anos fora do governo, talvez tenha esquecido que quando foi governador a classe dos professores foi uma das que menos recompôs a inflação. Mas não é culpa apenas do Quércia. Todo mundo, orientado por marqueteiros, sai com medidas mirabolantes, mágicas, como se fosse possível dar resultado assim, de uma hora para outra, em problemas que se arrastam por décadas.

Lógico também que acredito que o tempo permite ver os erros dos outros, tomar algumas decisões acertadas e com resultado melhor. Mas também haverá erros na condução de muitos assuntos e retrocesso em certas coisas que de um jeito ou outro dão certo hoje. O PT criticava as parcerias público privadas, mas aprovou o projeto. No Brasil, sem esse tipo de convênio, é impossível dar conta de tudo.

Enfim, cabe uma reflexão entre o que se promete e o que de fato se pode cumprir. Os jornalistas, que têm o poder de espalhar informação, têm a obrigado de mostrar o que dá e o que não dá para fazer.

(*) Também assina uma coluna no site MegaBrasil, é diretor de Comunicação da DPZ e âncora da Bandnews. Ele passou pelo Estado de S. Paulo, onde ocupou cargos como o de chefe de Reportagem e editor da Economia, secretário de Redação, editor-executivo e editor-chefe, Folha de S. Paulo, O Globo e Jornal do Brasil.’

Antonio Brasil

O ‘caríssimo’ horário eleitoral gratuito, 21/08/06

‘Triste povo brasileiro! Sobrevive em um espaço cada vez menor entre o proibido e o obrigatório. Ainda somos reféns de um modelo ‘autoritário’ de democracia. Muitos impostos, poucos serviços e ainda menos direitos. Não temos escolha. Além de sermos obrigados a votar, também temos que financiar e assistir a essa verdadeira excrescência comunicacional: a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV. São 45 dias de tortura no ar. Mas, afinal, para que serve, quanto custa e quem paga pelo horário eleitoral gratuito e obrigatório no rádio e na TV?

O modelo original – caso você não tenha percebido – é herança de velhas ditaduras. A propaganda obrigatória segue as mesmas linhas que criou e mantém a Voz doBrasil e a Radiobrás. ‘Você não está satisfeito? É pobre, não tem dinheiro para TV a cabo ou Intenet? Então… desligue a TV ou assista ao horário eleitoral’.

Trata-se de mais um belo exemplo de democracia à brasileira. O problema é que essa propaganda gratuita custa muito caro. E o pior: quem paga por essa bobagem somos nós, contribuintes brasileiros.

Desperdício

Para financiar a propaganda eleitoral no rádio e na TV, o Brasil perde arrecadação. Mas as emissoras ganham uma fortuna pelo horário eleitoral gratuito. Segundo dados da Receita Federal, em 2006, as empresas de comunicação terão direito a uma renúncia fiscal de R$ 191 milhões por serem obrigadas a veicular a propaganda política. Elas deveriam contribuir com R$ 1,4 bilhão em 2006, mas só pagarão R$ 1,2 bilhão.

Mas perguntar não custa. Como foram negociados esses números? Por que temos que pagar pela utilização de ‘concessões públicas’? Por que pagamos pelo horário eleitoral e não financiamos a produção dos programas? É algo parecido com o nosso sistema de saúde pública. Temos acesso a hospitais e médicos, mas não temos como comprar os remédios.

De qualquer maneira, se os partidos têm dinheiro para pagar fortunas às agências de propaganda e produtoras de vídeo, por que não pagam pelo horário gratuito? Por que as emissoras não são obrigadas a arcar com esse ‘prejuízo’? Afinal, são concessões públicas e ganham muito, muito dinheiro.

A verdade é que dinheiro público que poderia ser melhor gasto em educação, saúde ou mais provavelmente em corrupção, está sendo gasto para aumentar os lucros das emissoras de rádio e TV. Não é à toa que a propaganda eleitoral – assim como a Voz do Brasil – apesar de serem detestadas ou ignoradas pelo público – continuam no ar.

Em relação ao conteúdo dos programas, fica evidente que a falta de propostas concretas e o enorme despreparo dos candidatos. Não há tempo para uma discussão séria. Somos contemplados com um desfile de políticos com apelidos esdrúxulos e promessas absurdas. Depois não sabemos por que os nossos políticos são tão ruins e corruptos. Tudo que os candidatos precisam aprender para aparecer bem na TV é não dizer rigorosamente nada.

O importante é acreditar no poder das vinhetas digitais, marchinhas carnavalescas e muitos efeitos especiais. O horário eleitoral constrói um mundo surreal onde nada faz sentido. Um espaço muito caro para mensagens publicitárias enganosas que privilegia o consumidor desinformado e ignora o cidadão interessado no debate político. No horário eleitoral, o formato se sobrepõe ao conteúdo. Conteúdo? Que conteúdo?

O horário é esperado com ansiedade pelos candidatos. É a hora da virada na corrida eleitoral. Mas não há como escolher um candidato se baseando na propaganda do horário eleitoral. Os eleitores não levam a sério o caríssimo horário eleitoral gratuito e obrigatório.

Você ainda tem dúvidas sobre a inutilidade do horário eleitoral no rádio e na TV?

Seguem alguns temas para o debate.

Ajuda eleitores indecisos?

Segundo pesquisa do Globo Online, (ver aqui) 76.2% dos entrevistados disseram que não dão a mínima importância à campanha eleitoral na TV.

Limites e proibições

Todos os anos mudam as regras para o horário eleitoral. O que já era ruim consegue sempre ficar pior. Em 2006, o Supremo Tribunal Eleitoral decidiu que os produtores de TV estão proibidos de utilizar imagens capturadas externamente nos programas de televisão. Ou seja, gente que não entende nada de televisão decide o que pode e o que não se pode fazer em televisão. Estamos sempre entre o proibido e o obrigatório. Essa decisão absurda também é resquício da ditadura. É uma versão moderna da famigerada lei Falcão que proibia praticamente tudo na campanha. Tínhamos que ver uma imagem do candidato, ouvir seu nome e número. Lembram?

Divisão de tempo bizantino

A divisão do tempo na TV e no rádio também segue o mesmo modelo injusto e autoritário de democracia à brasileira. O modelo privilegia quem já está no poder, dificulta a renovação e incentiva coligações de interesse. Querem um exemplo? Segundo a mesma fonte:

Geraldo Alkimim tem direito a 10m 22s 15cc (sic).

Lula, 7m21s (e os centésimos)?

Heloisa Helena 1m11s43cc (nenhum centésimo)

Parece um absurdo. E provavelmente é um absurdo.

Audiência cai

Quem pode, desliga a TV ou muda de canal. Segundo o serviço brasileiro da BBC (ver aqui), em 2006 a audiência de horário eleitoral caiu até 35% em relação a 2002. Nos primeiros dias da campanha, o horário eleitoral teve 16 pontos de audiência na Grande São Paulo, segundo o Ibope. Em 2002, a transmissão da estréia – no dia 20 de agosto – teve 26 pontos.

Uma irrelevância total

Nestas primeiras semanas, os candidatos se limitaram a expor seus currículos, sem muitas propostas e, principalmente, evitando críticas. Os programas são muito monótonos e não trazem novidade alguma. Parecem programas humorísticos. Possuem formatos semelhantes e não são avaliados em relação aos reais interesses dos eleitores.

Mas os ricos brasileiros – pra variar – nada sofrem com esse abuso autoritário. Podem assistir aos canais de TV por assinatura, ler livros caríssimos ou simplesmente sair de casa e ir ao cinema ou ao teatro. Horário eleitoral obrigatório é programa de lavagem cerebral para pobres.

Debate e sugestões

Algum dia, a população brasileira deveria ser consultada sobre esse caríssimo horário eleitoral obrigatório. Deveria haver um ‘debate sério’ para revisar a legislação. Desde já, sugiro um plebiscito.

Para mim, o horário eleitoral na forma que existe é uma agressão à inteligência do telespectador. Só interessa aos candidatos, marqueteiros e emissoras. É desperdício de recursos públicos. Pagamos muito caro por essa bobagem. Mas se não houver outro jeito, por que não diminuir as repetições e dedicar mais tempo para que os candidatos possam falar alguma coisa que faça sentido? Também deveríamos exigir a flexibilização de horários e de canais.

Não temos que ser obrigados a assistir ao que não queremos e não precisamos. Democracia de verdade deveria garantir ao cidadão o legítimo direito de não participar da democracia.

Uma boa televisão, assim como uma democracia de verdade exige competência, e qualidade. Mas, antes de tudo, exige liberdade de opção.

(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Trabalhou no escritório da TV Globo em Londres e foi correspondente na América Latina para as agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. Autor de diversos livros, a destacar ‘Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica’ e ‘O Poder das Imagens’. É torcedor do Flamengo e não tem vergonha de dizer que adora televisão.’



LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Milton Coelho da Graça

Datamilton faz quatro perguntinhas, 23/08/06

‘1. O que é bom para a China pode ser bom para nós?

O Governo chinês proibiu as emissoras de TV, a partir do início deste mês, de divulgarem anúncios de alguns produtos ou tratamentos para perda de peso, aumento de seios, musculação e beleza , alegando que eles violam os direitos e põem em risco a saúde dos consumidores. Diretores de agências de publicidade e das emissoras receiam que essa proibição causará sérios prejuízos, porque, em alguns casos, as perdas poderão chegar a mais de metade da receita publicitária.

Você apoiaria medida semelhante no Brasil ou a considera contrária à liberdade de expressão? Em caso afirmativo, que órgão ou instituição deveria ter a responsabilidade desse controle – CONAR, ABERT, Ministério da Justiça, Congresso, Ministério Público?

2. Emenda corrigirá ou será pior do que o soneto?

A FENAJ prepara um novo projeto para reapresentar o projeto do Conselho Federal de Jornalismo, apesar do repúdio praticamente unânime da sociedade diante da tentativa inicial. A entidade se apóia em decisão do Congresso Nacional de Jornalistas. Você acha inútil esse esforço ou pura teimosia?

3. Pelego sobrevive sob nádegas ministeriais?

Pelego é o nome que o gaúcho dá à manta de lã usada debaixo da sela.

Quando, na década de 50, alguns dirigentes sindicais começaram a carregar triunfalmente nas costas o então ministro do Trabalho, João Goulart (Jango), jornalistas e povo passaram a usar a palavra para também designar o sindicalista puxa-saco do governo. Na ditadura militar, durante pelo menos 15 anos, a palavra entrou na lista da censura, mas os pelegos proliferaram até a ressurreição do movimento sindical livre em São Bernardo.

22 anos depois da restauração democrática, ainda há motivo para usarmos essa acepção de pelego em nossas matérias?

4. Devemos ter inveja ou desconfiança?

O presidente Chavez, da Venezuela, afirma que a Venezuela extirpou o analfabetismo (o conceito universal refere-se às pessoas de 15 anos ou mais). A afirmação foi considerada verdadeira por John Pilger, que lançou em junho o livro ‘Freedom Next Time’, fez um filme sobre sua viagem ao país e assinou um artigo no jornal londrino The Guardian. Pilger descreve um encontro com três mulheres idosas, de 95, 86 e 74 anos, que aprenderam a ler e escrever nos últimos 12 meses, dentro do programa Missão Robinson (Robinson foi um dos líderes da luta pela independência venezuelana no século 19), destinado a adultos e adolescentes.

O site CIA Fact Book, uma das fontes mais confiáveis para informações objetivas sobre todos os países do mundo, diz que a Venezuela, em 2003, tinha 93,4% de analfabetos. Como a população do país é de aproximadamente 34 milhões, isso significaria que, nos últimos três anos, foram alfabetizados mais de 2 milhões de venezuelanos com mais de 15 anos. A Oposição a Chavez duvida desses números.

Você acredita nesses 100% (se verdadeiro, seria um grande feito de Chavez, colocando seu país, na América Latina, até acima de Cuba, Argentina, Costa Rica e Uruguay) ou prefere esperar a edição 2006 do CIA Fact Book?

(*) Milton Coelho da Graça, 75, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’



PLÁGIO & JORNALISMO
José Paulo Lanyi

Central de plagiojornalismo, 24/08/06

‘Li o artigo sobre a denúncia de plágio dos textos da minha amiga Rosana Hermann. Fiquei triste. Não é dessas tristezas que nos colocam no degrau mais alto, dessas que nos fazem sentir superiores àqueles que se desviam do caminho que consideramos correto. Fiquei triste por algumas razões, que analiso abaixo.

Não é gostoso deparar com um crime. Não é gostoso olhar no olho do criminoso. Não é gostoso descobrir o que se faz por aí. Sinto-me como se me olhasse no espelho. Não consigo me desmembrar desse grande corpo que chamamos de humanidade. Se alguém erra, é como se eu errasse junto. Porque, sobe o Sol, desce o Sol , o palco e os atores são os mesmos. Faço parte dessa companhia. Não conseguimos avançar, meus amigos. A História caminha, claudicante, e nos arrasta consigo para uma rotina eterna: a rotina da fraqueza.

Pensar e escrever é como construir uma casinha. Há quem construa mansões, mas isso pouco importa. Plagiar é invadir a casa dos outros. Não é certo. Dá trabalho construir. Custa tempo, esforço, por vezes lágrimas. E um dia alguém aparece e leva tudo embora. Dói.

Não é gostoso saber que um colega perdeu a credibilidade em conseqüência de um mau passo. É triste pensar em desemprego, em vergonha, é triste vestir a pele dessa pessoa. E me perdoem os Catões, os Hamurabis e todos os Dracons do mundo: ainda que se cometa o pior de todos os crimes, busco a empatia. É didático. Ensina, por exemplo, a não fazermos igual. Porque não é feliz.

O povo gosta de sangue. Os circos romanos estão aqui ao lado. Triste também é, sob o signo da desaprovação ou da justa indignação, depararmos com comentários cuidadosamente redigidos para humilhar, espicaçar e ferir. É triste saber que este também é um mundo de pessoas justas, porém sádicas, e de um sadismo imoral. Não se contentam com a crítica educativa. Querem o fígado, o pâncreas e o baço do condenado. Pisotear a cabeça não basta.

Por fim, é irônico saber que, no mundo da idéia e da informação (uma espécie de idéia engarrafada e socializada), nós, jornalistas, nos esquecemos de que todo mundo plagia todo mundo nas Redações. É assim no rádio, na TV, nos jornais, nas revistas, na Internet, no jornal do tambor indígena. Todos sabemos que muitas notícias são lidas e ouvidas e reproduzidas por quem leu e ouviu. Pra mais gente, que fará o mesmo. Sem o devido crédito. A chamada central informativa, também conhecida como escuta, poderia ser chamada, sem sobressalto, de Central de Plagiojornalismo.

Sobretudo quando nada, absolutamente nada se transforma. Um plágio institucional tolerado. Nenhum problema. No nosso universo, considera-se legal e aconselhável. Há quem diga o contrário. Mas esse o fará com respeito, espero, pelo bem da civilização.

(*) Jornalista, escritor, ator, é autor de quatro livros, um deles com o texto teatral ‘Quando Dorme o Vilarejo’ (Prêmio Vladimir Herzog). No jornalismo, tem exercido várias funções ao longo dos anos, na allTV, TV Globo, TV Bandeirantes, TV Manchete, CNT, CBN, Radiobrás e Revista Imprensa, entre outros. Tem no currículo vários prêmios em equipe, entre eles Esso e Ibest, e é membro da APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes).’

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Colunista plagia textos de Rosana Hermann, 23/08/06

‘Nesta segunda-feira 21/08, um leitor do blog Querido Leitor, da jornalista Rosana Hermann, percebeu semelhanças entre um texto postado por ela e um publicado no jornal O Estado, de Florianópolis, na coluna de Miltinho Cunha. O leitor avisou a jornalista, que identificou o plágio e após uma pesquisa encontrou cerca de uma centena de textos praticamente idênticos aos seus publicados no site Acontece no Sul, numa coluna virtual de Cunha. O mesmo material publicado ali era reproduzido no jornal.

A cópia mais antiga que Rosana encontrou data do início de 2005 e em alguns casos a coluna apresentava mais de um texto usurpado do Querido Leitor no mesmo dia. Com pequenas alterações, muitos textos foram republicados em primeira pessoa, sendo que em alguns casos Miltinho publicou expressões no feminino, idênticas ao original escrito por Rosana.

A jornalista se mostra indignada com o fato e declara que a cópia, por suas dimensões, foi uma invasão tão grande que chegou a lhe fazer mal fisicamente. ‘É minha alma, meu jeito de ser […] Ele se apropriou da minha religião, minha formação, minha vida, meus sentimentos e do meu estilo’, diz Rosana.

Para embasar uma futura ação legal, a jornalista vem preparando um dossiê expondo as diversas cópias. Dezenas de exemplos já estão veiculados em seu blog, com os textos dos dois veículados lado a lado e contendo também os links para os respectivos endereços de publicação original.

Por sua vez, Miltinho Cunha afirma que nunca acessou o Queridos Leitores, que é leigo em Internet e que apenas reproduziu textos enviados a ele por uma fonte amiga em quem ele confiava. Por isso, se declara envergonhado com a situação e que se sente como uma ‘galinha depenada’.

Sobre o uso de textos pessoais em primeira pessoa, ele afirma que recebia tudo da mesma fonte, que afirmava que ele poderia publicar como se fosse dele e que aqueles com que ele se identificava mais eram publicados em primeira pessoa. Além disso, ele admite que provavelmente também publicou material plagiado de outros sites, mas não sabe identificar quais seriam.

Contra esse argumento, Rosana aponta que uma fonte é alguém que fornece fatos, não textos prontos. ‘Não sou dona da informação ‘Bush tropeçou na escada do avião ao desembarcar em Washington esta manhã’, mas se eu fizer um post sobre isto, sou dona do texto’, publicou em seu blog. Assim, ela também aponta que, com a maturação dos blogs jornalísticos brasileiros, esse é um bom momento para realizar a discussão sobre propriedade intelectual na internet.

Gilberto Martins, advogado da jornalista, disse que vai pedir uma liminar para retirar as cópias do ar e também mover uma ação para cobrar indenizações por violação de direito autoral e por danos morais. Ele aponta também que desde 2003 uma lei estabeleceu uma clara diferenciação entre violações com ou sem o intuito de lucro. O caso de Cunha é mais grave porque vendeu os textos apropriados, obtendo lucro no processo.

Ele afirmou que já havia ordenado a remoção de todas as colunas da página online Acontece no Sul, o que de fato ocorreu pouco tempo após o contato do Comunique-se. Cunha também pretende se desculpar com Rosana e afirma que compreende toda a indignação da autora e que ela tem o direito de processá-lo, da mesma forma que ele também tem o direito de se defender.

Alessandro França, gerente administrativo de O Estado, afirmou que o caso está sendo discutido pela direção do jornal, que ainda não tem nenhuma posição definitiva sobre os casos de plágio ou sobre a permanência de Miltinho como colunista da publicação.’



INTERNET
Mario Lima Cavalcanti

O hexa do Webinsider, 24/08/06

‘Quem é antenado no meio online, acessa com freqüência ou pelo menos conhece o Webinsider. Criado em 2000 pelo jornalista Vicente Tardin, o site, que reúne uma valiosa gama de articulistas, competentes profissionais da Web, completou seis anos de existência em junho e ganhou uma reformulação geral no último mês.

Acompanhei o nascimento e o desenvolvimento do site e posso afirmar que o Webinsider é muito mais que um simples portal de artigos. Uma boa parte da história da Web está registrada ali, onde, durante esses anos, muitas vezes me informei e me introduzi em universos que eu pouco conhecia. É por isso que ele merece um registro aqui.

Em entrevista por e-mail, Tardin fala sobre a nova versão do Webinsider, as dificuldades pelas quais o site passou e seus próximos passos em relação a sua cria. Acompanhe abaixo.

Mario Lima Cavalcanti – Como você mesmo disse no artigo comemorativo dos seis anos do Webinsider, muitas pessoas assinalavam que era impressionante o Webinsider falar tanto em Web 2.0 e sequer ter um sistema de comentários acompanhando os artigos. O que muda da versão anterior para esta nova em termos gerais?

Mudou muita coisa, mas não essencialmente. A leitura está mais agradável, o conteúdo passou a ser indexado em seções e categorias, a busca melhorou, cada autor agora tem a sua página. Há melhor uso do espaço publicitário, com mais possibilidades para o anunciante, sem chatear o público. E as matérias agora têm comentários, que é um antigo pedido dos leitores, finalmente atendido.

Mario Lima Cavalcanti – Como você define em poucas palavras o site hoje em dia? Uma revista virtual? Um portal de informação?

Nem uma coisa, nem outra. Vejo mais como um site de artigos sobre Internet. Um site de conteúdo mais analítico para o profissional de Internet e usuários em geral.

Mario Lima Cavalcanti – Você conseguiu reunir naturalmente um time muito bom de articulistas e, mais que isso, criar uma cultura particular, de artigos escritos por especialistas e sendo renovados numa boa velocidade. Esse, digamos, modelo foi planejado?

Sim, o modelo é o mesmo de sempre, leitura interessante, artigos que nos ensinem alguma coisa, a partir da experiência e do conhecimento de outros profissionais.

Mario Lima Cavalcanti – Quais foram as principais dificuldades desde que o site surgiu?

O site surgiu dentro de um contrato de parceria com o antigo portal Zip.net, que pagava pela produção do conteúdo e disponibilizava também fontes de informação. Os autores e o editor eram remunerados. Com a retração dos investimentos em 2002 o site passou anos sem receita, mantido em esquema colaborativo, mas sempre editado com os mesmos padrões. Hoje já obtém alguma receita e possui melhores perspectivas de crescimento.

Mario Lima Cavalcanti – Além da publicidade existem os cursos, que também dão retorno financeiro, certo? Como surgiu a idéia dos cursos?

Os cursos não são uma fonte de receita expressiva. Sim, fizemos duas séries no passado, com ótimos resultados em qualidade, muito lucro em relacionamento e aprendizagem e pouco lucro no plano financeiro. A idéia dos cursos surgiu porque tínhamos excelentes autores no site, especializados em itens importantes para os profissionais de Internet, que trilham caminhos novos e precisam discutir e aprender uns com os outros.

Mario Lima Cavalcanti – Parece que 2006 foi o ano da colaboração no meio online, com veículos oriundos das mídias tradicionais apostando na filosofia participativa. Qual sua opinião sobre a crescente gama de serviços de conteúdo gerado por usuários?

Há diversos modelos e é interessante ver aqueles que já pegaram. É uma conseqüência natural do uso de ferramentas de participação e moderação. É um caminho sem volta. Acredito que alguma forma de edição sempre se faz necessária para ajudar a organizar e dar maior visibilidade aos melhores conteúdos produzidos.

Mario Lima Cavalcanti – Durante esse tempo todo, o Webinsider esteve dentro de alguns portais. Já esteve no Globo.com e hoje está no UOL. Quais os prós e os contras de se estar dentro de um portal exclusivamente?

Faz sentido participar de um portal se existir alguma vantagem concreta. Do contrário, não é tão importante. Sim, o portal ajuda a trazer público também.

Mario Lima Cavalcanti – Qual o próximo passo? Algum plano para breve?

Sim, há próximos passos. Vamos ter uma área de posts pequenos para os autores e uma ampliação da participação dos leitores. Acho que vão ser boas melhorias. Outro passo é prosseguir indexando todo o conteúdo existente de antes da reforma, o que é uma operação manual e que pede critério. Ou seja, não vamos acabar tão cedo. 🙂

Mario Lima Cavalcanti – Para onde acha que o meio online vai caminhar nos próximos anos?

Com a melhoria nas buscas, podemos esperar que conteúdos independentes ganhem mais destaque, o que aumenta o poder da participação. Áudio e vídeo também em alta.

(*) Trabalha com conteúdo online desde 1996 e já passou por empresas de renome na Internet. Foi editor do AQUI!, extinta revista virtual do Cadê?, editor do canal Digital do portal StarMedia e coordenador de operações do Prêmio iBest. Realizou seminários e ministrou diversas palestras sobre jornalismo digital. Em fevereiro de 2000, criou o site Jornalistas da Web (JW), primeira publicação virtual brasileira sobre jornalismo online e cibercultura. Em 2005, criou e implantou a Biblioteca de Comunicação Digital e Cibercultura (BCCD) no campus 3 das Faculdades Integradas Hélio Alonso – FACHA, no Rio de Janeiro. Atualmente, Cavalcanti é pesquisador de mídias digitais e editor de conteúdo do JW.’



MERCADO EDITORIAL
Eduardo Ribeiro

Veja Rio chega aos 15 anos robusta e chique, 23/08/06

‘Companhia dos fins de semana de grande parte dos cariocas, a Vejinha Rio está completando, agora em agosto, 15 anos de vida e vai celebrar a data com uma festa cheia de atrações no Jockey Club, no dia 31 deste mês. Em nota que preparou para a versão impressa deste Jornalistas&Cia, a correspondente no Rio, Cristina Vaz de Carvalho, assinalou que tanto quanto a festa deverá chamar a atenção a edição especial, que sai no início de setembro, cercada de cuidados. Na conversa com Cris, a editora da revista, Cristina Gallo lembra: ‘Foram dois meses juntando a agenda das pessoas para produzir as fotos’.

A edição vai mostrar gente que faz a cidade – indivíduos ou ‘turmas’ que, de alguma forma, fazem com que o Rio tenha esse perfil. O lado bom do perfil, naturalmente. Lá estão os chefs premiados, as pessoas da moda, entre outros grupos. A partir de uma bela imagem de cada ‘turma’, a revista contará um pouco da história da cidade. E vai mostrar também a memória dos últimos 15 anos, conforme o que foi publicado na revista.

‘A grande festa, para mim e para a equipe, é chegar aos 15 anos com uma revista que trata bem da cidade, procura sempre caras novas, espaços novos, e também procura mostrar seus espaços menos nobres,’ disse Fábio Rodrigues, diretor de Redação da publicação.

Esta é a 3ª edição de aniversário da Vejinha carioca. Quando completou cinco anos, mostrou o melhor da cidade, bairro a bairro. Por ocasião dos dez anos, foi a evolução por que passaram pessoas representativas de diversas áreas, no mesmo período. Encartada na Veja mãe, Veja Rio é a única revista da Abril editada fora de São Paulo. Totalmente fechada no Rio, o material vai para S.Paulo apenas para ser impresso. Desde o primeiro número, apresenta gastronomia, moda, espetáculos, personagens. Faz especiais de verão e de inverno, já tradicionais entre os leitores e, mais recentemente, o de decoração. Muitas páginas da revista já viraram livros, como as coleções de crônicas de João Emmanuel, Adriana Falcão e, em breve, Manoel Carlos.

Nunca é demais lembrar que o projeto de regionalização da Vejinha, baseado sobretudo no amplo sucesso da Veja São Paulo, acabou sendo implantado em várias outras capitais brasileiras, como Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba etc. Por um bom período a Abril bancou esses projetos, mas depois, rendendo-se às evidências do mercado, fechou todas, exceção às edições paulista e carioca, que estão aí até hoje robustas e cada vez mais sofisticadas.

Fábio Rodrigues, a propósito, presta um tributo aos pais da idéia da Veja Rio. Os diretores de Veja, na sede: Mário Sérgio Conti, que montou a primeira equipe e chamou Flávio Pinheiro para comandá-la; depois dele, Thales Alvarenga, falecido recentemente, e seu sucessor, Eurípedes Alcântara. ‘Eles são os pilares da revista, seus criadores, os que a mantiveram no trilho,’ completa.

E vem aí as revistas Glamurama, de Joyce Pascowitch, e Original Eve, da Leitura & Arte

Depois de seis anos na Editora Globo, de onde saiu em junho passado (era colunista em Época e nos últimos três anos diretora de Redação de Quem), Joyce Pascowitch está concluindo os preparativos para lançar, em outubro, a sua própria revista, Glamurama, que leva o nome do site que mantém no iG (http://glamurama.ig.com.br). Será, como ela própria diz, uma ‘revista diferenciada, de informação, mas com glamour e sofisticação’, levando sua marca registrada, de falar sobre celebridades, políticos e socialites privilegiando o conteúdo jornalístico. Glamurama nasce mensal, com 250 páginas, formato 16,5 x 23 cm (‘É para ser guardada, carregada na bolsa.’) e 30 mil exemplares, sendo 20 mil distribuídos por um mailing especial que vem sendo montado há alguns meses e 10 mil pela Fernando Chinaglia.

Para produzir a revista, Joyce fez um acordo com a Prol Gráfica. Numa primeira fase, Glamurama vai circular em São Paulo, Rio e Salvador; posteriormente, chegará a Brasília, Fortaleza, Porto Alegre, Belo Horizonte e Curitiba.

Para a equipe, Joyce leva a editora Simone Galib e a editora-assistente Meire Marino, que a acompanham desde a Folha de S.Paulo, além do fotógrafo Chris Von Ameln, que também trabalhou com ela na Folha, e está negociando a contratação de um editor de fotografia e mais duas editoras-assistentes.

O projeto gráfico leva a assinatura da designer carioca Mariana Ochs e foi desenvolvido com a colaboração do diretor de Arte e também carioca Giovanni Bianco, que já fez diversos trabalhos para a cantora Madona.

As novidades, aliás, não param por aí. No site Glamurana Joyce vai lançar, agora em setembro, uma newsletter e um espaço dirigido exclusivamente a jovens. E negocia sua participação em rádio e tevê, mas por enquanto prefere manter reservas sobre as negociações.

Quem também está lançando uma nova revista no segmento de luxo, a Original Eve, é a Leitura & Arte, que já edita a Cavallino, órgão oficial da Ferrari e da Maserati no Brasil. Bimestral, focada em mulheres acima dos 30 anos, com tiragem inicial de 10 mil exemplares distribuídos exclusivamente por mailing, a Original Eve terá 84 páginas e vai abordar viagens, gastronomia, beleza, moda, cultura, jóias etc.

A edição será de Décio Rodrigues, com as colaborações de Jorge Tarquini, escritor e professor na Universidade Metodista, Silvio Passarelli, diretor do MBA Gestão de Luxo da Faap, e Andréa Oliveira, que enviará, de Londres, as novidades da Europa.

BBC define novo diretor da BBC Brasil

A BBC definiu o nome do novo diretor da BBC Brasil, que ficará no lugar de Américo Martins por um período de um ano, a partir de outubro. Será Rogério Simões, atual editor-chefe da BBC Brasil e que está na organização desde março de 2001. Rogério tem no currículo passagens por Folha de S.Paulo (editor de Opinião, correspondente em Londres e repórter especial), Veja (sub de Internacional) e portal Pelé.Net (redator-chefe). Américo, nesse período, ocupará o cargo de editor-executivo para as Américas.

Outra novidade por lá foi a designação de Bruno Garcez para o posto de correspondente da BBC Brasil em Washington, no início de setembro.

(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’



DIRETÓRIO ACADÊMICO
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Alunos de Jornalismo da USP realizam enterro-protesto do próprio curso, 25/08/06

‘Alunos do curso de Jornalismo da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP) promoveram nesta sexta-feira (25/08), como forma de protesto, o enterro simbólico de seu curso. O ato foi a conclusão da Contra-Semana de Jornalismo, movimento que objetiva chamar a atenção para a qualidade da graduação que, segundo os alunos, padece de falta generalizada de recursos, sejam professores, disciplinas ou equipamentos.

A proposta dos estudantes é justamente desconstruir a idéia vigente de que a USP é um centro de excelência total e que todos seus cursos são aquilo que o País pode oferecer de melhor. Questionados se não seria contraproducente criticar tão duramente sua própria formação, a posição dos alunos é de que seria desonesto agir de qualquer outra forma e que é necessário que a sociedade toda saiba da realidade do curso.

‘Todo mundo acha que os cursos da USP são bons só por serem da USP. Essa é uma das maiores decepções, estudam um, dois anos e acreditam que vão encontrar uma maravilha, mas encontram um curso defasado, com falta de professores e um currículo da década de 80’, afirma Tadeu Breda, aluno do quarto ano de Jornalismo.

José Coelho Sobrinho, diretor do Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE), diz que o currículo do curso está defasado, mas aponta que os próprios alunos já barraram uma série de tentativas de reformas curriculares ao longo dos últimos anos. ‘Uma mudança de estrutura curricular não pode ser de cima pra baixo, ou todas as pessoas entendem que é necessário fazer a mudança ou não. É evidente também que alguns professores não têm interesse em mudar essa estrutura’.

Outro ponto crítico apontado por Coelho é a estrutura burocrática da USP, que atua como uma barreira para o aumento da quantidade de docentes disponíveis. Atualmente, a universidade julga que o CJE possui mais professores do que o necessário, o que não corresponde à realidade, e por isso não libera verbas para a contratação de novos.

A utilização de professores conferencistas, que recebem R$ 350,00 por mês para lecionar, é apontada pelos alunos como paliativo insuficiente. Fabio Brandt, 2º ano de Jornalismo, afirma que em seu ano e meio de ECA teve três disciplinas ministradas de forma altamente insatisfatória. ‘Tivemos disciplinas empurradas com a barriga, mas três delas, História das Doutrinas Políticas, Legislação e Deontologia do Jornalismo e Fundamentos de Economia são exemplos intoleráveis’, afirma.

Essas três disciplinas foram ministradas por professores conferencistas para a turma de Brandt. Hoje, esse quadro é um pouco melhor. Historia das Doutrinas Políticas já conseguiu uma professora concursada, Marília Pacheco, e as outras duas disciplinas receberam de volta seu professor titular, Bernardo Kucinski, que estava afastado para trabalhar junto ao governo Lula, em Brasília.

Outra questão é a falta de equipamentos. Das três câmeras de vídeo digital do CJE, a única semi-profissional, uma PD, está quebrada. Restam duas Mini-Dv, aparelhos amadores, para todos os alunos. A revista-laboratório semestral Babel já está com quatro edições atrasadas e o Jornal do Campus só é rodado mediante endividamento do departamento.

Coelho concorda que os equipamentos não são suficientes, nem em quantidade nem em qualidade. Também afirma que o curso de Jornalismo da ECA não é um curso técnico. ‘Não precisamos colocar as pessoas no mercado sabendo a ultima versão do flash, de indesign. Nossa função é colocar pessoas que entendam o mundo.’

Sobre a publicação da Babel, ele também afirma que, após um convênio firmado esse semestre com a Imprensa Oficial do Estado, a turma que cursa a disciplina hoje terá o material impresso. Também aponta que das quatro edições atrasadas, duas já estão em processo de impressão.’



CHINA
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EFE: China condena jornalista do NYT por ‘fraude’, 25/08/06

‘Pequim, 25 ago (EFE).- O jornalista chinês Zhao Yan, colaborador do jornal americano ‘The New York Times’, detido em 2004 por ‘revelar segredos de Estado’, foi condenado a três anos de prisão por ‘fraude’ por um tribunal de Pequim, informou hoje a agência oficial de notícias, ‘Xinhua’.

O tribunal ditou sentença quase um mês depois do prazo legal, mas não condenou o jornalista por revelar segredos de Estado, já que ‘não há provas suficientes que respaldem a acusação’, segundo a ‘Xinhua’.

O repórter, no entanto, terá que pagar US$ 250 de multa e devolver os US$ 2.500 ‘obtidos por meios fraudulentos’, acrescentou a agência.

Zhao Yan antecipou em 2004 a aposentadoria do líder chinês Jiang Zemin. Ele passou 22 meses na prisão, à espera de julgamento, que finalmente começou, a portas fechadas, em junho.

Outro tribunal condenou a quatro anos ‘por danos à propriedade pública’ um advogado cego que denunciou esterilizações e abortos forçados na província de Shangdong, no leste da China.

(c) Agencia EFE’



JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu

Aperta-chico, 24/08/06

‘carregaste bênçãos em teu bornal

e a serpente da maldição

nelas se escondeu

(José Nêumanne Pinto, poema inédito.)

Aperta-chico

O considerado Giulio Sanmartini, nosso correspondente na Europa, que vive em Belluno mas continua de olhos assestados na direção do Brasil, envia textinho de leitora postado no Blog do Noblat:

‘Fidel é essencial, como foram Gandi e AGOSTINHO DOS SANTOS, como é Mandela. Traduzem resistência. Cada um ao seu estilo, com suas grandezas e também sinais e desacertos do seu tempo de vigência.’

Sanmartini tem certeza de que houve alguma confusão:

Cada um tem o direito de comparar Fidel Castro com quem quer que seja, mas não entendo o que ele tenha a ver com o cantor e compositor Agostinho dos Santos, que morreu tragicamente em 1973, naquele desastre com um avião da Varig, perto do aeroporto de Orly.Talvez a jornalista tenha querido referir-se ao médico angolano António Agostinho Neto, o pai da independência de seu país.

Janistraquis, sempre romântico, minimizou:

‘Ah, considerado, tais cambulhadas são muito comuns; a leitora do Noblat apenas confundiu Morena de Angola com A Noite do Meu Bem.’

Exagerando

O considerado José Truda Júnior velejava pelo Blog do Josias quando inesperada ventania quase o atirou ao mar (de lama):

Enquanto se defende da acusação de chefiar a ‘quadrilha’ do mensalão, formulada pelo procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza, o ex-chefão da Casa Civil José Dirceu fará uma cuzada judicial. Sairá no encalço de jornalistas, informa o Painel (para assinantes da Folha).

Truda, que já viu muita coisa nesta vida, principalmente porque mora nos altos de Santa Teresa, observou:

Merecidamente ou não, José Dirceu já foi chamado de tudo quanto é nome feio tanto por jornalistas quanto por colegas parlamentares. Mas será que não estão exagerando?

Busca inútil

O considerado Camilo Viana, diretor de nossa sucursal mineira, que em vão procura quem mereça seu voto nas próximas eleições, anda cada vez mais desanimado:

‘Veja se dá pra confiar nessas criaturas — O Fábio do Prona, candidato a governador, diz que vai defender os cidadões; um candidato chamado Dólar assegura que valoriza o seu voto (desconhece as cotações, é claro); já o Dr. Décio se apresenta como ‘O pai do povo’; o PT tem a Cecília Ferramenta e o Alexandre Banana; o PSOL divulga um certo João Rasgado. E como se anuncia o Ronaldo Vasconcelos, candidato a senador? Assim: ‘Hora de me apresentar: sou Ronaldo Vasconcelos, vice-prefeito de Belo Horizonte…’. É vice-prefeito e sabe que ninguém conhece o vice-prefeito!!!’

É, Camilo, tá difícil, tá difícil…

Deonísio

O considerado Mestre Deonísio da Silva, que ontem, quarta-feira, proferiu concorrida palestra na Casa de Cultura da Estácio, na Barra da Tijuca, durante a qual leu trechos de seu romance ainda inédito, Goethe e Barrabás, voltará ao mesmo cenário hoje às 19h30 para contar A Viagem das Palavras – Frases e curiosidades da língua portuguesa.

Quem perdeu o encontro de ontem poderá ler o capítulo do novo romance do professor e excelente escritor em www.deonisio.com.br . A Casa de Cultura da Estácio, Casa Cult para os iniciados, fica na Av. Érico Veríssimo, 359, tels. 21-2494-1023/24/25.

Gong, gang & cia.

Este outro Mestre que é Sérgio Augusto nos fala do ‘homem do gong’, aquele musculoso personagem da Rank, e do (como lembra Janistraquis) ‘homem da gang’, o ex-ditador paraguaio Stroessner, ambos recentemente abolçados desta para melhor. Agora, ‘com Fidel pela bola sete, vamos nos aproximando realmente do fim de uma era’, escreveu Serginho no caderno Aliás, do Estadão, em magnífico ensaio reproduzido no Blogstraquis.

Esculhambação

O considerado leitor Antônio Costa Netto, de São Paulo, leu na Folha Online:

Força-tarefa quer sufocar finanças do PCC

Acordo firmado entre União e governo do Estado prevê a atuação de órgãos que combatem a lavagem de dinheiro. Estratégia será investigar movimentação bancária de integrantes, eliminar fontes de recursos e bloquear o dinheiro da facção

Costa Netto ficou perplexo:

‘Absurdo é isso, né não? O crime é tão organizado que tem até conta bancária!!! Deve fazer investimentos também, é claro, e daqui a pouco estará comprando instituições, como a poderosa máfia tem feito pelos anos afora.’

Janistraquis, que não liga mais pra nada nesta vida, prevê futuro negro, ou melhor, futuro afro-descendente:

‘Considerado, se ninguém tomar uma atitude contra esse pessoal, teremos um candidato do PCC à Presidência da República em 2010. E favorito!’

Doutor Drauzio

Leia no Blogstraquis a bela e asfixiante crônica que Drauzio Varella publicou na Ilustrada, da Folha de S. Paulo, intitulada Um chope gelado. ‘O trabalho parece uma draga que, quanto mais terra abocanha, mais encontra para cavar’, escreveu ele num texto cujos personagens são médicos, mas bem que poderiam ser jornalistas…

Pleonasmo

O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no DF, de onde se observa uma calmaria suspeitíssima pros lados do Palácio do Planalto, pois nosso Roldão dava uma rápida olhada nas legendas de fotos do Correio Braziliense quando deparou com esta:

Duas rodas: Sebastião Ferreira e família só usam a bicicleta como meio exclusivo de transporte.

Mestre Roldão, que não anda mais de bicicleta mas pedala diariamente pelos tortuosos caminhos do idioma, anotou:

‘Só já significa exclusivo.’

E mais não precisou dizer.

Não perca!

O professor Gilson Caroni Filho, titular de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), do Rio, escreveu na Agência Carta Maior:

O presidente do TSE, Marco Aurélio Mello, pediu que o povo não vote em candidato envolvido em escândalo e atacou a proposta de Constituinte. Estamos diante de algo inédito na história republicana do país. Uma campanha aberta por juízos de valor de quem deveria primar pela isenção.

Leia aqui a íntegra do contundente artigo.

Zé Nêumanne

Visite o Blogstraquis e leia a íntegra do poema encimado e que pertence à lavra flâmea desta força da natureza chamada José Nêumanne Pinto, paraibano que só não faz (ainda) chover no sertão.

Bandidões

Do prefeito do Rio, César Maia, em entrevista a Lillian Witte Fibe:

‘Também morre turista em Nova York’.

Janistraquis, que não conhece César Maia mas morou no Rio em tempos mais amenos, estranhou a tentativa de subestimar a violência carioca por meio de palavras vãs:

‘Considerado, o prefeito também está careca de saber que em Nova York os criminosos são presos e ficam na cadeia até quase apodrecer; no Rio, como ocorre em todo este país de m…, assassinos em geral são tratados com descabida reverência e recebem benefícios como férias, 13o salário, Fundo de Garantia, mais folgas no Natal, no dia dos pais, dos namorados, etc. e tal. E depois de cumprirem 1/6 da pena, aposentam-se como se fossem deputados.’

Coisas de porco

O considerado Aliomar Severiano, de Florianópolis, passava os olhos pelas esquisitices da internet quando enxergou no UOL este título assaz intrigante:

Britânica dança com porco morto e enfurece ativistas

LONDRES (Reuters) – Ativistas de direitos dos animais descreveram como ‘doentia’ a performance artística envolvendo uma mulher nua embalando um porco morto durante quatro horas.

O show de Kira O’Reilly, chamada ‘Inthewrongplaceness’, será apresentado na galeria de arte Newlyn, em Penzance, sudoeste da Inglaterra, na sexta-feira.

Severiano implicou, não com a dançarina nem o porco, todavia com os ativistas:

‘Essa turma não tem mesmo nada o que fazer!’, vociferou.

Janistraquis acha tudo isso uma besteira sem tamanho:

‘Considerado, quando eu era menino vi uma mulher dançar com um porco vivo num circo lá em Caruaru. Depois, espalharam que se tratava de um casal, marido e mulher…’

Nota dez

Eleito por 27 entre 42 leitores/colaboradores, o texto de Cora Rónai em O Globo superou todos os outros candidatos a melhor da semana. Sintam o clima no parágrafo abaixo e confiram no Blogstraquis a íntegra de Socorro!!! Como é que se pode viver assim?!

Quero uma pílula azul para perder a vontade de escrever para todo mundo, AOS GRITOS: ‘Fujam daqui, não venham para cá, não ponham os pés neste país sem lei, sem justiça, sem vergonha na cara!’

Errei, sim!

‘QUASE FATAL – Influenciada pelas pérolas da chamada Grande Imprensa, a ‘nanica’ pega um atalho em direção ao inusitado e exibe criatividade. Janistraquis, que tem especial predileção por jornais de bairro, pinçou esta obra-prima da Gazeta de Santo Amaro, populoso arrabalde de São Paulo: ‘Segundo autoridades médicas, a defesa contra a cólera é uma febre terrível com óbito quase fatal ao fim de dois ou três dias’. Óbito ‘quase fatal’. Meu secretário recordou a história do cabo Caetano, chefe de polícia de Cabedelo, na Paraíba, o qual, consultado por um meganha acerca do destino a ser dado a um marinheiro preso, disparou: ‘Fuzile…provisoriamente!’ (abril de 1991)

Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP) ou moacir.japiassu@bol.com.br).

(*) Paraibano, 64 anos de idade e 44 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu oito livros, dos quais três romances.’



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Clique nos links abaixo para acessar os textos do final de semana selecionados para a seção Entre Aspas.

Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

Carta Capital

Veja

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Direto da Redação

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