Wednesday, 01 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Curió, radialista de críticas ácidas

Quando estreou numa rádio de Lins (SP), onde nasceu, o jovem despertou a curiosidade dos ouvintes. Queriam saber quem era o novo locutor. “É o filho do cara que cria curió”, alguns responderam. O nome de passarinho virou o apelido de Herbis Gonçalves, que ainda naqueles anos 70 se mudaria para Ribeirão Preto e faria carreira. Em cerca de 30 anos, passou por várias emissoras da cidade, conhecida por lançar radialistas. De lá, saíram nomes hoje conhecidos da TV: Heraldo Pereira (Globo), José Luiz Datena (Band) e Jorge Kajuru (Esporte Interativo). A marca de Curió era a da polêmica, ao estilo dos colegas Kajuru e Datena. Os três trabalharam juntos na rádio 79, reinaugurada em 2003.

Suas críticas ácidas lhe causaram inimizades, principalmente de políticos locais e de alguns patrões. “Ele foi um injustiçado, pois tinha a coragem de se manifestar”, disse o ex-deputado Fernando Chiarelli (PT do B), um dos poucos sem atrito com Curió. Essa coragem teve, porém, um preço: só em quatro meses de rádio 79, foram 44 processos. Seu estilo contribuiu com algumas interrupções da carreira. Foi cobrador de ônibus e professor de geografia.

O colega jornalista Marcos de Assis afirma que Curió se diferenciava por sua formação. “Era culto e tinha grande capacidade de traduzir coisas complicadas.” Ao mesmo tempo, era “destemperado”. Certa vez, criticou no ar o atendimento de uma empresa, patrocinadora de sua emissora. Perdeu o emprego.

Morreu na quinta (15/12), aos 54, de embolia provocada por trombose, segundo a viúva, Rosane. Deixa quatro filhos.

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[Luís Eblak é editor da Folha Ribeirão]