Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Cuidado! Não se deixe enganar

Estranho como muitos defendem a liberdade de expressão em detrimento do jornalismo. Como pode a definição de uma atividade profissional prejudicar a livre opinião pública? Ainda mais nestes tempos de internet? Há uma confusão aí: opinião é muito diferente de informação. Consulte o dicionário. O jornalismo é a técnica para divulgar informações. Durante minha graduação, aprendi que para obter uma notícia é preciso ouvir os muitos lados envolvidos na questão e pesquisar o que aconteceu antes do fato. Isso é técnica. Coisa para profissional.

Por que agora acham que qualquer um pode sair por aí em busca de notícias? Por acaso qualquer pessoa pode receitar um medicamento? Ser juiz? Se responsabilizar por um projeto arquitetônico? Por que outras profissões têm seus conselhos para impedir o charlatanismo e a ilegalidade?

Como jornalista, acredito que ‘informação é poder’. Quem lê e sabe o que acontece por aí tem melhores condições para decidir, opinar e planejar mudanças gradativas da sociedade. Assim como professores acreditam que educação garante um futuro melhor, jornalistas sabem que informação de qualidade ajuda na conquista de um presente mais justo.

Atrás dessa luta

Como no filme, a imprensa ainda é chamada de ‘quarto poder’ e, seguidamente, tem mostrado por quê. Reportagens em série não deixam fatos relevantes caírem no esquecimento coletivo. Jornalistas vigiam diariamente a movimentação do governo, dos sem-terra e do PCC. Estudaram para isso. Juraram que, pautados pela ética e pela Lei de Imprensa, levariam informação ao mundo. Claro que nem todos agem assim. Existem ‘laranjas podres’ em qualquer atividade. Porém, isso não dá o direito de se banalizar uma classe profissional.

A verdade é que grandes empresários também descobriram (por seus assessores de imprensa, jornalistas) que a informação consegue manter o poder. E é por isso que lutam para impedir que profissionais graduados ocupem os lugares de seus CCs. Querem o veto presidencial. Atrás dessa luta esconde-se mais do que uma simples discussão sobre o que se define como atividade jornalística. É uma briga para não mudar a situação dos que sempre se aproveitaram da parcialidade das concessões públicas e de alguns veículos de comunicação para permanecer na elite brasileira, sem prestar contas de seus atos à sociedade. Cuidado! Não se deixe enganar.

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Jornalista, Porto Alegre