Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Corporativismo e acúmulo de funções

Como pode uma categoria profissional defender a obrigatoriedade do diploma de jornalismo com uma mão, enquanto com a outra tira os direitos de outras profissões? Ora, colocam suas dores nos jornais, gritam pelos corredores do Congresso defendendo a obrigatoriedade do diploma de jornalismo, mas, na realidade, silenciam o que vêm fazendo nas emissoras de televisão…

Como editor de imagem e produtor, venho quebrar o silêncio dos jornalistas e a falta de caráter que escondem um corporativismo escancarado… Vejo, nos corredores das TVs, ‘jornalistas’ defensores de seus diplomas, recém-formados e veteranos, retirando editores de imagens e produtores de suas funções, para, assim, defender o acúmulo de funções.

O silêncio do corporativismo acontece hoje com a modernidade dos equipamentos de edição não-lineares, substituídos pelos antigos VT (lineares). Os que antes os jornalistas chamavam de ‘apertadores de botão’, hoje estão derrubando silenciosamente.

Depois de 20 anos de trabalho em televisão, fui e ainda sou apaixonado pela profissão de editor de imagens (profissão que até Oscar recebe na academia de cinema dos EUA). Porém, me deixa indignado ver esse escândalo acobertado pelo Sindicato dos Jornalistas e pela Fenaj. Onde já se viu uma categoria pedir liberdade de imprensa, obrigatoriedade do diploma e se esconder por debaixo de uma ética inexistente?

Cadê o código de ética?

‘A juíza federal Carla Abrantkoski Rister, da 16ª Vara Cível de São Paulo, suspendeu, em todo o país, a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para a obtenção do registro profissional no Ministério do Trabalho.’

Essa notícia caiu como uma luva e também como castigo para que todos os defensores do diploma de jornalismo sintam o que os editores de imagem vêm sentindo quando são, literalmente, derrubados de suas funções, para dar licença não permitida aos ‘jornalistas de araque’. Cadê o código de ética dessa profissão?

Meretíssima e excelentíssima juíza Carla Abrantkoski Rister, venho aqui expressar, em nome de todos os editores de imagem, produtores e até radialistas do Brasil, o nosso verdadeiro apoio à sua decisão; sua decisão evidencia que todo profissional que se mostre competente em informar e tenha capacidade de fazê-lo, deve, sim, ‘jogar’ todas as suas fichas na obtenção do registro de jornalista, mesmo que seja precário.

Este renomado site, que parece ser um site democrático, está autorizado a divulgar este meu artigo para fins de debate. Estou aqui para debater e, inclusive já me pus à disposição da excelentíssima juíza Carla Rister para futuros depoimentos, apoiado na minha experiência, na vivência de minha profissão, cercado de renomados profissionais como Carlos Nascimento, Armando Nogueira, Raul Bastos, Amauri Soares, Lillian Wite Fibe, Tonico Ferreira, Paulo Markum, Paulo Bastos, Alice Maria, para fazer valer sua decisão em qualquer instância.

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Editor de imagens e produtor