Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Editor londrino critica ombudsman americano

Em uma carta aberta aos leitores do New York Times, Daniel Finkelstein, editor do blog Comment Central, do sítio do britânico The Times, comenta a escolha de William Kristol para o novo cargo de ‘colunista conservador’ do diário novaiorquino. ‘Como sou editor de opinião do que vocês, americanos, chamam de The Times of London, acompanhei a controvérsia gerada pela contratação de Kristol com grande interesse’, diz. ‘Muitos de vocês não aprovaram o novo colunista. O ombudsman chegou a escrever uma coluna criticando a escolha. Desculpe-me, mas o que está acontecendo?’, provoca ele.

No início do ano, o publisher Arthur Sulzberger Jr. escolheu Kristol, filho de Irving Kristol, um dos fundadores da corrente política neoconservadora, para ser o segundo ‘colunista conservador’ do jornalão, no que seria uma voz dissonante no diário conhecidamente liberal – além do colunista David Brooks. Diversos leitores criticaram o fato de Kristol apoiar a guerra do Iraque e de já ser muito exposto por ocupar o cargo de editor da revista Weekly Standard e comentarista da emissora Fox News.

Diversidade

Para Finkelstein, um jornal de qualidade deve ter colunas que reflitam a variedade de opiniões, mesmo aquelas que não agradam à maioria dos leitores – ‘há sempre que ter espaço para uma opinião alternativa’. Como exemplo, ele lembra que o The Times apoiou a decisão de invadir o Iraque, embora a maioria dos colunistas não concordasse com isso. Ele defende que, ao escolher um colunista, o jornal não deve levar em consideração o fato de os leitores não concordarem com as opiniões dele.

Por isso, diz Finkelstein, o que mais pesou na controvérsia sobre a contratação do novo colunista do NYTimes foi a posição do ombudsman do diário, Clark Hoyt. Em sua coluna, Hoyt afirmou que, fosse ele o responsável, não escolheria Kristol para o cargo, por dois motivos: por ele ser conhecido pelas críticas ao jornal e por defender que o NYTimes deveria ter sido processado pelo vazamento de um programa secreto do governo na luta contra o terrorismo, em 2006. O tal programa havia vasculhado dados de transações bancárias internacionais de milhões de americanos. ‘O trabalho de um ombudsman é defender os direitos dos leitores – de todos eles. E aqueles que concordam com a escolha de Kristol? Eles não merecem o apoio do ombudsman?’, questiona. Para encerrar sua carta, Finkelstein aconselha os leitores do diário novaiorquino: ‘Se Kristol o ofender, vire a página’.